Este Mamede é a enésima reencarnação espiritual de um outro syriza avant la lettre: João Martins Pereira, o guru do BE e de Louçã em particular.
As lições de JMP sobre o capitalismo português são do nível do ISCTE, ou seja, a meu ver, e retomando as classificações das agéncias de "rating", lixo. É gente que quando era pequena caiu num caldeirão de doutrinas marxistas e ainda está embebida nessas tretas.
Retoma-se aqui um postal do ano passado, sobre o tema.
A primeira ideia, básica, persistente, inamovível, mítica e repetida ad libitum:
Salazar protegeu os grandes capitalistas, os “donos de Portugal”. Está escrito
preto no branco pardo do livro já citado, dos apaniguados do BE: “ O Estado da
ditadura escolhia, protegia e favorecia”
E apresentava dois exemplos do paradigma mitificado: a Siderurgia de
Champallimaud e o grupo CUF dos Mello, os dois “monopólios” estigmatizados
segundo a cartilha marxista destes inteligentes.
Quem analisou este estigma magno e purulento? João MartinsPereira, o único que estes teóricos do BE apresentam como mentor e cuja
capacidade intelectual é semelhante à de todos os analistas da cartilha
marxista..
João Martins Pereira, este génio incompreendido da primeira
bancarrota nacional e guru desta gente, cujos ensinamentos fantásticos, colhidos na
doutrina marxista-leninista-trotskista, moldaram a capacidade de raciocínio destas pessoas de
esquerda, sobre a realidade portuguesa, já foi por aqui citado algumas vezes.
Em 1974, após o PCP e a Esquerda com doença infantil ( toda
a extrema-esquerda, no entender do PCP por causa do livro de Lenine assim o ter
definido) terem percebido que o MFA estava com eles – daí o slogan mistificador
e aldrabão que assimila “povo” a comunistas por obra e graça do desenhador comunista
João Abel Manta- apareceu logo o tal João Martins Pereira, trânsfuga dos
capitalistas da CUF e da Siderurgia, onde trabalhou por conta dos patrões que o tinham acolhido como técnico de engenharia.
Primeiro em entrevistas extensas nas revistas da época, como
a Vida Mundial, onde dava o seu parecer sobre o capitalismo nacional. Depois,
no IV governo de Vasco Gonçalves e em parceria com João Cravinho, o bluff
nacional por excelência, que o escolheu para ajudante no governo.
Tanto um como o outro conheciam a realidade industrial
portuguesa, anterior a 1974 e nem isso os ensinou a terem juízo e a não desgraçarem
o país, como o fizeram. João Cravinho,
por várias vezes, a última das quais, também no governo de Guterres, com o
desmantelamento atabalhoado da JAE.
Quem aparecia nos media a contrariar esta onda esquerdista?
Pode procurar-se com uma candeia de Diógenes…porque é inútil.
Muitos dos que agora peroram estavam calados ou a defender
activa e publicamente estas aberrações,
como é o caso de Cravinho, devidamente premiado com sinecuras precisamente no
coração dos sistemas que criticava. E
por isso chegamos onde chegamos, sem sequer os ouvirmos a murmurar o mea culpa
ou a justificação plausível ou razoável para o estado de loucura que os
atingiu.
Fizeram a elipse temporal como se nada tivesse ocorrido. E
de vez em quando, como é natural, o pé foge-lhes para essa chinela que ainda
guardam no armário.
No
livro já citado sobre "Os burgueses" em meia dúzia de páginas
caracteriza-se o mal que vinha do "fascismo" aqui apelidada de
"ditadura", para se diferenciarem do PCP na análise marxista do devir
histórico. Esse mal é consubstanciado nas empresas, particularmente as
maiores e com elevadas potencialidades de criação de riqueza. Hoje, a
Autoeuropa é uma empresa alemã, das maiores do mundo e que curiosamente
não é alvo do mesmo tipo de crítica marxista destes próceres de um
trotskismo serôdio.
E lá aparece o tal João Martins Pereira citado avulsamente para justificar a tese peregrina: a "ditadura" protegia o capitalismo nacional porque dele dependia...
Em Outubro de 1974, na revista Vida Mundial o mesmo João Martins Pereira dava nas vistas a propósito da análise que fazia do "capitalismo português".
Em Outubro de 1974 não havia já ilusões sobre o que a Esquerda, incluindo o PS, pretendiam do país económico: tomal conta dele, em nome do "povo". Substituir-se aos industriais com vocação para tal e tomarem as rédeas do investimento, da produção económica e industrial, tirando àqueles o que lhes pertencia de pleno direito, nacionalizando-lhes as fábricas e bens, com base numa doutrina e concepção ideológica do Estado e do desenvolvimento económico consubstanciada no comunismo e socialismo.
João Martins Pereira é muito claro na entrevista: "Creio que, com poucas excepções, o 25 de Abril terá sido bem recebido ( ou, pelo menos, com benévola expectativa) pelos interesses capitalistas mais importantes. No dia 26 de Abril os grandes empresários não estariam propriamente em pânico. Mas nas semanas que se seguiram, no mês de Maio, a explosão popular, as lutas que se desencadearam imediatamente, o aparecimento de forças políticas até aí clandestinas que as pessoas não estava habituadas a olhar cara a cara, tudo isso fez de Maio um mês psicologicamente difícil para os detentores do capital".
Ou seja, o PREC começou em Maio de 1974.
Em Novembro de 1974 o bluff João Cravinho, patrono daquele João Martins Pereira escrevia no Expresso o que iria ser o futuro da economia nacional: um roteiro para a bancarrota dali a dois anos.
Na mesma revista de 5 de Dezembro de 1974 as intenções desta Esquerda global tornaram-se mais claras. O mesmo João Martins Pereira questiona o empório do maior industrial da época, Champallimaud. Assim:
A argumentação deste génio do jornalismo económico de tendência marxista era deste género: "pode estimar-se que a Siderurgia Nacional deve valer hoje algo da ordem dos 5 milhões de contos, património de que são proprietários os senhores que nela investiram 874 mil contos! A taxa de lucro destes 874 mil contos terá sido superior a 15 por cento" (...)
A solução para este "roubo"? Viria dali a meses, em 11 de Março de 1975 e teve como protagonista João Martins Pereira e outros, muitos outros: Entre Março e Agosto de 1975 foi secretário de Estado da Indústria e Tecnologia do IV Governo Provisório, presidido por Vasco Gonçalves, no ministério da Indústria e Tecnologia, tutelado por João Cravinho 3 , e foi o autor da nacionalização das grandes empresas industriais: siderurgia, cimentos, estaleiros navais, química pesada, petroquímica e celuloses.
Contas por alto, o Estado, em 1975 controlava a maior parte da economia do país.
De repente, num espaço muito curto de alguns meses, o sonho da Esquerda comunista e socialista e daquele João Martins Pereira e próceres, em ter a economia colectivizada em modo de produção socialista, realizava-se.
Bastou para tanto que aos políticos de esquerda socialista e comunista que tomaram o poder em 1974-75 se juntassem os militares do MFA e tal aconteceu durante o PREC.
Assim, a par dos governantes havia ainda o famigerado MFA da esquerda militar que tutelava o país desde o 25 de Abril de 1974. Uma das figuras de proa destes bravos era Melo Antunes, tido como o intelectual deles todos juntos e atados em molho, com o Vasco Lourenço a abanar as patilhas.
Melo Antunes era em 1975 uma carta num baralho com vários naipes. Tinha um trunfo que era o controlo ideológico de uma certa parte do MFA, os "moderados" apoiados activamente pelo O Jornal. Melo Antunes publicou então um documento chamado "dos nove", no qual clamava por soluções já ultrapassadas na dinâmica revolucionária da época.
Marcello Caetano, sobre esse "documento dos nove" foi muito sucinto: o PCP e os doentes infantis engoliram-no de um trago, como um cálix de vodca...
Ainda assim, em 1992, ao Público de 14 de Dezembro continuava a reafirmar a sua fé inabalável na economia estatizada das nacionalizações...
Quem deixou estes cretinos cometerem este crime de lesa-pátria como poucos outros terão acontecido na História de Portugal? Ora, ora...a resposta está no vento.
Certo, certo é que a partir dessas nacionalizações em massa, o Estado ficou apetrechado para prosseguir todas as tarefas utópicas a que se prometeram aqueles génios. Tinha então todos os instrumentos para alcançar o socialismo económico. Só lhe faltava uma coisa.
Veremos a seguir o que foi.
Só lhes faltava a Constituição de 76! Que é todo um programa, tendo a sua feitura e promulgação sido um exemplo de democraticidade às avessas!
ResponderEliminarNem os deputados da Constituinte puderam votar! Pelo menos a de 33 foi plebiscitada sem medo!
dizia o Almirante Cândido dos Reis
ResponderEliminar'quando há revolução em Portugal
metade aceita
o resto borra-se'
o centro e a direita borraram-se de medo e ainda apresentam sequelas
o picnic cão-tinua
a maioria do rectângulo deseja
mollia imperia
Boa José.
ResponderEliminarEstes de agora até conseguem ser cópia de segunda dos mentores.
eehhe José, a coisa salgou-se
ResponderEliminarO agora ser pior não justifica a protecção de meia dúzia para serem "os capitalistas".
ResponderEliminarEra manipulado e aquilo a que se chama escolher os vencedores.
É justo perguntar se temos dimensão para capitalistas de geração natural mas isso é uma outra questão.
Excelente resenha!
ResponderEliminarO iluminadíssimo intelectual abrilino, Major Melo Antunes, vomitou esta excelsa sapiência...:
Qualificou a descolonização como: "O maior feito dos portugueses desde as descobertas" . . .
E o que o prec de esquerda não sabotou agora(desde 2011)o prec psd-cds(não consigo definir ideológicamente,talvez seja bildeberguismo com a benção nos jerónimos)e a troika,ao abrigo dos tratados da UE,está a dar cabo do resto.Alguns chamam-lhe dialética hegeliana,ou seja todos os partidos(esquerda e direita,dentro do sistema demo-parlamentar)jogam o jogo da sabotagem nacional enquanto o povo e o país aguenta aguenta...até ver.
ResponderEliminarTalvez seja 44 & 45
ResponderEliminarUm adocicado, o outro a dar para o mais salgado.
Chamam-lhe estupidez democrática.