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quinta-feira, agosto 20, 2015

Uma cabala com barbas de molho


O recluso 44 voltou a escrever da prisão. O recado desta vez é cromo repetido: há uma cabala "da justiça" para prejudicar o PS. O discurso redondo sobre os factos e circunstâncias esconde uma realidade: o recluso 44 está cercado e já entrou em registo-cassete.

Porém, esta estratégia de defesa requer uma atitude do Ministério Público: a dedução de acusação pelos factos já conhecidos e que sustentam a corrupção. Tal deveria ser feito pelo menos até Novembro, data final do prazo normal de prisão preventiva em inquérito. O MºPº neste caso não devia ter férias. Tira depois.
Por outro lado estas cartas endereçadas à opinião pública não visam a defesa estrita mas a perturbação do inquérito através da confusão de poderes equacionados. O poder político que o mesmo julga representar entende que deve condicionar a instância de supervisão que é o Ministério Público, órgão de poder autónomo daquele e com prerrogativa constitucional de titular da acção penal e através dela, o poder judicial. Esta perturbação do inquérito que tem sido permanente, neste aspecto, deveria sustentar a prisão preventiva até à acusação, em Novembro.

A liberdade de defesa deste género, inadmissível num país como a Alemanha ( onde fomos copiar as leis) não tem sido comentada pelos catedráticos de Coimbra e o pobre Rui Pereira, na CMTV vai fazendo o que pode para das tripas arranjar um coração.  Assim o recluso 44 acha-se um perseguido político, um injustiçado social e tem toda a liberdade para se defender de tal modo, com o apoio dos camões que por cá campeiam, por motivos à vista: tudo lhe devem.


A carta, na íntegra, em que se destaca a defesa, nos últimos parágrafos, seguindo uma lógica de argumentação algo socrática: conduzir o leitor, através de perguntas, a concluir o que o autor sabe de antemão ser do seu interesse e que é a demonstração da inocência formal que é o que lhe basta.

Uma das perguntas é repetida também: "Como explica a acusação que o meu nome não figure  na lista de nomes relacionados com as contas na Suíça que as autoridades helvéticas enviaram em resposta à carta rogatória?"
Como explica? Como explica?!  Não tem que explicar a não ser aduzir o argumento fundamental: julgou que sem nome não haveria provas da titularidade, sendo certo que contava com a fidelidade do amigo a quem dava ordens de levantamento, sempre que queria e muito bem entendia. Este recluso é rato e como tal pensou em vários modos de ocultar esse património que mais de trinta juízes consideraram já ser indiciariamente seu, sem grandes dúvidas sobre tal.  Um dos modos, naturalmente e sem mistério algum, foi o de evitar expor o nome. Já na Sciences Po tinha seguido o mesmo raciocínio inscrevendo-se como José sem o apelido revelador. E depois, no primeiro interrogatório judicial indignou-se todo por o juiz o ter tratado do mesmo modo, ou seja, como prefere sempre que não se quer dar a conhecer.
E outra pergunta básica que assenta no mesmo raciocínio dirigido a supostos imbecis: "como explicar que o meu nome não conste nos documentos bancários que registam que em caso de fatalidade ou incapacidade do titular, poderia movimenta o dinheiro e ter acesso à conta?"
Esta é mais fácil ainda: porque este recluso não iria cometer um erro tão básico. Se o cometesse seria mesmo tão imbecil como aqueles a quem supostamente se dirige e que o apoiam incondicionalmente. Permanecendo a dúvida sobre a última titularidade do dinheiro é preciso entender que o amigo barriga de aluguer funcionava como caixeiro, apenas. E 25 milhões, para um indivíduo que gastava aos milhões, em  apartamentos para este e para aquele, em pouco tempo se esgotariam. Este dinheiro era de caixa, corrente.
Por outro lado, como é que se pode justificar uma vida de luxo asiático com rendimentos de pindérico que até prescindiu de subsídios de reintegração e sendo do PS que só olha para os pobrezinhos? Com empréstimos avulsos, pagos e garantidos de modo duvidoso ( porque desconhecido) e tão reais que se tornam tão fictícios  ( pedir empréstimo à CGD de 120 mil euros e comprar logo um carro que custou um pouco menos que isso, por exemplo...). Por falar nisso, por onde anda agora o carro, Mercedes série S?
Os factos reais que o recluso omite são tantos  que deixam outras perguntas interessantes  por colocar: o primo gordo onde anda? Porque não aparece para sustentar a inocência do recluso? O Bataglia dos 12 milhões anda fugido porquê?

Como é que correram os negócios da EDP e da PT-Vivo? Como é que foi aquela história de tomada da TVI, com o apoio do A. Vara, encalacrado igualmente em histórias de milhões?  Isso é que nesta carta o recluso deveria esclarecer porque estes assuntos, sim, é que são a verdadeira alma do negócio, na medida em que se tornaram já publicamente suspeitos.

Julgará o recluso 44 que isto ficará em águas de bacalhau? É não conhecer os brasileiros...


Porém, há sempre um velho argumento que resulta de vez em quando: politizar um processo judicial, como fizeram outros. Os ingredientes estão lá todos e por isso só falta mexer o caldo. É o que está a acontecer e vai azedar o próprio partido que lhe deu guarida e ajudou a subir na vida, com o apoio de muitos outros que ainda não se esqueceram da segunda metade dos anos 2000 em que enriqueceram como nunca sonharam na vida pindérica que tinham.
É esse o problema que o jornalismo caseiro, como o do Camões do JN, um dos beneficiários deste sistema, não aborda. Para quê, afinal, se a corrupção nunca existiu em Portugal e nem sequer andou em  submarinos?


14 comentários:

  1. O 44 vem lembrar ao partido para não se esquecerem dele.

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  2. O partido não se esquece dele. A questão é precisamente essa: enquanto o não esquecerem tê-lo-ão à perna.

    Quanto a chantagens que o mesmo possa recorrer têm um bom remédio: fazer como ele e dizer que é paleio de ressabiado e de cabala.

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  3. Começo a acreditar que o José (Josésito, já te tenho dito que não é bonito) tem andado a mover-se para arrumar o monhé. As cenas dos cartazes ajudaram-me a pensar assim. Além do que se passa nas retretes do Rato.
    O patifório é pessoa para isso e muito mais.

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  4. Quando começo a ouvir falar na "cabala da justiça" é melhor manter o "c(h)abalo" de freio nas ventas e dentro de quatro muros, fazendo votos para que o parto da cabala seja rápido e com boa horinha , já que não providenciaram para que o aborto fosse feito atempadamente e agora vai sair um jumento híbrido que não vai poder com a carga do dinheiro da conta suíça

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    1. Acabei de ouvir o Costa dizer que que não vai visitar o 44 porque não tem tempo.
      O 44 deve ter adorado!

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  5. Pois é, José.
    O recluso 44 confunde os espaços relvados (?) do EPE com os jardins de Versailhes. Confunde a manta alentejana com o manto real de Luís XIV. Julga-sde o Rei-Sol e, olhando o espelho, de soslaio, diz aos seus seguidores: O Estado sou eu !
    Não percebeu que o Estado de Direito às vezes consegue funcionar...
    Olhe |, carregue-lhe, que nisto estamos juntos...
    Como já o adverti, sou um "perigoso" stalinista...
    Assim como que uma espécie de animal feroz...

    João Pedro

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  6. Um chá de folhas de oliveira é capaz de vos tirar essa azia toda,digo eu.

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  7. É "A Revolta do Manelinho" de Évora.

    Reencarnou no 44.
    RIP: para os 2.

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  8. Laast socrates frei

    Bem que dava um jeitão...

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  9. 9 meses na choldra.
    É caso de gravidez extrema.

    Cesariana em setembro, presumo.

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  10. O vaixiá costa trata-o como bosta.
    Dir-se-ia que virou pária.

    É que nem chamego, cafuné, visitinha de médico...

    É de cão.
    É de pulha.

    O tempora, o mores...

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  11. PaSok...piu!

    Cá se fazem, cá se pagam - Seguramente!

    Quanto ao presumível culpado, já nada há a fazer, senão, acabar o trabalho.

    Lamentável, é a outra face da mesma moeda, continuar impune a tudo e assim vai Portugal: os gatunos bem e o povo mal!

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