Alertado por este postal dei com uma foto das cerimónias fúnebres no velório de Salazar, nos Jerónimos, em 29 de Julho de 1970.
A foto que também figura neste acervo, é da autoria do francês Michel Le Tac que na altura trabalhava para a revista Paris Match e foi publicada na edição de 8 de Agosto de 1970.
( foto tirada da net)A legenda da foto, da autoria dos responsáveis da revista na época é um compêndio de equívocos e wokismo avant la lettre, ou não fosse o autor um francês. Diz que a foto foi tirada em 29 de Julho de 1970 à 1 da manhã e nela figuram "dois artistas de circo", um deles o homem mais alto do mundo, segundo o Guiness da época e outro um dos mais baixos. Diz ainda que ambos tinham uma admiração por Salazar, o que lhes permitiu o privilégio da presença junto do féretro, ladeado por membros do Governo e entidades oficiais.
O artista da Paris Match faz também uma comparação bizarra e exótica entre tal presença e as telas de Goya ou os filmes de Buñuel, conhecidos artistas de uma desmesura surreal.
A foto poderia ter sido outra, como esta publicada no Século Ilustrado de 1 de Agosto, uma semana antes. Aqui sim, figuram os membros do governo, ao contrário daquela em que a desinformação patente se mostra a si mesma. A figura do jovem deficiente motor, obviamente habituado ao local, não incomoda ninguém, nem obtém qualquer efeito bizarro que hoje seria, sei lá, chocante e mesmo bizarro.
O mesmo Michel Le Tac, actualmente , vende fotografias que foi tirando ao longo da vida profissional, incluindo certamente as mais bizarras e exóticas. No fundo, faz a figura do gigante e do anão na época em que apareciam em feiras populares para ganharem a vida cuja feição lhes foi fisicamente madrasta.
Sobre estes foram sendo publicadas histórias do percurso dos mesmos, particularmente do "gigante de Moçambique".
Nesse blog escreve-se assim sobre o assunto, mostrando-se a capa de um livro de Miguel Cardina, o jornalista "especialista" em antifassismos revolucionários:
O tal jornalista não encontrou melhor foto para ilustrar o "saudoso tempo do fascismo" do que a de Michel Le Tac, certamente em modo apócrifo e sem querer perceber o contexto da mesma, porque evidentemente lhe servia para deslustrar o evento de finais de Julho de 1970 e vilipendiar o "saudoso tempo do fascismo".
Bastar-lhe-ia rever a reportagem em arquivo na RTP ( aos 16:01 min) para entender a importância contextualizada da assistência dos dois então "artistas de circo" ao velório de Salazar.
Lendo a história do "gigante de Moçambique" percebe-se melhor a dignidade que o mesmo tinha e que esta gente não tem porque falsificar a História em nome de preconceitos político-ideológicos é viver num circo mediático sem categoria.
Assim, para melhor se perceber o contexto do tudo isto, aqui ficam algumas imagens da mesma época e sobre Salazar que permitem entender o que era a pessoa e o tempo em que viveu e afinal perceber a razão pela qual a presença do "gigante de Moçambique" e do "anão de Arcozelo" no velório do mesmo nada teve de estranho ou bizarro ao contrário do que os franceses da Paris Match escreveram...
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