Rui Rio foi entrevistado pelo Jornal de Notícias, cujos jornalistas passam dificuldades por causa do respectivo jornalismo que praticam, "no calor da Operação Influencer".
Domingos Andrade e Inês Cardoso não encontraram mais ninguém para entrevistar no tal "calor" do que um político afastado e ressabiado com o poder judicial e o MºPº em particular, para o mesmo dizer de sua justiça sobre o assunto. E diz assim ( pensando assado):
É sabido que Rui Rio enquanto presidente da autarquia portuense teve alguns desaguisados com o Ministério Público local, por questões relacionadas com a sua concepção particular do poder político relativamente ao poder judiciário.
Na época de há quase vinte anos, Rui Rio foi acusado pelo MºPº do Porto por algo que foi entendido como passível de tal, apesar de não ter sido pronunciado em sede de instrução.
Não gostou da actuação da procuradora em causa ( Branca Lima) e entendeu que uma queixinha ao então PGR Pinto Monteiro resolveria o assunto, tal como contado aqui:
O autor do escrito ( o sindicalista Manuel Soares...) resume em poucas palavras o que também se pode dizer acerca da entrevista agora publicada:
"nunca imaginei que naquela reunião a fosse ouvir, da boca de Rui Rio, assim assumida às claras, com a desfaçatez de quem sabe pouco de Estado de direito e pensa que é o mesmo que Estado de contabilidade".
Nem mais! Rui Rio afirma-se sempre com uma arrogância inaudita relativamente a estes assuntos, assumindo uma pose que é deveras inacreditável e fonte de perplexidades. Não admira que não lhe tivessem dado ouvidos enquanto foi líder do PSD, a propósito de qualquer reforma da justiça que tentou fazer, do modo como a continuas a propor e agora lamenta não ter sido feita.
Na entrevista consegue articular numa mesma resposta uma asserção de que "o MP não só tem de ser autónomo, como tem a obrigação legal e ética de investigar tudo o que possa levantar suspeitas", o que é uma afirmação de fé e princípio de acordo com a actual Constituição e legalidade democrática. Porém, logo a seguir desfaz-se na contradição ao dizer que o que "tem estado errado é a forma como o faz e, muitas vezes, o fraco conhecimento que os investigadores revelam sobre as matérias em causa."
Ou seja, autonomia, sim, sem dúvida! No entanto, como factores de acusação ao MP elenca a falta de discrição, a incompetência e as violações de segredo de justiça...o que significa afinal que por causa disso, estaria disposto a trocar a tal autonomia de que se assegura defensor, por uma inversão completa de tal estatuto, através do controlo político do MP!
O que dizer disto?! Valeria a pena ouvir Rui Rio para se lhe permitirem tais atoardas, com chamada de primeira página para a principal, a "evidente" necessidade da actual PGR se demitir?
O JN vai acabar? Provavelmente...porque estes fretes normalmente reflectem o velho adagio, de que Roma não paga a traidores. Neste caso, do jornalismo.
Por causa deste tipo de jornalismo e deste género de políticos chegamos a isto: à pobreza progressiva...
Uns e outros, conluiados nos interesses, bem podem limpar as mãos à parede.
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