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terça-feira, abril 25, 2017

Um povo à procura da memória perdida

O Público de hoje tem várias páginas dedicadas ao tema do "25 de Abril". Duas delas referem-se à " memória do Estado Novo", escrevendo o autor ( Nuno Ribeiro) que não sabemos o que fazer com ela...




Há desde logo no artigo um problema epistemológico, de saber o que é o Estado Novo. No artigo, aliás como em muitos outros, o Estado Novo confunde-se com o período que vai do tempo de Salazar até ao dia 25 de Abril de 1974. Ora, o Estado Novo não foi todo esse período e se o quiserem abarcar deverão citar o tempo de Marcello Caetano que vai de finais de 1968 até 1974. Muito tempo e que foi determinante para se entender um regime.
Porém, de Marcello Caetano pouco se fala quando se fala em fassismo ( felizmente o artigo não usa a palavra maldita que o PCP afeiçoa sobremaneira) e a prova é que num Estudo do ICS onde se referem "níveis de notoriedade" Marcello Caetano aparece com 20 a 30%, muito abaixo do "primeiro patamar" que engloba Salazar, Mário Soares e Álvaro Cunhal.

Marcello Caetano foi muito mais importante para o nosso país do que Mário Soares. Digo eu e está dito, embora tal seja irrelevante porque nada represento senão uma mera opinião. Mas foi menos importante que Álvaro Cunhal que revolucionou, com o PCP, o modo de pensar da generalidade da opinião pública e publicada, alterando o léxico político e até social. Isso foi uma verdadeira revolução cultural que ainda se sentem os efeitos difusos mas permanentes.

A questão da "Memória do Estado Novo" tem evidentemente a ver com tal fenómeno. Foi possível nos últimos 40 anos falsificar a História e contá-la do ponto de vista de uma minoria de alguns, poucos milhares de militantes comunistas que existiam antes de 25 de Abril de 1974. Foi a linguagem que eles utilizavam nas suas publicações clandestinas como o Avante e o Militante que foi depois adoptada no léxico jornalístico, primeiro, e depois até em publicações universitárias e na própria Constituição de 1976.

Um punhado de uns, poucos, milhares de pessoas conseguiram impor a milhões de portugueses  uma linguagem que não era a sua. Notável, sob qualquer ponto de vista! E tal se deve a Cunhal e ao PCP, incluindo também as franjas comunistas de extrema-esquerda e o partido socialista que foi atrás, como sempre e bom compagnon de route. A linguagem do PS dos primeiros tempos ( só se constituiu como partido em 1973) era marxista, idêntica por isso à do PCP, com nuances.

Por isso mesmo a primeira tarefa seja de quem for que se preocupe com a Verdade histórica é a reposição da linguagem original que tínhamos à data de 25 de Abril de 1974, agora com a recomposição democrática da linguagem comunista que existia então clandestinamente. Mas nunca para se inverterem os termos e passarmos a adoptar, como aconteceu, a linguagem bastarda que existia apenas clandestinamente.

Tal é muito simples de fazer e basta que os jornalistas o façam, com a consciência de o fazerem por tal motivo, como aconteceu a partir de 25 de Abril de 1974. Portanto, trata-se de desfazer o que foi feito, de repôr o que existia e de reverter a perversidade cometida ao povo português, pelos comunistas e socialistas. O povo português nunca foi apenas constituído por esquerdistas do comunismo e socialismo e por isso mesmo é preciso repôr, democraticamente a representação real e sociológica que sempre existiu.
O contrário é continuar a falsificar a História como se faz na Constituição de 1976 que nenhuma revisão posterior alterou nesse sentido.

Por exemplo, uma das primeiras tarefas práticas para se repôr a Verdade histórica, para além da oficializada pelos representantes marxistas Fernando Rosas, Flunser Pimentel, Pacheco Pereira e tutti quanti será a de publicar o que está esquecido e censurado na prática:

A Constituição de 1933 que não se encontra em lado nenhum desde há 40 anos a esta parte.
Os discursos de Salazar que não se encontram em lado nenhum, com excepção de uma editora obscura de Coimbra que os vende em livro semi-clandestino, pela internet e desde há muito pouco tempo.
A possibilidade de o discurso mediático se alargar a outras pessoas que não  entendam o tempo de Salazar e Caetano como sendo o do "fascismo", o que está muito longe de acontecer, porque mesmo aqueles que não são esquerdistas-comunistas adoptaram os conceitos destes e falam a sua língua de trapo. O Estado Novo é por isso um tempo de obscurantismo, de repressão e até, como há poucos dias se escrevia de modo nojento no Público ( Ana Cristina Pereira, como sempre...) um Estado em que os malditos ( mendigos, vadios e cadastrados) eram perseguidos, como autênticos leprosos...

Para mostrar o que deve ser feito fica aqui uma pequena parte de uma obra que deveria ser reeditada e discutida nas Faculdades de Direito ( aposto que o professor Marcelo, agora presidente da República desta democracia nunca a citou ou recomendou, aos seus alunos de Direito Constitucional ou Ciência Política...).

Os comentários de Marcello Caetano ao carácter marxista da Constituição de 1976 são claros, nas páginas que seguem:



No jornal i de hoje mostra-se um pequeno contributo para a tarefa que é premente. O jornal consagra várias páginas ao assunto do tempo que passou desde o 25 de Abril de 1974 (o Diário de Notícias, em comemoração da efeméride publica, tão só e apenas, um cartoon de Carrilho):



O Estado Novo não foi como o pintam os antifassistas e Portugal não tem que se envergonhar de tal período. Tem é de o estudar sob outra perspectiva diversa da que tem sido a oficial, a dos últimos 40 anos.

Os comunistas e esquerdistas em geral não têm o monopólio da cultura em Portugal, ou pelo menos não deveriam ter, por uma razão: estão habituados a falsificar a História, desde os tempos de Lenine, apagando as figuras caídas em desgraça das fotos oficiais.

Aliás, a desinformação, a mentira sistemática derivada da falsificação histórica, dá casos como este de absoluta ignorância mas com estatuto de escrita num sítio de internet. A autora parece jovem mas já tem mais de cem anos na mentalidade distorcida pela propaganda...

15 comentários:

  1. A vergonha a que chegámos depois do 25 A a esquerdice a contar loas sobre o fassismo e a mamar a conta. As agências de emprego com assento na assembleia dão com uma mão e tiram com a outra. São os imbecis dos jornalixos que mantem isto. Gentalha que nunca fez nada na vida, ainda de cueiros a falar do estado novo.
    Tenho vergonha de partilhar as ruas de Portugal com gente desta laia.

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  2. Os jornalistas não farão nada sem serem obrigados pelas circunstâncias. E as circunstâncias são as que os fizerem perder influência, como tem vindo a acontecer nos EUA. A ameaça da irrelevância é a única coisa que os poderá mover, para além da voz do dono - ou do freguês, conforme se prefira.

    Ninguém quer este assunto tratado porque ninguém sairá dele bem na fotografia...

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  3. tão pouco
    uma vaga ideia

    manifs de velhada caquética

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  4. ( fabulosa , de 4 pistas , cromo-dióxido...)

    Cassette que é cassette
    repete, repete e repete...

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  5. O Rosas e a Flunser são os mais asquerosos. Pode juntar-lhes cópia doutros, especializados não só na História contemporânea, que infestaram as Faculdades de Letras: o Hespanha, o Medina, o O. Marques, o Borges Coelho, o Tengarrinha, aquela estúpida agora dos movimentos sociais que me não lembra o nome agora, da U. Nova, eu sei lá quantos. Até o Mattoso está feito nisto. São fornadas e fornadas de licenciados albardados com o campesinato no Antigo Regime, a visão do outro nos Descobrimentos Portugueses, os movimentos sociais na Idade Média, a revolta do escravos na Roma Antiga ou a economia colectiva dos castros do Neolítico. Tudo isto a fazer girar o mundo e a lua por séculos.

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  6. José, as constituições estão todas no site do Parlamento. É possível tirá-las de lá. Pelo menos, eu fi-lo há 2 anos.

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  7. "perder influência, como tem vindo a acontecer nos EUA"
    Ò Muja, anda inspirado nestes últimos dias, mas noto aqui uma vaga referência ao tremendo atrasado mental que tem como responsável a essa alegada perda de influência nos EUA? É 25 de Abril, está a confundir (e com alguma razão) com o 1º de Abril!

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  8. Isso é que V. arranjou para aí uma cisma, ó JRF...

    Tanto que até confunde causa e efeito. Eu bem digo que isso o impede de ver com clareza...

    Trump não é senão responsável por trazer a nu, aos olhos de toda a gente, a influência descrescente dos jornalistas. Não a criou, mas beneficiou dela. Se o JRF fica ofendido ou surpreendido com isso, é que tem andado a dormir. Só se ele fosse estúpido é que ia estar com salamaleques a gente cuja influência não para de deminuir.

    Essa influência vem sendo erodida de há muito, e pode dizer-se que a erosão vem aumentando na proporção do policiamento do discurso público por forma a conformar-se à língua de pau da idiocracia.




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  9. A Constituição de 1933 pode estar online, não sei. Sei é que nunca mais foi impressa. E devia, tal como a de 1976 o está.

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  10. Tenho para mim já certo que os media "tradicionais" estão condenados enquanto meios noticiosos - sobrar-lhes-á, enventualmente, o entretenimento.
    Não souberam preservar a independência que era a única característica que lhes permitia preservar o estatuto de poder semi-oficial e correspondentes prerrogativas perante o público.

    Hoje em dia, os meios de reportagem estão ao alcance - senão de todo o indivíduo, pelo menos daquele que nisso empregar algum esforço. Muito do material que se vê passar, hoje em dia, na televisão é trabalho de repórteres independentes que é pura e simplesmente roubado pelas grandes cadeias - algumas chegam depois ao ponto de acusar os próprios independentes de violações de copyright.

    São mais discretos, mais ágeis e mais corajosos que os jornalistas ao serviço dos "tradicionais".

    Já se criaram e apareceram meios que permitem aos particulares doar regularmente a esses jornalistas independentes sem intermediários; sem estarem, portanto, sujeitos a caprichos ou pressões de publicitários e outros comuns financiadores da actividade jornalística.

    Não se pode dizer que constituam ainda uma alternativa completa, porque haverá sempre a necessidade de uma edição ou condensação do material em bruto recolhido, particularmente vídeo. Mas parecer ser cada vez mais por aí o caminho do futuro.

    Quem souber sintetizar essa fórmula nova, que inclua esse trabalho de edição que facilite a apreensão do público, conservando a independência e o crédito do repórter enquanto entidade independente, é quem estabelecerá o novo padrão da informação e comunicação social.

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  11. José,

    não tinha a Coimbra Editora em conta de obscura... Mas, sendo de lá, talvez a minha opinião não seja a mais imparcial...

    De qualquer maneira, creio que sempre foram eles quem publicou os discursos, desde a primeira edição.

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  12. A informação deve cumprir sempre os critérios clássicos: o quê, quem , como, quando, onde e porquê.

    O "porquê" é o mais difícil e aquilo que perverte a informação porque está quase sempre inquinado de opinião pessoal que foi transmitida em educação adequada para tal.

    De resto, este "porquê" é na maioria das vezes assumido da escrita dos outros itens, de um modo já corrompido. Quanto alguém se refere ao período anterior a 25A como o fassismo está já tudo estragado e será motivo para desconfiar do resto.

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  13. A Coimbra Editora desapareceu do mapa editorial. Por isso agora é obscura.

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  14. Por outro lado, como exemplo:

    Ontem decorreram as comemorações oficiais do 25A, na AR. Como é que se relata o que lá se passou?

    À primeira vista é tudo objectivo porque à vista de todos. Porém, o destaque e comentários aos diversos discursos, uma vez que não será possível relatar tudo, dá conta da idiossincrasia dos "porquês".

    A informação também sofre disso: dos critérios de escolha editorial e é nisso que reside a Censura actual, muito mais pervasiva do que antes do 25A.

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  15. Muja, no entanto os factos mantêm-se e crescem todos os dias: Tremendo atrasado mental.

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