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terça-feira, fevereiro 21, 2023

O jacobinismo estúpido de um jornalista-João Miguel Tavares

 No Público de hoje, o jornalista João Miguel Tavares insurge-se contra o P.e Portocarrero por causa de um artigo de opinião do mesmo, no Observador. E escreve assim, vituperando-o por não ter assumido com uma corda ao pescoço os pecados de alguns membros da Igreja Católica nos casos de abusos sexuais de menores. Tudo o que seja menos que isso não vale para o jornalista que veste assim a pele de jacobino aggiornato pela bempensância do politicamente correcto que perpassa em programas de tv, humorísticos e não só. 

O único discurso válido sobre o relatório da CI que investigou os pecados de clérigos e não só, para além do mais, através de formulários e depoimentos apócrifos, é a condenação sem apelo nem agravo da Igreja Católica in totum. A Igreja Católica é culpada dos abusos sexuais de menores que alguns dos seus membros cometeram ao longo dos anos, ponto final. Logo, parágrafo para se concluir que deve assumir tal culpa, sem tergiversar, sem questionar métodos de investigação e sem qualquer relativização. Um processo kafkiano e digno de stasis. 

O Relatório tornou-se um documento sagrado, indiscutível e erigido à categoria de dogma de investigação sumária, porque outra coisa não deixou de ser. Sem qualquer contraditório e sem qualquer verificação de fact-checking mínimo ou razoável. 

Seguindo tal método, os indiciados no processo Casa Pia eram obviamente culpados, incluindo Paulo Pedroso e outros. E sem apelo ou qualquer agravo. 

Nunca vi o jornalista defender tal coisa. Eppure...para a Igreja Católica serve. O jacobinismo serve para tudo e sempre serviu desde os tempos remotos de Affonso Costa que este ingénuo que se faz de tal agora segue. 


O artigo de Portocarrero no Observador, aliás muito sensato e razoável, na minha opinião, é este:











A ideia básica deste neo-jacobinismo é simples de enunciar: os abusos são hediondos e indiscutíveis e a Igreja contemporizou com alguns factos agora conhecidos porque a hierarquia os conhecia e não denunciava às "autoridades civis", ao tempo em que tal tinha outra configuração social.
 Logo toda a Igreja ( que aliás são todos os fiéis, influindo os clérigos)  é culpada de tais factos hediondos porque os não denunciou in illo tempore e permitiu que se replicassem. Portanto está condenada definitivamente, devendo ser castigada no pelourinho mediático até que a voz lhes doa e os fiéis percebam tais pecados. 
Tudo o que saia desta inquisição é considerado pecado digno de fogueira mediática.

ADITAMENTO:

No Observador, perante a crítica ao Relatório da CI, designadamente a efectuada pelo Pe Portocarrero, já surgiram as reacções dos indignados do costume, neste caso pela tecla de um jornalista- João Francisto Gomes- que lhes dá eco, titula do modo que se pode ler e invoca "conservadores", "reaccionários" e outras categorias de negacionistas que apenas tentam fazer o que qualquer jornalista deveria fazer: questionar factos, números e motivações. 
Ao jornalista em causa nem sequer lhe passa pelo bestunto que isso é a essência do jornalismo e não atacar por escrito quem ousa pôr em dúvida as "verdades" assumidas como tal por quem nem sequer as questionou...

É este o jornalismo que agora se ensina e pratica: uma mistela de opinião com manhosice redactorial para levar água a moinhos de águas chocas. 
O que merecem estes jornalistas? Consideração e respeito por quem ainda os poderá ler?!





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