Artigo de Helena Matos no Observador, impressionista sobre a decadência do país em quatro décadas de socialismo e social-democracia sem meios para tal.
A comparação da competência do Estado em montar planos de acção concretos para tarefas precisas e determinadas é uma boa ideia.
Comparar o Portugal que vinha do Estado Novo, sob Salazar e Marcello Caetano, tem sido feito sempre para denegrir esse tempo de fassismo e colonialismo e exaltar as virtudes da democracia que o substituiu e tem sido sempre governado por gente à esquerda do espectro político, com ideias directamente inspiradas em soluções marxistas quando não de extrema-esquerda neo marxista.
O resultado de tais ideias está à vista e o "declínio" é notório para quem quiser ver.
Ao contrário do que escreveram luminárias do tipo Eduardo Lourenço ou o outro Eduardo, filho de um professor universitário do tempo de fassismo de apelido Prado Coelho, a identidade nacional não foi do género etéreo e romanesco, cimentada a mitos cujo contorno inventaram, baseando-se nos escritos de autores nacionais que romantizaram tais ideias, como Camões, Pessoa ou Pascoaes.
A identidade nacional passou certamente por fenómenos bem mais complexos e que a meu ver radicam todos na Educação, na Instrução que houve e deixou de haver em determinadas alturas dos nossos séculos.
Aqui há umas semanas, num programa de rádio na Antena 2 foi entrevistado um historiador que dizia ter Portugal ficado para trás na História a partir do momento em que se acabou com o ensino dos jesuítas, a partir do século XVII, com o grande desastre que foi o ensino oficial começado no tempo de Pombal que, tal como o socialismo, prometia mundos e fundos e só ofereceu misérias práticas.
Há um exemplo concreto que permite entender melhor este fenómeno e curiosamente tem a ver com o ensino religioso, mormente o de jesuítas.
Na edição de 27 de Janeiro de 2021 do jornal esquerdista JL, havia está página assim:
A ideia é simples e noutros países já a puseram em prática: o ensino do latim, no secundário ajuda a criar "competências" reais e não apenas as imaginárias na retórica educativa dos diversos matarruanos que temos na governança da Educação. Portugal gasta balúrdios no sistema educativo com resultados pouco prometedores, segundo estatísticas internacionais e rankings variados que incluem a imagem notória da decadência das nossas universidades.
No século XVI éramos os maiores do mundo no avanço científico do conhecimento dos mares e da navegação. Hoje somos uma sombra do que éramos ainda há 50 anos, no tempo do tal fassismo sempre vituperado pelo esquerdismo comunista e socialistas que só nos tem desgraçado.
Em França a ideia acima expressa também tem eco, assim, como mostra a edição especial da Le Point de Janeiro-Fevereiro deste ano:
Como é que se ensinava latim há um pouco mais de 50 anos? No Secundário ensinava-se no 6º e 7º anos e nos seminários, com livros de jesuítas, era assim, logo desde o 1º ano do ensino preparatório, a seguir à 4ª classe:
Uma Selecta de textos literário, compilados por Álvaro Ascensão e José Pinheiro, S.J. já dos anos quarenta do nosso "fassismo":
E uma Gramática, também de um eclesiástico, P. Manuel Francisco de Miranda, esta já dos anos sessenta, ainda do tempo do "fassismo":
Quanto ao número de horas que se dedicavam por semana a tal estudo, era extenso:
E quanto ao calendário diário das tarefas e ocupações dos alunos de tais instituições de ensino religioso também é elucidativo mostrar como era, para se ver como foi que se conseguiu educar muitos milhares de alunos que depois se tornaram adultos formados, professores e profissionais dos vários ofícios que depois faziam o que agora não se consegue fazer.
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