A última catilinária contra a "direita" de Pacheco Pereira, o antigo alinhado no Parlamento com a maioria de Cavaco Silva, no tempo das vacas gordas dos fundos da CEE aqui apresentados como um fundo de maneio social democrata de desenvolvimento estatista. Foi a política "neofontista", como se tivesse sido apenas uma opção para as obras públicas que hoje "seriam consideradas estatistas, socializantes, esbanjadoras" para a tal direita fantasmática que o persegue imaginariamente.
Na coluna da direita aparece a mais ignóbil catilinária contra o governo do Passos, considerado como uma traição ao ideal social-democrata que não se conhece bem qual seja, mas é tudo menos austeridade imposta por terceiros, neste caso pela "troika". A história para este historiador foi manipulada e falsificada porque havia o famigerado PEC IV; havia as medidas alternativas à austeridade e havia portante outro modo de resolver a bancarrota a que os governos do PS conduziram o país, mais uma a somar a outras duas, anteriores nos anos setenta e oitenta. Tudo medidas propostas pela esquerda do PS, como salvíficas de tal bancarrota e que evitariam a intervenção de terceiros, no caso a "troika" que em representação dos que nos emprestaram o dinheiro impuseram as suas linhas de governação, sob pena de nos deixarem cair na bancarrota mais inevitável.
A crise bancária desse tempo, o BES, o BCP, o BANIF, o BPP e o BPN foi tudo obra da "crise bancária" aparecida do nada e agora escondida nessa génese pela vontade manipuladora de quem procura branquear a história que teria sido facilmente resolvida com o tal PECIV . E assim nunca teríamos entrado no período negro da bancarrota ou da necessidade de intervenção da troika.
É essa a opinião de Pacheco Pereira que ainda assinala a tentativa de mudança do texto constitucional -imputada ao odiado Passos- como obra da "extrema-direita" associada ao indivíduo que a propôs, Paulo Teixeira Pinto. O mesmo que contribuiu para a crise bancária com o seu papel no caso BCP. O texto a mudar era por exemplo o que continua a assegurar ser Portugal um país a caminho do socialismo.
Este indivíduo, depois de exprimir estas ideias deve considerar-se historiador? E deve merecer algum respeito intelectual, ao adoptar as mesmíssimas opiniões de um José Sócrates?!
Quanto às ideias de extrema-direita que inspirariam a mudança constitucional proposta por aquele Teixeira Pinto, aqui fica um documento de 1980 sobre a Constituição que Sá Carneiro- apresentado como o modelo de social-democracia que Pacheco Pereira pretende apresentar como matriz do PSD- queria nessa altura, juntamente com o CDS de Freitas do Amaral que acabou politicamente situado no socialismo à la PS. Tal como Pacheco Pereira.
Quem é que nessa altura fazia o papel do Pacheco Pereira de agora? Precisamente quem se associava à esquerda do PS, como era o caso dos mentores de O Jornal.
E quem mais, já agora? Pois, os mentores de uma tal ASDI, tendo à cabeça o advogado Sérvulo Correia, especialista em direito administrativo e que acabou numa sociedade de advogados contratada por governos para legislar em nome do país democrático. E legislou: o código das contratações públicas, verdadeiro alfobre de génios a sacar dinheiro ao Estado e que conduziram o país à tal bancarrota de 2011...
Tal como Pacheco Pereira agora, este Sérvulo finório da academia do Direito, rebelava-se contra o perigo da AD e pretendia frustrar o avanço da direita, que nessa altura ainda não era conhecida como neoliberalista e portanto se apresentava como guerreiro na luta contra "o golpe em marcha contra o regime democrático".
Uma coisa parece certa: se Sá Carneiro não tivesse morrido em 1980 a revisão constitucional de "extrema-direita" já teria sido feita e provavelmente nunca teríamos um Sérvulo Correia alcandorado a legislador democrático.
E não é preciso aparecer como historiador de pacotilha para poder alvitrar esta prognose póstuma.
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