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sexta-feira, março 09, 2018

O que se anda a preparar nos bastidores para o MºPº

Como dizia Salazar noutros contextos, em política o que parece, é.  Tal sucede porque há "ideias-força" que ganham concretização se os desejos de quem manda se tornarem realizáveis.

O PS desde há muito acalenta um desejo explícito: controlar mais do que já controla o sistema da Justiça no seu conjunto, mormente o elemento mais independente que é o dos Tribunais, em geral.

A independência de um Tribunal é a pedra de toque de uma sociedade civilizada, nem sequer precisa ser de uma democracia. Já no tempo do todo poderoso rei da Prússia do séc. XVIII, um ameaçado moleiro teria replicado ao todo poderoso que o seu poder era limitado pelos "juízes de Berlim" .
Qualquer pessoa compreende a vantagem do princípio: defender a sociedade em geral do arbítrio de um déspota potencial...ou de um habilidoso e perverso poder democrático.

Julgo que ninguém actualmente duvidará da intenção primária do então recém-eleito primeiro ministro José Sócrates, em 2005: fustigar a magistratura em geral, acusando-a demagogicamente de privilégios que se revelaram falsos. Contudo, atingiu então o alvo, com o aplauso de uma imensa maioria de papagaios e outros cucos.

Um deles é Marinho e Pinto, o advogado de Coimbra, igual a milhares de outros, jornalista nas horas de aflição antiga e  que se alcandorou ao púlpito mediático em virtude de repetidos discursos de catão que a experiência de radical de esquerda lhe proporcionou  e os articulados de jornal lhe foram permintindo.
Depois de alcançar o palco mediático por excelência, na tv sistémica, atacou tudo e todos, no modo habitual: a boquejar ignomínias entremeadas de observações ajustadas. Atacou a própria classe de advogados, acantonando os grandes escritórios da negociata dos júdices e quejandos, conquistanto pontos hipócritas. Atacou políticos porque são sempre os bombos da festa e atacou magistrados que não se podem defender do modo que o boquejão o faz. Uma cobardia que lhe rendeu votos, dinheiro, influência e poder.
A primeira medida que tomou quando se elegeu bastonário da Ordem dos Advogados foi assegurar o seu: vencimento igual a Conselheiro, noblesse oblige, a este pé-rapado que sempre vociferou contra os ricos e poderosos. Deram-lho, sem espinhas.
Enquanto figura que se tornou pública de modo esconso e misturado o direito com o jornalismo radical ( é preciso ler a catilinária que escreveu contra Mário Soares num jornal do Centro, já muito antigo)  continuou a cruzada e em 2005 na ascensão do poder de José Sócrates e pandilha criminosa, estava presente, na fronda contra a magistratura levada a cabo por aquele.

Enquanto bastonario da OA, eleito em 2008 e quando o Estado era corrompido por dentro como se comprova agora com todos os escândalos conhecidos na operação marquês, Marinho e Pinto estava contra os corruptos. Quais? 

"Em entrevista à Antena 1 ( 25.1.2008), o bastonário da Ordem dos Advogados revelou que há pessoas com cargos de relevo no Estado português que cometem crimes «impunemente» e que em breve poderá avançar com casos concretos.
Ainda segundo António Marinho Pinto, «o fenómeno da corrupção é um dos cenários que mais ameaça a saúde do Estado de direito em Portugal»

Alguém ouviu mais falar nestes casos concretos? Não, mas José Sócrates estava precisamente nessa altura a preparar o mealheiro na conta de alguns amigalhaços.

Que fez Marinho e Pinto, quando este problema era já evidente para quem lidava com o poder do sistema de contactos? Fez isto, em Setembro de 2009, nunca explicado porque nunca perguntado claramente ( os jornalistas não sabem disto, coitados...) um pouco antes e providencialmente, das eleições que viriam a seguir e foram ganhas por Sócrates ( uma extraordinária vitória, mesmo relativa, disse o indivíduo...e percebe-se agora porquê)


Marinho e Pinto quando se lhe acabou a mama da bastonaria, logrou ainda outro feito: fazer-se eleger deputado europeu num partido miserável e insignificante que lhe tinha assegurado o lugar na política. Um dos braços-direitos nessa aventura de sucesso foi um advogado de Braga, condenado por um dos crimes mais hediondos de que há memória em Portugal. Amigo e correlegionário de Marinho e Pinto. Diz-me com quem andas...

Depois disso deixou-se ficar como morto, como convinha, durante alguns anos,  em Bruxelas, a ganhar principescamente e a cuspir na sopa que lhe serviam.

Volta agora. E deve haver uma razão porque em política parece que é assim:

Marinho e Pinto é da Esquerda de sempre. Um lutador nato contra a corrupção de discurso da boca para fora. Para dentro apoia objectivamente todos os corruptos que apareceram em Portugal nos últimos anos, particularmente os da Esquerda.

Hoje em entrevista ao i diz isto:





Esta nova catilinária contra a magistratura, com apoio expresso e explícito aos antigos magistrados Noronha Nascimento e Pinto Monteiro, bem como a José Sócrates, não pode nem deve ser desligada desta notícia do Público de hoje e outras das últimas semanas que envolvem a nova liderança do PSD: Rio quer mudar a Justiça " a sério". Ora a única medida que se pode ler nesse sentido é uma intenção de reunificar o Conselho Superior da Magistratura com o Conselho Superior dos Tribunais Administrativos e Fiscais. Isto não é coisa suficiente para significar o que será  mudar "a sério" a Justiça...pelo que se teme o pior do autoritarismo de Rio misturado com a manhosice de Costa e a proverbial ausência de princípios do PS real, ou seja o que foi legado por Mário Soares. É de temer o pior, de facto.



Sobre Sócrates em abstracto e Pinto Monteiro em concreto, Marinho e Pinto é taxativo: nada sabe de concreto e só sabe que os PGR nada mandam nos processos e quem decide são os juízes, depois do trabalho dos procuradores. E tem razão, o que uma boa parte dos komentadores e jornalistas desconhece ou faz de conta. Mas é uma razão mitigada pela hipocrisia. Por exemplo, desconhece que Pinto Monteiro é amigo de Proença de Carvalho. Enfim.
Sobre a injúria proferida por Pinto Monteiro na entrevista mais recente aos magistrados do MºPº que estiveram no Sindicato ( apodou um de medíocre e outro de coitado) acha que foi nada de nada e só visava o trabalho sindical daqueles. Um magistrado medíocre no trabalho sindical, portanto e outro coitado por estar a fazer o que faz nessa tarefa.

A Marinho e Pinto poderia o i ter-lhe colocado a seguinte adivinha: de que cor era o cavalo branco de Napoleão?,  que o mesmo teria respondido:  não sei, não conheci Napoleão nem vivi no tempo dele.

Marinho é um finório da nossa sociedade que sobrevive enquanto lhe deram a trela que este jornalismo em quem o mesmo cospe,  insiste em dar-lhe.

O problema é que neste momento tem a agenda do poder que quer estar outra vez e quem vai sofrer as consequências, como sempre, será o povo em geral.
E o poder quer apear o MºPº da sua autonomia, capando essa conquista constitucional com mais de vinte anos.
Percebe-se bem porquê: os juízes só julgam e decidem o que o MºPº lhes levam para tal. Quem controlar o MºPº em modo subtil, colocando as pessoas certas nos lugares-chave tem o assunto resolvido e isso está garantido no Estatuto que aí vem para essa magistratura.
O resto virá por acréscimo. É esta a agenda António Costa, Rui Rio e agora este pateta perigoso.

Entretanto o MºPº vai dando sucessivos tiros no pé, de que poucos se apercebem, convencido nas altas instâncias que está a fazer um serviço de truz e com imagem a condizer... prestando o inestimável serviço a estes hipócritas. 

Talvez o "medíocre" ganhe as eleições para o sindicato e estes marinhos terão o troco devido, no seu tempo. 

8 comentários:

  1. 20 anos é capaz de ser tempo mesmo à justa para ler e ouvir escutas do processo Marques.
    .
    Os inaptos que decidiram fazer deste processo um monstro intragável e indigerivel que assumam as suas responsabilidades. Ou será que encheram o processo com tantas fantasias e lateralidade de proposito para ser injulgavel?
    .
    Rb

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  2. "monstro intragável e indigerivel" - boa descriçao do Socas..) ("inenarravel" tem copyright)
    um processo feito à medida...de tal imponente besta...
    20 anos é pouco, diria 50 e tal...24/7, e em tempo real (ou seja o tempo estimado em que o socas pensou em roubar)

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  3. Estou também plenamente convicto, de que assim será.

    Esta peça (post) merecia outra amplitude. Para, pelo menos, provocar útil discussão.

    Pela minha parte, farei o possível (e não é qualquer jeito ao autor, com o qual mantenho muitas divergências)

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  4. É a ditadura aqui tão perto. Esta gentalha quer dispor a seu belo prazer da "justiça", a deles. Para os amigos tudo.
    E o povozeco imbecilizado de canga ao pescoço a ganhar miseravelmente a sustentar esta corja.
    Nem Salazar teria feito melhor. A pocilga cheia de democratas, a fazerem figura com o dinheiro dos outros. Uns verdadeiros marxistas.

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  5. o GULAG de antónio das mortes
    além dum entertainer
    vai ter um rio como bobo da corte

    o rio que separa os vivos dos infernos

    durante a catábase a negrura transporta os mortos


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  6. Coleira fiscal de escravo branco que todas as roubalheiras vai ter que pagar.Já por baixo e no bairro social desponta a raça mista.Lá fora os portugueses estão entregues aos bichos mesmo na "europa" porque o zé povinho é bem doutrinado na "escola pública" para se misturar o que é muito conveniente para as elites alegadas que noutros tempos tinham que andar a assaltar nas estradas...
    Continuo contudo a achar que têm que acabar com o folhetim completinho nas acusações.O mais importante e resumido...e justiça pronta!

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  7. Quanto a tiros nos pés estou a ver a acusação de "colectivos" a eito por excesso de masculinidades...

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  8. Net
    defensores do clube A ou de B no futebol português seja a mesma que em muitos fóruns televisivos e jornalísticos vemos na discussão da coisa política Portuguesa para assuntos sérios e importantes na nossa vida em sociedade, como sejam a sustentabilidade da segurança social, a carga impositiva e regulatória do Estado Centralista, o primado do colectivo sobre as liberdades individuais e tantas outras matérias que nos vão deixando relativamente mais pobres enquanto País.

    Simplesmente a objectividade e a racionalidade desaparece quando falamos com a emoção e a paixão clubistica e na política partidária e dos comentadores nada de fundamentalmente diferentes se passa. Há iluminárias (pós) modernas que usam a justificação de que tem que ser assim, ou seja com argumentos “simples” defendendo custe o que custar, contra tudo e contra todos, para poder arregimentar os seguidores dos canais, dos blogs ou das redes sociais para uma causa clubistica ou política .

    Como se a razão se obtivesse pelo maior número de adeptos ou número de votos. Dois terços do antigo Bundestag deu o poder absoluto a Adolph Hitler, só para citar a perversão do número, como critério de razão na sociedade (obrigado ao Pedro Arroja por nos lembrar isso ontem). Mais recentemente pouco mais de metade dos britânicos impuseram à outra metade condições de convivência com os europeus que irão trazer pouca prosperidade para eles mesmos nas próximas décadas .

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