O dr. Sembergonha e um Jornalista de curso rápido e muitos anos
de experiência encontraram-se algures depois de lerem o
artigo de Pacheco Pereira no Público de Sábado passado, acima transcrito.
O dr. Sembergonha, um topa a tudo do regime, com diversos
cargos públicos no currículo e actualmente movido a carro de função, foi logo
interpelado pelo amigo Jornalista interessado na opinião para apresentar em página
impressa:
Jornalista- Então Sembergonha, já leu o que escreve o Pacheco sobre a
corrupção? Diz que em Portugal é fruto
do sistema ambiente. É ecológica, está em todo o lado…
Dr. Sembergonha- ó meu amigo, V. ainda dá importância ao que
escreve o Pacheco? Eu conheço a peça do tempo em que tecia elogios ao Cavaco em
plena Assembleia, no início dos anos noventa, no tempo da maioria absoluta do
PSD, em que começaram a cair-nos por cá os fundos da CEE. Lembro-me também do
tempo em que foi para a prateleira dourada “ Europa” e até da OCDE e sei muito bem de
onde o gajo vem e que formação tem. Essencialmente de tretas avulsas e sem
experiência prática a não ser sentar-se em cadeiras de deputados ou a mando de
poderes políticos, escolhido por isso por eles e com a subserviência adequada a quem
manda.
Por isso, pergunto: o
meu amigo saberá por acaso dizer-me qual a fonte de conhecimento desse tipo
sobre a corrupção?
O Jornalista espantado a olhar para o amigo Sembergonha, um
expert na arte de cultivar amizades interessadas em trocar conhecimentos
aplicados, continuou:
Mas…ele acha que a corrupção está nas “más práticas da administração,
numa cultura de favores, em escolhas por confiança política ou amiguismo, nas
cunhas e no patrocinato, na partilha da informação apenas entre os “pares” , nos círculos
informais do poder político…”. E até diz
mais: “Já se sabe que circula entre os
negócios, a política, certas profissões com acesso muito próximo ao poder
político: grandes advogados, auditores e consultores, gestores ligados à
comunicação”. Os “ que bebem do fino” segundo ele diz … então não acha que ele
tem razão no que escreve?
Sembergonha: ó meu caro amigo, claro que o Pacheco tem razão.
O que lhe falta é moral para a arvorar em virtude. E quer saber o meu amigo
porquê?
O Pacheco é um produto do mesmo meio que denuncia como sendo
esse alfobre da corrupção. Este Pacheco que assim escreve em estilo
salcede é o mesmo que acabou uma licenciatura em filosofia, em 1978, para ensinar nos liceus, o que durou pouco
tempo, porque passou logo para a política activa onde conheceu os meandros mais
escabrosos da ascensão ao poder. Até 2011 foi deputado pelo PSD, partido que
agora execra, particularmente o seu líder actual. Desse partido viveu e
prosperou na Europa dos deputados europeus que lhe deram a massa para ter o que
tem, incluindo a vidinha à sombra da bananeira da komentadoria. Escreve umas
coisas em modo de laracha política que replica em programa de tv já com barbas
de politicamente correcto e tudo por causa da imagem que projectou mediaticamente.
Ó amigo Jornalista, diga-me cá uma coisa: V. já alguma vez
leu o que fosse de concreto, sobre algum caso concreto, aferido a pessoa
concreta, da autoria do Pacheco sobre essa tal corrupção, nos últimos vinte e
cinco anos em que ele pessoalmente esteve imerso nesse mundo obscuro da
traficância política, com passagem clandestina para os negócios e
necessariamente conhecimento desses meandros?
Mais: já alguma vez reparou em qualquer actividade cívica ou
política do dito, no tempo em que tal exercia como profissão principal
remunerada, com vista a combater o bicho que agora apresenta no seu ambiente natural,
com conhecimento de causa?
O amigo viu ou ouviu algum comentário em directo, do Pacheco ao Coelho que foi governante e passou para a empresa que lhe sustentou um ordenado milionário, suficiente para o transformar em queijeiro nas horas vagas?
Jornalista: Pois…não me lembro, de facto, mas agora até
escreve sobre a etiologia do fenómeno com recurso a concursos públicos. Tudo coisas que toda a gente intui e não é novidade nenhuma, mas ainda
assim interessantes porque referidas a casos concretos, em abstracto: “Olha
para o teu projecto, devias falar com o A do gabinete do secretário de Estado.
Vou dar-te o número privado”. E mais: “ Para essa privatização tens de falar
com B. Se não falares com B. nada feito”. E ainda mais: “ Sim, eu concorro, mas
não posso perder, e tu podes dar outra coisa ao meu concorrente”.
Dr. Sembergonha: amigo Jornalista, V. acaba de dizer tudo: casos concretos em
abstracto. Ahahaha: é a melhor forma de prosperar no meio, mantendo a virtude altiva de quem se sente superior...
ADITAMENTO:
Entretanto, na TVI, depois das 21:00, passou uma reportagem sobre o arquivo da Marmeleira de Pacheco Pereira. Cinco casas dedicadas a coisas velhas, livros, jornais e parafernália política de diversa origem.
A meio da reportagem uma visita ao Porto e a recordação da "resistência antifascista" devidamente acolitada pelo maçãozinho de Lisboa, Medina de apelido e também- hélas!- de Rui Moreira que destacou a mensagem de manter a "memória"...
Este mesmo Rui Moreira, filho de outro Moreira que os guardiães da memória meteram na cadeia durante meses, em 1975, simplesmente por causa de aquele ser administrador de uma empresa - Molaflex- que os camaradas que agora rememoreiam queriam então dominar.
É isto e o tal Pacheco todo contente a rememoriar a "luta antifassista".
40 anos depois ainda andamos nisto...
ADITAMENTO:
Entretanto, na TVI, depois das 21:00, passou uma reportagem sobre o arquivo da Marmeleira de Pacheco Pereira. Cinco casas dedicadas a coisas velhas, livros, jornais e parafernália política de diversa origem.
A meio da reportagem uma visita ao Porto e a recordação da "resistência antifascista" devidamente acolitada pelo maçãozinho de Lisboa, Medina de apelido e também- hélas!- de Rui Moreira que destacou a mensagem de manter a "memória"...
Este mesmo Rui Moreira, filho de outro Moreira que os guardiães da memória meteram na cadeia durante meses, em 1975, simplesmente por causa de aquele ser administrador de uma empresa - Molaflex- que os camaradas que agora rememoreiam queriam então dominar.
É isto e o tal Pacheco todo contente a rememoriar a "luta antifassista".
40 anos depois ainda andamos nisto...
Mas quem é o doido que se pode referir a casos concretos concretos com as leis os tribunais e as juízas que temos ? É que mesmo que saia vencedor dos processos de difamação já foi castigado com o custo de advogados e tempo perdido em julgamentos e desgaste que estas coisas causam. O melhor é fugir a sete pés do que cheirar a justiça. Mesmo que tenhamos as provas todas convém calar o que nos torna cúmplices; o sistema em geral está assim armadilhado.
ResponderEliminarNão é bem isso...o Pacheco é mais subtil: conhece os casos, as pessoas em concreto e convive pacificamente e interesseiramente com eles e elas. Cúmplice. Depois ainda mais: aproveita o sistema exactamente naquilo que tem de mais perverso.
ResponderEliminarO exemplo é dado pelo próprio:
“más práticas da administração, numa cultura de favores, em escolhas por confiança política ou amiguismo, nas cunhas e no patrocinato, na partilha da informação apenas entre os “pares” , nos círculos informais do poder político…”. E até diz mais: “Já se sabe que circula entre os negócios, a política, certas profissões com acesso muito próximo ao poder político: grandes advogados, auditores e consultores, gestores ligados à comunicação”. Os “ que bebem do fino.
Pacheco é exactamente um dos que bebem do fino e ainda mais fino que alguns que implicitamente denuncia.
Pacheco com este sistema de denúncia de casos concretos em abstracto, ao longo dos anos, amealhou mais que muitos dos concretos...
É esta a perversão da escrita do Pacheco: passar como se fosse um "puro" quando gosta é mesmo dos "puros"...de Habana e do chapéu panama com perna estirada, na preguiçadeira do pouco ou nada fazer a não ser escrever estas tiradas morais.
ResponderEliminaraquilo de que o Pacheco gosta diz-lhe respeito a ele e não tem relevância de maior; mas já o que ele diz - que lá no círculo dos amigos dele reina a "amigalhaçada" - isso já acrescenta algo. O Paulo Morais, que responde em inúmeros processos por difamação, tendo-os ganho todos até hoje, promoveu um encontro em Lisboa há cerca de 3 semanas para divulgar a sua Frente Cívica. Estivam lá poucas dezenas de pessoas. Nas eleições presidenciais não chegou a 3 por cento sequer. Em conclusão: as pessoas estão indiferentes à corrupção, ao compadrio, ao tráfico de influências e à ladroagem generalizada. Vou mais longe: se a malta puder meter a mão no pote, mete. Como dizia o outro, que fazer ?
ResponderEliminarO Paulo Morais faz bem em lutar, mas é quixotesco até certo ponto.
ResponderEliminarO Pacheco nem a isso chega porque nunca se compromete. E faz parte integrante do sistema político que engendrou esta corrupção endémica. Aliás, é um fruto bem claro dessa mesma corrupção, ele próprio. E não se enxerga como tal.
É essa a questão que coloco.
"Casos concretos em abstracto" é muito bom.
ResponderEliminarNegócios
ResponderEliminarPortugal é um dos países em que o Eurosistema tem sido mais comedido no programa de compras do sector público, devido à escassez de títulos que cumpram os critérios definidos pelo BCE. E, segundo a Pictet, a dívida portuguesa será a primeira a atingir os limites definidos pelo banco central. A estimativa é que isso aconteça no próximo Verão, assumindo já compras inferiores à da meta indicativa do BCE.
"A nossa melhor estimativa é que o limite de 33% por emitente imposto nas compras de obrigações governamentais será provavelmente um duro constrangimento no Verão de 2017, ou alguns meses depois se Portugal emitir mais obrigações que o previsto", refere Frederik Ducrozet, numa nota a investidores a que o Negócios teve acesso. O economista-chefe da Pictet para a Europa estima mesmo que Portugal seja o primeiro a atingir os limites impostos pelo BCE, seguido pela Irlanda e pela Eslovénia.
Na última reunião, o banco central liderado por Mario Draghi não flexibilizou a regra do limite de 33% por emitente e por linha, contrariamente ao antecipado por alguns analistas. E Frederik Ducrozet não tem dúvidas, "além das preocupações sobre a retirada dos estímulos, a escolha de instrumentos por parte do BCE para mitigar a escassez de títulos é negativa para a periferia".
Apesar de não ter flexibilizado os limites por emitente, o BCE deixou cair a regra de não poder comprar títulos com "yield" abaixo da taxa de depósitos (-0,40%), medida que resolve o problema de haver poucas obrigações germânicas para comprar.
E no mercado a diferenciação entre as obrigações alemãs e portuguesas intensificou-se após a reunião do BCE. O diferencial entre as taxas dos dois países alargou de 316 pontos base, para 351 pontos base, desde a reunião da instituição, no passado dia 8 de Dezembro. Nos últimos dois anos, a média dessa diferença é de 246 pontos base, segundo os dados da Bloomberg.
Quem não está com o poder cheira.Ninguém quer ficar a cheirar...
ResponderEliminarDepois o "sistema" reage em bloco.Por isso 50% da população nem sequer vota porque a "papinha" que lhe oferecem é toda igual.
Lembro-me do Bagão Felix a "cortar" o abono de família aos "ricos" isto é a fazer socialismo.
Actualmente escreve no Público ombreando com o Dr Louçã e ambos têm uma missão:O Louçã conseguir um "hair cut" da dívida já o Dr Bagão Felix pratica no CIMPAS o "hair cut" das indemnizações das seguradoras num sistema de "justiça" privada e com uns juízes especiais..."advogados"!
Sim a corrupção anda por todo o lado...
reinvenção do paraiso terreno
ResponderEliminarou o método de
'assar passarinhos fritos'
livro de medicinas
ResponderEliminar, e de acentuada importância para o futuro da humanidade. Para Heidegger8
, o homem moderno encontra-se em situação de desamparo devido à quebra na tradição causada pelo desenvolvimento da ciência moderna e pelo domínio da tecnologia na cultura ocidental. O niilismo, que caracteriza parte da civilização atual e que tem contribuído para o aumento do consumo de drogas com suas repercussões negativas, como o incremento da violência nas grandes cidades9
,
seria conseqüência da morte da tradição.
Uma outra maneira de abordar essa questão foi como o antropólogo Claude
Lévi-Straus se pronunciou: “No momento em que o homem não conhece nenhum
limite para seu poder, ele começa sua autodestruição”.10
O Pacheco Pereira não é credível em nada que faça ou diga. Ele, Durão Barroso e todos os outros com a mesma origem política, que pertenceram ao MRPP, os que foram militantes e/ou membros activos deste movimento terrorista, em nada podem ser confiáveis mesmo que afirmem a pés juntos já nada terem a ver com esse movimento. Mentem com todos os dentes que têm na boca, como aliás todos os 'democretas' de todos os partidos, eis porque quando aqueles se mudam para partidos pretensamente democratas, por ex.: PS, PSD e CDS, são por estes aceites de braços abertos. Veja-se o percurso político sinuoso e bastamente compensador de Pacheco e de Barroso, dentre outros. Quem foi MRPP para sempre MRPP, assim como quem foi/é PC para sempre PC, seja presentemente terrorista ou não. Se o regime mudasse para uma esquerda totalitária estes militantes e outros como eles, voltavam num ápice ao terrorismo de Estado e à colocação de bombas em tudo quanto era sítio e se estas matassem populares inocentes tanto pior, tratar-se-ia de danos colaterais, contestariam eles d'imediato totalmente indiferentes ao terror e à dor d'outrem, já que esta gente odeia de morte o próximo e a humanidade, assim como o próprio mundo que habita.
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