Em 1965 surgiu na Igreja dos Jerónimos um passionário, José Felicidade Alves, padre católico que se rebelou contra a Igreja em homilia, o que motivou o seu exílio em Paris, ordenado então pelo cardeal Cerejeira, aliás amigo do mesmo.
A estadia em Paris do Pe Felicidade Alves em vez de o acalmar, radicalizou-o ainda mais e em 1968, quando voltou a Portugal vinha transformado em revolucionário comunista, escrevendo uma carta, divulgada clandestina mas publicamente, a contestar a hierarquia católica e as estruturas sociais vigentes, o que motivou a atenção da então PIDE/DGS.
O episódio insere-se no âmbito de um grupo de católicos ditos progressistas que desde os finais dos anos sessenta procuravam influenciar o rumo de acontecimentos políticos, com vista a uma alteração do regime, já no tempo de Marcello Caetano.
Tais católicos progressistas centravam-se num núcleo de intelectuais que tiveram posteriormente a maior visibilidade no pós-25 de Abril de 1974, como o arquitecto Nuno Teotónio Pereira, jornalistas como Helena Vaz da Silva e João Bénard da Costa, economistas como Pereira de Moura ou advogados como José Manuel Galvão Teles, Vítor Wengorovius, ligados depois a Jorge Sampaio e outros.
Esses progressistas do catolicismo tiveram um desempenho de oposição clara ao regime, com episódios como o da "capela do Rato", no início dos anos setenta.
A história desses anos e dessa gente foi contada já por vários autores, incluindo Franco Nogueira, no caso daquele passionário Felicidade Alves, no vol. VI da sua obra dedicada a Salazar:
Também em 2012 num livro de recolha de artigos sobre Marcello Caetano-Tempos de Transição, algumas páginas foram dedicadas a tal fauna de católicos do progressismo esquerdista, compagnons de route declarados do PCP e da esquerda comunista.
Num artigo de algumas páginas o socialista democrático e maçónico, António Reis escrevia sobre tal "oposição democrática":
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