O Público de hoje obitua em circunstância excepcional: a capa quase toda e uma legenda equívoca.
O que o Público queria mesmo escrever na capa aparece escrito na contra-capa pelo mentor do Livre, o palafreneiro da Joacine e su muchacho. Está aí tudo: o esquerdismo comunista, a mistura da ética com a estética, como bolsou a actual ministra da contra-cultura dessa esquerda militante das causas para fracturar a sociedade, ela mesma uma lídima representante dessas causas dissolventes:
De resto o jornal não poupa no obituário e foi ao fundo da arca buscar factos e nomes com interesse para se perceber como o esquerdismo comunista arribou a Portugal, ainda antes de 25 de Abril e da Grândola, vila morena, cuja gravação aliás o falecido inspirou e na qual participou tecnicamente.
Este é um dos temas que permite entender melhor o que ando a buscar por aqui: a razão do esquerdismo comunista ter aparecido em Portugal, quase debaixo das pedras, logo a seguir ao 25 de Abril de 1974 e se ter imposto hegemonicamente no panorama mediático, quase sem excepções. As que existem anulam-se pelo extremismo de posição contrária, desprezando os méritos e talentos destes mentores do comunismo ambiente, em modo pós-modernista, tipo BE.
O indivíduo decesso era "gigante" de quê? Da música? Nem por isso. Era um grande músico, no meu modesto entender, que gostava do que o artista fazia e até da voz com que cantava, ao contrário de um outro que irá ter um obituário maior ( `Sérgio Godinho) mas qb. Tem duas obras primas, os dois primeiros discos. O resto são cantigas sobre as armas que vieram de longe e pouco mais. O rap do fmi nem conta.
Espanta ler que o tal Camané ( outro cuja voz não suporto) ache que era um dos mais importantes artistas do séc. XX e XXI!, quando logo abaixo está o sumário da obra.
Portanto o gigantismo é outro: o da ideologia subjacente, que tal como a ferrugem nunca dorme e corrói a sociedade até à medula. É isso e nada mais.
Como é que esta gente se foi formando e formatando? Essa é a busca. Uma pista mais que vem no Público de hoje, exemplar e paradigmática, epigrafada pela ministra da contra-cultura:
A sucessão de nomes, de sistema de contactos e de referências é uma pista para a compreensão do esquerdismo nacional que passou quase sempre pelo PCP e se estendeu, alargando, a outras organizações ainda mais radicais que incluiu naturalmente o terrorismo político das FP25, com assassínios de delito comum e puro ódio ( o funcionário do Estado Castello Branco, por exemplo).
Esta gente que ressuma ódio político por todos os poros esquerdistas sem respiro de outra ordem tem honras de capas de jornais, de reportagens televisivas alargadas e sorrisos compreensivos de pivots apalermadas ( ontem a da SIC-N embevecia-se com todas as palavrinhas de circunstância esquerdista de Luís Cília, destas mesmas andanças).
Essencialmente o discurso adoptado, subjacente e intertextual, é este, proclamado pelo decesso e motivo de toda esta prosápia mediática:
"Eu continuo a achar que o motor que comanda isto tudo é a luta de classes, a exploração do homem pelo homem." (...)
A humanidade tem de pensar como é que se resolve este problema de vez. Não é cá com outra cantiguinha qualquer. É o sonho do Antero de Quental: "Não disputéis, curvado o corpo todo, as migalhas do banquete. Erguei-vos e tomai lugar à mesa". O Antero disse isto nos anos 70 do século XIX. Na altura era o sonho socialista.
(...)
continua a haver a exploração do homem pelo homem. Tendencialmente a esquerda é a favor do progresso e a favor de quem trabalha, dos mais pobres, é contra as injustiças sociais, como a acumulação de riqueza por poucos.
É este o credo de quem em nada mais acredita e com todos os meios de informação ao dispor para o proclamar em sessões solenes de Te Lucifer que hoje abundarão por todo o espaço informativo.
Cúmulo da pouca-vergonha: o presidente da República, autêntico papagaio-mor neste caso, anda a repetir que o decesso foi um "símbolo de resistência, de luta"!
Nem quero acreditar! Símbolo de quê?! Da resistência ao que o mesmo presidente mais os seus pais e restante família representavam, antes de 25 de Abril de 74, será isso?
De resistência e luta por exemplo ao capital de um BES e Ricardo Salgado, amigo daquele indivíduo que é presidente da República? Será isso?
Se for, este presidente não tem uma réstea de vergonha. É incrível! Não se contém, não é capaz de resistir a komentar tudo como se fosse mero espectador e ainda imbuído do espírito de figura de tv. Este indivíduo, Marcelo Rebelo de Sousa parece-me padecer de um síndroma perigoso e este é um sinal de distúrbio mental. Sim, falo a sério. Pode não ser grave mas o sintoma para mim já é aparente.
A já agora como é que o Correio da Manhã noticia e obitua o assunto? Assim, à maneira do seu director, um compositor de baladas mediáticas que nunca percam a sonoridade das moedinhas a tilintar no bolso.
Por isso, o CM vai com as outras, como tinha que ser. Afinal Octávio Ribeiro dar-se-ia muito bem na redacção de um Izvestia de cá, se estas propostas ideológicas tivessem vingado. Afinal também acreditou nelas:
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