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quarta-feira, junho 26, 2024

Prognose póstuma da corrupção

Certos media e jornalistas em Portugal andam há décadas a denunciar a corrupção existente em Portugal e o modo como é tratada a entidade que tem o dever legal e estatutário de a combater do ponto de vista criminal, ou seja, o Ministério Público. Os últimos desenvolvimentos estão à vista nestes dias...com um manifesto de 50 agravados mais uns tantos que também se sentem agravados- e muito...

Estes dois artigos de Eduardo Dâmaso no Público e do tempo do ano 2001 em que António Guterres saiu do governo anunciando o pântano em que o país se encontrava:




Passado nem sequer meia dúzia de anos, em 7 de Setembro de 2006, o antigo ministro de Guterres, João Cravinho deu uma entrevista à Visão em que afirmava claramente que Portugal continuava sem uma luta contra a corrupção. E uma das medidas que propunha era legislação para uma "administração aberta, para acabar com uma cultura em que tudo é confidencial e secreto". E mais: a corrupção era uma questão de sistema, impossível de erradicar mas possível de controlar muito melhor. 
Era então primeiro-ministro José Sócrates...

João Cravinho no Público de 5 de Novembro de 2006 voltou a carregar na ferida, num encontro encontro político-partidário...


Depois disto a Wikipedia escreve assim:

Em 2006, enquanto deputado socialista, criou um plano de anticorrupção que consistia em colocar sob suspeita uma pessoa cujas declarações de rendimentos não correspondessem ao seu real património. Esta proposta foi rejeitada pelos deputados socialistas no parlamento. Pouco depois Cravinho demitiu-se da Assembleia da República e foi para Inglaterra, onde foi nomeado administrador do Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento pelo governo português liderado por José Sócrates.

Passados uns anos, em Novembro de 2014, José Sócrates foi preso ao regressar de Paris, onde se encontrava a preparar uma tese que apresentou em livro escrito com o seu nome...e onde tinha em preparação um apartamento de alguns milhões de euros que diz pertencerem a um amigo, Carlos Santos Silva que lhos emprestava, quase a exigências daquele, e sem pedir contas de espécie alguma, nunca. As escutas telefónicas, mormente da mulher do dito amigo são tão reveladoras que até doem por revelarem a verdade: o dinheiro não era do marido e antes de quem se indiciou ser um mercadejador de fretes políticos a supostos amigos de poder financeiro e negocial. 

Por esses indícios e outros ainda mais graves sucedeu isto:

 

Depois disto foi o carnaval jurídico-político a que se tem assistido e que dura desde essa altura, há quase dez anos, com recursos atrás de recursos, incidentes atrás de incidentes processuais e atrasos que a Justiça não consegue resolver porque tal depende do poder legislativo. E o PS continuou a ser maioritário durante anos a fio...António Costa que foi braço direito daquele no governo, tornou-se primeiro-ministro e foi o que se viu. Os media continuaram quase iguais. A diferença é que defendem ainda mais acirradamente o poder socialista que esteve. 

Com a operação influencer, o caso não muda muito de figura porque o assunto é quase o mesmo: corrupção de membros da classe política, no caso, o PS.

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