domingo, maio 21, 2023

Os católicos progressistas, "um bando de hipócritas, sequiosos de poder".

 Em 1965 surgiu na Igreja dos Jerónimos um passionário, José Felicidade Alves,  padre católico que se rebelou contra a Igreja em homilia, o que motivou o seu exílio em Paris, ordenado então pelo cardeal Cerejeira, aliás amigo do mesmo. 

A estadia em Paris do Pe Felicidade Alves em vez de o acalmar, radicalizou-o ainda mais e em 1968, quando voltou a Portugal vinha transformado em revolucionário comunista, escrevendo uma carta, divulgada clandestina mas publicamente,  a contestar a hierarquia católica e as estruturas sociais vigentes, o que motivou a atenção da então PIDE/DGS. 

O episódio insere-se no âmbito de um grupo de católicos ditos progressistas que desde os finais dos anos sessenta procuravam influenciar o rumo de acontecimentos políticos, com vista a uma alteração do regime, já no tempo de Marcello Caetano. 

Tais católicos progressistas centravam-se num núcleo de intelectuais que tiveram posteriormente a maior visibilidade no pós-25 de Abril de 1974, como o arquitecto Nuno Teotónio Pereira, jornalistas como Helena Vaz da Silva e João Bénard da Costa, economistas como Pereira de Moura ou advogados como José Manuel Galvão Teles, Vítor Wengorovius, ligados depois a Jorge Sampaio e outros. 

Esses progressistas do catolicismo tiveram um desempenho de oposição clara ao regime, com episódios como o da "capela do Rato", no início dos anos setenta. 

A história desses anos e dessa gente foi contada já por vários autores, incluindo Franco Nogueira, no caso daquele passionário Felicidade Alves, no vol. VI da sua obra dedicada a Salazar:




Também em 2012 num livro de recolha de artigos sobre Marcello Caetano-Tempos de Transição, algumas páginas foram dedicadas a tal fauna de católicos do progressismo esquerdista, compagnons de route declarados do PCP e da esquerda comunista.

Num artigo de algumas páginas o socialista democrático e maçónico, António Reis escrevia sobre tal "oposição democrática":








Também a antifassista encartada, Irene Flunser Pimentel ao enunciar os "Inimigos de Salazar", no livro de 2018 não poderia esquecer tal fauna primorosa na "luta contra o fascismo":





Em epílogo ao retrato desta fauna, fica a opinião acerca da mesma, de uma personalidade que os conheceu demasiado bem: Maria Filomena Mónica que numa entrevista publicada hoje no CM diz que eram apenas "um bando de hipócritas, sequiosos de poder". Nem mais.



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