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sexta-feira, novembro 17, 2017

Morreu Totò Riina, o curto.

Salvatore Riina morreu hoje na prisão, onde estava há cerca de 24 anos, por condenações sucessivas relativas a homicídios vários, às dezenas, por conta da Mafia de Corleone que chefiava como padrinho. Entre os mortos, vários magistrados, incluindo Giovanni Falcone e Piero Borselino e muitos outros.

Riina, um mafioso à antiga, era uma lenda viva e andou fugido à justiça durante anos e anos. Foi apanhado em 15 de Janeiro de 1993 quando circulava num carro utilitário, numa rotunda em Palermo, onde vivia incógnito.

Na altura comprei os jornais italianos que fizeram a reportagem e lembro-me como se fosse a semana passada:


Quando foi apanhado, negou a identidade e declarou-se um simples camponês ( contadino).



Para a mulher e filhos ( dois deles presos por delitos ligados à Mafia) Riina era um santo...



Como é que Riina foi apanhado? Por denúncia de arrependidos...



E porque demorou tanto tempo? Uma das razões prende-se com a corrupção da justiça italiana que não admitia sequer a existência de uma organização mafiosa. Foi por isso, por aceitar e acreditar nas denúncias feitas pelo primeiro arrependido- Tommaso Buscetta , na foto abaixo- que o juiz Falcone morreu, às ordens de Riina.

No entanto, no tribunal da Relação, havia um juiz-presidente, Corrado Carnevale,  a quem chamavam o "ammazzasentenze", ou seja o arrebenta sentenças. Tinha por hábito anular os julgamentos de mafiosos na primeira instância devido a problemas processuais que catava nos processos. Tudo na mais perfeita legalidade...

Também chegou a vez dele com as denúncias dos arrependidos...


E também por outro motivo: a mítica Mafia que se confundia com a paisagem siciliana, como era a vilazita de Corleone, de onde Riina era natural. "Um siciliano pode negar a existência da sua mãe e convencê-la disso mesmo", dizia Giovanni Falcone que sabia porque era da terra. Mentirosos natos e dissimuladores por essência.

Qual a maior armas dos mafiosos? A omertà. O silêncio de inocentes e culpados, completo e inviolável. Durante anos e anos funcionou. A partir das primeiras brechas nos anos oitenta, com o aludido Buscetta, tudo se desmoronou.



Na altura da captura de Riina que vivia nesta quinta no centro de Palermo ( era mesmo um camponês...), ainda havia outros mafiosos importantes, a monte e que foram presos alguns anos depois, como o mítico Provenzano de quem se conhecia apenas a imagem abaixo mostrada  cuja captura em 2006 foi outro feito da polícia italiana.



Esta imagem final é da revista L´Express, francesa, de 4.12.1992. Mostra um cadáver de alguém assassinado, em Palermo e é icónica desse tempo da Mafia italiana de Totò Riina.



Durante o tempo em que esteve preso, Riina foi alvo de atenção mediática uma vez que havia muitas pessoas que lhe escreviam a pedir favores, mesmo estando preso...


A luta da magistratura e Estado italianos contra a Mafia siciliana que acabou por matar ainda o juiz Paolo Borselino, durou anos e anos.

Como conta a Epoca de 9.7.1995, ainda andavam a monte vários capi mafiosos, sendo o mais importante o tal mítico Bernardo Provenzano. Um outro, Leoluca Bagarella  foi preso nessa altura.


Outro, Pietro Aglieri, em Junho de 1997.


Tudo isso se tornou possível após a colaboração premiada do antigo mafioso Tommaso Buscetta, como contava o La Repubblica de 17.11.1992.


 Em 1993 por força da colaboração de arrependidos, foram identificados os primeiros suspeitos do atentado ao juiz Falcone:


 No entanto, só em 2014 foram julgados os quatro últimos responsáveis directos pela morte na estrada de Capaci, no longínquo dia 23 de Maio 1992. Mais de vinte anos depois...

10 comentários:

  1. Quando li o Triunfo dos Porcos, na segunda metade da década de 70 do século passado, parecia-me que estava a ler o golpe do 25A parodiado. Não sei porquê, este post fez-me relembrar esse meu equívoco.

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  2. "E porque demorou tanto tempo? Uma das razões prende-se com a corrupção da justiça italiana que não admitia sequer a existência de uma organização mafiosa."

    Faz lembrar um país onde alguém disse que não havia corrupção. Mas, nesse país nem com denúncias como a de Rui Mateus se consegue partir para uma investigação séria. Outras resolvem-se com a tesoura.
    O Carlos Alexandre num chega para drenar o pântano.

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  3. Rinas é gentalha que existe por cá aos milhares

    é menos dispendioso colocar as PESSOAS HONESTAS na pildra

    estão orçamintados €1,29 diários para alimentar os presos

    segui o caso da máfia siciliana desde a devolução de Lucky Luciano

    mani pulite acabou com a frágil Itália

    'andante ma non trôpego'

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  4. L’arcivescovo Pennisi: «Nessun funerale per Riina, è scomunicato»

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  5. La figlia di Totò Riina su Facebook chiede silenzio: tanti i messaggi di condoglianze

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  6. É um homem que mexe em tudo, que tem poder sobre quase tudo, mas que está muito afastado e recuado porque é muito mais inteligente do que outros donos disto tudo."

    Manuela sobre o o novo DDT.

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  7. Mas não é ele o dono disto tudo. É outro...

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  8. nas máfias há sempre um sucessor

    não há decapitação possível do polvo

    dizia o Irmão Frederico II da Prússia
    '-haverá sempre uma dúzia de mercenários para nos defender na justiça'

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  9. Riina e i 26 ergastoli

    Nei suoi 87 anni di vita Totò Riina ha accumulato condanne pari a 26 ergastoli definitivi; è morto portandosi sulla coscienza un numero imprecisato di omicidi. Nella sola stagione più sanguinosa, il 1982, la guerra di mafia a Palermo lasciò dietro di sè oltre 200 morti ammazzati; prima e dopo il capo dei capi «firmò» come esecutore o mandante gli omicidi di magistrati, uomini delle forze dell’ordine politici: i cosiddetti «cadaveri eccellenti» che hanno segnato per mezzo secolo la guerra tra la mafia e lo Stato. Le stragi di Capaci e via D’Amelio, quella di via dei Georgofili sono il culmine di una carriera all’insegna del terrore e della crudeltà; ecco alcuni dei delitti che segnano la parabola criminale di Totò Riina.

    por cá a politica segue outro rumo
    proibido referir o octopus

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  10. Um "esquecimento" muito conveniente : a Máfia siciliana tinha sido liquidada por Mussolini ( por métodos pouco ortodoxos, convenhamos...); mas o desembarque americano na Sícília pô-la "back in business" face aos acordos e compromissos com "Lucky" Luciano.

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