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sexta-feira, junho 23, 2017

Subir as paradas...à custa de noticias falsas.

 O jornal espanhol El Mundo publicou notícias sobre os incêndios que queimaram a reputação política de alguns, com queimaduras ainda escondidas sob a gaze dos media nacionais, escrevendo isto:

A desastrosa gestão da tragédia pode pôr fim à carreira política de António Costa”. Assim começa um artigo do jornal madrileno sobre os incêndios em Portugal e o de Pedrógão Grande em particular, onde combatem 80 bombeiros espanhóis, apoiados por dois aviões Canadair enviados pelo país vizinho. O “El Mundo” fala ainda num “aluvião” de criticas ao primeiro-ministro e à ministra da Administração Interna, pela descoordenação no combate às chamas

Como o El Mundo não é um blog qualquer, a quem poucos ligam ou dão importância, o atrevimento em colocar em causa a actuação política do geringonço nº 1, no caso concreto, provocou logo tremideira cujas ondas de choque ainda se farão sentir nos próximos dias.

E por isso já saíram à liça os mastins de protecção que se encarregam agora de ladrar ao jornal madrileno. Assim, subindo a parada das apostas na manutenção dos geringonços, sem demissões à vista:

 Sapo24:
O Sindicato dos Jornalistas divulgou hoje um comunicado acerca da polémica nascida nas redes sociais e blogues e noticiada em alguns meios de comunicação social acerca da cobertura pelo jornal espanhol dos incêndios em Portugal, nomeadamente sobre as implicações políticas, e a existência do jornalista Sebastião Pereira, que assinava as reportagens do El Mundo.
O Sindicato diz que contactou em Portugal a Comissão da Carteira Profissional de Jornalista, que confirmou não haver registo do nome Sebastião Pereira, e também a publicação espanhola, que informou de que se trata de um profissional que já conhece e que assinou as peças noticiosas com pseudónimo.
"Nada fizemos de errado, recorremos a um jornalista que utiliza pseudónimo e que já conhecemos bem”, disse Silvia Román, responsável pela secção de Internacional, citada pelo Sindicato de Jornalistas.
Segundo a estrutura representativa dos jornalistas portugueses sindicalizados, a editora de Internacional rejeitou “dizer há quanto tempo conhecem o referido jornalista” e acrescentou que já recebeu imensos contactos de Portugal por causa da cobertura dos incêndios, o que não lhe aconteceu em mais de 20 anos de trabalho naquela secção.
"Parem de me atacar no Twitter! Parem de me enviar emails! Parem de tentar telefonar-me! Em 22 anos nesta secção nunca me aconteceu algo assim, nem nos casos da Venezuela ou da Turquia!", afirmou, ainda segundo o Sindicato dos Jornalistas.
O Sindicato dos Jornalistas termina o comunicado a informar que contactou também os sindicatos espanhóis a pedir cooperação para esclarecer este assunto.

Sobre o papel dos jornalistas no relato destes factos e acontecimentos, o jornalista Miguel Pinheiro, no Observador, pensa o seguinte:

  A obrigação de um jornalista (e não uso a palavra “obrigação” de forma leve) é mostrar aquilo que vê — mesmo aquilo que às vezes outros preferiam que não víssemos ou aquilo que nós próprios, em certas alturas, preferíamos não ver.

Com que então a obrigação do jornalista é mostrar aquilo que vê?! Tomara que fosse, porque sempre me pareceu ser mostrar aquilo que outros podem estar interessados em ver. Tal como refere o sociólogo citado num postal anterior. E é aí que ocorre a demagogia cognitiva, como o mesmo também refere: a vontade em dar a informação que coincida com a representação que se faz daquilo que seja a  procura de informação.
Quando o jornalista se deixa levar por esse conceito está próximo do "facto alternativo" referido pelos apoiantes de Trump: na cerimónia de investidura de presidente, estariam mais pessoas do que aquelas que foram mostradas pelas imagens de tv.
Tal como no funeral de Mário Soares, o contrário também sucedeu...ou seja, os jornalistas não mostraram o que viam mas o que julgavam que o povo espectador de tv gostaria de ver: um mundo de gente que não existiu. El Mundo...

O jornalismo em Portugal é essencialmente o da "verdade a que temos direito"; não é necessariamente aquilo que o jornalista vê, sente e pressente. A "verdade a que temos direito" é definida por estruturas oligárquicas, políticas, empresariais e mediáticas. São poucas pessoas e sempre as mesmas de há uns anos a esta parte. Quem manda pode.  E o jornalismo obedece fazendo de conta que relata aquilo que se vê...

Em Portugal, dizia ontem Nuno Garoupa numa tv, não há sociedade civil. Há o Estado e os partidos. Porque raio o jornalismo nacional deveria ser uma excepção neste panorama?

O Correio da Manhã e o Observador e sei lá que mais que é quase nada mais? Pois sim. Nem chegm a ser andorinhas para nova primavera. São apenas cucos que procuram chocar os ovos em ninhos que outros já fizeram. Nem podem arriscar muito porque o capital é volátil e os "ventos da História" não estão para modas. 

7 comentários:

  1. Terão medo do Zé Povinho tomar o freio nos dentes?Sem vanguarda nenhuma?ui ui ui

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  2. Parece que tudo terá começado com uma jornalista de causas, daquelas que andam à procura de apartamentos no Chiado, que questionou directamente o El Mundo sobre a identidade desse Sebastião. Julgo que seria para almoçar com ele, qual Miguel Abrantes. ..

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  3. a chungaria da geringonça do
    antónio das mortes
    não permite vozes estranhas no gulag

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  4. Quem é que perguntava noutro post quem eram os comandantes e Cia. Lda da Protecção Civil?

    http://www.cmjornal.pt/portugal/detalhe/foram-nomeadas-30-chefias-da-protecao-civil-74-dias-antes-de-pedrogao?ref=HP_Grupo1

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  5. Os comissários políticos andam nervosos, a coisa descambou de repente,
    Já só falta a nkvd.
    Os controleiros querem saber quem "mijou fora do penico"
    Os cães já não trazem açaime.
    Estou sentado na primeira fila, com o balde de pipocas

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  6. o picapau já fala diferente depois do encontro com PPC

    a geringonça transformou
    demissão
    em
    de missão

    PQP

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  7. O instinto de sobrevivência deste regime da 10 a 0 ao do Estado Novo.
    Quem ousar, será punido. Não deixa de impressionar a capacidade de auto-preservação. São minuciosos, articulados, inteligentes e não conhecem escrúpulos de qualquer espécie.

    Miguel D

    (Desculpas pela falta de acentos)

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