Para além disso há relato de alguns factos necessariamente conexos a uma explicação para o que se passou na realidade.
Porém, a qualidade dos escritos não é toda igual nem a qualidade é geral. O Sol é uma decepção, nesse aspecto e nada tem de especialmente relevante para informar leitores que procurem explicações para além do que se vai sabendo. O destaque vai, aliás, para a opinião escrita em duas páginas de reportagem com "bombeiros e populares" que acreditam ter o incêndio uma origem criminosa, particularmente nos reacendimentos.
Sobre o ponto fulcral- as mortes na EN236-1 pouco de novidade ou relevância.
O Correio da Manhã continua o registo de maior atenção aos dramas humanos das vítimas e tem o testemunho de mais uma sobrevivente do inferno naquela estrada nacional. É pena que não tenha sido perguntado o circunstancialismo típico do jornalismo: quem, o quê, como, quando e onde. Faltou o quando, relativamente à hora e o onde relativamente ao ponto de entrada na EN236-1. A testemunha diz que aguentou 4 horas dentro de uma carrinha de peixe, refrigerada, juntamente com outras pessoas que conseguiu resgatar no caminho e que quando passou, "vi um enorme túnel de fogo mas já não conseguia recuar. Avancei e, quase em visibilidade, embati nas valetas, nos raisl e nos carros que ardiam no meio da estrada. Não vi ninguém mas imagino que estivessem pessoas lá dento e o que atormenta é que se calhar atropelei pessoas sem querer."
Obviamente terão sido estes os minutos fulcrais dos factos ocorridos na EN236-1 e era preciso saber a que horas tal ocorreu. O jornal não perguntou...
O Público, esse, anda aos papéis, literalmente. O seu director diz que ninguém ainda sabe de nada sobre o que aconteceu na EN236-1. A testemunha do CM sabe alguma coisa...mas o Público não perguntou a ninguém que lá passou para tentar saber mais. É pena e o artigo de David Dinis é um retrato de impotência informativa e incompetência profissional.
Por outro lado olhando já para o rescaldo do incêndio foi pedir opinião em "folha A4" a um antigo governante do PSD que elencou algumas medidas que julga essenciais a tomar, chorando agora sobre o leite derramado.
A surpresa do fim-de-semana é o Expresso. Uma edição magnífica, para guardar e com relatos e opiniões de grande proveito. Tem a melhor análise, de conjunto, sobre o que se passou e traz informação nova e relevante para se entender o ocorrido na EN236-1. O pequeno artigo de Amadeu Araújo ( vou estar atento ao que escreverá a seguir...) dá um retrato de uma situação caótica e porventura próxima da realidade imaginável e comprovável. O testemunho de um bombeiro local , Augusto Arnaut, comandante dos bombeiros de Pedrógão, desmente factos relatados por "quem manda", nomeadamente os relativos ao número de bombeiros disponíveis desde o primeiro momento e os meios utilizados. Os factos são esmagadores e denotam a suprema incompetência e negligência associada de quem manda.
Aqui está um bom guia para o Ministério Público no terreno, seguir:
Em tudo isto aparece um fait-divers que diz mais do que muitos sinais: a ministra Constança apareceu no local em sapatos de ténis ou de correr...
Não poderia haver melhor metáfora para a incompetência: um dress code errado por erro de percepção.
No final, o retrato de quem manda e dos responsáveis por esta tragédia. Já todos lavaram as mãos...porque se agarram aos lugares como lapas.
Entretanto, torna-se necessário ouvir em investigação, este indivíduo que terá sido uma das primeiras testemunhas do início do incêndio: diz que não viu ou ouviu qualquer trovoada seca e que tal não seria possível e que por isso mesmo ficou chocado com o anúncio da descoberta da origem do incêndio.
Espera-se por isso da investigação a humildade suficiente para reconhecer eventuais erros e precipitações de análise ( a atribuição da origem do incêndio a um raio de trovoada seca). Cuidado é preciso e humildade ainda mais...
As nódoas caem no melhor pano e a melhor política não é tentar apagá-las com silêncio.
O Raposo fala das cheias de 67. Lembro-me bem.
ResponderEliminarO Poder pode ter escondido números, mas a televisão mostrou bem e as reportagens, vendo-se os mortos, ainda hoje se podem visionar no youtube.
O marajá também está de ténis pretos.
ResponderEliminarBom, espero que o José ponha aí o que tem sobre as cheias, porque está na cara que é intrujice. Como, aliás, é sempre que se fazem estas comparações.
ResponderEliminarEstive a ler aqui um bocadinho por diversos sítios e há uma narrativa normal: o regime só não causou as cheias de propósito porque não pôde, tentou esconder tudo e mais alguma coisa, ninguém ajudou ninguém, etc, etc.
Um que diz que a GNR não acudiu porque não quis sujar as botas, apesar de terem andado lá fuzileiros. Outro que diz que o regime não foi capaz de reagir embora lá andassem bombeiros.
Outra diz que as associações de estudantes lá andaram a ajudar e que eram associações ilegais e que se lembra de irem na rua e a polícia cortar o trânsito para eles passarem...
Uma capa do Diário de Notícias diz: Chuva e morte - centenas de vítimas.
Foi só esconder...
Eu andava no colégio e foram as próprias professoras a organizar ajudas. E isto entre alunos do secundário.
ResponderEliminarA Pimentel tem uma série de comentários a essas cheias, aproveitando para fazer agit prop e dizer que os estudantes das associações comunistas é que foram perseguidos.
ResponderEliminarNão sei o que anda a dizer agora. Se calhar é capaz de repetir o chavão do presente da escardalhada- "aproveitamento político dos mortos".
Estas comparações da treta encanitam-me porque o objectivo destes espertos presumo seja mostrar que o que acontece agora é tão mau ou pior do que o tempo do obscurantismo fassista, que é, como se sabe, o negro dos negros.
ResponderEliminarMas se o fassismo é o negro dos negros, então qualquer comparação só pode ter como efeito final o branqueamento do que se lhe compare porque nada pode ser pior que o fassismo.
Ou seja, a mensagem que passa efectivamente é:
pagode: isto foi mau e tal, vergonha e assim, mas atenção que no fassismo era muito pior, por isso não sejam ingratos.
Quanto ao incêndio, continuo sem compreender 2 coisas:
ResponderEliminar1- Como é que as pessoas de Nodeirinho e Vila Facaia podiam fugir dali sem irem ter ao IC8
2- Para que serviu o corte no IC8 entre o nó de Outão e o nó da Zonha Industrial.
Já fiz "a viagem" pelo Google e só entendo os acessos a que esses nós dão ligação. Porque apenas o percurso entre eles, pelo próprio IC8 parece-me absolutamente inútil.
E depois quando se vai a ver é tudo inventado e distorcido. Ou seja, nem dizem a verdade sobre o que aconteceu agora - deixaram arder pessoas; nem dizem a verdade sobre o que aconteceu antes, o que quer que fosse e que terá sido, presumivelmente, deixarem afogar pessoas.
ResponderEliminarMas a questão é não vejo mesmo qual é a vantagem destas comparações. Como se fosse pior ou ilustrasse mais o mal o ter sido feito por Salazar.
Não- o que ele está a dizer é que num regime autoritário o Poder preocupava-se em sair limpo de tudo e seria natural escamotear o que o pudesse chamuscar.
ResponderEliminarE agora faz o mesmo com a ajuda dos media.
Pelo menos dantes não ajudavam e não havia a democracia.
Os números não sei. Mas foi amplamente noticiado e as imagens que estão online não foram censuradas. São filmes da época.
ResponderEliminarO que mais me encanita agora é a invenção de palavras estranhas com tom científico. É como o bullying. Fica tudo a quatro a render culto ao fenómeno, ainda que só a palavra seja novidade.
ResponderEliminarIsso e depois a poesia. Como conta o Alberto Gonçalves. Dá-lhes a todos para a poesia.
"O fogo que voa". Se nadasse é que era estranho...
Eu sei que sim. Mas eu digo que isso tem o efeito psicológico contrário: minimiza o presente.
ResponderEliminarE isto sem contar que isso dantes era feito para preservar a imagem do Estado enquanto Estado, e tal é relativamente normal e acontece sempre em certa medida, como aconteceu por exemplo com o Chernobil, o Katrina ou Fukushima. O que é diferente de ser feito para safar eventuais responsáveis.
Se eles agora se acham estado mal entram na Jota certa que dá acesso, do que estava à espera.
ResponderEliminarÉ a democratização do acesso. Hoje eles; amanhã eu.
Vivem a fazer a onda.
É como a novela dos ricos. Sempre sentem que podem ir à boleia.
ResponderEliminarE, a verdade, é que vão. Vão demasiados imbecis iguais aos restantes imbecis anódinos, à boleia e mandam.
ResponderEliminarAté esta tosquita dos ténis que andava à procura das localidades e estradas num mapa de papel.
A origem do incêndio, criminosa ou natural, não altera nada relativamente à resposta do Estado ao fogo, uma vez começado.
ResponderEliminarMas já pode ter interesse quanto a avaliar uma hipotética tentativa de encobrimento, com comunicados oficiais a garantir a "trovoada seca".
Curiosamente, parece-me que o Poder teria vantagem em afirmar o contrário, que foi mão criminosa e não causas naturais que, como afirmou em comunicado o IPMA, estavam dentro da margem de erro, i.e., eram condições previsíveis.
Quanto ao David Diniz, e após o comunicado de ontem do PSD, está retratado: colocou como principal notícia de 1ª página um embuste, com datas falsificadas (suposta aprovação da renegociação em Abril, quando foi em 21 de Setembro), um tema que não existe (adiamento por 6 meses da aprovação em Conselho de Ministros quando após os pareceres da UTAO e da IGF, em 24 e 25 de Setembro, apenas havia 1 último conselho de ministros 3 dias antes das eleições de Outubro), e sem sequer ter tentado contactar o gabinete de Passos Coelho para exercer o contraditório.
Mas mais grave: após 6 anos em que a narrativa oficial foi a de que os cortes pioram os serviços e os meios do Estado, a notícia pretendia associar as falhas do SIRESP à... ausência de um corte de 25 milhões nas compensações aos privados. Para conseguir um título que juntasse "Passos Coelho deixou na gaveta + SIRESP".
Inqualificável.
Ok
ResponderEliminarConfirmei agora o meu engano. Os de Nodeirinho não podiam ir ter directamente ao IC8 porque o IC8 passa por cima da estrada de acesso. O mais perto era mesmo a N236-1 onde tudo aconteceu.
Mas os de Vila Facaia e Adega, sim. Iam pela CM1170 rapidamente dar ao IC8.
ResponderEliminarE aí estava cortado no tal nó do Outão.
Eu do que estou à espera é que morra mais gente. Infelizmente é o que me parece vai acontecer.
ResponderEliminarMas gostava que estes Raposos evitassem estas saídas assim porque a comparação parece fácil e barata mas sai o tiro pela culatra. É psicologia de tasca.
Ou, se comparam, então comparem as realidades e não os chavões. A não ser que objectivo seja sinalizar a virtude da indignação ganhando também uns pontos por bater no regime anterior.
Ele diz que não fala de 67 por acaso (se fosse por comparações de tragédias fazia sentido) mas diz que é por outro motivo- pela imposição do silêncio que Costa e Marcello impuseram como impôs Salazar.
ResponderEliminarNão sei se ele fala do que sabe ou do que lhe ensinaram na escola.
E nem Costa e Marcello impuseram silêncio. Não exageremos. Fizeram foi figurinhas tristes com a desculpa na ponta da língua antes de tempo.
Já o downcoiso naqueles escassos metros- por onda toda a gente fugida das aldeias foi dar, é cá uma coisinha...
ResponderEliminarHá uma questão que ainda não vi discutida nem aflorada sequer por nenhum comentador, jornalista ou quem quer que seja:
ResponderEliminarPorque não foi accionado o Plano de Emergência Municipal de Pedrogão Grande na tarde de Sábado com vista à evacuação das pessoas que se encontrassem na zona para onde o fogo avançava?
Em face da dimensão do fogo, da velocidade da sua propagação, das condições atmosféricas, da incapacidade dos bombeiros em o travar, não era de prever que ia apanhar todos quantos estivessem no seu caminho?
Um artigo de ontem do JN - a que o Alberto Gonçalves faz referencia no Observador - refere que no Canadá, perante um fogo de caracteristicas idênticas, evacuaram 80 mil pessoas (repito: 80 mil) e não houve um só morto.
Em Pedrogão Grande deveria haver quê? 400/500 pessoas para evacuar?
Ou nem isso?
Fort McMurray é uma única cidade que tinha 80 mil habitantes.
ResponderEliminarDeve ser muito mais fácil tirar toda essa gente de uma cidade com bons acessos que chegar a aldeias mais ou menos isoladas e espalhadas um tanto ao acaso.
Agora que toda essa gente e mais outros vindos de mais longe, tenham ido desembocar numa estrada onde tudo em redor está a arder, é que me parece mais estranho.
Em Góis evacuaram 27 aldeias...
ResponderEliminarEm Pedrogão nem sequer accionaram o Plano Municipal de Emergência...
Só o Plano Distrital de Leiria, e já no Domingo
O fogo alastrou muito mais para oeste de Pedrógão Grande. Ficou mais perto de Figueiró dos Vinhos.
ResponderEliminarNem sei se nestas coisas estas pequenas diferenças também não contam em saber quem deve ou não deve fazer.
Vejam isto:
ResponderEliminarhttp://sicnoticias.sapo.pt/especiais/tragedia-em-pedrogao-grande/2017-06-23-O-relato-do-homem-que-deu-o-primeiro-alerta-do-incendio-de-Pedrogao-Grande
É o que o José colocou no post
ResponderEliminarPois é, mas agora de viva voz.
ResponderEliminarO video é o mesmo.
ResponderEliminarE reparei que o José já sabe fazer links de cor
ResponderEliminar";O)
Os meus comentário, antes de ler os comentários:
ResponderEliminarO anúncio que descobriram a origem do incêndio em cinco minutos, tresandou e continua a tresandar.
É impressionante, sempre os mesmos metidos em tudo que tenha sido às centenas de milhões, designadamente BPN, PT e BES no tal SIRESP. Nunca se saberá a dimensão do roubo, dificilmente se poderá considerar este país pós-25A um estado de direito.
Os números do comandante de bombeiros são elucidativos: 5 profissionais para aquele barrir não de pólvora mas de dinamite. Ao que posso acrescentar quase com toda a certeza, zero guardas florestais, zero sapadores florestais. É um país pobre, mas para andar a deitar árvores abaixo e plantar novas em Lisboa (constantemente), há sempre dinheiro.
O Raposo é um parvo alegre e sempre foi. Saber científico também há do prof Jorge Paiva ou de Gonçalo Ribeiro Telles, são desprezados como sempre acontece aos melhores do país. Comparar "ambientes" de Costa e cia, com ambientes do Estado Novo é de vomitar já. Grotesca é a croniqueta que escreveu.
O palhaço do Raposo podia era comparar as cheias à pouca vergonha que são as enxurradas no Algarve, em Albufeira e quejandos, com os "resorts" e restante lixo arquitectónico construído em cima das linhas de água. Este Raposo faz parte da direita mais bronca, apesar da aparência de educação.
ResponderEliminarZazie é pior a desinformação e o salve-se quem puder destes politiqueiros que impor silêncio. Estes palermas como o Raposo nem sequer compreendem o serviço que prestam à esquerda e à narrativa oficial de esquerda, que é insuportável.
ResponderEliminarPode parecer que não tem relação, mas ontem andei pelos jornais espanhóis, notícias sobre a Venezuela são às centenas. Cá são às unidades, se é que as há a maior parte das vezes. Não vamos estragar "a revolução" com más notícias.
Nos incêndios e não é só deste ano, não vamos estragar a revolução com a evidência que o estado está destruído, o país dividido entre litoral urbano e interior à sua sorte. Como alguém já disse com algum exagero, antes do 25A não havia incêndios. Havia cheias pelos vistos. Agora não há cheias, os amigos da EDP e a comandita tenebrosa (há uma fotografia do Sócrates e o Mexia muito elucidativa) trataram disso.
O José não sabe fazer links de cor, mudou de tema e está inckuído :D. Este tema está melhor — ainda não tinha dito.
ResponderEliminara ratinha deve estar a postar likes...
ResponderEliminarUma boa reportagem fotográfica no Boston Globe. Não sabia que a GNR combatia os fogos como os bombeiros.
ResponderEliminarNão mudou nada de tema. Alterou o tema e a cor do link.
ResponderEliminareheehhe
Claro que o Raposo faz uma comparação que se esquece do fundamental. Essas localidades e habitações não derivaram de nenhum plano estatal. Foi a população que escolheu e lá construiu.
Agora tudo o que é feito é estatal, donde o palerma nem se apercebe da diferença.
O "tema Marca d'Àgua" é o das andorinhas. O mesmo que tinha. Tirou foi o fundo e foi mudando as cores.
ResponderEliminaros casacos ficam muito bem no meio da desgraça
ResponderEliminarantónio há que bar
o Jorge é branco de 2ª
ResponderEliminarainda ninguém referiu que neste 40 anos de incêndios deixou de se fazer resinagem
e o rectângulo perdeu milhões em exportações
Os da GNR é o GIPS. Pelo que entendo são uma espécie de sapadores-florestais que também fazem outras coisas.
ResponderEliminarBem vistas as coisas, deviam ter sido os primeiros a ser enviados - já que toda a gente concorda que as condições meteorológicas eram excepcionais.
Esta história de ter militares comandados por civis também me levanta dúvidas. Ainda que seja GNR, não deixam de ser militares e isso sempre deu problemas.
É fácil de imaginar o melindre de ter bombeiros mais ou menos amadores a comandar operacionalmente a GNR - quando ainda por cima, pelos vistos, esta tem meios - e portanto doutrina, espero - de combate a incêndios...