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quarta-feira, abril 24, 2013

Como era Portugal em 24 de Abril de 1974?

Segundo alguns românticos da poesia concreta ( feita de areia politicamente movediça em vez de ideias inteligentes) seria assim, numa explicação fabulosa passada em epígrafe do video que as criancinhas de uma escola C+S aprenderam a soletrar, ensinadas pelos seus mestres ainda mais mentecaptos da memória dos acontecimentos históricos:

"Há muitos anos, (...) num país muito distante
vivia um povo infeliz e solitário, vergado
sob o peso de uma misteriosa tristeza.
(...)as pessoas(...)quando se encontravam umas com as outras, nos cafés, nos empregos, na rua, falavam baixo, como se alguma coisa, um segredo terrível, a amedrontasse"- António Manuel Pina ( sic), o Tesouro, Abril.

Assim, nessa perspectiva romantizada, escrita numa manhã de nevoeiro intelectual e ensinada às criancinhas da actualidade, Portugal era um pardieiro da dignidade humana e social. As criancinhas de então, as que têm boa memória, não se lembram desse pardieiro mas de outro lugar que não é ensinado nem mostrado pelos mentecaptos que perderam a memórica, às criancinhas automatizadas na robotização intelectual.

Portanto, o que era o Portugal do dia 24 de Abril de 1974? Seria o que mostram esses mentecaptos da memória? Não, não era de todo assim e não adianta assaltar a verdade capturando-a em artigos, livros e filmes que deturpam a realidade vivida em troca de uma propaganda inventada. A História é o que foi e não o que querem que tenha sido, falsificando os factos e acontecimentos.

Começando pela Liberdade, ideia básica e fundamental dos que palram de cor sobre esse dia e propagandeiam a Liberdade como conquista de Abril, perguntar-se-á: havia Liberdade em Portugal, em 24 de Abril de 1974? E seria essa Liberdade inferior à que se poderia experimentar noutros países semelhantes ao nosso, como a Espanha, Itália, França ou Alemanha ( estes dois países tinham lá centenas de milhar de portugueses emigrados)?

 A resposta simples é não. Portugal não tinha efectivamente o mesmo tipo de Liberdade. A resposta mais complexa, porém,  é diversa. Não havia plena liberdade de expressão pública nem de publicação de opinião porque havia Censura prévia dos media e repressão política e policial em caso de transgressão dessa norma legalmente estabelecida sobre a propaganda "subversiva" que todos sabiam o que era e o que significava.
Aqueles que sabem melhor tal coisa são exactamente aqueles que defendiam essa "ampla liberdade" para melhor a tolher a seguir. Exemplo concreto? A Censura que se estabeleceu logo a seguir ao 25 de Abril relativamente às ideias "fascistas" que ninguém sequer deficiu com rigor e exactidão e ficava por isso à mercê da opinião arbitátria dos novos censores como Saramago e outros comunistas que se julgavam plenamente legitimados a tal tarefa que antes criticavam a outros. A diferença substancial, porém, entre essas duas categorias de censores residia também noutra coisa muito simples: em 24 de Abril quem se atrevesse a infringir as regras sobre a noção de "ideias subversivas" poderia ser preso por tal uma vez que existia lei para isso. Depois, a prisão efectiva não era destino mas havia outra espécie de prisão: o saneamento político, a ostracização social e a repressão no emprego público em cargos de mando. Igualzinho ao 24 de Abril, só que mais sofisticado e bem mais perverso.
Melhor exemplo ainda: aqueles que clamavam pelas tais "amplas liberdades" são exactamente os mesmos que pretendiam para o nosso país, logo a seguir à ditadura do Estado Novo e do Estado Social, uma ditadura do proletariado, mesmo em versão aportuguesada que iria dar ao mesmo. O que esses mesmos pretendiam para Portugal era então experimentado na Alemanha de Leste, na Hungria até ( embora tal fosse modelo e evitar porque demasiado burguês...) e na Polónia. Uma Liberdade dessas seria uma ditadura mais feroz e implacável do que jamais foi a de Salazar ou de Caetano. Isto que é uma verdade que grita evidências nunca é dita publicamente nos media nacionais nem os próceres actuais da Esquerda comunista são confrontados com ela e com a contradição em que permanentemente evoluem.

Sobre a Censura haveria muito a dizer, relativizando tal actividade em comparação com outros países, mormente os Estados Unidos que ninguém se atreveria a qualificar de regime ditatorial, mesmo com Nixon no poder: a censura lá era real e efectiva em determinadas áreas. Por exemplo, na música popular, Frank Zappa foi várias vezes censurado e perseguido comercialmente pelo que exprimia por escrito, tendo sido proibido de escrever algumas coisas e tal nos anos setenta. Censura também existia na velha Inglaterra com livros, discos e filmes que não eram autorizados a passar nos media públicos, como a BBC e tal perdura até aos nossos dias, sendo uma Censura pura e simples. Na França idem aspas.
A diferença entre a "nossa" Censura e aquela residia também noutra ideia simples: a "nossa" era mais "hard" e efectiva porque o regime se empenhava seriamente em reprimir as tais "ideias subversivas" de índole comunista, socialista ou anarquista.
O regime tentava a coerência de princípios que Marcelo Caetano explicava em termos simples em 1973, nos discursos oficiais, por exemplo neste, no encerramento do I Congresso da ANP em Tomar ou noutro de 24 Junho do mesmo ano, em Aveiro:


O discurso de Marcello Caetano sobre a Liberdade assume interesse ainda hoje porque revela o que pensava o então chefe de Governo, esquecido e vilipendiado pelos "progressistas" recicladores da memórica mentecapta.


O discurso de Marcello Caetano não tem sido reproduzido em lado algum dos media nacionais que têm dedicado toda a atenção a Salazar, morto politicamente cinco anos antes. Cinco anos é muito tempo e apesar de o regime ser essencialmente o mesmo, as modificações no capítulo das tais Liberdades foram grandes e permitiam julgar que Portugal viria a ser em breve um país igual aos outros nessa matéria. Tal seria inevitável e Marcello Caetano sabia perfeitamente que era assim.
Porque é que esta História não se conta e se prefere a fantasia mentecapta da memória alterada?

Por uma razão simples de entender: quem se apoderou do discurso oficial e passou a designar os fenómenos sociais e acontecimentos de relevo, incluindo o nome da própria Revolução que passou a ser "dos cravos", foram os esquerdistas comunistas, essencialmente. Ainda hoje dominam essa linguagem que passou a ser a nova "língua de pau" como dizem os franceses para explicarem estas coisas. A "cassete" ( palavra igualmente francesa) é o meio de expressão preferido dos comunistas que gravam o discurso conveniente e o repetem até à exaustão dos media que tal acolhem acriticamente desde sempre.

Será por isso inteiramente legítimo que se questione publicamente e até no Parlamento sobre o valor pessoal e institucional de uma figura política como Álvaro Cunhal que seria um ditador da pior espécie ( mesmo militar) se o PCP tivesse tomado o poder em 1975 como esteve quase para acontecer em Portugal.
A comemoração do centenário de Cunhal, nas escolas públicas nacionais é uma vergonha e um escândalo obsceno porque a ditadura de Cunhal seria sempre bem mais grave e perversa do que aquela jamais o foi.
E isto sabem-no bem os responsáveis deste país.
Então porque contemporizam com esta farsa?Cunhal é herói de quê, exactamente? Da Liberdade?

Deixem-me rir.




19 comentários:

  1. A ditadura do proletariado elevada a milagre de Fátima pelos "intelectuais" mantidos na linha pelos controleiros do pensamento único.
    Não foi para isso certamente que foi feito o 25.Nem para isso nem para entregar tudo o que tinha preto e não era nosso da maneira vergonhosa que o fizeram.
    Nem foi para agora nos andarem a colonizar com os antigos colonizados sem reciprocidades de espécie nenhuma.Escravizando o Povo Português.
    Como diria o outro sei do que falo

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  2. amanhã é DIA DE LUTO PESADO
    não como nem esta democracia nem esta liberdade (DEIXEM-ME RIR ENQUANTO É GRATUITO)

    queriam comer e não pagar a factura?
    ah ah! segurem-se que vem lixo

    tinha 43 anos quando chegou são barreirinhas e o seu acólito boxexas.

    falidos 3 vezes pelo socialismo não há futuro à vista

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  3. E mais outra escola secundária comemora oficialmente o centenário de Cunhal:

    http://alvarocunhal.pcp.pt/agenda/sess%C3%A3o-sobre-%C3%A1lvaro-cunhal-2

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  4. A 2 de Maio comparece na escola secundária de Sever do Vouga um elemento do comité central do PCP para falar aos alunos sobre Álvaro Cunhal

    http://alvarocunhal.pcp.pt/agenda/palestra-sobre-%C3%A1lvaro-cunhal

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  5. Na escola secundária Marquês de Pombal, as comemorações do centenário de Cunhal decorreram ontem.
    Para falar aos alunos foi convidado um dirigente nacional da Juventude do PCP:

    http://alvarocunhal.pcp.pt/agenda/sess%C3%A3o-sobre-%C3%A1lvaro-cunhal-0

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  6. No liceu Camões ontem também foi dia de comemorar Álvaro Cunhal. Convidados para falar sobre Cunhal foram um elemento do comité central do PCP e o reitor da Universidade de Lisboa

    http://alvarocunhal.pcp.pt/agenda/debate-%C2%ABensino-para-democracia-democracia-para-o-ensino%C2%BB

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  7. Video produzido pelo Liceu Camões.

    Uma aluna da escola entrevista um membro do comité central do PCP sobre
    Álvaro Cunhal:

    http://www.youtube.com/watch?v=zbGQ_HrvTCw

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  8. Apresentação das comemorações do centenário de Cunhal relativas ao distrito de Évora. É sintomático que o dirigente do PCP que inicia a apresentação comece por dizer que
    as comemorações são organizadas pelo partido e imediatamente a seguir fale nas escolas, antes de tudo o resto.

    http://www.youtube.com/watch?v=baYayVoDYbA

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  9. Ó Sílvia isso tudo é demasiado de uma vez só para quem estava a leste.

    Como será ser-se uma pessoa normal a dar aulas numa escola dessas, com esta política infiltrada lá dentro?

    Há-de ser como eles contam que era na "execrável ditadura"- a Mocidade Portuguesa, os retratos do Salazar e o crucifixo.

    Eles juram que as pessoas ficaram imbecis por olharem para crucifixos e retratos do Salazar.

    Como será que acham que ficaram eles e como vão ficar aquelas crianças a quem fazem estas boas destas "lavagens democráticas"?

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  10. Mais importante: parabéns josé. O josé é o único.

    O que torna o seu trabalho maior e tudo o resto ainda mais dramático.

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  11. O deputado José Soeiro, do Bloco de Esquerda,

    http://www.tvi.iol.pt/multimedia/oratvi/multimedia/imagem/id/13823204/800x600

    "educando" para a sexualidade alunos e professores, durante uma tournee por algumas escolas secundárias portuguesas:


    http://vozdoseven2.blogs.sapo.pt/148031.html

    http://www.bloco.org/content/view/827/1/

    http://antigo.esquerda.net/content/view/6428/27/

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  12. Quanto a estes

    http://sphotos-a.xx.fbcdn.net/hphotos-ash3/p480x480/552829_278656045604039_1847364589_n.jpg

    http://sosracis.wordpress.com/2012/05/25/discriminacao-sob-o-olhar-de-prof-hugo-monteiro/


    até estão representados oficialmente no Conselho Nacional de Educação:

    http://www.cnedu.pt/index.php?lang=pt


    http://movimentoescolapublica.blogspot.pt/2009/08/um-abraco-de-despedida-joao-antunes.html

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  13. Como é que é possível tratar-se Cunhal como se fosse um herói nacional?

    Estou espantado.

    Desconhecia isto.

    Mas que é que se passa nas escolas?
    Agora não há agrupamentos, não há um director que manda naquilo tudo?

    Ou será que os comunas tomaram de assalto as direcções dos agrupamentos?

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  14. Não deve faltar muito para criarem a Fundação Álvaro Cunhal.
    Com dinheiros dos contribuintes, pois está claro.

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  15. As directoras é que mandam fazer isto.

    Eu também fiquei espantada mas já tinha tido a percepção que me escondiam muita coisa.

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  16. Entrevista ao Avante do professor José Manuel Vargas

    http://www.avante.pt/pt/1730/pcp/17989/


    "Levar o Partido Para as Escolas

    José Manuel Vargas - Há uma linha de trabalho importante e que vamos prosseguir que é a acção dos professores comunistas junto dos outros professores."

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  17. "Assim, o Agrupamento de Escolas Dr. Manuel Fernandes e a Associação Cultural Palha de Abrantes têm o prazer de informar que em abril, contamos com a presença do professor doutor Manuel Carvalho da Silva.
    Tal como no ano passado, as conferências são moderadas por alunos do ensino secundário"

    http://www.esmf.pt/imagens/homepage/conviteweb_azul_1as_conferencias_texto_abril2013_X4_adiamento.jpg


    http://www.esmf.pt/

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  18. http://estadosentido.blogs.sapo.pt/2736344.html

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  19. Também tinha um amigo que usava gravata preta no 25 de Abril, era adolescente e a sua família tinha sido uma das priveligiadas do pré 25.04 porque, contrariamente ao que se lê por aqui, também as havia.

    Não deixa, também, de ser engraçado que a dinastia Espírito Santo tenha nascido bem dentro da época pré 25.04.

    O que se retira deste post de acertado, a meu ver, é que é, de facto, vergonhoso o elogio ao Álvaro Cunhal. Aqui a história foi branqueada...ele nunca lutou por democracia alguma.

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