O professor Cabral de Moncada viveu os acontecimentos mais importantes do séc.XX que nos afectaram, sendo professor de Direito, em Coimbra e contemporâneo de Salazar e outros.
Em 1972 escreveu as suas memórias, publicadas vinte anos depois e que li agora, com muito interesse e proveito, uma vez que me revejo em muitas das suas reflexões, crenças e filosofia de vida, porque afinal fui educado como ele foi, num tempo em que a Religião era importante e para mim, tal como para ele, nunca deixou de ser, tornando-se aliás o aspecto mais importante de uma existência, com maior Credo pessoal.
Cabral de Moncada, em 1958, tal como Salazar, estava no tempo da reforma, por ter feito 70 anos. O tempo que passou até 1972, ano em que escreveu as Memórias foi descrito pelo mesmo, com a menção a factos, pessoas e ideias, de um modo singular e sumamente interessante para quem quiser conhecer o que foi a mentalidade da primeira metade do século XX, para quem foi educado como ele foi e muitos foram, incluindo precisamente Salazar e quem então nos governava.
A educação religiosa católica, com a Fé em Deus e no que Jesus Cristo fez e deixou como legado nos Evangelhos foi sempre muitíssimo importante para pessoas assim, com as quais me identifico completamente.
É por isso que as suas reflexões sobre o que sucedeu em Portugal e no Mundo, nos anos sessenta, se tornam também muito interessantes e importantes. A autêntica revolução que então se operou já não foi muito bem compreendida por aquele que estava ligado ao que aprendera enquanto jovem do início do século e que portanto estranhava todas as novidades que surgiam em aceleração estupenda, nesses anos de brasa, particularmente nos costumes.
E escreveu assim sobre isso, nas últimas páginas das suas memórias que vale a pena ler, incluindo sobre o que sucedeu na Igreja Católica após o Concílio Vaticano II que modificou o entendimento da praxis, ainda do tempo de Trento.
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