A capa da Sábado desta semana ( e com a Felgueirinhas ainda a dirigir) é a receita habitual para tentar vender mais uns números, porventura para fugir à miséria que vende.
Depois de gastar capas e capas com os aspectos mais bizarros que procuram encontrar na vida de Salazar, sempre com o leit-motiv do costume, o de denegrir o "ditador", desta vez encontraram a associação ao nazismo para fazer capa de venda.
A explicação do trabalho de 10 páginas de um tal Marco Alves é dada pelo director-executivo da revista, assim:
A intenção é explícita: mostrar os negócios do "ditador" com os nazis e para tal o tal jornalista "entrevistou diversos historiadores" ( na verdade os de sempre, inimigos de Salazar e com opinião recalcitrantemente negativa sobre o mesmo) que se identificam como João Medina, António Costa Pinto e com citações avulsas dos mesmos de sempre, como Fernando Rosas , essa autoridade magna em antifassismo que escreveu tese sobre o assunto, ou um tal António Telo profusamente citado por causa de um livro e de um Relatório de 1998, mandado fazer pelo governo socialista da época.
O tal autor do artigo segundo o director-executivo, para este trabalho de fôlego com 10 páginas, "leu 19 livros sobre a vida de António Oliveira Salazar". Até a biografia de Franco Nogueira leu, veja-se lá!
E que escreve o tal jornalista de essencial? Lendo a primeira página adivinha-se logo o resto:
São os "negócios do Estado Novo" e que por antonomásia se transformam nos "negócios do ditador". Esta primeira página dá uma amostra do ambiente da época, em Portugal: havia quem defendesse os Aliados e quem pugnasse pelo Reich, ou seja, pelos nazis, o que na época não era considerado assim, com a carga pejorativa que entretanto adquiriu, por força de historiadores daquele calibre.
Portanto, havia liberdade de discussão de tais matérias e numa terra de ditadura fascista! Portanto, a última frase daquela página esclarece: "Durante os seis anos da II Guerra Mundial, Portugal foi o epicentro europeu destas pequenas e grandes histórias de propaganda, que inexoravelmente se misturavam com pequenos e grandes negócios da sociedade e do regime".
E então? Vai daí, toca a pôr o acento tónico no Portugal com simpatias nazis...apesar de citar o próprio Salazar a dizer que não faria da guerra um negócio. Apesar disso conta as histórias das conservas de Setúbal, com um fait-divers que nada acrescenta ao assunto, indo buscar um episódio de 1938, portanto antes da guerra para ilustrar "os negócios de Salazar com os nazis".
Não obstante, este historiador circunstancial refere que "O tema das exportações de conservas foi tão importante que Salazar o referiu várias vezes no seu diário, incluindo negociações com a Alemanha, mas também com os ingleses e os americanos". Enfim, depois disto continuar a massacrar o tema é já má-fé. E até refere mais à frente: "Salazar, como foi seu hábito na economia de guerra, também aqui negociou com os dois lados". Como se isso fosse pecado mortal na altura!
Para se ver melhor a mistela que este artigo comporta bastam as últimas páginas:
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