A propósito deste escrito no Observador, comemorativo do festival de Vilar de Mouros de 1971, o autor, Luís Freitas Branco tem a sorte de o considerar como amigo epistolar [ afinal enganei-me, porque é outro familiar deste...mas fica mesmo assim. Só não percebo porque se pede a alguém que não sabe o que foi Vilar de Mouros, para escrever sobre o assunto, de cor e seguindo a opinião de outros]. Senão levava de três em pipa por relatar um acontecimento em que não participou por ser demasiado novo para tal e acrescentar os habituais pózinhos políticos completamente desnecessários. A PIDE em Vilar de Mouros não teve papel nenhum especial nem preocupou fosse quem fosse, muito menos quem lá foi, na maioria jovens que se aprestavam a ir para a tropa e combater na guerra do Ultramar. Não era assunto de preocupação política, na época, para a esmagadora maioria dos jovens que pensava como dizia na entrevista mostrada no postal abaixo, o comando Rui. Por isso a menção a tal suposto facto é mera desinformação, a meu ver e o relatório da polícia política sobre tal assunto é ridículo, simplesmente.
Aliás, um dos testemunhos de quem lá esteve, no caso Mário Dorminsky, é claro a esse respeito e desmente o tenebroso ambiente sugerido pelo estimável Luís Freitas Branco, certamente mal informado por quem o desinformou:
"De 1971, recorda-se apenas que "estava a chover torrencialmente" pouco antes de Elton John actuar, e que foi com a família de carro do Porto a Vilar de Mouros, regressando nos dois dias a casa.
"Foi um momento de liberdade total. Portugal vivia o movimento hippie. O ambiente que se viveu em Vilar de Mouros conseguia, de alguma forma, quebrar todas as barreiras sociais", referiu Dorminky."
A PIDE incomodava, quando incomodava, os comunistas que queriam para Portugal um totalitarismo que por cá nem por sombras se vivia. Os comunistas e filhos de comunistas sabem disto de ginjeira, mas continuam a alimentar o equívoco de sempre que é o de pretenderem ser aquilo que não são e nunca foram. Não são e nunca foram arautos da liberdade nem defendiam a democracia. Mentem, portanto. Aldrabam as pessoas. Mistificam permanentemente.
Nesse mesmo ano de 1971 realizou-se o primeiro Cascais Jazz, iniciativa principal de Luís Villas-Boas e também João Braga. Um dos convidados foi Charlie Haden, comunista. Tocou Song for Che e dedicou-o aos movimentos de libertação de Angola e Moçambique. Na sua autobiografia, Carlos Cruz diz que no dia "seguinte foi posto na fronteira pela PIDE/DGS". Se fosse no Leste comunista provavelmente o destino mais suave seria o mesmo...,mas isso o Haden nunca o reconheceria.
Portanto, inventar tragédias políticas a propósito de Vilar de Mouros e do regime fassista é nada de nada. O escrito, no entanto tem o seu valor documental, mormente pelas fotos inéditas que publicarei a seguir, com menção da fonte: Isabel Barge, tal como referido.
Sobre Vilar de Mouros lembro-me bem desses dias e da oportunidade que tive em...não estar lá, por não ter meios para tal. Era ainda um pouco jovem demais, com 14 anos e por isso o desejo não era suficiente para lá ter ido. Mas queria ter ido...e até guardei um dos programas do evento:
Portanto faz hoje exactamente 50 anos que Elton John actuou no local. No entanto, nem era para ver Elton John que gostaria de lá ter estado, mas para ver o ambiente e apreciar a música também, " a música moderna para a juventude".
Elton John nessa altura e como refere Luís Freitas Branco estava nos primórdios da sua carreira de êxitos e terá sido num dos dias seguintes que compôs uma das suas melhores canções- Tiny Dancer- que só para a ouvir tocar com o som da "steel guitar" de B.J. Cole e cantar em banda sonora, também pela linda actriz Kate Hudson, justifica ver isto do filme Almost Famous.
Já escrevi aqui sobre o festival de Vilar de Mouros de 1971 e por isso pouco mais há a acrescentar a não ser mais iconografia das revistas e jornais da época.
A revistinha Mundo da Canção dirigida por comunistas ( parece que Pacheco Pereira anda a fazer um trabalho de "fundo" sobre a mesma, veremos o que sai...) do mês seguinte ao festival ( nesse início de mês de Agosto a capa do número à venda era sobre os Rolling Stones e o disco Sticky Fingers) dava uma capa e o artigo crítico era era algo ácido e sem contemplações.
O articulista do Observador obviamente inspirou-se nestes artigos de várias revistas e jornais da época, até para relatar os temas que Elton John cantou e como cantou...
Um dos jornais que dedicou vários números ao acontecimento foi o Disco Música e Moda, saído ainda há pouco tempo:
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