O CM anda a depenar os casos de corrupção mais recentes, associando episódios que obviamente os acompanham, sem pudor algum dos visados.
Hoje é o caso singular da deputada Jamila Madeira, uma das semi-milionários da nossa pinderiquice nacional, com lugar a meio da tabela da Sábado desta semana, com cerca de seiscentos mil euros declarados nas contas e redimentos anuais de um pouco menos.
Jamila Madeira é um pequeno fenómeno neste pequeno universo que é a estrutura dorsal deste PS. Como escreve Eduardo Dâmaso é alguém que viveu sempre da política partidária e para a política partidária, "toda a vida a saltitar entre cargos políticos". Pelos vistos bem rendosos e que careciam de explicações mais convenientes acerca da origem caprina de tais lanzudos rendimentos.
Seja como for é apenas uma entre dezenas, centenas de outros exemplos do género e que duvido se poderia aguentar o teste do GRA, ou seja do Grupo de Recuperação de Activos cuja legislação obriga a justificar a coerência dos rendimentos com a proveniência dos mesmos...
O caso da deputada Jamila é particularmente interessante porque congrega o fenómeno da ausência de ilegalidades com a ausência de qualquer vergonha e a assunção plena das regras da chico-espertice, o que ainda não foi erigido à categoria de crime.
Há idêntico fenómeno neste caso particular de outra boya do PS que anda por aí e por ali:
Primeiro, por ali, em Julho de 2022:
E agora por aqui, no CM de Sexta-Feira:
O mais interessante e que assume outros contornos, no entanto, é este, verdadeiramente espantoso no modo como um pequeno concelho da terra fria em Trás-os-Montes, berço de luminárias como Armando Vara ou berçário de José Sócrates, outro ilustre, ambos já com currículo presidiário, com uma população residente inferior a 10 mil almas vivas, consegue resultados destes:
Incentivados por estes fenómenos entroncados para além do Marão, a temível jornalista Tânia Laranjo que fareja sangue de escândalo à distância de um eflúvio foi à terra do bravo Orlando Alves e descobriu testemunhos arrasadores para alguns descomprometidos.
No programa de tv, Doa a quem doer, que acompanha esta lógica noticiosa da Cofina na CMTV, aliás com relevante interesse público, deu à luz imagens e comentários sobre duas obras numa pequena localidade da região.
Uma delas refere-se a um pequeno caminho público-privado ( só serve uma casa...) e uma iluminação generosa para chegar a um pequeno moinho na margem do rio Tuela que pelos vistos tem muitos.
O caminho e a iluminação para a casa particular, em valores significativos para bolsas privadas, foi financiado por dinheiro público conseguido por intervenção auspiciosa da Junta de Freguesia e da Câmara local, em Vinhais.
Qual a particularidade do caminho anódino? Entra pela propriedade de um magistrado que andou anos a vicejar nos serviços de informações do Estado, quando aqueles dois presidiários curriculares lá estavam a mandar e foi depois governante por conta do partido fatal, sempre com juramente de cumprimento com lealdades das funções confiadas. Pelo PS.
A história do pequeno caminho do grande Antero Luís, actual desembargador com vista limpa e aparentemente desembargada para a conselharia do STJ, conta-se
aqui, a partir do minuto 25:10 e parece-me exemplar disto tudo. De tudo isto e mais alguma coisa que não se pode dizer porque é indizível: a pouca-vergonha existente, voilà!
Em remate, uma petite histoire:
Nos anos sessenta do século que passou houve um presidente da Junta duma localidade semelhante àquelas, do Portugal ainda no tempo de Salazar e cuja casa de habitação era servida por um caminho de pedras que nos invernos chuvosos ficava a servir de leito a águas livres, tornando-o intransitável, sem calçado adequado. Carros, por tal caminho, só de bois e com carreteiros de picador em punho. Para além de íngreme, as lajes tornavam-se escorregadias à passagem dos aros metálicos das rodas dos carros de madeira. Em extensão era caminho semelhante àquele, com uma diferença de vulto: servia várias famílias, com algumas casas no percurso, incluindo a do dito presidente da Junta.
Se este tivesse consignado verba pública para o arranjar e tornar transitável a carros sem ser de bois, canalizando as águas em aqueduto ou caneiro, ninguém poderia dizer que o benefício seria apenas em causa própria.
Porém, o dito presidente da Junta nunca o fez enquanto durou o mandato, apesar dos protestos de familiares. Por uma razão: a honestidade, seriedade e probidade em cargos públicos tem mesmo que ser a toda a prova e haveria sempre quem dissesse que o arranjo fora frete. E por tal motivo só muitos anos depois houve arranjo do caminho, por outros e o presidente da Junta já nem vivia lá.
Sei desta história porque o presidente da Junta era o meu pai, que evidentemente com tal procedimento nos ensinou tal lição. E a quem a quis aprender.
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