No outro dia morreu Randy Meisner que foi um águia na guitarra-baixo dos Eagles, de que foi co-fundador, apesar de ter composto apenas uma canção- Take it to the limit, de 1975- nos primeiros cinco discos do grupo e participado na escrita de mais três ou quatro. No sexto disco, de 1979, The long run, Randy Meisner já tinha saído do grupo, cansado do ambiente que aliás se nota na menor qualidade da gravação em causa.
Pelo contrário, os cinco primeiros discos são para ouvir todos, para quem gosta do estilo e do género, o country-rock, o ambiente das guitarras acústicas, misturadas com as eléctricas, os banjos, bandolins e guitarras de pedal metálico. Foi esse o som que me encantou no início dos setenta e perdurou até hoje.
Em 1976 os Eagles publicaram o que viria a ser um dos discos mais vendidos de sempre da música popular ( o mais vendido no séc. XX) , o Their Greatest Hits que congrega quase todos os temas do sucesso musical do grupo, com excepção dos que saíram no disco posterior, de final desse ano, Hotel California.
Naquela edição da revista Rolling Stone, dava-se sequência à recensão do disco de 1975, One of these nights que tem precisamente a composição Take it to the limit, de Meisner e que foi o primeiro êxito milionário dos Eagles.
Na edição de 14 de Agosto de 1975 era esta a recensão crítica, na revista:
A edição de 25 de Setembro da revista anunciava o sucesso que já era e iria aumentar exponencialmente nos anos seguintes, até ao final da década.
A Guitar World Acoustic de Junho/Julho de 2005 deu-lhe esta atenção, particularmente no primeiro disco que se evidenciou em 1972 como um modelo do country-rock, como outros que o precederam, particularmente os dos Flying Burrito Brothers e dos The Byrds:
Como os Eagles foram seguramente um dos grupos que mais apreciei na segunda metade dos anos setenta, por causa dos cinco primeiros discos e muito por causa da meia dúzia de canções que se integram no chamado country-rock , já aqui escrevi aquando da morte de um dos seus membros principais, Glenn Frey, em 2016 e que aparece nesta imagem juntamente com o agora falecido Randy Meisner, da RS de 2016:
Em 2016 escrevi este obituário de Glenn Frey:
Morreu ontem um tipo nascido em 1948, criado em Detroit, nos EUA e que foi para a California, meteu-se em drogas, aprendeu a tocar guitarra e a cantar em harmonia vocal e em 1971, juntamente com três companheiros de músicas, mais tarde alargado a outros, ajudou a fundar os Eagles, um grupo de música rock com sonoridade que se convencionou depois designar de "country-rock".
Chamava-se Glenn Frey e nada sabia de tudo isso quando ouvi o grupo pela primeira vez, no rádio de meados dos anos setenta do século que passou.
Também nada sabia que o primeiro disco do grupo, intitulado simplesmente Eagles, se apresentava com um foto de uma paisagem de cactos sobrevoada por uma águia solitária tirada por um fotógrafo chamado Henry Diltz e que em 2002 documentou a história dessa e de outras fotos para capas de discos de artistas e grupos da California dessa época.
Quanto às músicas desse disco primeiro também não sabia que apenas duas eram da autoria de Glenn Frey ( Chug alll night e Most of us are sad) e uma delas, clássica entre os clássicos, take it easy, era em co-autoria com outra artista maior, Jackson Browne.
De resto esse primeiro disco de 1972 para mim é um clássico da música popular, tal como o são os quatro seguintes, publicados até 1976: Desperado, de 1973, On the Border, de 1974, One of these nights de 1975 e finalmente Hotel California, de finais de 1976 e o grande êxito do grupo.
Precisamente em 1976 os Eagles já tinham um Greatest Hits que se tornou um dos discos mais vendidos da história da música popular.
Desses 10 "hits" aí compilados Glenn Frey co-escreveu seis e são dos mais interessantes e que me captaram para sempre a atenção auditiva: Desperado, One of these nights, Take it to the limit, Best of my love e principalmente Lyin Eyes. Juntando a essas Hollywood Waltz, Is it true, Saturday night, I wish you peace e duas ou três de Hotel California, com o título tema e New kid in town, tem-se uma obra musical notável na música popular.
Há quarenta anos nada disso sabia porque só ouvia no rádio as composições e melodias do grupo que me agradavam mais que muitas outras e assim foi até hoje pelo que continuará a ser.
O maior divulgador dessa música, nesse tempo, era sem dúvida o radialista Jaime Fernandes, senhor de um timbre de voz imediatamente reconhecível e que tinha então um programa num dos canais nacionalizados da rádio.
Esse programa, que se chamaria Dois Pontos e depois se chamaria Country-music, a música da América, passava esses discos e essas músicas, por vezes integralmente pelo que em 1976 o Greatest Hits seria um disco repetido nessas audições.
O papel de Jaime Fernandes, como divulgador desse género musical foi notável e imprescindível ao conhecimento desses discos e dessa música que de outro modo teriam ficado pelos êxitos mais óbvios dos singles que passavam no que agora se chamam playlists. O meu agradecimento e reconhecimento a Jaime Fernandes é assim perene e de louvor sem reservas pelo que possibilitou à juventude da altura conhecer a música popular que ainda hoje se ouve, porque aquela época marcou uma geração.
A música dos Eagles é daquelas que não carece de grandes artigos explicativos e basta a mera contextualização do tempo e lugar em que foi produzida.
A essência é de fusão entre o rock e o country e Glenn Frey era mais do lado rock, apesar das baladas que escreveu, incluindo a solo, em 1984, com Lover´s moon do lp The Allnighter.
Curiosamente, ao longo dos anos e desde a década de setenta, os Eagles nunca fizeram grandes capas de revistas musicais.
Sendo um grupo norte-americano de grande sucesso nas vendas, até ao final da década de setenta, talvez fosse de esperar uma maior visibilidade mediática. Errado. Os Eagles fizeram apenas duas capas em dez anos, na revista Rolling Stone. Uma em 1975 e outra em 1979 e nada mais.
Em Abril de 1977 porém, outra revista americana, Crawdaddy, dava-lhe esta capa e um artigo de várias páginas. As fotos são das mais perfeitas que já vi, sobre o grupo. Nem a Leibowitz as fazia assim.
A Rock & Folk nenhuma capa lhes consagrou. Estamos muito longe de David Bowie...
Porém, em Fevereiro de 1978 a mesma revista num artigo de quatro páginas de Benoit Feller resumia criticamente a discografia do grupo até então.
Foi a primeira vez que vi mas não cheguei a ler o artigo. Já conhecia a música de cor.
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