quinta-feira, maio 25, 2023

Tina Turner, a resistente da música pop

 O Público de hoje dá a capa a Tina Turner, ontem falecida e duas páginas de um artigo escrito por João ChatGPT Lopes ou coisa que se pareça. 




Vamos por isso escrever e mostrar algo diverso, com os mesmos elementos.

O título de "rainha do rock n´roll" já tinha sido atribuído à artista ontem falecida, em 1986, pela Rolling Stone e com um sentido porventura diverso do agora usado. Tina Turner nunca foi rainha do rock n rol e muito menos em 1984 em que poderia ser quando muito rainha da pop, durante um curto período que se estendeu até ao ano seguinte. 

Nesse altura, depois de ter passado vários anos a recompor a carreira musical começada nos anos sessenta, tornou-se uma super-estrela com o êxito What´s love got to do with it, da autoria de um australiano que lhe cedeu a composição para o disco Private Dancer, aliás com participação de outros músicos como Mark Knopfler, autor do título do disco e Jeff Beck, com as suas supremas guitarradas habituais. 

Em 1984, o êxito do disco Private Dancer, com milhões de exemplares vendidos, num  tempo em que a pop substituiu o rock, tal como Phil Collins que tomou o mesmo caminho após os Genesis, chamou a atenção da Rolling Stone americana que lhe deu uma capa, em 11.10.1984, depois de muitos anos e após o início com Ike Turner que viria a ser seu marido.




E a exposição do que sucedeu nos anos oitenta, um sucesso improvável e maciço em todo o mundo:


Em Dezembro de 1984 a revista francesa Rock & Folk dava uma capa, assim:


Em 1980 a mesma revista, num número com capa dedicada às mulheres do rock, apresentava assim Tin Turner;

E em 1982 a Encyclopedia of Black Music, tinha esta página sobre Ike & Tina Turner:


Em 29.8.1985, a Rolling Stone voltava a mostrar Tina Turner na capa, acompanhada do actor de Mad Max, bem como uma reportagem sobre o Live Aid um símbolo da evolução do rock nessa década:



Em  Outubro de 1986, já com mais de 10 milhões de discos vendidos de Private Dancer, a Rolling Stone dava-lhe outra vez a capa:







Nesse ano de 1986, a artista publicou a sua autobiografia e um disco novo, Break Every Rule, igualmente pop como o anterior, sendo isso o pretexto para a entrevista, onde começa por explicar como foi a sua vida no início e principalmente o relacionamento doentio com Ike Turner, o marido ressentido, violento e dado a agressões múltiplas, aqui apresentadas com um sentido que actualmente não se conhece e que mostram que Tina Turner foi uma mulher que merece muito apreço e respeito e não apenas pela música que cantou.
O que ela diz do marido e do que fez durante o casamento que aliás durou vários anos ( até 1976) é algo que nos dias de hoje não é compreendido do modo como ela compreendeu e refere nessa entrevista pré-wokismo. 

Não obstante, em Portugal, em 18.12.1985 quando o Sete mostrou o que era então o rock na América, Tina Turner não figurava em nenhum cenário, nem sequer o dos maiores concertos:



Não obstante e por aquilo acima apontado,  em 1986 Tina Turner era uma estrela pop de primeira grandeza.
Tina Turner e o marido Ike Turner tinham sido intérpretes ( na verdade só Tina Turner, apesar do crédito a ambos), na segunda metade dos sessenta, do êxito posterior ( só o foi na Inglaterra), River Deep, Mountain High, porventura o seu melhor trabalho na música soul e arranjado por Phil Spector. 
Quem quiser perceber porquê e também por que razão os seus trabalhos posteriors, mormente nos anos oitenta pouco interesse têm para o rock n roll, pode ver este vídeo de um connoisseur que mostra o disco e o som de tal single. 

Em Portugal. Tina Turner tornou-se alvo mediático logo no início dos anos oitenta por causa dos seus espectáculos, por assim dizer, sensuais. Tina Turner não escondia as pernas bem torneadas e a explicação para tal, dada na entrevista acima publicada, é um pouco equívoca. Além disso fazia-se acompanhar de outras dançarinas apelativas, como mostra o Sete de 20.5.1981, com a reportagem de um concerto em San Sebastian, Espanha.




Não tenho nenhum disco de Tina Turner, de nenhuma época. E não conto ter, mas reconheço o valor pop do disco de 1984,Private Dancer e a beleza da produção do single River Deep, Moutain High, na segunda metade dos sessenta. 
O que acho estranho é esta capa do Público, com um anacronismo a propósito de uma artista que teve o seu tempo na pop, como muitos outros na mesma altura. Madonna, por exemplo...



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