Em 17.2.1972 o Diário Popular publicava esta página sobre a "droga" e os consumidores. Na altura era..."marijuana" e LSD. As figuras sem olhos são de indivíduos consumidores e traficantes. Dá-se conta de a actividade destes últimos se ter radicado na Nazaré, com apoio de estrangeiros que trariam o famigerado LSD cantado na música pop da época dos hippies, alguns anos antes.
Expresso de hoje que mostra uma Lisboa do Casal Ventoso, quase 50 anos depois e em democracia, supostamente um regime com superioridade moral, suficiente para acabar com estas misérias. O título da notícia diz que "mais de 1700 pessoas injectam-se em Lisboa".
Falta dizer que polícias andam a investigar, efectivamente, os traficantes desta miséria...se é que andam. " A maioria injecta há vários anos. A hipótese de reabilitação é baixa. Muitos estão doentes, envelhecidos", escreve o jornal. A proposta para resolver o problema? Salas de chuto...
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sábado, dezembro 30, 2017
A análise cretina do Costa do Expresso
Hoje, sobre o caso Fizz, uma análise típica deste burro que escreve no jornal:
Repare-se que todas as alusões se sustentam em factos que podem não ser reais mas aparentam o que o bestunto do dito compreende, para transmitir a ideia básica: a eventualidade do julgamento do regime angolano através de virtualidades permitidas por um caso singular. A evidência que qualquer um entende que esconde as contradições que não se entendem.
Para explicar o caso Fizz, "de forma muito grosseira", reconhece o articulista, escreve que se trata de "um procurador [que] terá vendido os seus serviços à elite angolana, facilitando o arquivamento de alguns processos pendentes em troca de um cargo bem remunerado num banco controlado por capitais de Luanda":
O articulista a esta hora já devia saber que o despacho de arquivamento do tal processo ( e não processos) que envolveu o então presidente da Sonangol, Manuel Vicente, seria inevitável, como aliás outros o foram na mesma época e sufragados pela hierarquia imediata do procurador em causa.
Corrupção, nisto? Só se for para a prática de actos lícitos a qual também é passível de criminalização, mas nesse caso carece da prova essencial: a que liga o acto ao efeito. A que expõe o emprego conseguido como consequência directa da facilidade concedida. Se a facilidade nem é concedida pelo agente uma vez que a hierarquia poderia avocar ou contrariar o despacho, que crime pode existir?
Mais ainda: se a causa do arquivamento residiu num acto corruptivo do responsável angolano que queria ser promovido com cadastro ou ficha criminal limpa, como é que se sustenta tal tese se isso afinal nem foi uma promoção mas um modo de a elite angolana o afastar do "pote", como acabou por dizer o "activista angolano" Rafael Marques, aliás o denunciador primário do caso?
Por outro lado, o emprego concedido foi-o em circunstâncias bem particulares e já expostas mediaticamente: nem foi caso raro de um magistrado sair para ganhar mais num emprego privado ( há antecedentes de muito relevo na matéria, como é o caso do procurador Daniel Sanches que nunca alguém se atreveu a qualificar como uma consequência corruptiva quando passou para o universo da plêiade de Dias Loureiro e Proença de Carvalho...), nem foi algo de extraordinário. As ligações e sistema de contactos entre o procurador em causa e certa elite angolana, facilitadas pela própria hierarquia do MºPº, permitiram tal aconchego, como aliás acontece com alguns outros exemplos de figuras do MºPº que transitam para áreas onde a política manda. Querem nomes? Há vários, por exemplo a da actual ministra da Justiça.
A hipocrisia do MºPº devia ter limites.
Por fim, o articulista estende a sua tese: o MºPº quer arranjar o pretexto para investigar o regime angolano.
O MºPº português quer isso mesmo? Santa ignorância e santa ingenuidade. O que o MºPº quer mesmo é sair desta embrulhada em que se meteu por culpa própria e de alguns próceres que nele mandam, actualmente e sem categoria para tal.
Esta fuga para a frente de um julgamento sem destino nenhum vai acabar mal.
Isso é o que este Costa ainda não entendeu...
Repare-se que todas as alusões se sustentam em factos que podem não ser reais mas aparentam o que o bestunto do dito compreende, para transmitir a ideia básica: a eventualidade do julgamento do regime angolano através de virtualidades permitidas por um caso singular. A evidência que qualquer um entende que esconde as contradições que não se entendem.
Para explicar o caso Fizz, "de forma muito grosseira", reconhece o articulista, escreve que se trata de "um procurador [que] terá vendido os seus serviços à elite angolana, facilitando o arquivamento de alguns processos pendentes em troca de um cargo bem remunerado num banco controlado por capitais de Luanda":
O articulista a esta hora já devia saber que o despacho de arquivamento do tal processo ( e não processos) que envolveu o então presidente da Sonangol, Manuel Vicente, seria inevitável, como aliás outros o foram na mesma época e sufragados pela hierarquia imediata do procurador em causa.
Corrupção, nisto? Só se for para a prática de actos lícitos a qual também é passível de criminalização, mas nesse caso carece da prova essencial: a que liga o acto ao efeito. A que expõe o emprego conseguido como consequência directa da facilidade concedida. Se a facilidade nem é concedida pelo agente uma vez que a hierarquia poderia avocar ou contrariar o despacho, que crime pode existir?
Mais ainda: se a causa do arquivamento residiu num acto corruptivo do responsável angolano que queria ser promovido com cadastro ou ficha criminal limpa, como é que se sustenta tal tese se isso afinal nem foi uma promoção mas um modo de a elite angolana o afastar do "pote", como acabou por dizer o "activista angolano" Rafael Marques, aliás o denunciador primário do caso?
Por outro lado, o emprego concedido foi-o em circunstâncias bem particulares e já expostas mediaticamente: nem foi caso raro de um magistrado sair para ganhar mais num emprego privado ( há antecedentes de muito relevo na matéria, como é o caso do procurador Daniel Sanches que nunca alguém se atreveu a qualificar como uma consequência corruptiva quando passou para o universo da plêiade de Dias Loureiro e Proença de Carvalho...), nem foi algo de extraordinário. As ligações e sistema de contactos entre o procurador em causa e certa elite angolana, facilitadas pela própria hierarquia do MºPº, permitiram tal aconchego, como aliás acontece com alguns outros exemplos de figuras do MºPº que transitam para áreas onde a política manda. Querem nomes? Há vários, por exemplo a da actual ministra da Justiça.
A hipocrisia do MºPº devia ter limites.
Por fim, o articulista estende a sua tese: o MºPº quer arranjar o pretexto para investigar o regime angolano.
O MºPº português quer isso mesmo? Santa ignorância e santa ingenuidade. O que o MºPº quer mesmo é sair desta embrulhada em que se meteu por culpa própria e de alguns próceres que nele mandam, actualmente e sem categoria para tal.
Esta fuga para a frente de um julgamento sem destino nenhum vai acabar mal.
Isso é o que este Costa ainda não entendeu...
sexta-feira, dezembro 29, 2017
Sartre, esse grande perseguido pelo fassismo
O filósofo Jean-Paul Sartre foi um dos pensadores que influenciaram a esquerda comunista e pós-comunista que desembocou nos partidos do género Bloco de Esquerda.
O pensamento de Sartre escrito em obras literárias de género variado, encontra as suas raízes no marxismo e até 1970, pelo menos, o problema de Sartre era o das suas relações com o marxismo que se foram modificando desde a II Guerra mundial. As circunstâncias mudaram e Sartre foi mudando. Em 1980 era outro e disse-o numa entrevista alargada já por aqui mencionada e comentada.
Algumas obras literárias de Sartre foram censuradas pelo regime anterior a 25 de Abril de 1974 como o denota a publicação oficial sobre " livros proibidos no Estado Novo", da Assembleia da República, edição de 2005.
Não obstante estas proibições cujo ano e circunstâncias a publicação oficial não esclarece devidamente, censurando ipso facto esses elementos de relevância fundamental, sofriam de algum relativismo bem à portuguesa, como denotam estes documentos:
Era uma censura a meio gás, feita de burocracias estupidificantes e por isso ineficazes: toda a gente que queria ler os livros tinha meios para tal. Era o mesmo efeito que o Index da Igreja Católica que ainda existe: para inglês ver. E serve agora dois propósitos. Um é o dos antifassistas primitivos e secundários que pretendem demonstrar que havia censura feroz no Estado Novo. Outro é que possibilita o desmentido de tal aleivosia e o descrédito de quem o faz repetidamente, nos dias que passam.
Não há nenhum esquerdista de meia tijela, do género pacheco pereira que possa dizer que foi proibido eficazmente de ler o que queria, dos autores marxistas da época e que eram publicados em França, por exemplo.
Por isso mesmo é que se compreende esta capa da Vida Mundial de 13.11.1970. Se a censura fosse mesmo eficaz teria proibido a publicação integral da entrevista de Sartre, com foto na capa e nove páginas com ilustrações, saídas da revista inglesa de esquerda New Left Review.
As ideias expressas são altamente subversivas, pós-comunistas e ajudaram a formar o espírito de esquerda que apareceu como cogumelos em humidade no dia a seguir ao 25 de Abril de 1974.
Além disso, a revista nesse mesmo número tem um artigo curioso, extraído da publicação francesa L´Actualité, sobre a então URSS. Uma autêntica lavagem de cérebro como a esquerda costuma fazer relativamente a assuntos que censura de modo eficaz e que nem tem comparação com o que o Estado Novo fazia ou deixava de fazer.
A realidade da URSS é apresentada totalmente distorcida pela propaganda mais soez e censurada de um modo que o Estado Novo nunca fez por cá relativamente ao regime, como pretendem agora os próceres que então acreditavam na URSS e no seu fantástico modelo social, de tal modo que o queriam implantar por cá. E ainda querem, esses fósseis carcomidos pela estupidez.
Nem essa contradição jamais os demoveu da defesa de ideias estúpidas que continuam a propagandear.
Nesse ambiente esquerdista nas redacções jornalísticas que se continuou até ao 25 de Abril de 1974 não é de admirar que no PREC que se seguiu, a figura de Sartre surgisse como um guru de importância fundamental.
E foi assim acolhido em Portugal, em 1975:
A fama de Sartre, tal como a do brandy Constantino, "já vinha de longe".
E o "Estado Novo" pouco ou nada fez para a contrariar. Nem sequer permitiu que se discutissem livremente as ideias do filósofo desacreditado. E nisso errou e muito porque deixou todo o campo aberto à propaganda esquerdista que se seguiu.
O pensamento de Sartre escrito em obras literárias de género variado, encontra as suas raízes no marxismo e até 1970, pelo menos, o problema de Sartre era o das suas relações com o marxismo que se foram modificando desde a II Guerra mundial. As circunstâncias mudaram e Sartre foi mudando. Em 1980 era outro e disse-o numa entrevista alargada já por aqui mencionada e comentada.
Algumas obras literárias de Sartre foram censuradas pelo regime anterior a 25 de Abril de 1974 como o denota a publicação oficial sobre " livros proibidos no Estado Novo", da Assembleia da República, edição de 2005.
Não obstante estas proibições cujo ano e circunstâncias a publicação oficial não esclarece devidamente, censurando ipso facto esses elementos de relevância fundamental, sofriam de algum relativismo bem à portuguesa, como denotam estes documentos:
Era uma censura a meio gás, feita de burocracias estupidificantes e por isso ineficazes: toda a gente que queria ler os livros tinha meios para tal. Era o mesmo efeito que o Index da Igreja Católica que ainda existe: para inglês ver. E serve agora dois propósitos. Um é o dos antifassistas primitivos e secundários que pretendem demonstrar que havia censura feroz no Estado Novo. Outro é que possibilita o desmentido de tal aleivosia e o descrédito de quem o faz repetidamente, nos dias que passam.
Não há nenhum esquerdista de meia tijela, do género pacheco pereira que possa dizer que foi proibido eficazmente de ler o que queria, dos autores marxistas da época e que eram publicados em França, por exemplo.
Por isso mesmo é que se compreende esta capa da Vida Mundial de 13.11.1970. Se a censura fosse mesmo eficaz teria proibido a publicação integral da entrevista de Sartre, com foto na capa e nove páginas com ilustrações, saídas da revista inglesa de esquerda New Left Review.
As ideias expressas são altamente subversivas, pós-comunistas e ajudaram a formar o espírito de esquerda que apareceu como cogumelos em humidade no dia a seguir ao 25 de Abril de 1974.
Além disso, a revista nesse mesmo número tem um artigo curioso, extraído da publicação francesa L´Actualité, sobre a então URSS. Uma autêntica lavagem de cérebro como a esquerda costuma fazer relativamente a assuntos que censura de modo eficaz e que nem tem comparação com o que o Estado Novo fazia ou deixava de fazer.
A realidade da URSS é apresentada totalmente distorcida pela propaganda mais soez e censurada de um modo que o Estado Novo nunca fez por cá relativamente ao regime, como pretendem agora os próceres que então acreditavam na URSS e no seu fantástico modelo social, de tal modo que o queriam implantar por cá. E ainda querem, esses fósseis carcomidos pela estupidez.
Nem essa contradição jamais os demoveu da defesa de ideias estúpidas que continuam a propagandear.
Nesse ambiente esquerdista nas redacções jornalísticas que se continuou até ao 25 de Abril de 1974 não é de admirar que no PREC que se seguiu, a figura de Sartre surgisse como um guru de importância fundamental.
E foi assim acolhido em Portugal, em 1975:
A fama de Sartre, tal como a do brandy Constantino, "já vinha de longe".
E o "Estado Novo" pouco ou nada fez para a contrariar. Nem sequer permitiu que se discutissem livremente as ideias do filósofo desacreditado. E nisso errou e muito porque deixou todo o campo aberto à propaganda esquerdista que se seguiu.
quinta-feira, dezembro 28, 2017
Alemanha: de Lutero a Mengele, passando por Marcuse
Um dos fenómenos inquietantes do ano que passou foi a completa ostracização a que foi votada em Portugal a lembrança da Reforma Protestante expressa nas 95 teses publicadas há 500 anos por Lutero, em Wittenburgo, na Alemanha.
Em França, não passou despercebida. E muito menos na Alemanha...
Qual a razão de se dar tão pouco relevo em Portugal a um acontecimento de tamanha importância?
Não sei. O Protestantismo, em Portugal nunca foi popular e a Igreja Católica, durante muitos e muitos anos hostilizou em sermões essa deriva religiosa do cristianismo. Influenciado por isso, quando tinha 13 anos risquei de uma lista do almanaque do Século duas publicações protestantes. Heréticas, certamente...
Não me lembro de nenhum artigo de jornal ou revista que fossem publicados sobre o assunto durante estes anos todos em que me conheço leitor de imprensa e que fosse digno de relevo. Verdade seja dita que o mesmo se pode dizer de outras religiões e credos. Dá a impressão que não precisamos de mais informação sobre tais assuntos.
Sobre a Alemanha, país de origem da Reforma, também não sabemos muito mais. A História contemporânea que aparece em artigos de divulgação mediática é ainda mais pobre relativamente a esse tema do que ao de Salazar e ao fassismo tratados à maneira de Rosas&Flunser mais os vários pachecos pereiras avulsos.
Nem sempre foi assim. Em 26.4.1968 a revista Vida Mundial publicou este número exemplar a vários títulos.
O tema da capa era Wernher von Braun, o cientista físico alemão que nasceu na Silésia e casou na Baviera e desenvolveu experiências com foguetões, temática estudada por outro físico alemão, Hermann Oberth, romeno de nascimento. Foram eles quem desenvolveu o projecto V-2 que poderia ter alterado o curso da II Guerra Mundial, caso o tivessem realizado a tempo, porque trabalharam ambos para os nazis de Hitler. Em 1943, data da apresentação do projecto, era demasiado tarde.
Von Braun entregou-se aos americanos em 1945, juntamente com os seus colaboradores e foram logo aproveitados por estes para integrarem o projecto Saturno que viria a culminar com a alunagem em Junho de 1969.
Na época da publicação desta revista tal ainda era uma esperança. Porém, a leitura do artigo mostra como a Alemanha estava na vanguarda do progresso científico para fins militares, nos anos 40 do século passado:
No mesmo número da revista dá-se conta ainda de outro fenómeno, na Alemanha: a ascensão do radicalismo da extrema-esquerda que desembocou nos atentados terroristas do Baader-Meinhof.
No artigo conta-se a pequena história de Rudi Dutschke, "antigo membro de um grupo evangélico" ( et pour cause...) que descobriu Herbert Marcuse como o ideólogo das soluções que propunha para a sociedade alemã...
Como a notícia dá conta, Rudi foi atacado por outro extremista, neste caso da extrema oposta, nazi confesso e tal suscitou uma onda de protestos estudantis, ( antes de Maio de 1968 em França) que pretendiam uma coisa simples: que o "magnate da imprensa Axel Springer" largasse mão do seu império mediático e o entregasse ao Estado local, ao burgomestre de Berlim. Portanto, a ideia seria nacionalizar a imprensa de Springer, uma espécie de Paulo Fernandes da Cofina.
Resultado? Confrontos de jovens com a polícia. Ingredientes? Estão lá todos: evangélicos pacifistas que pretendem impor as ideias de Marcuse, Che , Mao e tutti quanti, contra a burguesia. O que queriam os "estudantes" francesa de Maio de 1968? A mesmíssima coisa com os mesmíssimos ideólogos.
E por cá? Bem, por cá demorou um pouco mais, mas também chegou a onda que se desenrolou até Abril de 1974 e muito tempo depois, até agora, ao actual Bloco de Esquerda.
Há 50 anos, como andam por aí a propalar os arautos do antifassismo primitivo, os estudantes portugueses de Lisboa descobriram a miséria do país, após as cheias nessa região. Porém, a rebeldia protestante já vinha de trás, de 1962 e das greves estudantis. Nessa altura o Marcuse não contava, mas Marx, sim. E o comunismo soviético também. Depois, a rebeldia mudou de agulha, talvez por causa dos acontecimentos de Praga, que perfazem 50 anos o ano que vem, mas aposto que poucos irão falar nisso.
Em Abril de 1969 houve uma manifestação mais séria, em Coimbra, dos novos rebeldes do socialismo democrático.
Em 22 de Janeiro de 1971 a revista Vida Mundial dava ao leitor português a ideia das ideias de Marcuse: libertarianismo com um copo de whisky à mistura em capas de revistas...
Marcuse foi aluno de Heidegger e nasceu em Berlim, na Alemanha onde estudou e se formou. Durante a guerra foi para os EUA e naturalizou-se americano. Tal como Von Braun, com a diferença de que este foi apenas no fim da guerra.
Quem era Marcuse? A revista o diz: "leitor de Hegel, com a sua dialética, de Nietzsche, com o seu biologismo, de Marx, com o seu pensamento revolucionário, de Freud, com a importância dada ao sexo, e também de Jean-Jacques Rousseau, com o seu optimismo pelo "homo naturalis"...
Juntem-lhe Rosa Luxemburgo ou Trotski e poucos mais e têm aqui as ideias do Bloco de Esquerda, em 1968 e 1971, propagandeadas pela revista Vida Mundial que era uma revista...de esquerda, naturalmente. Quem assina o artigo? A. Ferreira Marques.
E também é certo que a revista foi "visada pela Comissão de Censura"...e o que seria se não fosse?
Conclusão? A Alemanha deveria ser melhor estudada. Por isso é que ando a ler este magnífico livrinho ( 237 pgs) publicado em França, sobre Josef Mengele. Um romance realista, "verídico" cuja existência me foi dada a conhecer num artigo do Público de 1 de Dezembro passado. O autor já ganhou um prémio literário e merece-o porque o livro está muito bem escrito. E é sobre a Alemanha.
Para quem não souber, Josef Mengele foi um médico que como militar foi destacado para Auschwitz e lá fez experiências biológicas com seres humanos, judeus na maior parte. Era encarregado de separar à entrada do campo, os indivíduos que lhe interessavam para tais experiências e responsável por isso, das barbaridades aí cometidas.
No fim da guerra logrou escapar para a Argentina, passando ao Paraguai e chegando ao Brasil onde viveu até 1979, altura em que se afogou, eventualmente devido a ataque cardíaco.
O tema do livro é a história dessa fuga sem regresso.
Comparando com Von Braun, este (e muitos outros cientistas), potencialmente ( e realmente porque ajudou a conceber as V-2 que fizeram muitos estragos em Londres) tinha maior poder de extermínio que o médico de Auschwitz, mas foi poupado, recuperado e reciclado pelos americanos. Von Braun foi um colaborador directo de Hitler, cujas experiências e inventos poderiam ter conduzido à bomba definitiva para acabar com a guerra. Mengele foi perseguido pelos israelitas, mas ao contrário de Eichmann nunca chegou a ser encontrado, na América do Sul onde se refugiou. Não tinha valor de uso nem de troca...
Para melhor compreensão do conteúdo do livro e até agradecimento pela oportunidade de tomar conhecimento do mesmo ( a primeira edição é de Agosto de 2017 e esta já é a segunda, de Novembro) aqui fica o artigo do Público ( Ipsilon) de 1 de Dezembro de 2017:
Em França, não passou despercebida. E muito menos na Alemanha...
Qual a razão de se dar tão pouco relevo em Portugal a um acontecimento de tamanha importância?
Não sei. O Protestantismo, em Portugal nunca foi popular e a Igreja Católica, durante muitos e muitos anos hostilizou em sermões essa deriva religiosa do cristianismo. Influenciado por isso, quando tinha 13 anos risquei de uma lista do almanaque do Século duas publicações protestantes. Heréticas, certamente...
Não me lembro de nenhum artigo de jornal ou revista que fossem publicados sobre o assunto durante estes anos todos em que me conheço leitor de imprensa e que fosse digno de relevo. Verdade seja dita que o mesmo se pode dizer de outras religiões e credos. Dá a impressão que não precisamos de mais informação sobre tais assuntos.
Sobre a Alemanha, país de origem da Reforma, também não sabemos muito mais. A História contemporânea que aparece em artigos de divulgação mediática é ainda mais pobre relativamente a esse tema do que ao de Salazar e ao fassismo tratados à maneira de Rosas&Flunser mais os vários pachecos pereiras avulsos.
Nem sempre foi assim. Em 26.4.1968 a revista Vida Mundial publicou este número exemplar a vários títulos.
O tema da capa era Wernher von Braun, o cientista físico alemão que nasceu na Silésia e casou na Baviera e desenvolveu experiências com foguetões, temática estudada por outro físico alemão, Hermann Oberth, romeno de nascimento. Foram eles quem desenvolveu o projecto V-2 que poderia ter alterado o curso da II Guerra Mundial, caso o tivessem realizado a tempo, porque trabalharam ambos para os nazis de Hitler. Em 1943, data da apresentação do projecto, era demasiado tarde.
Von Braun entregou-se aos americanos em 1945, juntamente com os seus colaboradores e foram logo aproveitados por estes para integrarem o projecto Saturno que viria a culminar com a alunagem em Junho de 1969.
Na época da publicação desta revista tal ainda era uma esperança. Porém, a leitura do artigo mostra como a Alemanha estava na vanguarda do progresso científico para fins militares, nos anos 40 do século passado:
No mesmo número da revista dá-se conta ainda de outro fenómeno, na Alemanha: a ascensão do radicalismo da extrema-esquerda que desembocou nos atentados terroristas do Baader-Meinhof.
No artigo conta-se a pequena história de Rudi Dutschke, "antigo membro de um grupo evangélico" ( et pour cause...) que descobriu Herbert Marcuse como o ideólogo das soluções que propunha para a sociedade alemã...
Como a notícia dá conta, Rudi foi atacado por outro extremista, neste caso da extrema oposta, nazi confesso e tal suscitou uma onda de protestos estudantis, ( antes de Maio de 1968 em França) que pretendiam uma coisa simples: que o "magnate da imprensa Axel Springer" largasse mão do seu império mediático e o entregasse ao Estado local, ao burgomestre de Berlim. Portanto, a ideia seria nacionalizar a imprensa de Springer, uma espécie de Paulo Fernandes da Cofina.
Resultado? Confrontos de jovens com a polícia. Ingredientes? Estão lá todos: evangélicos pacifistas que pretendem impor as ideias de Marcuse, Che , Mao e tutti quanti, contra a burguesia. O que queriam os "estudantes" francesa de Maio de 1968? A mesmíssima coisa com os mesmíssimos ideólogos.
E por cá? Bem, por cá demorou um pouco mais, mas também chegou a onda que se desenrolou até Abril de 1974 e muito tempo depois, até agora, ao actual Bloco de Esquerda.
Há 50 anos, como andam por aí a propalar os arautos do antifassismo primitivo, os estudantes portugueses de Lisboa descobriram a miséria do país, após as cheias nessa região. Porém, a rebeldia protestante já vinha de trás, de 1962 e das greves estudantis. Nessa altura o Marcuse não contava, mas Marx, sim. E o comunismo soviético também. Depois, a rebeldia mudou de agulha, talvez por causa dos acontecimentos de Praga, que perfazem 50 anos o ano que vem, mas aposto que poucos irão falar nisso.
Em Abril de 1969 houve uma manifestação mais séria, em Coimbra, dos novos rebeldes do socialismo democrático.
Em 22 de Janeiro de 1971 a revista Vida Mundial dava ao leitor português a ideia das ideias de Marcuse: libertarianismo com um copo de whisky à mistura em capas de revistas...
Marcuse foi aluno de Heidegger e nasceu em Berlim, na Alemanha onde estudou e se formou. Durante a guerra foi para os EUA e naturalizou-se americano. Tal como Von Braun, com a diferença de que este foi apenas no fim da guerra.
Quem era Marcuse? A revista o diz: "leitor de Hegel, com a sua dialética, de Nietzsche, com o seu biologismo, de Marx, com o seu pensamento revolucionário, de Freud, com a importância dada ao sexo, e também de Jean-Jacques Rousseau, com o seu optimismo pelo "homo naturalis"...
Juntem-lhe Rosa Luxemburgo ou Trotski e poucos mais e têm aqui as ideias do Bloco de Esquerda, em 1968 e 1971, propagandeadas pela revista Vida Mundial que era uma revista...de esquerda, naturalmente. Quem assina o artigo? A. Ferreira Marques.
E também é certo que a revista foi "visada pela Comissão de Censura"...e o que seria se não fosse?
Conclusão? A Alemanha deveria ser melhor estudada. Por isso é que ando a ler este magnífico livrinho ( 237 pgs) publicado em França, sobre Josef Mengele. Um romance realista, "verídico" cuja existência me foi dada a conhecer num artigo do Público de 1 de Dezembro passado. O autor já ganhou um prémio literário e merece-o porque o livro está muito bem escrito. E é sobre a Alemanha.
Para quem não souber, Josef Mengele foi um médico que como militar foi destacado para Auschwitz e lá fez experiências biológicas com seres humanos, judeus na maior parte. Era encarregado de separar à entrada do campo, os indivíduos que lhe interessavam para tais experiências e responsável por isso, das barbaridades aí cometidas.
No fim da guerra logrou escapar para a Argentina, passando ao Paraguai e chegando ao Brasil onde viveu até 1979, altura em que se afogou, eventualmente devido a ataque cardíaco.
O tema do livro é a história dessa fuga sem regresso.
Comparando com Von Braun, este (e muitos outros cientistas), potencialmente ( e realmente porque ajudou a conceber as V-2 que fizeram muitos estragos em Londres) tinha maior poder de extermínio que o médico de Auschwitz, mas foi poupado, recuperado e reciclado pelos americanos. Von Braun foi um colaborador directo de Hitler, cujas experiências e inventos poderiam ter conduzido à bomba definitiva para acabar com a guerra. Mengele foi perseguido pelos israelitas, mas ao contrário de Eichmann nunca chegou a ser encontrado, na América do Sul onde se refugiou. Não tinha valor de uso nem de troca...
Para melhor compreensão do conteúdo do livro e até agradecimento pela oportunidade de tomar conhecimento do mesmo ( a primeira edição é de Agosto de 2017 e esta já é a segunda, de Novembro) aqui fica o artigo do Público ( Ipsilon) de 1 de Dezembro de 2017:
A recompensa pelos bons serviços prestados...
Observador:
Nicolau Santos é o novo presidente do conselho de administração da Lusa.
Naturalmente irá continuar a prestá-los, com mais artures baptista da silva.
terça-feira, dezembro 26, 2017
A caminho de 1968, o almanaque do Século
Há 50 anos foi publicado este almanaque da editora do Século que comprei por 50$00...em Outubro de 1969.
Estaria numa das estantes da livraria Casa do Globo, em Braga, na rua do Souto, e que percorria com olhos sempre em movimento rápido para abarcar toda a extensão dos livros que me interessavam.
O almanaque do Século tinha um atractivo irresistível: era um pequeno calhamaço de 700 páginas que prometia carradas de informação sobre tudo um pouco. Uma mini-enciclopédia de bolso.
Antes só conhecia os almanaques de S.to António que os missionários combonianos vendiam no início de Dezembro, juntamente com os habituais calendários e ainda os da Bertrand, mais sofisticados e laicos que me fascinavam pelo cuidado artístico das capas.
Um breve folhear deu-me logo o recheio que me interessava: resenha dos acontecimentos do ano, quase nenhumas fotos, a não ser na secção muito desenvolvida de "Cinema". E tinha também Teatro, Música ( erudita), História, Geografia, Literatura, Desporto e mais, muito mais, incluindo os nomes de todos os papas que tinham exercido e de todos os governadores civis da altura e dos bispos portugueses. Até uma secção inteira, no meio, sobre "alguns países e a sua história", com várias páginas de mapas a cores, o que era raro nessa altura. Irresistível, portanto. Comprei e guardei. Durante o ano seguinte, 1970, esse e o das Seleções ( do Reader´s Digest) em brasileiro e com uma secção dedicada a assuntos de Portugal, um almanaque ainda mais sofisticado ( papel quase bíblia, como os brasileiros usam nas revistas, com muitas ilustrações a preto e branco) , extenso ( 1024 páginas, ainda mais enciclopédico que aqueloutro) e portanto mais informativo e didáctico, serviram-me como auxiliar de "estudo" para amenizar as duras horas de estudo aplicado e sem intervalos :
Este almanaque tinha a resenha dos acontecimentos do ano anterior e nos últimos meses era assim. De notar que no mês de Novembro na nota à catástrofe ocorrida na noite de 25 para 26, aparece a menção ao facto de ter sido a maior depois do terramoto de 1755 e ainda à contabilidade dos mortos: em número superior a 500, escreve-se, sem censura.
E os meios de comunicação social mais importantes que então havia:
Estaria numa das estantes da livraria Casa do Globo, em Braga, na rua do Souto, e que percorria com olhos sempre em movimento rápido para abarcar toda a extensão dos livros que me interessavam.
O almanaque do Século tinha um atractivo irresistível: era um pequeno calhamaço de 700 páginas que prometia carradas de informação sobre tudo um pouco. Uma mini-enciclopédia de bolso.
Antes só conhecia os almanaques de S.to António que os missionários combonianos vendiam no início de Dezembro, juntamente com os habituais calendários e ainda os da Bertrand, mais sofisticados e laicos que me fascinavam pelo cuidado artístico das capas.
Um breve folhear deu-me logo o recheio que me interessava: resenha dos acontecimentos do ano, quase nenhumas fotos, a não ser na secção muito desenvolvida de "Cinema". E tinha também Teatro, Música ( erudita), História, Geografia, Literatura, Desporto e mais, muito mais, incluindo os nomes de todos os papas que tinham exercido e de todos os governadores civis da altura e dos bispos portugueses. Até uma secção inteira, no meio, sobre "alguns países e a sua história", com várias páginas de mapas a cores, o que era raro nessa altura. Irresistível, portanto. Comprei e guardei. Durante o ano seguinte, 1970, esse e o das Seleções ( do Reader´s Digest) em brasileiro e com uma secção dedicada a assuntos de Portugal, um almanaque ainda mais sofisticado ( papel quase bíblia, como os brasileiros usam nas revistas, com muitas ilustrações a preto e branco) , extenso ( 1024 páginas, ainda mais enciclopédico que aqueloutro) e portanto mais informativo e didáctico, serviram-me como auxiliar de "estudo" para amenizar as duras horas de estudo aplicado e sem intervalos :
Este almanaque tinha a resenha dos acontecimentos do ano anterior e nos últimos meses era assim. De notar que no mês de Novembro na nota à catástrofe ocorrida na noite de 25 para 26, aparece a menção ao facto de ter sido a maior depois do terramoto de 1755 e ainda à contabilidade dos mortos: em número superior a 500, escreve-se, sem censura.
E os meios de comunicação social mais importantes que então havia:
domingo, dezembro 24, 2017
A tropa dos capitões e o jornalismo das suas causas
Hoje no Público aparece mais uma ignomínia bolsada, desta vez por um dos "capitães de Abril" , contra o regime anterior.
"Carlos Matos Gomes lembra, por exemplo, que, se morriam vários homens numa operação, os jornais tinham instruções para diluírem as mortes por vários dias, em pequenas notícias a uma coluna, de um a dois mortos de cada vez, publicadas em páginas interiores".
Esta aleivosia, mais uma, parte do princípio que na guerra do Ultramar os jornais e televisões deveriam fazer o que hoje se faz de algum modo, mas nem sequer em plena liberdade. Nenhum país tem "capitões" tão estúpidos que julguem que tudo se deve contar e mostrar numa guerra. Na guerra, a censura é uma evidência aceite por todos e por razões que são óbvias: não desmoralizar as tropas.
Pois este herói de Abril repenica a censura ao antigo regime por não deixar noticiar as mortes em combate, por atacado e com a pompa e circunstância de uma notícia à la Correio da Manhã ou TVI que agora lhe segue na peugada do sensacionalismo por mor do dinheirinho de que precisa para sobreviver no espaço mediático.
Mesmo assim tal estultícia poderia relevar-se na medida em que se revela a estupidez de quem a profere, se fosse completamente verdadeira, que não é.
O assunto da trasladação dos mortos na guerra do Ultramar é o cerne do artigo. Diz que tal trasladação não era paga pelo Estado mas sim pelas famílias dos mortos em combate. Não sei se tal corresponde inteiramente à verdade e se o for que explicação contextual existirá, mas existe pela certa. Não fui procurar informação mas tenho esta a apresentar a estes capitões de meia tijela que nem a verdade respeitam sobre as notícias a conta-gotas dos mortos no Ultramar, escondidas em páginas interiores...como se fossem roupa suja.
Esta é uma página do Diário Popular de 6.11.1970 em que se desmente tal aleivosia:
Esta é a página de o Diário de Lisboa em que na última página se desmente igualmente a aleivosia dupla ou tripla ( vários mortos, em duas colunas e na última página):
Para além disso também se dava conta de ataques terroristas dos que lutavam contra o "colonialismo português" e que agora são os heróis destes capitões que não sabem honrar os colegas que morreram em combate numa guerra que foi de Portugal e dos portugueses.
Diário Popular de 2 11 1971:
Ao contrário da atitude destas pessoas, havia na época quem homenageasse os mortos em combate no Ultramar, como mostra a página seguinte desse mesmo jornal:
Por outro lado, no Correio da Manhã de hoje aparece mais um relato em primeira mão de um combatente na guerra do Ultramar. Um herói que nem disso se gaba e que chega para mostrar quem eram os verdadeiros combatentes que tínhamos na guerra. Não eram capitões daquele calibre, pela certa.
Publico o relato da edição deste Domingo como poderia publicar os outros que todos os domingos de há meses a esta parte são publicados e dão o exacto perfil do que foram os verdadeiros heróis da guerra no Ultramar português e que não falam a língua de trapo do antifassismo. e anticolonialismo..
Para terminar, uma página do Diário Popular de 7 de Dezembro de 1971 sobre o jornalismo e o modo como deveria ser exercido: com independência e neutralidade.
Tudo o que o jornaleirismo do Público não é...porque aprenderam noutra escola: a dos capitões de Abril.
Por isso mesmo não compreenderiam estas notícias, como a publicada no mesmo jornal em 18.1.1972, em acrescento a um postal anterior sobre os "Plenários"...
"Carlos Matos Gomes lembra, por exemplo, que, se morriam vários homens numa operação, os jornais tinham instruções para diluírem as mortes por vários dias, em pequenas notícias a uma coluna, de um a dois mortos de cada vez, publicadas em páginas interiores".
Esta aleivosia, mais uma, parte do princípio que na guerra do Ultramar os jornais e televisões deveriam fazer o que hoje se faz de algum modo, mas nem sequer em plena liberdade. Nenhum país tem "capitões" tão estúpidos que julguem que tudo se deve contar e mostrar numa guerra. Na guerra, a censura é uma evidência aceite por todos e por razões que são óbvias: não desmoralizar as tropas.
Pois este herói de Abril repenica a censura ao antigo regime por não deixar noticiar as mortes em combate, por atacado e com a pompa e circunstância de uma notícia à la Correio da Manhã ou TVI que agora lhe segue na peugada do sensacionalismo por mor do dinheirinho de que precisa para sobreviver no espaço mediático.
Mesmo assim tal estultícia poderia relevar-se na medida em que se revela a estupidez de quem a profere, se fosse completamente verdadeira, que não é.
O assunto da trasladação dos mortos na guerra do Ultramar é o cerne do artigo. Diz que tal trasladação não era paga pelo Estado mas sim pelas famílias dos mortos em combate. Não sei se tal corresponde inteiramente à verdade e se o for que explicação contextual existirá, mas existe pela certa. Não fui procurar informação mas tenho esta a apresentar a estes capitões de meia tijela que nem a verdade respeitam sobre as notícias a conta-gotas dos mortos no Ultramar, escondidas em páginas interiores...como se fossem roupa suja.
Esta é uma página do Diário Popular de 6.11.1970 em que se desmente tal aleivosia:
Esta é a página de o Diário de Lisboa em que na última página se desmente igualmente a aleivosia dupla ou tripla ( vários mortos, em duas colunas e na última página):
Para além disso também se dava conta de ataques terroristas dos que lutavam contra o "colonialismo português" e que agora são os heróis destes capitões que não sabem honrar os colegas que morreram em combate numa guerra que foi de Portugal e dos portugueses.
Diário Popular de 2 11 1971:
Ao contrário da atitude destas pessoas, havia na época quem homenageasse os mortos em combate no Ultramar, como mostra a página seguinte desse mesmo jornal:
Por outro lado, no Correio da Manhã de hoje aparece mais um relato em primeira mão de um combatente na guerra do Ultramar. Um herói que nem disso se gaba e que chega para mostrar quem eram os verdadeiros combatentes que tínhamos na guerra. Não eram capitões daquele calibre, pela certa.
Publico o relato da edição deste Domingo como poderia publicar os outros que todos os domingos de há meses a esta parte são publicados e dão o exacto perfil do que foram os verdadeiros heróis da guerra no Ultramar português e que não falam a língua de trapo do antifassismo. e anticolonialismo..
Para terminar, uma página do Diário Popular de 7 de Dezembro de 1971 sobre o jornalismo e o modo como deveria ser exercido: com independência e neutralidade.
Tudo o que o jornaleirismo do Público não é...porque aprenderam noutra escola: a dos capitões de Abril.
Por isso mesmo não compreenderiam estas notícias, como a publicada no mesmo jornal em 18.1.1972, em acrescento a um postal anterior sobre os "Plenários"...