Num comentário apócrifo colocado dois anos depois, alguém ( um tal Pedro Silva) escreveu o seguinte:
"Permita-me que lhe diga - Ignorante e mentiroso.
É o que o autor deste texto tendencioso diz.
Efetivamente, Mário Soares pediu o auxilio do FMI em 78 e 83 mas basta consultar o site do FMI e ver as razões de tais auxilios, nomeadamente fatores externos.
Mas já agora, vamos à política.
A primeira ajuda deveu-se grande parte ao choque petrolífero e foi solicitada num governo PS/CDS. Sim, a tal direita estava bem representada nesse pedido.
A segunda ajuda foi pedida 2 meses após Mário Soares ter tomado posse e depois de 3 anos de governos de Sá Carneiro e Balsemão, num governo do Bloco Central com esses "socialistas" chamados Mota Pinto, João Deus Pinheiro, Ferreira Amaral, Carlos Melancia, António Capucho.
Dizer que a culpa é dos Socialistas é tudo muito bonito, mas saber a realidade e assumi-la é de facto mais dificil."
Apetece-me retomar o tema porque é recorrente e a Esquerda que temos mistifica permanentemente o assunto, como acima se vê, pelo comentário reproduzido.
Em 1984 a Economia portuguesa pouco ou nada tinha mudado relativamente aos dez anos anteriores. E isso parece-me um facto demonstrável. Os factores externos evidentemente que mudaram, mas a essência do que nós tínhamos como Economia nem se adaptara nem mudara fosse o que fosse. E a responsabilidade de tal imutabilidade pertence a quem?
Em 19 de Dezembro de 1983 Cavaco Silva, então presidente do Conselho Nacional do Plano e director do gabinete de Estudos do Banco de Portugal interveio num colóquio da APE e produziu então o seguinte texto publicado pelo O Jornal de 6.1.1984.
Independemente do que Cavaco Silva veio a fazer nos anos 90, com duas maiorias absolutas e que desperdiçaram oportunidades únicas, com a ideia parola de "pogresso", a verdade é que Cavaco apresentava números e factos para mostrar o que acontecera durante o seu consulado como ministro das Finanças do VI Governo Constitucional.
Um sector público administrativo com défice brutal e que aumentara em 1981 e 1982 e continuara a aumentar em 1983. Um sector público de empresas inviáveis e já tornadas "elefantes brancos", com uma Constituição que ainda tornava "irreversíveis" as nacionalizações e cujo défice era também importante.
Cavaco Silva denuncia no artigo a manipulação de tal défice orçamental durante os anos de 1981 e 1982.
Em 1981 a seguir ao VI Governo em que Cavaco Silva interveio, entrou Pinto Balsemão e o ministro das Finanças era João Morais Leitão, um advogado que em 1974 chegara a encabeçar o movimento do MDE/S que propôs aos governantes do PREC um investimento dos ainda capitalistas portugueses da ordem de 120 milhões de contos...).
Ao Governo Balsemão seguiu-se...outro Governo Balsemão, até 1983, tendo como ministro das Finanças João Salgueiro, um dos tecnocratas do tempo de Marcello Caetano.
Foram estes dois governos que atiraram o país para a bancarrota ou foi esta segunda desgraça nacional económica fruto do apadrinhamento daquele Mário Soares e PS?
Repare-se: sem revisão da Constituição nada se poderia fazer no sentido de alterar o rumo da Economia como estava desde o PREC de 1974.
Ora nessa altura o PS de Mário Soares pensava assim, como mostrava a Revista do Povo de Junho de 1974:
O PS ainda não tinha metido o "socialismo na gaveta"? Pois não, mas em Junho de 1978 ainda Mário Soares dizia isto publicamente, como reflexo daquele socialismo:
Foi este bloqueio ideológico que o PS de Mário Soares patrocinou que acabou por conduzir o país à bancarrota de 1983.
O que os governos de Balsemão fizeram, contra a vontade de Cavaco Silva, foi a vontade a Mário Soares: não mexerem no sistema político e principalmente económico.
As empresas públicas continuaram a dar prejuízos crónicos e em 1985 eram "elefantes brancos"...
Os problemas do país arrastavam-se desde o PREC e Mário Soares não ajudou a resolvê-los mais cedo, no que à Constituição dizia respeito e isso na altura era o primordial e indispensável.
A questão foi sempre esta, como se enunciava em 1984:
Quem impediu de facto a mudança na Economia, de 1975 a 1989? Mário Soares...
Tal como dizia Pedro Ferraz da Costa ao Semanário em 1.3.1986:
Portanto, não foram apenas as crises internacionais que geraram as nossas duas primeiras bancarrotas; foram antes as políticas económicas de base que impediam de facto o aproveitamento dos períodos de recuperação económica mundial que também existiram. E tal se deve a quem?
Nenhum outro país da Europa teve este problema para resolver, fruto da loucura do PS e do PCP e extrema-esquerda:
Logo aquele comentário do tal Pedro Silva serve para quê? Mistificar.
Maravilha. Tudo com factos em arquivo.
ResponderEliminarSegundo o Observador de 2 nov http://observador.pt/2016/11/02/divida-publica-atinge-novo-recorde-em-setembro-esta-nos-2444-mil-milhoes/ a dívida pública continua a aumentar e estava nos 244,4 MM.
ResponderEliminarEnfim, uma tristeza e uma trapalhice pegada.
ResponderEliminarCanalha a brincar às democracias e às assembleias. Que fosse o bochechas o responsável, o resto também não valia um tostão furado, a verdade é essa.
E já nessa altura se não podia ler jornais. Suponho que se impressionasse o pagode com o palavreado de "plataformas", "envolvimentos" e outras que tais.
Mas alguém alguma vez contou que alguma coisa melhorasse com isto que já aparecia nos jornais? Pelo que vejo, e venho vendo, era já claro que não se ia sair da cêpa torta...
Adiantou muito a "possibilidade de remoção", como diz o outro idiota...
Enfim, foi o que os ventos sopraram para cá...
Soares e Balsemão foram os primeiros ministros mais incapazes depois do grande acidente nacional. Desconto o Vasco Gonçalves e o Sócrates que são dementes. Mas arguir que primeira bancarrota desde 28 de Maio de 1926 foi culpa do preço do petróleo é poético. Como poesia foi alijar o petróleo de Cabinda por amanhãs que cantam.
ResponderEliminarSempre são cá uns lirus estes entreguistas!
Estado Sentido
ResponderEliminarO que se passa em Portugal? Com esta história das eleições de Trump quase que me esquecia onde tenho assente o meu arraial. Pois. Não devo ser o único. António Costa também anda equivocado. São só boas notícias. É o tal crescimento do PIB que dá logo vontade de comemorar. É a tal intensificação das exportações. É o passeio dos alegres a Moncloa com direito a beberete com Rajoy. É o doutoramento honório casa de António Guterres nesse país de nem bons ventos nem bons casamentos. E, como cereja em cima do bolo, o beijo de aprovação do Orçamento de Estado de Juncker e companhia! Ah, como é bom fingir que está tudo bem e que os ventos de mudança dos EUA e da Europa não têm nada a ver, que não são suficientemente fortes para albalroar o casco de uma geringonça. Quem tem Centeno e Galamba não precisa de ver esses canais de televisão vendidos aos neo-liberais. Esses Bloombergs ou CNBC. Os juros dos government bonds dos EUA? Isso? Isso é lá com eles, pá. Aqui é porreiro pá. Trumponomics? Nunca ouvi falar. E nós temos a nossa escola. Temos o Constâncio. Temos o BCE, não precisamos de mais nada. E o Donald Trump até nem sabe onde fica Portugal. É na América Latina, não é?
conclusão
'estamos adidas e mal pagos'
Exemplar. Parabéns
ResponderEliminarE podia falar também do Conselho da Revolução, que impedia Portugal de se desenvolver e que só foi extinto por Sá Carneiro (graças á maioria absoluta) perto dos anos 80.
ResponderEliminar
ResponderEliminarPeço que os especialistas no estudo dos culpados das bancas-rotas Portuguesas e dos défices públicos respondam a esta perguntinha:
- Porque é que o Japão, com uma divida publica superior a 200% do PIB e défices públicos muito elevados, ainda não foi à banca-rota? - e, a sua divida é considerada de baixo risco?
A divida e detida por nacionais e o pais gera poupanças que financiam o defecit.
EliminarPorque o Japão tem o yen, acho e uma Economia que pouco terá a ver com a nossa.
ResponderEliminarPara os especialistas no estudo dos culpados das "bancas-rotas" e dos défices orçamentais excessivos deixo aqui uma perguntinha simples:
ResponderEliminar- Porque é que o Japão, cuja divida publica ultrapassa a 200% do PIB(superior à da Grécia) e desde há muito os seus défices orçamentais são bastante elevados, ainda não foi à "banca-rota"? - sendo até considerado um pais sem risco de incumprimento (falência).
O Japão tem uma dívida pública de 200% mas não tem défice (e dívida) externo(a).Isto significa que a população e bancos nacionais colocam as suas poupanças no Estado.
ResponderEliminarNo entanto, apesar de não existir risco de incumprimento, há mais de 20 anos que o crescimento económico é ridículo, e nem os deficits grandes fazem crescer a economia, como muitos (esquerda...) dizem que devia acontecer.
O grande economista Constâncio que costuma bufar e suar estopinhas quando vai ao Parlamento dizia há uns anos, quando entramos na moeda única, que os nossos problemas económico-monetários tinham acabado.
ResponderEliminarA UE proviria a todas as dificuldades pelo que não havia problema algum em gastar e gastar ainda mais.
E o PS gastou e gastou, seguindo a opinião deste idiota.
Quando o Soares morrer, os tristes da liberdade de expressão (leiam liberdade de estupidez que a internet veio dar a toda a gente), vão insultar o homem, inclusive com frases feitas tanta vezes repetidas que muitos pensam ser verdade sobre assuntos que muitos não viveram.
ResponderEliminarNo entanto a maior parte dos saudosistas, que por sinal, são muitos, nas ninguém lhes conhece a cara. Mais uma vez, a internet deu a liberdade de estupidez a essa gente. Quando esses forem para a terra, ninguém vai vos dar um single fuck.
No entanto, e muito provavelmente, esses, estarão numa faixa etária já avançada (a não ser anormais que não sabem do que falam ou simplesmente são meros repetidores).
A liberdade de estupidez está expressa hoje em dia na "social media" , sendo que os blogs, são um dos veiculos mais utilizados para a dispersao desta liberdade, pois para dar a cara por essa liberdade é complicado, e eu entendo.
O megafone dessa liberdade, quando deixa de ser ouvido, normalmente é porque aconteceu o que vai acontecer em breve ao Mario Soares. Ao inves do que iremos ler nesse acontecimento, quando esses megafones deixarem de ser ouvidos e ninguem querer saber - eu vou-me sentar a beber um whisky à sua memoria
Pode beber à memória de quem quiser.
ResponderEliminarPorém, quando escrever lembre-se também que a memória de uns pode não ser idêntica à de outros.
E para dilucidar só os factos crus e nus poderão ajudar.
Os factos aparecem claros quando se lê o que na época ficou escrito.
E por isso quanto ao Soares há muito escrito que fala por si..
Para se saber o que Soares fez é preciso ir a 1973 e até antes disso.
ResponderEliminarDepois basta acompanhar cronologicamente o percurso que felizmente está todo documentado.
Até aqui, neste blog.
Quem quiser continuar a acreditar em balelas tem sempre à sua disposição os media do costume.
Também se pode colocar a questão ao contrário e perguntar o que seria necessário para que Portugal não sofresse duas iminentes bancarrotas em menos de dez anos, logo a seguir ao golpe de 25 de Abril de 1974.
ResponderEliminarE nesse caso ler o programa do PS e o que Mário Soares fez para as evitar...
A afirmação que deixo e me parece indiscutível é esta:
ResponderEliminarcom Marcello Caetano nunca teria acontecido a baancarrota de 1976.
E se o sistema económico não fosse radicalmente mudado em 1975 nunca teria acontecido a de 1983-84.
Nessas duas ocasiões, o PS de Mário Soares esteve sempre presente a deitar achas para a fogueira dessas bancarrotas. Ideológica e executivamente.
ResponderEliminarE isso parece-me indesmentível.