Há um pouco mais de 40 anos, em meados e mais para o final de 1978 apareceu o primeiro disco dos Cars, considerado o melhor do grupo e em todo o caso o que teve mais singles de sucesso. Na altura nem liguei muito a She´s my best friend girl ou a Just what i needed ou mesmo Since you´re gone e don´t cha stop, pequenas pérolas pop já com sintetizadores e ritmo de Ocasek misturado com os solos de guitarra de Elliot Easton. Mas acompanhava as novidades que saíam todas as semanas, ou meses, nessa época.
Com o segundo disco, Candy-O, saído em 1979, com capa desenhada por Vargas, ilustrador da Playboy, também não dei ouvido atento apesar de Let´s go, It´s all i can do, Double Life ou You can´t hold on too long e Got a lot on my head , do mesmo género do primeiro disco.
O terceiro que saiu em 1980 nem tinha tantos êxitos instantâneos e também pouco liguei. Em 1981 saiu Shake it up e comprei o disco, em edição espanhola, dos primeiros que comprei com o meu dinheiro.
Tinha tanto interesse como o primeiro que nem havia escutado na época. Mas escutei depois, ouvi tudo várias vezes e comprei-os todos, ao longo dos anos porque se tornou um dos grupos pop favoritos, com música próxima de outros sons que já conhecia antes. Pop. Beach Boys, Beatles, até Roxy Music ou os T-Rex. E até comprei os discos a solo de Ric Ocasek, porque alguns deles contêm outras pequenas pérolas pop.
Agora tenho-os nas versões originais, americanas da Elektra.
Por isso quando li este artigo na Rock&Folk de Maio de 1982, assinado por um dos antigos fundadores da revista, Philippe Garnier, concordei com tudo. Os Carros sonoros, para mim eram isto tudo e mais alguma coisa.
Os americanos, esses, deram-lhe capas de revista mais cedo, logo em 1979.
Mas li o que foi publicado em 30 de Outubro de 1982 quando já tinha ouvido os discos referidos. E trazia fotografias de Annie Leibowitz que me habituei a ver na revista frequentemente.
Em 1984 saiu o último disco dos Cars que merece ser escutado integralmente. Heartbeat City tem Drive e Magic que são tão aperfeiçoadas como os anteriores êxitos do grupo. A capa é outra ilustração espectacular, desta vez de Peter Phillips, de 1972.
Em Janeiro de 1982 a revista Musician dava-lhes uma capa de antologia:
Tudo isto é passado de décadas e de um tempo em que a música popular merecia artigos de várias páginas e fotos a condizer. Mesmo que a música fosse repetitiva, pop e simples, sem pretensões. Mas tinha aquele ritmo, aquelas guitarras e um estilo que tinha evoluído dos sessenta e setenta e que me agradava e continua a agradar. Não evoluí desde então, nesse estilo porque o mesmo se findou aí mesmo, antes do advento do digital, dos sequenciadores e guerras do barulho sonoro.
Para mim, a música pop acabou mais ou menos por essa altura...e é por isso que recordo tal tempo, com todo o gosto, aliás.
Agora repare-se no obituário do "especialista" João Lopes, no Público de 17.9.2019:
O artigo não tem indicação de fontes do conhecimento que o autor mostra ser "directo". "Ric Ocasek sabia o que queria desde que ouvira Buddy Holly na prè-adolescência" começa por escrever o "crítico" João Lopes.
Sabia?! Como é que o "crítico" sabe tal coisa? Falou com Ocasek alguma vez? Leu alguma entrevista ou artigo sobre ele? Evidentemente que sim. Então, a obrigação estrita é escrever onde e quando. A fonte, neste caso não é secreta nem deve ser escondida sob pena de se pensar em plágio puro e simples, como aliás penso que é.
Que merda de jornalismo é este, de um "crítico" de música que nem sabe escrever uma ideia própria e copia a de outros? Ainda por cima com factos disponíveis ao alcance de alguns cliques na internet ou wikipedia.
Para que serve isto?! A que honra profissional pode aspirar um "crítico" destes?
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