Sol:
A mensagem tem sido repetida pelos chefes de missão da troika a cada reunião que se sucede: o programa está a ser bem executado, mas... «o Governo está a falhar na comunicação». Assim, preto no branco. E dito ao próprio primeiro-ministro e ao ministro das Finanças: «É preciso explicar, explicar, explicar».
Realmente é espantoso como a falta de explicação de medidas gravosas para todos tem sido um denominador comum à acção do Governo, estupidamente negligenciada e chico-espertamente aproveitada por todas as oposições, particularmente a de uma certa esquerda fossilizada que nada explica mas tudo simplifica ao "mudar de políticas" e ao "que se lixe a troika".
As declarações avulsas de certos comentadores oficializados, como António Borges ou Eduardo Catroga, por vezes reveladoras de um senso comum que devia ser exactamente isso- comum- passam a bizarrias de linguagem "neo-liberal" ou pior ainda, de "insensibilidade social".
Quando um comentador oficial ou oficializado da banda do Governo pretende passar uma mensagem, deve fazê-lo de modo claro mas completo e de modo a que toda a gente entenda o que pretendem e porque o pretendem.
Ao ouvir e ver certos membros do governo, a aparecer depois das medidas tomadas, parece que têm vergonha dessas opções políticas e das medidas duras que tomam em nome de todos.
Porque é que se tomam medidas que se assemelham a opções neo-liberais- e algumas são-no- não as assumem e explicam porque acreditam nessas medidas e não noutras?
Saberão fazê-lo? Duvido sempre que ouço o "pequeno génio" do PSD, com apelido Silva e que aparece todo aparado a comentar e moreirar com a gravitas necessária ao encobrimento das dificuldades, as opções políticas do governo. Duvido sempre que não vejo seja quem for a comunicar devidamente tais opções e o palco mediático fica todo, mas mesmo todo preenchido pelos grandoleiros, comunistas, syrizas e farsantes de todo o tipo, como os ressabiados do próprio partido que foram da extrema-esquerda, viraram supostamente social-democratas, foram em tempos liberais e agora regressam ao passado intelectual que nunca abandonaram: a irrelevância teórica em confronto com a praxis que nunca explicaram.
A troika não comunica e o governo faz de conta.
Quem assume o papel de explicar em modo simples o que é o comunismo, o que são os bloquistas e o que pretendem; o que querem os socialistas e afinal o que pretendem mesmo estes que agora governam?
Pelos media não chegamos lá porque estão infestados de pessoas que não sabem ser jornalistas mas sim e apenas jornaleiros de causas perdidas.
Se Sócrates era um palanque ambulante, a comunicação deste governo continua em greve. Se depender do governo, o seu destino será ser consumido no fogo lento das indignações públicas, avisa o estridente silêncio de Passos que terá de compreender que prudência não é incompatível com comunicação e que quem não dá um pio acaba por morrer de incompreensão.
ResponderEliminarVotei PSD, José, que fique claro! Mas nunca vi um governo tão impreparado para governar como este! Não é só a estratégia de comunicação que não existe! É toda a governação que não produziu, pelo menos até agora, nenhum dos resultados que proclamou terem de ser atingidos. Em qualquer outro sector da vida pública esta ineficácia teria consequências. Mas em Portugal não! Aliás, só o facto de ser um governo de direita permite "defesas oficiosas" como a que acabo de ler. Fosse um governo do PS ou outro qualquer e outra música cantaria aqui no Porta da Loja.
ResponderEliminarestá a correr bem?! (só me apetece comentar com uma série de palavrões)
ResponderEliminaro post é irónico e eu não interpretei bem?!! o problem é de comunicação?
taxas de desemprego de 17% oficiais. (desemprego real é muito superior! e mesmo com emigração a niveis historicos!). Isto é um problema de comunicação?! Mas andamos a viver em que mundo?!
Pode estar a correr bem para os bancos e para os credores...
A única pergunta a fazer, neste contexto, é esta:
ResponderEliminarAlguém faria melhor que isto que temos?
Não defendo este governo ou qualquer outro à outrance.
O outro governo de Sócrates nunca defendi porque desde o início que soube o que era: um logro, um embuste, um rol de mentiras graves. Uma incompetência mascarada de dinamismo.
Este governo não será muito bom porque é o que é. Seria o de um Paulo Rangel melhor que este? Duvido.
Por isso continuo a dar o benefício da dúvida como dei ao de Guterres, por exemplo e durante algum tempo.
o problema não está no governo nem na 'falta' de comunicação
ResponderEliminarmas
no excesso de inimigos dos contribuintes que começam nas tvs e terminam na rua
o resto é conversa fiada
num país falido onde os 'teudos e mantenudos' não querem perder privilégios
na comunicação socialista os pobres não têm voz
por isso o país não vale 'unum bombum'
José,
ResponderEliminardesculpe mas há muitas outras questões a colocar. M
A primeira delas é se a actuação deste governo está minimamente de acordo com o que foi delineado na campanha eleitoral e que resultou na actual maioria absoluta. Ou seja, as promessas eleitorais e o programa de governo que obtiveram maioria absoluta estão a ser minimamente respeitados ou pelo contrario forma completamente esquecidos assim que o governo assumiu os cargo? POsto doutra forma, a maioria dos eletores votaram nestas opções politicas? ou foram completamente enganados pois o que lhes foi prometido antes das eleições foi completamente esquecido assim que a maioria foi obtida?
Pelo menos da parte do CDS o suposto partido defensor dos contribuintes penso que o programa eleitoral foi completamente esquecido.
Enfim, esquecendo os pruridos democraticos e passando a uma análise da situação,
ResponderEliminarIsto do meu ponto de vista, que obviamente pode sempre ser deturpado devido à falta de qualidade da informação jornalística e portugal...
Pontos em que o governo teve actuação positiva:
- descida muito sgnificativa do preço dos medicamentos;
- justiça (por agora parece-me que a nomeação da procuradora geral terá sido uma escolha acertada e que a alterações legislativas feitas pela actual ministra poderão ter efeitos positivos nos procedimentos delatórios, (prescrições, etc) que impedem a real aplicação das leis em portugal)
Pontos negativos:
- aumento da carga fiscal (ex de erro crasso, aumento do IVa na restauração, a restauração é dos sectores de actividade com maior nível de valor acrescentado nacional, é totalmente enrgúmeno aumentar a taxação deste sector)
- nivel de desemprego
-.corte de despesa
- renegociação PPP
- regulação da actividade financeira
- privatizações
- transparência nas contratações publicas
Recordo-me de ter lido uma resposta de um diplomata de topo, anglofóno, já há mais de um ano, à pergunta sobre o que achava de Vitor Gaspar. Disse que era a pessoa certa para implementar decisões tomadas por outros. Hoje percebe-se bem o porquê da resposta : (i) pela incapacidade de Gaspar em prever seja o que for e (ii) pela sua lealdade ao diktat dos credores.
ResponderEliminarO busílis é que Vitor Gaspar faz parte de um governo eleito pelos portugueses, para, supostamente, meter na ordem as finanças da casa e governar em prol dos portugueses. Ora é manifesto que o país está bem pior hoje do que estava quando Gaspar foi empossado. Mas, mais uma vez, só ouvimos os "opinion makers" defenderem, em prol da estabilidade, que o governo deve chegar ao fim da legislatura. Eventualmente com Gaspar como ministro.
E mais, há uma coisa que as pessoas não querem entender, preferindo meter a cabeça na areia. Tem a ver com a fraude à lei: Um programa de governo é um "caderno de encargos". Isto significa que tem de haver uma vinculação temática da governação ao programa proposto a sufrágio. Para que os actos de governo estejam legitimados a priori e possam ser considerados legítimos a posteriori.
Aqui chegados ... só espero não o ver defender aqui a bondade dos cortes introduzidos pela LOE, por ex., nas pensões, designadamente por via da CES. Ou que, caso o TC não os deixe passar (inconstitucionalidade com f.o.g.) que as críticas não sejam dirigidas ao TC.
José, a grande tragédia de Portugal é esta, e para tal deixo esta anedota:
ResponderEliminar"Navegavam há meses e os marujos não tomavam banho nem trocavam de roupa. O que não era novidade na Marinha Mercante britânica, mas o navio fedia!
O Capitão chama o Imediato:
- Mr. Simpson, o navio fede, mande os homens trocarem de roupa!
Responde o Imediato:
- Aye, Aye, Sir, e parte para reunir os seus homens e diz:
- Sailors, o Capitão está se queixando do fedor a bordo e manda todos trocarem de roupa.
- David troque a camisa com John, John troque a sua com Peter, Peter troque a sua com Alfred, Alfred troque a sua com Jonathan ... e assim prosseguiu.
Quando todos tinham feito as devidas trocas, volta ao Capitão e diz:
- Sir, todos já trocaram de roupa.
O Capitão, visivelmente aliviado, manda prosseguir a viagem."
É mais ou menos isto que vai acontecer em Portugal nas próximas eleições, certo?
Próximas eleições?Para quê?Os alemães têm é que decidir-se e depressa...
ResponderEliminarQuando eles se decidirem vão ver a quantidade de reformas que serão feitas...
ResponderEliminarManuel de Castro:
ResponderEliminarVolto a repetir a questão que para mim é a única que interessa discutir para saber se este governo presta ou não presta:
Perante as nossas circunstâncias passadas poderia alguém fazer melhor?
É só isto que julgo que ninguém estará habilitado a dizer com certeza. E não é certamente a Esquerda que nos governou durante mais de uma década que vai dizer como deve ser agora.
Portanto, o que temos é um governo que tenta resolver um problema. O método até nem é inteiramente dele porque é de fora, da troika.
Haverá outro melhor?
Haverá quem saiba melhor ou os que afirmam apenas o fazem para obter o poder e nada mais?
O aumento do desemprego, a contracção da economia, a baixa dos rendimentos/salários, a diminuição dos apoios sociais... tudo estava previsto.
ResponderEliminarEra a consequência das medidas que importava tomar e que foram acordadas entre a Troika e o GOverno de Sócrates.
Mais 0,5 %, menos 0,5 %.
Ninguém previu que, após ano e meio de governação, o desemprego começasse a baixar, os salários a aumentar, a economia a crescer.
Por isso, não percebo por que se diz que a governação não produziu os resultados proclamados e que se têm de mudar as politicas.
Desde o início se disse e sabia que o choque iria ser forte nos primeiros tempos, com a necessidade de pôr as contas em dia, e que só depois, então, a economia começava a dar sinais de recuperação.
Como diz José, faltou, contudo - e falta - explicarem as medidas tomadas, a razão da sua necessidade, o que nos conduziu a este estado e os riscos que corremos efectivamente - o de uma bancarrota eminente, resultado de 6 anos de governação de um louco corrupto.
desde 57 que sou assíduo frequentador do Convento da Madre de Deus, actual Museu do Azulejo
ResponderEliminarna tarde de ontem revi um motivo médico do séc. xvi
alguém necessitado de 'alijar a carga' coloca as 4 no chão e de nalgas ao léu aguarda pacientemente a entrada da seringa no ânus.
posição em que o rectângulo aguarda a introdução do empréstimo da Troica
Eu não sei do que estavam à espera.
ResponderEliminarDá é para perceber que andou meio mundo enganado e agora que batemos no fundo, insistem que é mentira e que "a culpa é do governo".
Eles acreditam em milagres.
ResponderEliminarE, para ajudarem aos milagres temos manifs e greves todos os dias.
A alternativa é só essa. Ninguém conhece mais nenhuma.
Porque encasquetaram que este é "um governo de Direita" e a suposta "esquerda" (até o PS se mascara disso) faria os milagres em que insistem em acreditar.
Porque, na volta, como diz meio mundo que não quer ver- a culpa é da crise internacional e da finança.
O Governo é de Direita mas tem boas ideias de esquerda.Olhem lá se 170000 nacionalizações de imigrantes pobres que iriam ter que ir à vida mercê do fim da sua utilidade/legalidade não foi uma boa obra internacionalista.E baratinha...
ResponderEliminarAliás com as boas leis que temos aos indígenas só resta mesmo uma coisa:a escravatura fiscal.Porque um gajo licenciado ser rico se ganhar 1350 euros por mês quando um analfabeto africano ganha 1800 no Luxemburgo...
Depois esta rapaziada entregou tudo o que tinha preto e não era nosso mas continuam convencidos que têm ainda importância.Na maior parte das vezes "comprada".Não é assim que se defendem os interesses nacionais.Nem com sociologias avançadas.É com produção.Mas esta é reaccionária...porque todos têm que ir para advogado...
O Governo é de Direita mas tem boas ideias de esquerda.Olhem lá se 170000 nacionalizações de imigrantes pobres que iriam ter que ir à vida mercê do fim da sua utilidade/legalidade não foi uma boa obra internacionalista.E baratinha...
ResponderEliminarAliás com as boas leis que temos aos indígenas só resta mesmo uma coisa:a escravatura fiscal.Porque um gajo licenciado ser rico se ganhar 1350 euros por mês quando um analfabeto africano ganha 1800 no Luxemburgo...
Depois esta rapaziada entregou tudo o que tinha preto e não era nosso mas continuam convencidos que têm ainda importância.Na maior parte das vezes "comprada".Não é assim que se defendem os interesses nacionais.Nem com sociologias avançadas.É com produção.Mas esta é reaccionária...porque todos têm que ir para advogado...
José,
ResponderEliminarnão sei se outro qualquer governo conseguiria fazer melhor (ou pior) que este, porque essa possibilidade não chegou a ter lugar.
Não obstante, deixo-lhe um desafio, que é o de dizer, face ao Direito vigente e aos princípios estruturantes do sistema jurídico, se este governo tem andado bem ou mal. Acredito que como insigne jurista tenha uma perspectiva sobre o assunto ( e sobre algumas medidas que ainda podem ser travadas pelos tribunais). Ou será que a governação poderá ser aplaudida se atropelar princípios jurídicos fundamentais? Não é a conformidade com a lei parâmetro de avaliação da actuação de um governo? Será que todo o Direito se deve submeter ao dogma ultra-liberal da economia?
Mas que princípios jurídicos fundamentais se soubermos que um deles é precisamente o da salvaguarda da independência nacional ou o da ponderação entre interesses conflituantes?
ResponderEliminarSe as medidas que tem vindo a ser tomadas são inconstitucionais ( e algumas parecem ser) como não julgar também que serão inconstitucionais mas estarão justificadas em face da bancarrota iminente em que nos encontramos e que por isso podem justificar-se como medidas de força maior para evitar o mal maior?
Nesta perspectiva que a Constituição também consagra, não haverá atentados ao Estado de Direito...
Nós não somos uma economia ultra-liberal. E as medidas que tal parecem não o são. Os franceses actuais estão a tomá-las mas em menor grau...
ResponderEliminar“Mas que princípios jurídicos fundamentais se soubermos que um deles é precisamente o da salvaguarda da independência nacional…” [José]
ResponderEliminarNão estará a independência nacional em causa quando (boa parte d)as regras são ditadas pelos credores e a dependência desses credores aumenta todos os dias, uma vez que a dívida continua a crescer e a economia a definhar parecendo perpetuar o défice?
Que este governo é uma trampa está à vista. Que tem pouca margem de manobra é evidente. Que não tem uma ideia sequer do que é preciso fazer também parece claro. Que está cheio de gente duvidosa é óbvio. Descontadas as condições da conjuntura, por que diabo é tudo igual? Por uma simples razão. O poder democrático foi sequestrado há muito por organizações discretas e grupos de interesses, do CDS ao PS. De novo reafirmo que PC e BE não contam, excepto para a política das partes baixas. Nada de substancial separa sócrates, vara, loureiro, duarte lima, arnaut, pedro pinto, zorrinho, seguro, nuno magalhães, montenegros. São todos aquilo que sabemos, uns merdosos.
ResponderEliminarhajapachorra:
ResponderEliminarSubscrevo integralmente o que escreveu e por isso é que dou o benefício da dúvida a estes que lá estão agora. Por uma razão, além do mais: a alternativa é de fugir.
ResponderEliminar«««Alguém faria melhor que isto que temos?»»»
Não, não creio, José. Na propaganda, ninguém bate a esquerda,todos sabemos como elas e a propaganda sempre gostaram de andar juntas, hehehe...
De qualquer forma, penso que Passos, nesse particular, podia melhorar.
A "falha de comunicação" é o novo mantra para a incompetência.
ResponderEliminarTambém eu, há largos meses, pensei que a maior parte dos problemas era a incapacidade de explicar mas, hoje, estou mais do lado de que é impossível explicar o inexplicável.
-O Ministro das Finanças não acerta UMA previsão e, muitas das vezes, falha à grande! Se isto fosse o neo-liberalismo de mercado ele já não teria sido posto a correr?!
-O Relvas anda por aí, ainda, feliz e contente o que é, para mim, uma ofensa! O mistério de como ainda lá o têm há-se ser explicado um dia.
-Pensam em medidas mentecaptas, assumem-nas, voltam atrás e, pelo meio, o guru ainda chama idiotas a todos os portugueses (vide TSU).
Isto passou, há muito, a incompetência de comunicar.
Esta gente não estava e nem está impreparada!
E caso o grande papão que paira sobre este blog se venha a concretizar, qualquer coisa parecida com um novo PREC, já se sabe a quem agradecer.
Também subscrevo o último comentário do "hajapachorra". A questão que tentei colocar é a de saber se vale tudo na governação.
ResponderEliminarQuanto ao facto de saber se "alguém faria melhor", esse, como já repeti diversas vezes, é a minha maior preocupação e motivo que me impede de ir a manifs.
ResponderEliminarEu não vejo opção nenhuma...
Ou porque não a reconheço ou porque não há! E isso é muitíssimo perigoso, é a altura dos Estalines, Hitlers e Pol Pots desta vida.
Agora, o que me parece que muitos dos que passam por este blog não compreendem, eventualmente pela posição socio-económica que possam ocupar, é que já há muitos que sentem que nada têm a perder e quando este sentimento se arreigar de vez...bem, torna-se indiferente saber se alguém faria melhor ou não.
...e há que lembrar, com muita pena e algum embaraço meu, que por muitíssimo menos, o Sócrates foi mandado de vela.
Em casos destes socorramo-nos dos velhos ditados populares:
ResponderEliminarEm casa que não há pão, todos ralham e ninguém...tem razão.
e depois de ralharem entre si, às vezes dá chapada...
ResponderEliminare foi engraçado o Junker ter dito ontem (ou um dia antes disso) que ouve, ao longe, o rufar dos tambores de guerra.
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