Em 4 de Outubro de 1973 saiu esta revista dedicada a artes em geral, cinema, teatro, etc. Semanal e com um naipe de redactores capitaneados por Fernando Lopes e António-Pedro Vasconcelos, ambos cineastas e contra o regime vigente. A revista, aliás, era um cóio da oposição ao regime, com vários comunistas encapotados na redacção.
Tal determinou que nem um mês depois do 25 de Abril de 1974 tudo acabasse à "batatada" redactorial, entre a esquerda do PCP e a extrema-esquerda que era contra o PCP. Tal como a revista Rádio & televisão que acabou na mesma altura e pelos mesmíssimos motivos. A Cinéfilo durou 37 números.
O primeiro e o último:
As explicações eram para fazer de conta...
Durante o tempo que durou, a revista dedicou vários números ao cinema, com destaque para o que era preferido pelos seus redactores.
Em 3.1.1974, Bergman teve direito a vários artigos que se estenderam por outros números. Fiquei então com a impressão que Bergman seria o maior cineasta do mundo, daquele mundo:
Em 17.1.1974:Em 17.2.1974, um estudo sobre Renoir:
Tudo isto era acompanhado de artigos sobre estética, como este, de Rosselini, de 1963, extraído do livro Teroia e prasi del cinema in Italia 1950-1970, publicado na edição de 17.1.1974:
Em 9 de Março de 1974 a revista publicava este anúncio sobre os filmes concorrentes aos óscares desse ano:
Seja como for, os filmes que se viam eram estes. Os outros eram publicitados e passados em cine-clubes. Que eram muitos, aliás...tal como mostra um artigo da revista de 1 de Junho de 1974
Julgo que vale a pena ver tais filmes, mesmo na televisão.
Tal como já referido por aqui, aquando da morte de Godard, outro dos cineastas referidos, os filmes desses autores eram "difíceis", incluindo o mais difícil de todos, o do Bresson...
Porque é que estes filmes eram "difíceis" ? Ora, porque não eram populares e tinham veia intelectual.
A primeira vez que tive contacto com informação a propósito deste tipo de cinematografia foi num almanaque de O Século, de 1968 que comprei em Outubro de 1969. O Século era quem editava tal publicação, bem como o Cinéfilo.
Os almanaques eram então para mim uma fonte privilegiada de informação variada sobre muitos assuntos, incluindo cinema e lá aparecia uma pequena história do cinema que desde 1942 até 1965 era contada assim, no artigo composto por referência a bibliografia também indicada ( ao contrário de hoje que se copia desalmadamente sem dizer de onde...)
O pequeno arranjo pictórico suplementar é obra das minhas irmãs, pequenitas na altura...aliás repetido noutras revistas e que só mais tarde dei por isso.
Quanto ao caso particular da revista R&T, vale a pena lembrar como foi. Vinha no número de 1 de Junho de 1974:
O contexto:
E o caso...com a intervenção de Jaime Gama, um "oficial miliciano requisitado para chefiar os serviços de noticiários da E.N.":
E assim acabou uma revista que já ia no XVIII ano de publicação...então propriedade da Radioprel e redigida na rua Luz Soriano, 67, impressa na Sociedade Industrial de Imprensa, SARL.
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