segunda-feira, setembro 13, 2021

Reflexões de Cabral de Moncada sobre o fim do seu tempo nos anos sessenta

 O professor Cabral de Moncada viveu os acontecimentos mais importantes do séc.XX que nos afectaram, sendo professor de Direito, em Coimbra e contemporâneo de Salazar e outros. 

Em 1972 escreveu as suas memórias, publicadas vinte anos depois e que li agora, com muito interesse e proveito, uma vez que me revejo em muitas das suas reflexões, crenças e filosofia de vida, porque afinal fui educado como ele foi, num tempo em que a Religião era importante e para mim, tal como para ele, nunca deixou de ser, tornando-se aliás o aspecto mais importante de uma existência, com maior Credo pessoal. 

Cabral de Moncada, em 1958, tal como Salazar, estava no tempo da reforma, por ter feito 70 anos. O tempo que passou até 1972, ano em que escreveu as Memórias foi descrito pelo mesmo, com a menção a factos, pessoas e ideias, de um modo singular e sumamente interessante para quem quiser conhecer o que foi a mentalidade da primeira metade do século XX, para quem foi educado como ele foi e muitos foram, incluindo precisamente Salazar e quem então nos governava. 


A educação religiosa católica, com a Fé em Deus e no que Jesus Cristo fez e deixou como legado nos Evangelhos foi sempre muitíssimo importante para pessoas assim, com as quais me identifico completamente. 

É por isso que as suas reflexões sobre o que sucedeu em Portugal e no Mundo, nos anos sessenta,  se tornam também muito interessantes e importantes. A autêntica revolução que então se operou já não foi muito bem compreendida por aquele que estava ligado ao que aprendera enquanto jovem do início do século e que portanto estranhava todas as novidades que surgiam em aceleração estupenda, nesses anos de brasa, particularmente nos costumes. 

E escreveu assim sobre isso, nas últimas páginas das suas memórias que vale a pena ler, incluindo sobre o que sucedeu na Igreja Católica após o Concílio Vaticano II que modificou o entendimento da praxis, ainda do tempo de Trento. 







O que escreve sobre as obras na "alta" de Coimbra, nos anos cinquenta, que consistiram em arrasar quase tudo o que existia de antigo para construir a nova Universidade com as suas faculdades mais importantes, merece reflexão, até para se ponderar como Salazar não era avesso a inovações e mudanças radicais, incluindo naquilo que consistiu o seu berço académico, idêntico ao de Cabral Moncada e do mesmo tempo. Por este não se teriam feito as obras como se fizeram o que denota um conservadorismo ainda mais arreigado. 














Esta reflexão sobre um Advento promissor, apesar de tudo, também é interessante: 




E esta sobre o advir do Ultramar português igualmente interessante e que subscrevo inteiramente, em prognose póstuma.
 Era isto que poderíamos ter esperança em alcançar, com Marcello Caetano no poder. Porém, não foi isso que sucedeu porque nem sequer Cabral de Moncada previu a desgraça que sobre nós se abateu, no mesmo ano em que ele morreu: a vitória do comunismo e esquerdismo contra o que ele esperançosamente julgava que poderia suceder nos anos vindouros...e que prova que o seu conservadorismo era inteligente ao ponto de não ter ficado enquistado em mitos de um passado distante e sem correspondência com uma nova realidade que se apresentava clara e inequívoca. Cabral de Moncada expressamente acreditava que havia "ventos" na História, ao contrário de alguns que zombavam de tal ideia. 





Sem comentários:

25 de Abril: a alegria desolada