É um facto: o prec iniciado escassos dias após o 25 de Abril de 1974, com a chegada de Álvaro Cunhal, fez-se contra "o maior português de sempre", Salazar, popularmente escolhido como tal, há uns anos.
Não obstante, nos meses que se seguiram a essa data, não se falou ou escreveu muito sobre Salazar e o regime do Estado Novo. Falou-se logo de Humberto Delgado e do mistério da sua morte, da PIDE, das prisões, da repressão política, mas de Salazar, propriamente, não.
Só dois anos depois, no O Jornal começaram a aparecer alguns artigos sobre o "fascismo" de Salazar, sempre reportado aos anos trinta e alguns da autoria de um tal João Medina, como este de 9 de Janeiro de 1976:
De resto, foi em 1976 que o intelectual Eduardo Lourenço publicou a sua magnum opus - O Fascismo nunca existiu- dando corpo à ideia feita e comunista sobre a natureza fascista do regime de Salazar que assumiu desde então a substância definitiva das ideias feitas. A partir daí, mais ninguém duvidou da certeza epistemológica sem paralelo. Quem de tal duvidar, é fascista pela certa ou para lá caminha pela direita reaccionária...
Para demonstrar a natureza inquestionável do fascismo de Salazar, bastaria mostrar a imagem decapitada do mesmo, num largo de Santa Comba Dão, obra de democratas em Fevereiro de 1975 e que em 1978, no O Jornal ainda era motivo de discussão pública. Um leitor do semanário alvitrava mesmo que tal estátua ficaria melhor de corpo inteiro, no...Tarrafal. Na redacção devem ter-se rido muito com a boutade.
E quem é que nessa altura destoava deste clima amplamente democrático? Muito poucos e absolutamente escorraçados do convívio democrático avançado.
O jornal semanário A Rua era um dos que o fazia, num mar de informação esquerdista que ensurdecia completamente numa vozearia mediática o sumido sussurro só ouvido por quem escutava, reconhecendo o eco, tal como hoje.
A edição de 28 de Julho de 1977 é consagrada de algum modo a Salazar, por ocasião do sétimo aniversário da sua morte e o que se escreve sobre o mesmo desafinava totalmente do concerto même da esquerda preponderante.
O jornal era por isso mesmo um atentado à democracia avançada que não podia admitir fascistas no seu seio pluralista. Como tal era frequentemente vilipendiado e apodado de nazi, palavra rainha dos malefícios supremos, na medida em que fascista já o era sem margem para dúvidas.
Um jornal destes, hoje em dia, às tantas integraria com alguma facilidade o normativo constitucional que proibe organizações fascistas, pináculo mais alto da catedral legislativamente democrática. No entanto, a lucidez analítica do mesmo suscita agora algumas perplexidades pela estranha actualidade que representam.
ADITAMENTO em 19 4 14:
Afinal, consultando o O Jornal de 9 de Julho de 1976, num artigo de João Medina, conclui-se sem grandes margens para dúvidas que Salazar, afinal, nunca fora fascista. Que pena! E maior ainda porque apesar dessa realidade, o mito do fascismo do regime continuou e vicejou ainda mais nas décadas a seguir. A tal ponto que é agora assente que o regime foi fascista. Se até a Constituição o diz!
Em 29 de Julho de 1934 Salazar considerou em nota de imprensa publicamente divulgada que o movimento fascista de Rolão Preto era inimigo potencial e portanto subversivo. Rolão foi camtar para o estrangeiro, exilado e nunca mais teve sorte.
Salazar esse, ficou sempre com a fama que dava muito jeito aos estalinistas que nessa altura começavam os processos de Moscovo, com o sucesso e eficária que se sabe. Sabe? Em Portugal não sabe porque o PCP não quis que se soubesse.
Nem de propósito, o Salgado Zenha vai ter direito a estátua em Braga.
ResponderEliminarhttp://www.publico.pt/politica/noticia/maioria-de-direita-na-camara-de-braga-ergue-estatua-ao-socialista-salgado-zenha-1632732
o socialismo conduziu a uma nova sociedade baseada na
ResponderEliminar'dívida sistemática'
só conheço dois estados definitivos:
socialismo
cadáver
De facto, esta partidocracia, só admite partidos do sistema. Os outros são "democráticamente controlados" por uns censores, nas redações, apoiados por um jornalismo de merda, em jornais falidos.
ResponderEliminarSó gostava de saber, em quanto é que já custou, ao erário público, vulgo contribuínte, as indeminizações pagas aos propriétários das terras ocupadas pelos comunas, desde a tristemente " reforma agrária"
Eu queria era saber quanto é que estes partidos subvencionados já nos custaram ao longo de quarenta anos.
ResponderEliminarPor mim gostaria de saber quem foram os maiores mamões desses partidos.
ResponderEliminarDevem ser muitos.
José Domingos, pelo que li há umas semanas atrás, numa edição d'O Diabo, as contas vão em 368 milhões de euros, salvo erro. Isto porque há poucos meses houve mais umas indemnizações atribuídas por ordem dos tribunais europeus. Claro que os comunas fazem de conta que não é nada com eles e não têm culpa nenhuma na crise.
ResponderEliminarNos anos 30 a moda era o fascismo à italiana, agora é o homossexualismo universal que se inculca na juventude. É para o que as modas importadas dão...
ResponderEliminarTodavia João Medina não explica que a Acção Escolar de Vanguarda estiolou ràpidamente por falta de dotação orçamental; Salazar secou-a logo no ano seguinte. Enquadrou assim parte do nacional-sindicalismo para esvaziar o movimento (proto-partidário) e proibiu-o em seguida por se basear em modelo estrangeiro: o Fascismo, veja-se bem. -- Com a habilidade livrou-se dos agitadores fascistas, mormente do Rolão Preto -- Rolão Preto que Mário Soares condecorou pòstumamente, pelo seu «entranhado amor pela liberdade». Bastou o fulano ter-se oposto a Salazar para acabar canonizado...
A criação da Mocidade Portuguesa em 36 foi um arrumar a casa depois disto. E há sempre de se honestamente pôr em contexto histórico, nacional e internacional. A colagem do Estado Novo ao fascismo ensaiada pelo dr. João Medina no artigo, ao contrário de Salazar não é sequer habilidade, é intrujice de historiador de banha da cobra, não se a compare à acção histórica do estadista.
Rolão Preto foi condecorado por Soares?
ResponderEliminarMerece postal porque tenho duas páginas inteiras sobre o Rolão e Salazar, do mesmo Medina.
Ahahaha!
Churchill tinha admiração por Mussolini nessa mesma altura.
ResponderEliminarSalazar idem, porque até tinha um retrato na secretária e a revista Time mostrou-o para gáudio dos antifassistas.
Para estes há sempre o Pacto. O pacto que Estaline assinou com Hitler. É mortal.
Na realidade, para mim, esse pacto é mortal mas para os democratas.
ResponderEliminarEsses é que têm de explicar muito bem porque é que decidiram aliar-se com um contra o outro...
De resto concordo com o Bic, com um senão apenas: se o regime tivesse tolerado essa agitação, talvez tivesse vindo a ser útil mais tarde...