Observador, artigo de João Carlos Espada:
Em primeiro lugar, não se tratou de uma revolução popular, mas de um
mero golpe armado promovido por uma minoria fundamentalista que nunca
convocou e respeitou eleições livres.
Em segundo lugar, não se tratou sequer de um golpe contra um regime
despótico. O regime czarista tinha sido deposto em Fevereiro desse mesmo
ano de 1917. Um regime constitucional parlamentar dava os seus
primeiros passos na Rússia e preparava eleições livres.
Por outras palavras, a tão badalada ‘esperança emancipadora’ da
revolução soviética resumiu-se a uma sublevação armada para impedir a
tentativa de consolidação de uma democracia parlamentar na Rússia.
Traduziu-se depois na criação de um regime sanguinário que procurou
exportar para a Europa o mesmo desrespeito fundamentalista pelas regras
imparciais do constitucionalismo democrático.
Esta tentativa de exportação do fundamentalismo comunista acabou por
gerar outros fundamentalismos de sinal contrário: o nacional-socialismo e
o fascismo. Todos eles são expressão da mesma revolta primitiva contra a
sociedade aberta e pluralista — da qual todos eles inicialmente fizeram
o seu principal inimigo. E em comum desencadearam a II Guerra, em
Setembro de 1939, através da invasão combinada da Polónia pela Alemanha
nazi e pela Rússia comunista.
Por que motivo produziu o bárbaro regime soviético tanta admiração
entre a intelectualidade ocidental? É um mistério a que Raymond Aron, em
1955, chamou de ‘ópio dos intelectuais’.
Funda-se num conjunto de mitos que muitos intelectuais ainda hoje
recusam confrontar com os factos. A mais devastadora crítica desses
mitos comunistas e marxistas foi produzida por Karl Popper em 1945, na
sua obra A Sociedade Aberta e os Seus Inimigos.
O primeiro desses mitos consiste na crença positivista em leis
deterministas da história. O comunismo seria o sucessor inevitável do
capitalismo, assim como este sucedera inevitavelmente ao feudalismo, e o
feudalismo sucedera inevitavelmente ao regime esclavagista e este ao
chamado ‘comunismo primitivo’. Esta sucessão inevitável resultaria do
desenvolvimento dos meios e técnicas de produção e não dependia das
escolhas morais e políticas dos indivíduos — que apenas poderiam atrasar
ou acelerar o rumo predeterminado da história.
Esta foi a ‘teoria científica da história’, anunciada por Marx e
Engels no seu ‘Manifesto Comunista’ de 1848. Mas, perguntou Popper, se
se trata de uma teoria científica, como pode ser testada pelos factos?
Em que condições futuras poderia o não advento do comunismo refutar a
teoria?
Nenhumas, mostrou Popper, porque sempre que o comunismo falhar os
crentes positivistas poderão argumentar que se tratou de um recuo
temporário — e que, no futuro, o comunismo inevitavelmente triunfará.
(Isto é precisamente o que dizem hoje os comunistas quando confrontados
com a queda do Muro de Berlim, em 1989, e a implosão do comunismo
soviético).
É como o letreiro que anuncia ‘Amanhã a cerveja será gratuita’. Os
clientes voltarão todos os dias e todos os dias terão de pagar a
cerveja. Mas o letreiro continua certo porque cada dia será ‘hoje’ — e
pode ser que ‘amanhã’ a cerveja seja gratuita. Por outras palavras,
disse Popper, a ‘visão científica’ da história não passa de uma versão
positivista de ‘profetismo oracular’.
Além disso, mostrou Popper, todas as poucas previsões empiricamente
testáveis produzidas pelo marxismo foram refutadas pelos factos. Não se
verificou a queda tendencial da taxa de lucro nem a estagnação da
inovação promovida pelas empresas privadas, livres e descentralizadas.
Não houve bipolarização entre ricos e pobres, mas impressionante
expansão das classes médias. Não foi impossível reformar o sistema
capitalista através do Parlamento — pelo contrário, foi possível criar
pacificamente fortes redes de segurança para todos e melhorar as
condições de trabalho de todos.
O mito das ‘leis da história’ foi refutado pelos factos. Dele sobrou o
relativismo niilista do ‘socialismo científico’. Esse niilismo foi a
doença infecciosa do século XX, que produziu milhões de vítimas de
governos totalitários sem escrúpulos — e sem vergonha.
Esse vírus estava contido no chamado ‘socialismo científico’ de Marx e
Engels. Ao condenarem o que chamaram de ‘moralismo burguês’ do
socialismo democrático e da social-democracia, Marx e Engels deram
alegada justificação ‘científica’ à ausência de moral em política. A
revolução comunista, disseram eles, não deve ser apoiada por razões
morais, mas por razões científicas — porque o comunismo é o futuro
inexorável.
Mas está bem de ver que, mesmo que o comunismo fosse o futuro
inexorável, isso não constituiria razão moral para o apoiar. A menos que
tivesse sido adoptada uma premissa ‘moral’ que não está expressa nesse
raciocínio: a premissa ‘moral’ de que ‘só devemos apoiar causas
vencedoras’. Esta foi na verdade a premissa não dita que o chamado
‘socialismo científico’ adoptou — a premissa do culto do poder sem
restrições morais (que Nietzsche também espalhou, entre outras
clientelas).
Foi este culto do poder sem restrições morais que deu lugar à
política violenta dos ‘camaradas’ — uns de punho fechado, outros de
braço estendido, todos aos gritos estridentes contra o capitalismo
democrático. Mas esse culto fundamentalista foi derrotado pela tranquila
resistência da civilização ocidental — fundada na liberdade ordeira sob
a lei e no Governo representativo que prestas contas ao Parlamento.
Porque é que os comunistas portugueses de todos os matizes, incluindo os trotskistas do BE, continuam a acreditar nos amanhãs que cantam?
Porque a promessa de um mundo melhor em que os trabalhadores sejam iguais aos patrões e estes desapareçam enquanto exploradores do trabalho alheio, continua a cativar a atenção e interesse de muitos. No fundo, a inveja é o motor dessa História particular e por isso não adianta articular factos ou argumentos contra a ideia básica. Só aprenderão à sua custa e quando experimentarem o que sucedeu em todos os países do Leste europeu, sem excepção: o logro que se confirmava no dia a dia dos trabalhadores e que conduziu ao derrube do Muro de Berlim.
Quanto aos novos exploradores, pertenciam todos à clique do Partido e instituições anexas que enformavam o Estado tendencialmente totalitário.
A esses não faltava o que faltava aos demais mas ainda assim faltava muito que no Ocidente existia. Ou se comportavam em conformidade com o que o Partido queria ou eram expulsos desse convívio e passavam à condição de explorados, ainda pior que no Ocidente. Em muitos casos, eram pura e simplesmente eliminados, o que é indesmentível historicamente.
O que seduz então os jovens de agora para o comunismo? o que sempre seduziu: a igualdade e a possibilidade de não haver exploração do Homem pelo Homem.
Um Mito, portanto. E os Mitos são o que se torna mais difícil erradicar no pensamento utópico. Porque são a sua essência.
Entretanto, mais lenha para a fogueira anti-comunista, lançada por um antigo comunista, José Milhazes que sabe do que fala:
Pode parecer paradoxal, mas o facto é que não foram os soviéticos que
ganharam com o golpe de Estado bolchevique de 1917, mas sim os
europeus, cujas camadas trabalhadoras foram extremamente beneficiadas
com o sistema da “Europa social”, de forma particular após a Segunda
Guerra Mundial.
Não vou repetir os “êxitos do socialismo soviético” apregoados pelos
seus apologistas, mas vale a pena concentrarmo-nos em alguns deles para
compreender a sua dimensão.
É verdade que o regime saído da revolução acabou com o analfabetismo
na URSS, o que constitui um factor importante para o desenvolvimento de
qualquer país. Mas é de salientar que esse passo foi fortemente travado
e, muitas vezes até neutralizado, por uma feroz censura. Os soviéticos
estavam proibidos de ler livros de milhares de autores nacionais e
estrangeiros, de ver filmes de realizadores mundialmente reconhecidos e
até de esquerda, como é o caso de Fellini ou de outros, bem como de
ouvir música de bandas ocidentais anti-capitalistas como os “Pink
Floyd”.
A literacia total permitia, para aqueles que não se arriscassem a
procurar clandestinamente obras proibidas, o que era condenado com
pesadas penas de prisão, apenas ter acesso a uma cultura filtrada e
truncada. Os habitantes do país do mundo que mais lia (e escrevo isto
sem qualquer ironia) não deixavam passar aquilo que a censura deixava
escapar, mas dispensavam a farta propaganda escrita e publicada pelo
regime comunista.
Aqui, é de salientar que a censura salazarista era constituída por
“meninos do coro” se comparada com a sua congénere soviética, e não
estou a falar da era estalinista, mas de períodos posteriores.
Também são inegáveis os êxitos científicos dos soviéticos. Não é por acaso que o Avante,
órgão oficial do Comité central do Partido Comunista Português,
apresenta até à exaustão o lançamento do primeiro satélite artificial da
Terra, o “Sputnik”, e a primeira viagem espacial de um ser humano, a de
Iúri Gagarin, como provas irrefutáveis da supremacia do socialismo na
disputa com o capitalismo.
Mas, como é sabido, essa grande capacidade científica soviética não
impediu a derrocada do regime comunista na URSS e nos países vizinhos. A
razão desta derrota é simples: a ciência estava virada para a guerra,
para a hegemonia mundial, concentrada na corrida aos armamentos, sendo
atiradas para segundo plano as necessidades das pessoas.
Outro dos trunfos utilizado pelos comunistas para provarem a sua
“superioridade moral” é a vitória de Estaline na Segunda Guerra Mundial,
escondendo as verdadeiras responsabilidades do ditador comunista nessa
tragédia. Mais, os apoiantes do regime gostam de destacar a figura do
generalíssimo Estaline e do Partido Comunista da URSS na vitória,
esquecendo-se (ou fazendo de conta que se esquecem) que, quando a Rússia
bateu Napoleão em 1812, nem o primeiro, nem o segundo existiam. Além
disso, fazem de conta não saber que, numa guerra com armas
convencionais, seria impossível ocupar um país tão gigantesco e que foi o
heroísmo e a abnegação dos soldados e oficiais soviéticos que
derrotaram o fascismo.
E aqui coloca-se uma questão: porque é que os habitantes da URSS e
dos países satélites passaram a viver pior do que os europeus
ocidentais? Recordo-me da indignação com que numerosos veteranos de
guerra soviéticos falavam das melhores condições de vida que tinham os
veteranos do principal país derrotado a Alemanha.
Isto porque os dirigentes ocidentais, nomeadamente
democratas-cristãos e sociais-democratas, souberam tirar conclusões da
tragédia e apostar no melhoramento do nível e condições de vida dos
cidadãos europeus, enquanto que os líderes soviéticos sacrificavam o
bem-estar do seu povo a ideias hegemónicas e planos faraónicos que
levaram à derrocada do país.
Infelizmente, após o fim da União Soviética, instalou-se uma
desorganização e um caos no mundo tal que os europeus e outros acabam
por perder muitas das suas conquistas. Os dirigentes ocidentais perderam
o receio face ao perigo comunista, enveredando por políticas que vão
enfraquecendo as bases do bem-estar dos seus cidadãos.
Além do mais, as últimas revelações dos Panamá Papers
mostram que a chaga da corrupção continua a alargar-se e não só nos
chamados países do Terceiro Mundo. Nem Sua Majestade, a Rainha de
Inglaterra Isabel II, escapa! Para já não falar do czar russo Vladimir
II!
A deterioração social e política em numerosos países, o aumento das
convulsões nas relações internacionais deveriam levar os líderes
mundiais a pensar que a história se pode voltar a repetir, embora de
forma diferente, talvez de forma mais cruel e desumana ainda do que a
experiência iniciada há cem anos atrás.
Mas os mitos sem catequese e rezas não sei quantas vezes ao dia ficam em banho maria e serão inócuos.Se devidamente adubados por uma forte propaganda interesseira de umas poucas dezenas de milhar tornam-se um problema grande e afundador de toda uma nação
ResponderEliminarComo disse a Zazie, os trabalhadores e o proletariado são cada vez menos… Vão ter de ser os amanhãs que cantam LGBT e bi-curiosos!
ResponderEliminarNunca os homens (e mulheres) de letras se interessaram tanto pela ciência — ainda há pouco no pasquim da sonae estava um importante artigo (que não li) sobre a possibilidade dos homens virem a engravidar no futuro. Já dizia o Huxley "o brave new world that has such creatures in it".
A Natureza é muito sóbria e o castigo implacável. Já temos sinais disso...nas alterações climáticas. Mas como isto é discutível apenas digo que outros dizem.
ResponderEliminarMas segundo um estimado comentador (não), é inevitável. "A época actual é a da passagem do capitalismo ao socialismo." E é inevitável!
ResponderEliminaros sociais-fascistas prometem sempre um futuro sem presente e sem futuro
ResponderEliminarmete dó ver aqueles tristes a definhar até ao último
não convidaram Gorbachov
A natureza pode ser sóbria, mas chegamos mais uma vez a uma época em que a acumulação de riqueza por meia-dúzia atinge proporções ao nível dos imperadores… o futuro não é risonho (nos EUA os jornalistas do Gothamist e outro site sindicalizaram-se e o dono bilionário fechou aquilo tudo). Claro que o amanhã canta com comunismos e afins, depois de ter falhado em todo o lado, desastres sem par e milhões e milhões de mortos para contar a história.
ResponderEliminarAs alterações climáticas chegaram para ficar, o que lhes dá origem não é melhor — uma concentração de CO2 (e não só) na atmosfera que há mais de três milhões de anos que não existia, a sexta extinção em massa a decorrer (ver por exemplo o artigo científico que diz que em 27 anos os insectos declinaram mais de 75% na Alemanha), florestas a desaparecer para soja, palma, papel higiénico e futilidades, um mar de plástico (esta até os cavernícolas podem ver indo a qualquer praia)…
Não sei se a natureza dará conta do recado desta vez… talvez, mas a época vai ficar conhecida como antropoceno.
"O que seduz então os jovens de agora para o comunismo? o que sempre seduziu: a igualdade e a possibilidade de não haver exploração do Homem pelo Homem."
ResponderEliminar.
Dá a ideia que os joven vão à bola com a ideologia comunista, o que não é manifestamente verdade. Os comunistas já são poucochinhos e jovens comunistas são mesmo um resíduo. Uma insignificância estatística.
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O que seduz os jovens para o fascismo?
O mesmo que seduz os jovens para o comunismo. Ser do contra. Contra o status quo. Irreverência.
Também os fascistas são um resíduo. Uma insignificância. Os jovens fascistas, também em reduzido número, como os jovens comunistas, tem muito em comum. Muito pouco de ideologia, paletes de irreverência.
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No fundo para demonstrar insatisfação por coisas concretas (e nada ideológicas) como o desemprego, a desigualdade no acesso a bens que o capitalismo vai acentuando,os jovens tornam-se locomotivas do contra.
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Se o regime é fascistas (aka estado novo) esses jovens só podem se virar para o comunismo. Para remover o fascismo tem de se ser comunista. Para remover o socialismo igualitarista tem de se ser fascista.
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É a lei da compensação.
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Quem não percebe isto não bate bem da bola.
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Rb
ResponderEliminarJosé, do texto do trânsfuga Espada vale a pena destacar a afirmação de que os jovens são atraídos pelo comunismo. Não poderia estar mais de acordo. Eles querem uma Terra sem Amos. E eles são o futuro e o futuro é, consequentemente, o comunismo. Podem continuar a acenar, esbaforidos, que o ideal, o projecto, morreu. Tá bem, mas esperem sentados...
Quanto ao nosso grande amigo Ricciardi depreende-se do conjunto das intervenções que aqui vem trazendo ao longo dos tempos que o homem repudia o comunismo e, portanto, como resulta das palavras do seu último post (10h51)ele cai, concedo que involuntariamente, no fascismo.
Publique-se.
João Pedro
Perante profissões de fé, não adianta argumentar mais nada.
ResponderEliminar" As pessoas sempre fizeram isso. Acreditam na Grande Verdade suspendendo o discernimento"- Orlando Figes.
ResponderEliminarÉ esse o caso.
Deixo aqui uma ligação que tem dois vídeos (três, mas dois são as duas partes do mesmo programa), de entrevista/debate a Margarita Simonyan, editora-chefe do canal internacional russo de informação - RT -, e de Maria Zakharova, directora de imprensa dos Estrangeiros russos. São programas da televisão russa, que alguém legendou em inglês.
ResponderEliminarPenso que o José e estimados con-fregueses poderão achá-los interessantes, não só pelo que as respectivas personagens dizem, mas também pela forma como são realizados os programas e a discussão que neles ocorre, que é quase sempre acerca do jornalismo em si, directa e indirectamente.
https://southfront.org/videos-interviews-with-maria-zakharova-and-margarita-simonyan/
O Espada não vê as coisas como elas são. 'Temos pena'.
ResponderEliminarGalbraith, John Kenneth
• In economics, the majority is always wrong.
• Under capitalism, man exploits man. Under communism, it's just the opposite.
• All successful revolutions are the kicking in of a rotten door.
«Porque é que os comunistas portugueses de todos os matizes, incluindo os trotskistas do BE, continuam a acreditar nos amanhãs que cantam?»
"Um homem que não seja um socialista aos 20 anos não tem coração. Um homem que ainda seja um socialista aos 40 não tem cabeça". Atribuído a Georges Clemenceau, Winston Churchill, Willy Brandt, pelo menos.
Cumprimenta
Uma Terra sem amos! Nos regimes comunistas!… é anedota para ganhar o campeonato do Mundo…
ResponderEliminarEm Cuba e na Coreia do Norte, já nem se percebe se é um regime comunista ou monárquico do proletariado, de tal forma são terras sem amos. Em Portugal é que vai ser… as amplas liberdades vão finalmente ser realidade. O resto foram deturpações da revolução.
"Perante profissões de fé, não adianta argumentar mais nada." Os comunistas sempre foram muito crentes e devotos, mas ai de quem não acreditar.
ResponderEliminarNão recuso A Grande Verdade mas, José, aquela também lhe é aplicável, não se ponha de fora. O José não paira acima das classes nem da luta de classes. Aliás, o José lidera neste espaço a luta ideológica que aqui tem lugar com o seu olhar conservador, para ser simpático...Não quer mudanças sociais, já que sempre houve ricos e pobres, exploradores e explorados e assim é inevitável que seja na eternidade. Mas o Mundo move-se. Depois há a realidade e a utopia: A realidade concreta, material, dos 1% que se apoderam da riqueza mundial e os que como eu, utópicos bolchevistas, dizem que é possível um Mundo ponde reina a sociedade sem classes, sem, portanto, exploradores e explorados nem opressores nem oprimidos.
Espero entretanto que o José me conceda a mercê de não me excluir do debate como fez - e bem - com o inenarrável do Ricciardi.
Por fim, clamo:
Za Stalina
Za Rodinu
João Pedro
Não excluo do debate, mas não é possível debater com "cristãos novos" matérias de religião.
ResponderEliminarPortanto, se acredita na Grande Verdade, que se há-de fazer? Dizer-lhe que é uma Grande Mentira não adianta.
Demonstrar que o é ainda menos, porque os sinais estão todos à vista e o maior de todos é a repelência que os povos que experimentaram a Grande Verdade têm em relação a isso...
Portanto, não basta argumentar que existe uma luta de classes quando essa luta não levará a bom porto se for encarada como o marxismo o faz.
A luta de classes sempre existiu mas não com esse nome. Apenas é um reflexo da desigualdade natural entre os Homens.
ResponderEliminarE é nessa desigualdade que temos que encontrar menos sofrimento para os que estão na mó de baixo e mais justiça social para os que estão em cima.
A social-democracia nasceu por causa disso mas só os países com riqueza para distribuir podem dar-se ao luxo de serem social-democratas.
De contrário, casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão.
É necessário haver patrões e empresários que invistam dinheiro que acumulem das mais valias que obtêm da exploração de factores de produção.
ResponderEliminarÉ preciso haver equilíbrio e justa remuneração do trabalho assalariado, mas não igualdade perfeita porque isso nunca existiu. É uma utopia.
E o sistema que acumula mais valias e permite o investimento e a iniciativa empresarial privada é o melhor sistema que temos actualmente.
Não é o capitalismo de Estado porque o Estado não sabe fazer mudanças rápidas e adaptar-se sem rupturas dolorosas para todos.
O capitalismo ocidental, das grandes empresas é o que existe e funciona bem.
O Capitalismo é o sistema económico que provou e torna a provar que produz maior riqueza para todos, com todas as contradições que comporta.
ResponderEliminarE por isso é o melhor sistema, associado ao liberalismo em modo geral.
É o Fim da História, até agora.
ResponderEliminarOh José, convenhamos, isso são argumentos do século XIX. Modernize-se...Em qualquer caso sinto que o José está na defensiva o que, de resto, é compreensível. Querer travar a roda da história é um esforço inútil. Não se esgote nesse empreendimento...
Sugiro que façamos uma pausa em relação a esse acto redentor que foi a Revolução de Outubro e convirjamos, ocasionalmente, na luta contra o que o 44 representa.
João Pedro
Não, os argumentos do séc. XIX foram os que V. mesmo utilizou, ou seja a luta de classes.
ResponderEliminarE o capitalismo liberal versus capitalismo de Estado é o ponto de discussão actual com o que se passa na China, por exemplo.E isso não é do sec. XIX.
O José esquece um pormenor, antigamente as grandes empresas pagavam os seus impostos e não reclamavam. Antigamente nos Idos dos 40,50,60s não havia capitães industria a colocar dinheiro em Malta para pagarem 5% de imposto. Nem tão pouco havia transnacionais como Facebooks, Googles e Amazons a pagarem percentagens irrisórias de imposto e a rirem-se dizendo que as regras fiscais do Séc XX são incapazes de acompanhar as evoluções de fuga ao fisco de Séc XXI. Até temos um Trump que diz "I´m smart for not paying taxes"
ResponderEliminarSe todos os funcionarios publicos pagassem 5% de imposto no máximo para onde iria o estado social deste país ?
Mesmo assim, são esses quem gera maior riqueza num país. E o dinheiro circula, não fica parado.
ResponderEliminarPode circular por fundos de investimento e em acções especulativas, mas é essa a função do capitalismo.
As empresas procuram o seu maior interesse, ao contrário do Estado que apenas procura sugar o que é dos outros, para distribuir mal e porcamente em muitos casos.
ResponderEliminarSe entregassem o problema da floresta portuguesa aos privados, para o resolverem, há décadas que estaria resolvido. Assim, deita-se dinheiro para o fogo, literalmente porque se consomem recursos que não adiantam nada.
ResponderEliminarSerá que o Ricciardi se escondeu em novo avatar para guiar a carroça da História entre milhões de mortos, esfaimados e ainda chamar obsoleto ao José?
ResponderEliminarAhahaha!
O José terá parcialmente razão na justa medida em que há países e países, há países onde o Estado é corrupto mas outros há onde existe uma outra "moralidade". Se por hipotese e devido às alterações climáticas Portugal fosse engolido pelo oceano, quais são os países onde o José gostava de viver ? Na Suécia, Dinamarca ou Noruega (e partindo do principio que não tinham aquele clima terrivel por via das tais alterações climaticas) ou nos tais países onde os donos das grandes transnacionais até se dão ao luxo de mandar fazer leis como nos States e onde até tiveram o descaramento de ir a uma comissão do congresso dizer não somos capazes de controlar a nossa ganância ?
ResponderEliminarSempre aqui escreveu e elogiou os modestos hábitos do Presidente do Conselho, pode ao mesmo tempo conviver com uma tal ganância ?
"Ganância"? "Greed"?
ResponderEliminar"Greed is good"...se for com conta peso e medida.
Salazar não era ganancioso de bens e honrarias. Mas no uso do poder político não sei. Estaria disposto a partilhar o poder com alguém, efectivamente?
ResponderEliminarTalvez, no fim da vida e quando já estava doente e lhe iam dar conta de que ainda mandava quando já não mandava nada.
Parece que Salazar se terá apercebido da farsa e manteve-a.
Se assim foi, fico a pensar que não era ganancioso em nada.
José, isso nem parece seu. Sabe muito bem que o Presidente do Conselho foi para a capital porque o convenceram da importância da missão. Isso já o José aqui o reconheceu. A maior prova, a miséria em que morreu, o que também já foi aqui muitas vezes por si reconhecido. Nada diz mais sobre um homem do que o apego ou desapego que ele têm com as glórias mundanas.
ResponderEliminarNos EUA a perversão é de tal forma que a competição entre estados para acolherem a nova sede da Amazon levou New Jersey a oferecer uma tax break de 10 anos à Amazon caso venha a ser a escolhida. Amguém imagina o que seria se em Portugal os concelhos pudessem utilizar a mesma táctica para atrair empresas. Num mundo globalizado e desesperado por empregos as empresas estão no paraíso. E o resultado é a eleição de Trump.
ResponderEliminar"Oh José, convenhamos, isso são argumentos do século XIX. Modernize-se..." Ahahah… toma lá que já almoçaste… José, digo-lhe que temos aqui um candidato a campeão mundial da anedota. Modernize-se, abra a mente a uma ideologia de futuro, o comunismo, que tantos e tão bons resultados deu por esse mundo fora…
ResponderEliminar
ResponderEliminarOh José Rui é um prazer estar na luta consigo. Vê-se que é capaz de rir das suas anedotas. Seja benvindo.
Um abraço
João Pedro
Campeão mundial, acredite no que eu lhe digo — eu tenho algum sentido de humor, muito apreciado em várias províncias locais, mas nada que se compare com uma aceitação global de um peso pesado.
ResponderEliminarEu quando me deparo com um comunista tão devoto, inchado de tantas e tão boas intenções, convido-o logo a ir para a catequese. Porque quem quer tanto fazer o bem, não tem necessidade de praticar o mal que o comunismo sempre preconizou. Muito antes de Estalines, Lenines, Trotskys e Marxs — como os comunistas bem sabem pois fartaram-se de assassinar católicos e destruir igrejas —, já tinha existido Jesus Cristo, que felizmente também ajudou a banir essa peste da face do planeta.
Cuba, Coreia do Norte e a última grande conquista democrática Venezuela, não passam anacronismos, destinadas a uma vitrine num museu de curiosidades.
E tudo isto a propósito de um texto de um ex comodista da UDP, escrito nos papeis onde o comodista zé manel -também ele ex da UDP -chefia um projecto político que se quer fazer passar por jornalismo.
ResponderEliminarO "metal" chamou!
Não percebo porque tem a direita neoliberal tantos problemas com o comunismo.
ResponderEliminarO comunismo foi criado e mantido por vocês.
Se não fossem os bairros da lata á porta dos palácios nunca tinha havido comunismo. E ainda chamam de "inveja" a revolta dos miseráveis explorados, juntando o insulto ao roubo.
O intervalo social-demicrata foi só isso, um intervalo. Passado o medo que lhes fazia borrar as cuecas mostram a verdadeira face do neoliberalismo e tentam destruir o estado social e recriar outra vez a miséria.
Aí está a razão porque temos a geringonça.
Que convulsões monstruosas provocarão as vossas políticas não sei. Espero já não estar cá quando as "reformas" neoliberais forem levadas até ás ultimas consequências.
Mas também espero que os vossos filhos venham a pagar caro o que vocês andam a fazer hoje. Isso é quase uma certeza.
"Se não fossem os bairros da lata á porta dos palácios nunca tinha havido comunismo. E ainda chamam de "inveja" a revolta dos miseráveis explorados, juntando o insulto ao roubo."
ResponderEliminarErro! O comunismo apareceu porque Lenine foi capaz de subjugar um povo que apenas queria paz e comida, em 1917, época de guerra e fome.
Foi um traste que se aproveitou das circunstâncias e dominou um povo habituado a czares. Até hoje.
O que sobrou desse mito? A Coreia do Norte.
Grande merda!
A Grande Ilusão é julgar que o comunismo resolve a pobreza e a desigualdade. Não só a não resolve como a agrava, o que os povos de Leste aprenderam à sua custa e agora comunismo, nem vê-lo.
ResponderEliminarEstes palermas que andam por aí a propagandear as mesmas receitas da tragédia mereciam experimentar o comunismo, mas nesse tempo.
É preciso ser néscio...porra!
Néscios com a mania que a sabem toda e que os outros é que são burros. Porra, duas vezes!
ResponderEliminarSão uns imbecis resasabiados e hipócritas.
ResponderEliminarAté podem ser, mas Vs. não explicam nada. Limitam-se a dizer que o "liberalismo" é melhor, porque sim.
ResponderEliminarOra, eles têm razão quando dizem que comunismo requer certas condições para medrar. E se nunca foi fenómeno de massas, também nunca precisou de ser.
O comunismo é liberalismo, essa é a verdade. É um, entre outros.
Nesse aspecto a análise marxista está correcta. Aliás, o modelo funciona perfeitamente dentro do liberalismo. Um liberalismo requer sempre oprimidos para libertar, logo, opressores que oprimam. O que dá o ponto de partida para o liberalismo que lhe suceder. A única diferença é que não há fim, é um ciclo.
O liberalismo funciona bem, diz o José. Funciona? Onde? Em que países?
Funcionou durante os anos 50, 60 e 70 porque ainda não tinham acabado de escavacar as defesas económicas nacionais.
Com a globalização total funciona bem onde as multinacionais quiserem. Andam de poiso em poiso a sugar o trabalho mais barato que encontram.
Isto é funcionar bem?
- Ah mas é preciso ter competitividade! Coiso e tal.
Pois, primeiro comecem a vossa empresa, e depois venham falar dessas coisas. É possível prosperar em nichos, e geralmente até virem os grandes e comprarem. Na generalidade, as empresas sobrevivem.
É isso o liberalismo. A lei da selva. A sobrevivência do mais forte.
O liberalismo que abriu a porta à especulação sobre os bens de primeira necessidade; que abriu a porta à exploração infantil e das mulheres; e que estilhaçou a coesão familiar; que rebentou com o modelo corporativo, que protegia trabalhadores e clientes, através da especialização desumana do trabalho manual...
Rica coisa...
"O liberalismo que abriu a porta à especulação sobre os bens de primeira necessidade; que abriu a porta à exploração infantil e das mulheres; e que estilhaçou a coesão familiar; que rebentou com o modelo corporativo, que protegia trabalhadores e clientes, através da especialização desumana do trabalho manual..."
ResponderEliminarMuja, faço minhas as suas palavras. Parabéns pela clareza do escrito e justeza do pensamento.
Leia-se acima "justeza de (e não do) pensamento"
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