Segundo se anuncia, há branqueamento em curso da antiga organização terrorista, perdão, revolucionária, LUAR, de que faziam parte Palma Inácio e Camilo Mortágua, entre muitos e muitos outros.
O dinheiro roubado ao banco de Portugal afinal foi apenas uma singela "recuperação de fundos" por alguém que nada tinha lá posto...mas enfim, é essa a historieta que esta esquerda pretende agora retomar e voltar a contar, usando outra expressão ainda mais interessante e moderna: "autofinanciamento". Tal e qual.
A LUAR foi uma organização política de cariz revolucionário e de extrema-esquerda. O primeiro congresso ocorreu em Março de 1975 e foi assim relatado pela Flama, dessa época:
Lá estavam Palma Inácio e Camilo Mortágua, os piratas revolucionários do combate ao fassismo.
Veja-se também quem lá estava...a nata dos cantores revolucionários da época.
Em 23.11.1974, Palma Inácio tinha explicado como ocorreu o assalto ao banco de Portugal na Figueira da Foz e como tinha sido repartido o dinheiro, muito menos que os 30 mil contos roubados, porque a maior parte das notas estava por estrear e os inteligentes ficaram sem a maquia. Sobrou pouco mais de 6 mil contos de fundos recuperados, ou como agora se diz, autofinanciamento.
A versão actual que agora se pretende impor ao senso comum é contemporânea de outra declaração daquele pirata Mortágua acerca das intenções da LUAR, para o futuro e se tal se proporcionasse...
O referido Camilo Mortágua na altura não se coibia de afirmar perante milhares de testemunhas:
" Se as condições o exigirem, se o contexto actual se modificar, estamos dispostos a repetir de novo a recuperação de fundos para que sejam os capitalistas a financiar o esforço da revolução operária neste país", ou seja, os assaltos a bancos, como ocorreram dali a pouco tempo...com outro tipo de associação de benemerência revolucionária: as FP25.
A filha do pirata não defende outra coisa, com outros meios, mais democráticos e mais suaves na linguagem: apanhar aos ricos o que eles amealharam, para o mesmíssimo efeito: distribuir pelos necessitados que segundo o Costa, primeiro-ministro são aqueles a quem se deve dar o que se retira aos que têm alguma coisa. "A cada um segundo as suas necessidades; de cada um segundo as suas capacidades", Marx dixit, Costa repetix.
Na assistência, em Novembro de 1974, os artistas de sempre: José
Afonso, Sérgio Godinho, Carlos Alberto Moniz, Vitorino, Francisco
Fanhais e outros que tais. Os mesmos que anos mais tarde juravam por
tudo o que lhes era sagrado que aquela gente estava toda "inocente", das mortes das FP25.
A LUAR, nessa altura já era...
Em data posterior o aludido pirata Palma andou em bolandas pelos tribunais por causa da difamação a Emídio Guerreiro e lá reconheceu que afinal o velho revolucionário que chefiou o PPD era um herói da democracia.
O Público contou a história em 1999...
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sexta-feira, setembro 30, 2016
O filho de Marcello Caetano fala sobre o pai
Vale a pena ler esta entrevista de Miguel Caetano, no Observador. Aqui se colocam algumas passagens que me interessaram particularmente:
Obs- Pedro Feytor Pinto, diretor de Informação de Marcello
Caetano, disse-me que o seu pai, se fosse um animal, seria uma águia. E depois
fez a afirmação que deu título à entrevista: «Marcello era muito mais às
direitas do que Salazar». Quer comentar?
Miguel Caetano- Podia ser tanta coisa, podia ser uma águia, podia ser um
leão… Dizer que era mais à direita que Salazar, era preciso conhecer o
pensamento de Salazar. Agora, Salazar era muito mais conservador que o meu pai
e isso viu-se quando o meu pai foi ministro da Presidência, era muito mais
viajado, conhecia a Europa, África, quando falava das coisas não falava de cor.
Era um homem preparado, professor de Direito muito considerado em Portugal e no
estrangeiro, e isso dava-lhe outra visão, tinha outra abertura ao mundo. Mas tinha,
ou talvez por isso, por ser professor, um espírito pedagógico permanente e isso
criou nele uma tendência de ver quase todos como alunos, não aceitava bem que
lhe dissessem o que fazer. Era um homem de convicções, mas procurava
compreender as transformações que se iam passando no mundo. O facto de
compreender não queria dizer que concordasse.
(…)
Obs- Falavam de política em casa?
Miguel Caetano- Em política, nesse sentido, não. O meu pai não trazia para
casa questões políticas, mas dizia o que pensava sobre as coisas. Ouvíamo-lo
falar com várias pessoas e sabíamos a opinião que tinha. Mas não havia
doutrinação política lá em casa. Havia valores, isso sim. A sua profunda
formação cristã levava-o a falar-nos do corporativismo como uma doutrina
assente nas Encíclicas e na tradição portuguesa das corporações medievais.
Durante a guerra, a de 39-45, que acabou quando eu fiz dez anos, sempre o ouvi
defender os nossos aliados históricos, os ingleses.
(…)
Obs- Quando é que percebeu que defendia ideias diferentes das do
seu pai?
Miguel Caetano- Não havia propriamente um confronto de ideias, e houve
vários períodos da minha actividade que coincidiram com o tempo em que o meu pai
não estava na política e em 68 até houve uma aproximação. Mas eu era parte de
uma geração que entendeu sempre que era possível fazer melhor. Não escolhemos
fazer uma revolução, mas apostámos que a transformação de Portugal passava por
agarrar todas as oportunidades de fazer coisas novas, de encontrar novos
caminhos, que nos conduzissem a ser um país mais moderno, através de mais
criação de riqueza e da sua melhor distribuição.
Obs- Quando começa a afastar-se?
Miguel Caetano- A partir da eleição do presidente da República, em 1972. Na
primeira fase ele está interessadíssimo em saber o que o meu grupo quer,
falamos muito sobre o assunto.
Obs- E o que queria o seu grupo?
Miguel Caetano- Houve uma transformação de movimentos ligados à igreja, com
percursos diferentes. O meu grupo convenceu-se que era possível e desejável
transformar a sociedade portuguesa pelo desenvolvimento económico, pelos
movimentos cívicos, pelas cooperativas e envolvemo-nos nisso. Evidente que na
minha idade eu achava que se não fosse por esse caminho, não havia caminho.
Agora, quem é que teve razão? Lá que não houve caminho, não houve, mas também
não sabemos se pela dinâmica que propúnhamos íamos lá. O problema foi a
descolonização, tudo o resto teria sido resolvido, mas sem a guerra colonial.
Nós também não tínhamos solução para a guerra colonial. E aí dá-se um impasse:
o meu pai achava que tinha de fechar a torneira, nós achávamos que fechando a
torneira não se ia a lado nenhum.
(…)
Obs-Como era a sua relação com o Partido Comunista?
Miguel Caetano- Sempre colaborei com gente que sabia estar ligada ao Partido
Comunista, ou a outros partidos de inspiração marxista, desde que os objectivos
fossem comuns. Mas não tinha dúvidas sobre a concepção totalitária do Estado que
perfilhavam. E ainda hoje me espanto quando vejo, num Estado que perfilha o
modelo das democracias ocidentais, atribuir a Ordem da Liberdade a todos
aqueles que lutaram contra a ditadura do Estado Novo para a substituir por outro
modelo de ditadura. No entanto, sempre defendi que se devia caminhar para uma
democracia onde partidos comunistas tivessem o seu lugar, deixassem a
clandestinidade.
Obs- O 25 de Abril foi agridoce?
Miguel Caetano- O 25 de Abril foi um momento extremamente difícil e ambíguo.
A esperança de que fosse o início da construção duma sociedade mais justa, mais
livre, que não se podia transformar em alegria por significar simultaneamente a
derrota, a prisão e o exílio do meu Pai. Permitiu acabar com a guerra, com a
censura e com a polícia política. Descolonização exemplar não houve, nem sei se
podia haver, mas não conseguimos proteger minimamente os interesses dos
cidadãos portugueses. Penso que nos anos cinquenta, quando o meu pai foi
ministro da Presidência, deixou bem claras as suas opções quanto ao
desenvolvimento económico, a industrialização do país, a abertura à Europa.
Creio que se tivesse tido oportunidade teria tentado pôr em prática as soluções
que defendeu mais em privado para o nosso problema colonial: autonomia progressiva,
integração dos quadros locais de todas as raças e etnias no governo e na
administração, negociação ainda em contexto de paz.
(…)
Obs- Em que estado encontrou as empresas públicas?
Miguel Caetano- No final dos anos setenta, fui convidado para assessor do
secretário de Estado do Planeamento e uma das minhas missões era assegurar a
articulação do Instituto das Participações do Estado com a orgânica de
planeamento. Não tive contacto directo com as empresas que constituíam o
universo do IPE, mas o objectivo era pôr a casa em ordem. Entre 1980 e 1988,
envolvi-me em duas empresas com resultados bem diferentes nas negociações
financeiras. Encontrei um mundo de empresas descapitalizadas, dependentes da
banca nacionalizada, numa altura em que as taxas de inflação se situavam entre
os 20% e os 30% e os bancos cobravam juros na ordem dos 25% a 35%. Se
reorganizar uma empresa, fixar objectivos, definir funções e métodos de
trabalho, estava dentro das minhas competências, na gestão financeira eu era
inexperiente. Num dos casos, encontrei esquemas de empréstimos concedidos em
que o gestor do banco recebia uma comissão e vi o interesse desse mesmo gestor
bancário na realização de negócios que eram prejudiciais à empresa em questão.
Tentei, sem sucesso, apresentar a situação à administração do banco, que
recusou tomar conhecimento. No outro caso, pelo contrário, encontrei gestores
competentes e sérios, empenhados em colaborar na procura e concretização de
soluções que fossem do interesse de ambas as partes.
Obs-Parece que não mudou muita coisa na banca…
Miguel Caetano- É evidente que toda a banca foi sempre permeável a esse tipo
de situações. Simplesmente, havia umas mais estruturadas do que outras. E a
seguir ao 25 de Abril era uma prática quase generalizada, digamos que as
hierarquias estavam mal escolhidas, era fácil fazer, não havia controlo. Hoje é
outro género, naquela altura houve algo parecido com a democratização da
corrupção. De repente, parece que se descobriu que todos tinham direito a isso.
Encontrei um ambiente incontrolado. Quando tentei resolver, percebi que estava
tudo cheio de pequenos interesses.
(…)
Obs- Acredita que a sua geração de políticos era diferente da que
está hoje no poder?
Miguel Caetano- Na geração anterior à nossa, no caso do meu pai, por
exemplo, o que se passou foi que se criou uma escola de discípulos. E ele
sentia isso, que os tinha formado. Na transição, do fim do Estado Novo à
consolidação do regime democrático, que é quando a minha geração vai para a
política, não havia políticos de carreira. Havia independentes e chefes de
grupo que tinham uma atitude integradora. E, mesmo com opiniões diferentes,
havia uma enorme amizade. O nosso relacionamento de grupo era tão forte que a
maior parte ainda hoje mantém relações de amizade. Os políticos de então, na
maioria, continuaram a contribuir sem se entregar ao jogo do poder.
(…)
Obs-Como se define hoje, politicamente?
Miguel Caetano- Sou socialista cristão. Defendo o socialismo em liberdade,
são os valores que escolhi e que mantive. O que não quer dizer que me reveja
neste PS, que não revejo. O meu ponto de partida foi uma educação tradicional,
de matriz católica, mais ou menos conservadora, mas aconteceu em 1958 a eleição
de um novo Papa, João XXIII, e o início de um novo ciclo de vivência dos
valores cristãos.
Obs- Os seus filhos, votam? Falam sobre política?
Miguel Caetano- Votam, em geral mais à direita do que o Pai [risos]. E
conversamos, mas gosto pouco de discutir política. Aceito argumentos, mas cada
um tem os seus.
Obs-A ideia que tinha de que o país podia ser melhor e o que vê
hoje, que sentimento lhe deixa?
Miguel Caetano- Frustração.
quinta-feira, setembro 29, 2016
Fontes do jornalismo: num mundo de segredos a verdade está sempre oculta...
Interessante artigo de José Vítor Malheiros ( o outro Jacques Julliard português, a par de Manuel Carvalho) sobre as fontes do jornalismo.
"Existem regras bem definidas para os casos em que um jornalista pode e não pode. deve e não deve publicar o que lhe contam."
Há uma aparente contradição em escrever que o jornalista deve sempre ressalvar a hipótese de a fonte não autorizar tacitamente a publicação, com a circunstância de se ter como legítimo direito de publicação o que se ouviu de outrém que estava a dizer algo aos berros...mas enfim.
Não sei se o artigo tem a ver com o recente livro de J.A.S. mas se tem não me soa bem.
Aceitando-se plenamente o princípio de quem nem tudo é publicável, mesmo do ponto de vista subjectivo do interesse público ( o caso das escutas a José Sócrates, antes das eleições e durante o processo Face Oculta são um bom case study) resta saber como se pode confiar num jornalismo que frequentemente ultrapassa essa fronteira ténue da confiança nas fontes.
Por exemplo, esta história passada o final do Governo Guterres, com um ex-ministro , precisamente o falecido professor Sousa Franco, que um dia no restaurante Gambrinus proclamou alto e bom som, para os demais circunstantes, o que lhe ia na alma quanto a tal governo já no "pântano".
Sousa Franco padecia de surdez e falava muito alto para se fazer ouvir e nesse dia havia circunstantes que ouviram mais do que deviam e foram fonte de notícia no Independente então dirigido por Inês Serra Lopes:
Se JVM fosse director do Independente publicava esta notícia ou não? E se não publicava, deveria outro jornalista fazê-lo, do modo como o fez?
Se o mundo da política se transforma num universo de segredos, alguns de polichinelo e que apenas o grande público não conhece, onde ficará o lugar para a Verdade?
quarta-feira, setembro 28, 2016
Os inquéritos do sindicalista Ralha são à la carte...
O juiz Carlos Alexandre em dado momento da entrevista à SIC, referiu o seguinte:
"Um dia explicarei em público, no dia em que quem me quiser sujeitar ao processo criminal e disciplinar que daí advirá. Saber porque é que a Direcção-Geral da AT decidiu empreender uma fiscalização ao momento em que era liquidado por terceiro funcionários do lote de 60 existentes na repartição e de sete mil existentes na AT. Um dia explicarei o meu pensamento sobre o procedimento da AT"
O sindicalista Ralha, pressuroso, anunciou logo que tal merecia inquérito. E ele aí está:
A Direcção-Geral da Autoridade Tributária solicitou à Inspecção-Geral de Finanças a realização de um inquérito à actuação do Fisco na sequência das declarações públicas do juiz Carlos Alexandre.
Dias antes, também publicamente, a juíza conselheira do STA, Dulce Neto disse muito pior, acerca do funcionamento da corporação do sindicalista Ralha e muito, muito mais grave. O sindicalista Ralha...moita carrasco. Não ouviu, não leu nem soube nada. Não pediu inquérito nenhum nem quer que haja algum, se calhar...
A juíza conselheira Dulce Neto, vice-presidente do Supremo Tribunal Administrativo (STA), descreveu, ontem, um cenário de terror na relação entre a Administração Fiscal e os contribuintes. Segundo a magistrada, as Finanças arrastam propositadamente processos tributários com recursos, sabendo que os mesmos serão decididos a favor do contribuinte: "A Administração Fiscal está cega de mais na tentativa de arrecadar receita, deixando empresas e famílias exauridas", declarou Dulce Neto, durante uma conferência promovida pela Associação Sindical dos Juízes (ASJP).
É tempo por isso de alguém publicamente solicitar um inquérito à actuação da A.T. uma vez que o sindicalista Ralha não se quer ralar com isso...e o inquérito deveria analisar a razão pela qual o sindicalista Ralha não se rala com todas as coisas que envolvem a A.T, mas apenas com algumas...
"Um dia explicarei em público, no dia em que quem me quiser sujeitar ao processo criminal e disciplinar que daí advirá. Saber porque é que a Direcção-Geral da AT decidiu empreender uma fiscalização ao momento em que era liquidado por terceiro funcionários do lote de 60 existentes na repartição e de sete mil existentes na AT. Um dia explicarei o meu pensamento sobre o procedimento da AT"
O sindicalista Ralha, pressuroso, anunciou logo que tal merecia inquérito. E ele aí está:
A Direcção-Geral da Autoridade Tributária solicitou à Inspecção-Geral de Finanças a realização de um inquérito à actuação do Fisco na sequência das declarações públicas do juiz Carlos Alexandre.
Dias antes, também publicamente, a juíza conselheira do STA, Dulce Neto disse muito pior, acerca do funcionamento da corporação do sindicalista Ralha e muito, muito mais grave. O sindicalista Ralha...moita carrasco. Não ouviu, não leu nem soube nada. Não pediu inquérito nenhum nem quer que haja algum, se calhar...
A juíza conselheira Dulce Neto, vice-presidente do Supremo Tribunal Administrativo (STA), descreveu, ontem, um cenário de terror na relação entre a Administração Fiscal e os contribuintes. Segundo a magistrada, as Finanças arrastam propositadamente processos tributários com recursos, sabendo que os mesmos serão decididos a favor do contribuinte: "A Administração Fiscal está cega de mais na tentativa de arrecadar receita, deixando empresas e famílias exauridas", declarou Dulce Neto, durante uma conferência promovida pela Associação Sindical dos Juízes (ASJP).
É tempo por isso de alguém publicamente solicitar um inquérito à actuação da A.T. uma vez que o sindicalista Ralha não se quer ralar com isso...e o inquérito deveria analisar a razão pela qual o sindicalista Ralha não se rala com todas as coisas que envolvem a A.T, mas apenas com algumas...
terça-feira, setembro 27, 2016
O PCP e a ditadura do proletariado
20 de Outubro de 1974. Suprime do seu
programa político a Ditadura do Proletariado enquanto modelo de
exercício do Poder na fase de transição para o Socialismo.
O PCP começou o PREC, logo após o 25.4.74, ainda com a ideologia fóssil dos anos de clandestinidade e da "ditadura do proletariado".
Na Europa ocidental de 1974, não havia nada parecido. Ninguém se incomodou com tal fenómeno, por cá.
segunda-feira, setembro 26, 2016
A farsa do novo prec: Marx acabou de sair do edifício...
Dois excelentes artigos no Observador sobre a vulgata marxista, agora enunciada em modo de farsa pelos geringonços que andam por aí.
Primeiro a filha do pirata e agora o primeiro-ministro himself, numa demonstração sólida da cultura de vão de escada rolante que pelos vistos alardeia sem grande cerimónia.
O primeiro artigo foi publicado há dias por Fátima Bonifácio e sendo extenso merece leitura porque é uma resposta erudita à vulgata daquela.
Este é de agora, e de um ex-marxista reconvertido ao liberalismo, João Carlos Espada.
"Na semana passada, Portugal experimentou um invulgar e muito saudável sobressalto contra as inacreditáveis declarações autoritárias de Mariana Mortágua contra a liberdade e a propriedade privada — declarações particularmente graves por terem sido proferidas numa iniciativa do Partido Socialista.
Entre os inúmeros excelentes artigos que alertaram para a gravidade dessas declarações, não posso deixar de destacar o da historiadora Fátima Bonifácio neste jornal. A autora certeiramente recordou o ódio contra a liberdade que se encontra na raiz do fanatismo igualitário. E certeiramente apontou a origem moderna desse ódio em Rousseau e, a seguir, nos seus discípulos da ala mais extrema da revolução francesa de 1789.
Mas, ainda esta saudável polémica estava em curso, ocorreu uma outra declaração política da maior gravidade. O Primeiro-Ministro terá definido no Parlamento “uma sociedade decente” da mesma forma que Karl Marx descreveu a sociedade comunista: “é uma sociedade onde cada um contribui para o bem comum de acordo com as suas capacidades, e cada um recebe de acordo com as suas necessidades”. A frase terá sido enfatizada com a expressão “Foi esta sociedade que eu aprendi na minha casa a acreditar”.
É difícil exagerar a gravidade destas declarações. Não quero crer que o Primeiro-Ministro tenha querido dizer o que a frase de Marx realmente quer dizer.
A frase de Karl Marx resume de forma dramática o erro fatal do comunismo e as consequências totalitárias que dele advieram. Mais do que isso: como explicou detalhadamente Karl Popper nos dois volumes de A Sociedade Aberta e os seus Inimigos, de 1945 [Edições 70, 2012], aquela concepção de Marx era de facto herdeira de uma longa tradição anti-ocidental que remonta à oposição do colectivismo autoritário de Esparta contra a liberdade de Atenas, no século V a.C. Como Popper também argumentou, essa mesma concepção colectivista esteve presente no nacional-socialismo e no fascismo do século XX, gémeos inimigos do comunismo soviético.
Observemos a frase de Karl Marx. Se as pessoas devem contribuir de acordo com as suas capacidades e receber de acordo com as suas necessidades, isso implica que alguém terá de deter o poder para determinar as capacidades de cada um e o poder para determinar as necessidades de cada um.
Sabemos qual foi a resposta prática fornecida pelo comunismo e pelo nacional-socialismo a esta questão: esse alguém é o Estado. Mas, este não é sequer o problema mais fundo. Podia, por hipótese, não ser o Estado. Podia ser o “colectivo” — que era em rigor o que Marx tinha em mente naquela frase. E, também em bom rigor, o poder absoluto que o nazismo e o comunismo deram ao Estado foi dado em nome do “colectivo” — a “Nação”, no caso do nazismo, o “proletariado”, no caso do marxismo (o Terceiro Estado, no caso da revolução francesa).
Só que, observou Karl Popper, os colectivos não existem independentemente das pessoas que os compõem. O “colectivo” não sente prazer nem dor, e não tem identidade moral separada das pessoas que o compõem. Também não age nem fala autonomamente das pessoas.
Por esta razão, só há duas maneiras de “ouvir o colectivo”: uma, que praticamos no Ocidente, é deixar as pessoas falarem e prosseguirem os seus próprios propósitos sob regras gerais de boa conduta; a outra, que se pratica nos outros sítios, é pôr alguém a falar em nome do “colectivo”: pode ser o líder, o partido, o ayatollah ou o chefe da tribo. Mas será sempre um poder central ilimitado — que vai dar ordens às pessoas, em nome do “todo”.
Como, ainda por cima, o objectivo do “todo” na frase de Marx é determinar as capacidades e as necessidades de cada um, esse poder central ilimitado não poderá ser regido e limitado por regras gerais de boa conduta — a que, no Ocidente, chamamos leis. Ele vai ter de emitir comandos específicos para determinar os “resultados” que cada um deve obter.
Isto resulta do seguinte facto: a alocação de resultados específicos a cada um (por contraste com uma rede de segurança que impeça apenas alguns resultados abaixo dessa rede) não é compatível com o governo de regras gerais. As regras gerais podem excluir alguns resultados particulares, mas não conseguem predeterminar todos os resultados particulares.
Por esta razão, na ordem política do Estado (por contraste com a ordem civil das associações voluntárias ou empresariais, de onde as pessoas podem entrar ou sair voluntariamente) o “todo” colectivista será necessariamente autoritário, ou mesmo totalitário. Em vez de se submeter a leis gerais, iguais para todos, não retroactivas e independentes de propósitos particulares, o “todo” agirá segundo o capricho da vontade dos líderes, ditando ordens específicas a cada um. Não é por isso compatível com o princípio ocidental da igualdade perante a lei — como muito bem observaram todas as famílias democráticas, incluindo a socialista não comunista.
Acresce que aquele sistema colectivista não pode funcionar duradouramente sem produzir pobreza extrema. Ele rouba às pessoas o seu sentido de responsabilidade pessoal; anula por essa via os incentivos para que as pessoas tentem ir mais longe e tentem explorar o desconhecido. Além disso, nenhuma autoridade central conseguirá processar um volume de informação minimamente comparável ao incalculável volume de informação processado descentralizadamente pelas pessoas, famílias e instituições livres. (Por esta razão ainda, as necessidades das pessoas — por contraste com algumas necessidades básicas — não são susceptíveis de ser conhecidas centralmente à priori).
Eis a razão pela qual o colectivismo conduz inexoravelmente à pobreza e ao poder arbitrário do Estado — em nome do “todo” — sobre as pessoas e à margem das leis. Winston Churchill costumava aliás exprimir este magno problema com o talento comunicador que sempre o distinguiu: “É o Governo que é dono das pessoas, ou são as pessoas que são donas do Governo?”."
Uma das coisas que me impressionaram ao longo destas décadas após o PREC de 1974-75 foi a condescendência com que as entidades da época viram o que se passava em Portugal perante os olhos de todos.
O país caminhava a passos largos para um regime comunista mas os que o diziam claramente eram reaccionários e porventura fassistas. Os jornais da época não davam nenhum destaque ao fenómeno deslizante que deveria impregnar-se no senso comum mas não existia esse senso comum.
O que existia era uma deriva esquerdista com tal amplitude que hoje a geringonça que governa e até o PCP se apresenta agora em modo de farsa perante aquela tragédia que se desenrolou à vista de todos.
Os primeiros sinais da alteração do status quo vigente até então deram-se na praça pública, com as manifestações, greves em catadupa, paredes pintadas em siglas vermelhas, com foices e martelos a esmo e palavras de ordem conhecidas de outras paragens.
A paisagem urbana modificou-se atingindo mesmo o interior das pequenas aldeias e vilas do Portugal de antanho.
Mesmo assim ninguém em Portugal tinha esta ideia clara manifesta pela revista Time em Agosto de 1975. Esta imagem parecia estranha nos escaparates e longe da realidade que vivíamos. A proximidade à mesma não permitia ver o que de longe era evidente...
Tudo tinha começado com o golpe de 25 de Abril e não tardaram a surgir os primeiros sinais de alarme, com as denúncias típicas da esquerda. Em 12 de Julho de 1974, um académico da economia, Pereira de Moura, cripo-comunista do MDP denunciava os "sabotadores", tal como actualmente acontece com a Venezuela madura:
Portugal transformara-se numa coisa nunca vista...como estes cartoons do comunista João Abel Manta, desse tempo de PREC real ( publicados no O Jornal e depois em livro editado pelo mesmo O Jornal, em 1978 que actualmente é uma raridade), denotam muito bem, poupando muitas palavras.
A mudança foi meteórica, literalmente da noite para o dia...
O que se passa actualmente com o BE, o PCP e este A. Costa, filho da esquerdista Palla, que lhe ensinou em casa a soletrar o marxismo básico e que por isso ainda o debita, como se viu, é apenas uma farsa. Mas perigosa, como mostra este insuspeito Miguel Sousa Tavares que aparentemente tem agora medo que lhe vão ao bolso...e por isso já não anda a dar vivas à cristina como na altura em que tinha 20 anos...
O título do postal reporta-se a uma frase usado no final dos concertos de Elvis Presley para anunciar que não haveria mais "encores" porque Elvis, enfim...é também o título de uma magnífica canção de Frank Zappa, dos seus últimos trabalhos musicais.
Marx acabou de sair do edifício, folks! O espectáculo acabou!
Primeiro a filha do pirata e agora o primeiro-ministro himself, numa demonstração sólida da cultura de vão de escada rolante que pelos vistos alardeia sem grande cerimónia.
O primeiro artigo foi publicado há dias por Fátima Bonifácio e sendo extenso merece leitura porque é uma resposta erudita à vulgata daquela.
Este é de agora, e de um ex-marxista reconvertido ao liberalismo, João Carlos Espada.
"Na semana passada, Portugal experimentou um invulgar e muito saudável sobressalto contra as inacreditáveis declarações autoritárias de Mariana Mortágua contra a liberdade e a propriedade privada — declarações particularmente graves por terem sido proferidas numa iniciativa do Partido Socialista.
Entre os inúmeros excelentes artigos que alertaram para a gravidade dessas declarações, não posso deixar de destacar o da historiadora Fátima Bonifácio neste jornal. A autora certeiramente recordou o ódio contra a liberdade que se encontra na raiz do fanatismo igualitário. E certeiramente apontou a origem moderna desse ódio em Rousseau e, a seguir, nos seus discípulos da ala mais extrema da revolução francesa de 1789.
Mas, ainda esta saudável polémica estava em curso, ocorreu uma outra declaração política da maior gravidade. O Primeiro-Ministro terá definido no Parlamento “uma sociedade decente” da mesma forma que Karl Marx descreveu a sociedade comunista: “é uma sociedade onde cada um contribui para o bem comum de acordo com as suas capacidades, e cada um recebe de acordo com as suas necessidades”. A frase terá sido enfatizada com a expressão “Foi esta sociedade que eu aprendi na minha casa a acreditar”.
É difícil exagerar a gravidade destas declarações. Não quero crer que o Primeiro-Ministro tenha querido dizer o que a frase de Marx realmente quer dizer.
A frase de Karl Marx resume de forma dramática o erro fatal do comunismo e as consequências totalitárias que dele advieram. Mais do que isso: como explicou detalhadamente Karl Popper nos dois volumes de A Sociedade Aberta e os seus Inimigos, de 1945 [Edições 70, 2012], aquela concepção de Marx era de facto herdeira de uma longa tradição anti-ocidental que remonta à oposição do colectivismo autoritário de Esparta contra a liberdade de Atenas, no século V a.C. Como Popper também argumentou, essa mesma concepção colectivista esteve presente no nacional-socialismo e no fascismo do século XX, gémeos inimigos do comunismo soviético.
Observemos a frase de Karl Marx. Se as pessoas devem contribuir de acordo com as suas capacidades e receber de acordo com as suas necessidades, isso implica que alguém terá de deter o poder para determinar as capacidades de cada um e o poder para determinar as necessidades de cada um.
Sabemos qual foi a resposta prática fornecida pelo comunismo e pelo nacional-socialismo a esta questão: esse alguém é o Estado. Mas, este não é sequer o problema mais fundo. Podia, por hipótese, não ser o Estado. Podia ser o “colectivo” — que era em rigor o que Marx tinha em mente naquela frase. E, também em bom rigor, o poder absoluto que o nazismo e o comunismo deram ao Estado foi dado em nome do “colectivo” — a “Nação”, no caso do nazismo, o “proletariado”, no caso do marxismo (o Terceiro Estado, no caso da revolução francesa).
Só que, observou Karl Popper, os colectivos não existem independentemente das pessoas que os compõem. O “colectivo” não sente prazer nem dor, e não tem identidade moral separada das pessoas que o compõem. Também não age nem fala autonomamente das pessoas.
Por esta razão, só há duas maneiras de “ouvir o colectivo”: uma, que praticamos no Ocidente, é deixar as pessoas falarem e prosseguirem os seus próprios propósitos sob regras gerais de boa conduta; a outra, que se pratica nos outros sítios, é pôr alguém a falar em nome do “colectivo”: pode ser o líder, o partido, o ayatollah ou o chefe da tribo. Mas será sempre um poder central ilimitado — que vai dar ordens às pessoas, em nome do “todo”.
Como, ainda por cima, o objectivo do “todo” na frase de Marx é determinar as capacidades e as necessidades de cada um, esse poder central ilimitado não poderá ser regido e limitado por regras gerais de boa conduta — a que, no Ocidente, chamamos leis. Ele vai ter de emitir comandos específicos para determinar os “resultados” que cada um deve obter.
Isto resulta do seguinte facto: a alocação de resultados específicos a cada um (por contraste com uma rede de segurança que impeça apenas alguns resultados abaixo dessa rede) não é compatível com o governo de regras gerais. As regras gerais podem excluir alguns resultados particulares, mas não conseguem predeterminar todos os resultados particulares.
Por esta razão, na ordem política do Estado (por contraste com a ordem civil das associações voluntárias ou empresariais, de onde as pessoas podem entrar ou sair voluntariamente) o “todo” colectivista será necessariamente autoritário, ou mesmo totalitário. Em vez de se submeter a leis gerais, iguais para todos, não retroactivas e independentes de propósitos particulares, o “todo” agirá segundo o capricho da vontade dos líderes, ditando ordens específicas a cada um. Não é por isso compatível com o princípio ocidental da igualdade perante a lei — como muito bem observaram todas as famílias democráticas, incluindo a socialista não comunista.
Acresce que aquele sistema colectivista não pode funcionar duradouramente sem produzir pobreza extrema. Ele rouba às pessoas o seu sentido de responsabilidade pessoal; anula por essa via os incentivos para que as pessoas tentem ir mais longe e tentem explorar o desconhecido. Além disso, nenhuma autoridade central conseguirá processar um volume de informação minimamente comparável ao incalculável volume de informação processado descentralizadamente pelas pessoas, famílias e instituições livres. (Por esta razão ainda, as necessidades das pessoas — por contraste com algumas necessidades básicas — não são susceptíveis de ser conhecidas centralmente à priori).
Eis a razão pela qual o colectivismo conduz inexoravelmente à pobreza e ao poder arbitrário do Estado — em nome do “todo” — sobre as pessoas e à margem das leis. Winston Churchill costumava aliás exprimir este magno problema com o talento comunicador que sempre o distinguiu: “É o Governo que é dono das pessoas, ou são as pessoas que são donas do Governo?”."
Uma das coisas que me impressionaram ao longo destas décadas após o PREC de 1974-75 foi a condescendência com que as entidades da época viram o que se passava em Portugal perante os olhos de todos.
O país caminhava a passos largos para um regime comunista mas os que o diziam claramente eram reaccionários e porventura fassistas. Os jornais da época não davam nenhum destaque ao fenómeno deslizante que deveria impregnar-se no senso comum mas não existia esse senso comum.
O que existia era uma deriva esquerdista com tal amplitude que hoje a geringonça que governa e até o PCP se apresenta agora em modo de farsa perante aquela tragédia que se desenrolou à vista de todos.
Os primeiros sinais da alteração do status quo vigente até então deram-se na praça pública, com as manifestações, greves em catadupa, paredes pintadas em siglas vermelhas, com foices e martelos a esmo e palavras de ordem conhecidas de outras paragens.
A paisagem urbana modificou-se atingindo mesmo o interior das pequenas aldeias e vilas do Portugal de antanho.
Mesmo assim ninguém em Portugal tinha esta ideia clara manifesta pela revista Time em Agosto de 1975. Esta imagem parecia estranha nos escaparates e longe da realidade que vivíamos. A proximidade à mesma não permitia ver o que de longe era evidente...
Tudo tinha começado com o golpe de 25 de Abril e não tardaram a surgir os primeiros sinais de alarme, com as denúncias típicas da esquerda. Em 12 de Julho de 1974, um académico da economia, Pereira de Moura, cripo-comunista do MDP denunciava os "sabotadores", tal como actualmente acontece com a Venezuela madura:
Portugal transformara-se numa coisa nunca vista...como estes cartoons do comunista João Abel Manta, desse tempo de PREC real ( publicados no O Jornal e depois em livro editado pelo mesmo O Jornal, em 1978 que actualmente é uma raridade), denotam muito bem, poupando muitas palavras.
A mudança foi meteórica, literalmente da noite para o dia...
O que se passa actualmente com o BE, o PCP e este A. Costa, filho da esquerdista Palla, que lhe ensinou em casa a soletrar o marxismo básico e que por isso ainda o debita, como se viu, é apenas uma farsa. Mas perigosa, como mostra este insuspeito Miguel Sousa Tavares que aparentemente tem agora medo que lhe vão ao bolso...e por isso já não anda a dar vivas à cristina como na altura em que tinha 20 anos...
O título do postal reporta-se a uma frase usado no final dos concertos de Elvis Presley para anunciar que não haveria mais "encores" porque Elvis, enfim...é também o título de uma magnífica canção de Frank Zappa, dos seus últimos trabalhos musicais.
Marx acabou de sair do edifício, folks! O espectáculo acabou!
O jornalismo de esgoto do DN
José António Saraiva defendeu-se no jornal Sol do fim de semana a propósito das ignomínias de que foi alvo, da banda de alguns colegas de jornal e outros que nem tanto.
A defesa passou por uma extensa entrevista ao jornal, mas essencialmente cabe tudo neste artigo num suplemento do mesmo.
JAS queixa-se de uma manchete do DN e da referência ao seu livro como se fosse repositório de mexericos de índole sexual e reservada. e ainda de se citarem a esmo pessoas mortas. Quanto a estas, entre as 42 pessoas referidas no livro apenas três já morreram...e quanto aos aludidos escândalos sexuais em tom de mexerico nem por sombras tal corresponde à verdade.
Mas afinal que manchete foi essa e quem foi o seu autor? O director do DN é Paulo Baldaia. O autor do artigo interior é João Pedro Henriques.
O jornalismo que fizeram foi este:
É caso para perguntar, como o faz José Manuel Fernandes no Observador, sobre o que move estes jornalistas para se comportarem assim, enganando os leitores e acicatando quesílias escusadas, dando apenas andamento a motes que se afiguram preparados de antemão. "Passos" era o motivo? Parece pouco...e quem critica o Correio da Manhã afinal tem aqui um belo exemplo do jornalismo de esgoto.
Que lhes faça bom proveito que bem precisarão...
A defesa passou por uma extensa entrevista ao jornal, mas essencialmente cabe tudo neste artigo num suplemento do mesmo.
JAS queixa-se de uma manchete do DN e da referência ao seu livro como se fosse repositório de mexericos de índole sexual e reservada. e ainda de se citarem a esmo pessoas mortas. Quanto a estas, entre as 42 pessoas referidas no livro apenas três já morreram...e quanto aos aludidos escândalos sexuais em tom de mexerico nem por sombras tal corresponde à verdade.
Mas afinal que manchete foi essa e quem foi o seu autor? O director do DN é Paulo Baldaia. O autor do artigo interior é João Pedro Henriques.
O jornalismo que fizeram foi este:
É caso para perguntar, como o faz José Manuel Fernandes no Observador, sobre o que move estes jornalistas para se comportarem assim, enganando os leitores e acicatando quesílias escusadas, dando apenas andamento a motes que se afiguram preparados de antemão. "Passos" era o motivo? Parece pouco...e quem critica o Correio da Manhã afinal tem aqui um belo exemplo do jornalismo de esgoto.
Que lhes faça bom proveito que bem precisarão...
Factos de ganga no planeta da fantasia
Cerca de 200 fiéis do presuntivo inocente reuniram-se em assembleia para continuarem a assegurar -lhe o culto à personalidade carente.
Envergando fato de ganga já pouco lhe importam os demais factos, a não ser para continuar a mistificação através da efabulação que iluda os fiéis, crentes fervorosos das lendas e narrativas.
O jornal i de hoje coloca a pergunta a fazer, mesmo aos crentes:
domingo, setembro 25, 2016
O que esconde a Global Media do DN, JN e TSF?
José Manuel Fernandes, Observador,a propósito do livro de José António Saraiva, toca num assunto escandaloso: o Diário de Notícias, Jornal de Notícias e TSF estão ao serviço dos interesses de José Sócrates. Porquê tal fidelidade canina? Que tem a esconder quem manda nesses media e deles vive?
Mas adiante, que a onda de indignação suscitada pela obra tem uma vantagem: revela como a hipocrisia é moeda corrente entre nós. E como é fácil fazer tiro ao alvo contra alguém que já não tem poder e ficar calado quando as coisas são muito mais graves mas pode-se incomodar colegas e amigos.
Um bom exemplo daquilo a que me refiro é o que se passa no grupo Global Media, um dos maiores do país e proprietário do Diário de Notícias, Jornal de Notícias e TSF. A “indignação” de alguns dos jornalistas-colunistas desse grupo com o livro de Saraiva foi imensa. O que dá para ficar espantado, por causa dos telhados de vidros daquela casa. Por isso desculpem-se ser desmancha prazeres, mas num fim-de-semana marcada pelo protagonismo político de José Sócrates não é possível continuar a ignorar a passadeira vermelha de que continua a beneficiar naquele grupo de comunicação. Mas vamos a factos.
Primeiro facto. Sabemos hoje, graças à Operação Marquês, que José Sócrates teve um papel determinante na transferência de propriedade daquele grupo em 2014, poucos meses antes da prisão do ex-primeiro-ministro. A sua preocupação era controlar as direcções dos dois jornais, tendo, através do seu amigo e advogado Proença de Carvalho, defendido a nomeação de Afonso Camões para esses lugares. Esse jornalista, amigo de Sócrates, chegou mesmo a definir-se como um “general prussiano” que “não se amotina”, podendo ser um “joker” em qualquer posição de direcção. O actual director do Jornal de Notícias é, de resto, um amigo de longa data de José Sócrates, que o colocou em lugares tão importantes como a direcção da Lusa e que contou com a sua colaboração noutras “operações” (aí, refira-se, o livro de Saraiva revela alguns episódios curiosos sobre a acção de Camões que eu desconhecia).
Mas sabemos mais. Sabemos que Proença de Carvalho é hoje o homem forte da administração do grupo e que os órgãos de informação da Global Media têm sido utilizados, com pouco ou nenhum escrutínio, por José Sócrates para difundir as suas mensagens. Correndo o risco de me falhar alguma intervenção, fiz um pequeno levantamento – pequeno mas significativo:
No que diz respeito ainda ao grupo Global Media refira-se ainda que os órgãos de informação que o integram recusaram publicar a publicidade do Correio da Manhã em que se criticava uma decisão judicial que, durante alguns meses, impediu aquele jornal de publicar informação relevante sobre a Operação Marquês.
Estes dados indicam que aquele grupo de comunicação tem servido ao ex-primeiro-ministro como plataforma para defender as suas posições, com privilégios de acesso únicos, quase absoluta ausência de escrutínio, tudo isto quando se sabe que ele interferiu, em 2014, na escolha das direcções editoriais e que tem o seu amigo e advogado como presidente do Conselho de Administração.
Contudo parece haver uma espécie de “conspiração do silêncio” que não questiona esta situação, isto enquanto fervem as indignações por causa de um livro que, na verdade, só põe por escrito aquilo que todos sabem sobre a vida privada de algumas figuras públicas. O povo pode gostar muito de mexericos (enquanto diz mal deles), mas certo, certo, é que falar de mexericos é muito útil para não se falar de coisas realmente importantes. E para mascarar a hipocrisia reinante.
Mas adiante, que a onda de indignação suscitada pela obra tem uma vantagem: revela como a hipocrisia é moeda corrente entre nós. E como é fácil fazer tiro ao alvo contra alguém que já não tem poder e ficar calado quando as coisas são muito mais graves mas pode-se incomodar colegas e amigos.
Um bom exemplo daquilo a que me refiro é o que se passa no grupo Global Media, um dos maiores do país e proprietário do Diário de Notícias, Jornal de Notícias e TSF. A “indignação” de alguns dos jornalistas-colunistas desse grupo com o livro de Saraiva foi imensa. O que dá para ficar espantado, por causa dos telhados de vidros daquela casa. Por isso desculpem-se ser desmancha prazeres, mas num fim-de-semana marcada pelo protagonismo político de José Sócrates não é possível continuar a ignorar a passadeira vermelha de que continua a beneficiar naquele grupo de comunicação. Mas vamos a factos.
Primeiro facto. Sabemos hoje, graças à Operação Marquês, que José Sócrates teve um papel determinante na transferência de propriedade daquele grupo em 2014, poucos meses antes da prisão do ex-primeiro-ministro. A sua preocupação era controlar as direcções dos dois jornais, tendo, através do seu amigo e advogado Proença de Carvalho, defendido a nomeação de Afonso Camões para esses lugares. Esse jornalista, amigo de Sócrates, chegou mesmo a definir-se como um “general prussiano” que “não se amotina”, podendo ser um “joker” em qualquer posição de direcção. O actual director do Jornal de Notícias é, de resto, um amigo de longa data de José Sócrates, que o colocou em lugares tão importantes como a direcção da Lusa e que contou com a sua colaboração noutras “operações” (aí, refira-se, o livro de Saraiva revela alguns episódios curiosos sobre a acção de Camões que eu desconhecia).
Mas sabemos mais. Sabemos que Proença de Carvalho é hoje o homem forte da administração do grupo e que os órgãos de informação da Global Media têm sido utilizados, com pouco ou nenhum escrutínio, por José Sócrates para difundir as suas mensagens. Correndo o risco de me falhar alguma intervenção, fiz um pequeno levantamento – pequeno mas significativo:
- 27 de Novembro de 2014: Primeira mensagem de Sócrates depois da prisão, divulgada pela TSF (e pelo Público);
- 4 de Dezembro de 2014: Carta publicada no Diário de Notícias;
- 5 de Março de 2015: Carta escrita a partir do estabelecimento prisional de Évora e entregue ao Diário de Notícias, Jornal de Notícias e TSF, com críticas a Passos Coelho;
- 4 de Abril de 2015: Texto de opinião publicado no Jornal de Notícias;
- 8 de Junho de 2015: Declaração exclusive ao Jornal de Notícias sobre a recusa de pulseira electrónica;
- 12 de Junho de 2015: Declarações enviadas por escrito à TSF e ao Diário de Notícias;
- 30 de Junho de 2015: Entrevista conjunta ao Diário de Notícias e à TSF;
- 19 de Agosto de 2015: Carta enviada ao Jornal de Notícias (e à SIC);
- 19 de Junho de 2016: Texto de opinião publicado ao mesmo tempo no Jornal de Notícias e na TSF;
- 26 de Junho de 2016: Texto de opinião na TSF (não se encontram no site da TSF textos de opinião de mais nenhum político);
- 10 de Setembro de 2016: Texto de opinião no Diário de Notícias.
- 16 de Setembro de 2016: Entrevista à TSF sobre o juiz Carlos Alexandre.
No que diz respeito ainda ao grupo Global Media refira-se ainda que os órgãos de informação que o integram recusaram publicar a publicidade do Correio da Manhã em que se criticava uma decisão judicial que, durante alguns meses, impediu aquele jornal de publicar informação relevante sobre a Operação Marquês.
Estes dados indicam que aquele grupo de comunicação tem servido ao ex-primeiro-ministro como plataforma para defender as suas posições, com privilégios de acesso únicos, quase absoluta ausência de escrutínio, tudo isto quando se sabe que ele interferiu, em 2014, na escolha das direcções editoriais e que tem o seu amigo e advogado como presidente do Conselho de Administração.
Contudo parece haver uma espécie de “conspiração do silêncio” que não questiona esta situação, isto enquanto fervem as indignações por causa de um livro que, na verdade, só põe por escrito aquilo que todos sabem sobre a vida privada de algumas figuras públicas. O povo pode gostar muito de mexericos (enquanto diz mal deles), mas certo, certo, é que falar de mexericos é muito útil para não se falar de coisas realmente importantes. E para mascarar a hipocrisia reinante.
"Não deixem que a verdade estrague uma boa história"...
No livro de José António Saraiva Eu e os Políticos aparece esta revelação acerca dos antepassados de Marcelo Rebelo de Sousa: teria uma bisavó pretinha que viveu sempre na machamba de Moçambique...
A revista Flash investigou e concluiu...
Afinal...havia outra e chamava-se Deolinda. De Guimarães...ora bolas.
A revista Flash investigou e concluiu...
Afinal...havia outra e chamava-se Deolinda. De Guimarães...ora bolas.
sábado, setembro 24, 2016
Se o ridículo matasse, este indivíduo já estava embalsamado
DD:
O ex-primeiro-ministro José Sócrates anunciou hoje que vai lançar em Outubro um livro de teoria política, que garante que não é «de mexericos», considerando que não o conseguiram afastar do coração dos militantes socialistas.
José Sócrates discursava durante um almoço de apoio que decorre hoje em Lisboa, no qual anunciou que no mês de Outubro vai publicar um livro que resulta das suas reflexões dos últimos meses.
"Queria sossegar-vos quanto a uma coisa: nem é um livro de mexericos nem é um livro de um paranoico. É um livro que pretende ser de teoria política. Pus de lado tudo o que escrevi sobre este processo. Não é o momento, mas lá chegará", disse, em declarações registadas pela SIC, numa crítica implícita do livro do ex-director do Expresso e do Sol, José António Saraiva.
Duas observações:
A primeira sobre a autoria do livro. É legítimo suspeitar que seja outro a escrevê-lo, a corrigi-lo, a aparar a apresentação. É ainda legítimo dizer que um inginheiro formado na Independente com um curso que só não foi anulado porque o MºP assim não entendeu propor a um tribunal, tenha pouco a dizer sobre o assunto.
A segunda, sobre o eventual apresentador do livro. Lula já não deverá ser, porque está a braços com os mesmíssimos problemas que este parceiro de cá e aliás com o mesmíssimo tipo de defesa.
Portanto, sobra Ana Gomes. Aposto que irá ser esta distinta militante socialista a fazer o frete.
A última: estes basbaques que vão a estas iniciativas desesperadas de um arguido entalado, fazem-no porquê?
O Vale e Azevedo ainda hoje tem defensores, mas se calhar nem tantos...
Os homosexuais fassistas não têm direito à privacidade do túmulo...
Sobre o livro dos mortos de José António Saraiva há ainda a dizer mais coisas. Algumas delas são ditas por Henrique Raposo no Expresso de hoje, assim:
Aqui se fala num livro relativamente recente ( 2011) da autoria de uma jornalista do Público, ( que deu destaque ao assunto, sem críticas negativas ou artigos a demolir a sujeita autora.) muito lá da esquerda e que assina crónicas- São José de Almeida. O livro é sobre os Homosexuais no Estado Novo e não me lembro dos ferreira fernandes rasgarem vestes na praça pública das croniquetas.
Porque seria? É fácil de entender: com pessoas de esquerda não há problema algum que falem de assuntos tabu que outras pessoas não podem falar. Se for de fassismo então é sopa no mel. É só isto.
Esta sacana, para não dizer pior, teve a lata de desenterrar histórias velhas sobre personagens do fassismo, particularmente os homosexuais que faziam parte do regime, como se tal fosse mais uma nódoa para conspurcar Salazar. Foi só por isso que o fez o que denota um comportamento execrável.
Afinal de contas parece que Salazar era mais sábio e mais tolerante do que essa sujeita quer fazer crer o que redunda em lhe sair o tiro pela culatra...
Tirado daqui para contrastar com a inocuidade do livrito de José António Saraiva:
Aqui se fala num livro relativamente recente ( 2011) da autoria de uma jornalista do Público, ( que deu destaque ao assunto, sem críticas negativas ou artigos a demolir a sujeita autora.) muito lá da esquerda e que assina crónicas- São José de Almeida. O livro é sobre os Homosexuais no Estado Novo e não me lembro dos ferreira fernandes rasgarem vestes na praça pública das croniquetas.
Porque seria? É fácil de entender: com pessoas de esquerda não há problema algum que falem de assuntos tabu que outras pessoas não podem falar. Se for de fassismo então é sopa no mel. É só isto.
Esta sacana, para não dizer pior, teve a lata de desenterrar histórias velhas sobre personagens do fassismo, particularmente os homosexuais que faziam parte do regime, como se tal fosse mais uma nódoa para conspurcar Salazar. Foi só por isso que o fez o que denota um comportamento execrável.
Afinal de contas parece que Salazar era mais sábio e mais tolerante do que essa sujeita quer fazer crer o que redunda em lhe sair o tiro pela culatra...
Tirado daqui para contrastar com a inocuidade do livrito de José António Saraiva:
Convém dizer, antes de mais, que a gravidade moral desta empresa jornalístico-historiográfica é adensada por um facto singelo, mas decisivo: na sua esmagadora maioria, as fontes orais a que recorreu São José Almeida reservaram para si o absoluto anonimato. «O que está nestas páginas é […] fruto da recolha de depoimentos de pessoas que são homossexuais e que me deram o privilégio de me confiar as suas experiências, conhecimentos e reflexões, a grande maioria das vezes sob reserva de absoluto anonimato» (pág. 23, itálico acrescentado). Por outras palavras, os homossexuais que falaram com São José Almeida salvaguardaram a sua intimidade. Mas não tiveram pudor em revelar a intimidade de terceiros, já falecidos, sem que a estes, como é evidente, haja sido dada a possibilidade de contraditarem (ou confirmarem) o que sobre eles é dito. Fizeram sair do armário gente morta e indefesa, mas mantiveram-se lá dentro, acobertados, no calorzinho confortável da sua vidinha «normal». E isto, note-se, em tempos democráticos, onde a tolerância social face à homossexualidade é muito maior. Mesmo agora, em nossos dias, muitos optaram pelo anonimato. Que alguém não queira assumir em público a sua orientação sexual é perfeitamente legítimo. Mas quem assim procede não pode – ou não deve – dizer que Beltrano e Sicrano eram homossexuais.
Em síntese, António de Oliveira Salazar, no fundo, no fundo, era um liberalão para os seus compinchas gay. Daí que Paulo Rodrigues fosse homossexual «publicamente» (Ruben de Carvalho dixit), Pedro Feytor Pinto «assumidamente homossexual» e Gustavo Cordeiro Ramos, enfim, um ver-se-te-avias de meninos em pensões e urinóis. O regime fechava os olhos ao facto de Robles Monteiro ter uma inclinação ardente por soldados da paz e de sua mulher, Amélia, se atirar forte e feio às actrizes mais novitas que se iniciavam nas artes de palco. Fernanda de Castro e António Ferro, outro casal-maravilha do Estado Novo, apadrinhavam um grupo que era «claramente um círculo de relações homossexuais» (pág. 128). Anafado e bonacheirão, Ferro protegia Leitão de Barros, que era homossexual, como homossexual era também um tal de Francis, bailarino famoso do Verde Gaio (pág. 129). A casa do declamador e actor João Villaret era conhecida por «Alfeite» (pág. 129), porventura devido à quantidade inusitada de marinhagem que por lá atracava a desoras. E, em 1952, lá temos a misteriosa morte de Carlos Burnay, descrita como «homicídio», sendo a vítima, claro está, «homossexual» (pág. 133).O assunto foi comentado, aqui, no Malomil e escapou-me na altura.
O livro dos mortos-vivos
Há dias li uma croniqueta que me impressionou pela virulência sarcástica algo estranha e pelo relativo despropósito de tamanha desmesura na ofensa pessoal.
Um jornalista que insulta outro jornalista deve ser escrutinado acerca dos motivos por que o faz. Desconfio que neste caso será assunto nebuloso.
A croniqueta, de Ferreira Fernandes, vinda de uma loca infecta:
O Eu e os Políticos, o novo livro de José António Saraiva (JAS), é um capítulo da obra mais vasta Eu e o Mundo que o homem anda a escrever há décadas. Por falar em políticos, Jérôme Cahuzac, ex-ministro francês, está a ser julgado por trapaças com o fisco. Há dias, no tribunal, pediram-lhe explicações por um depósito na Suíça, há 25 anos, e que ele ainda mantém. "Ah, era para apoiar o Michel Rocard", desculpou-se. Rocard é um político francês que morreu há dois meses... Nada como os mortos para depositarmos culpas. Canalhices de políticos lembradas, passemos então, sem sair do género, ao magnífico "Eu...", o JAS e as coisas picantes que ele sabe sobre os nossos políticos. Olha, o irmão que já morreu, a contar ao "Eu" a sexualidade do irmão; olha, o escritor que já morreu, a contar ao "Eu" as brejeirices dum ministro; olha, um ministro que já morreu e que, moribundo, invocou ao "Eu" a sua doença para sacar umas massas... Na capa do livro desenha-se um buraco de fechadura, erro gráfico: o JAS espreitou menos do que cavou em campas. E é pena, porque o "Eu", só, é mesmo fascinante. Falava ele com o político Arnaut, um dos responsáveis do Euro 2004 em Portugal, e disse-lhe: "Já pensou que se mandam um avião contra um estádio matam 40 mil?" Um mês depois, tungas!, havia F-16 a vigiar o espaço aéreo... "Espantosa coincidência!", ironiza no livro o nosso JAS, inventor, além do saco de plástico, dos primeiros drones antiterroristas.
Comprei o livro e pelo que li das 260 páginas soltas não encontro motivos suficientes para a desmesura do ataque.
A principal veia argumentativa, também secundada pelos papagaios amestrados que peroram nas tv´s , do género dos daniéis oliveiras e outros que tais, segue a tese do livro dos mortos que não devem ser incomodados no eterno descanso.
Porém, este não é o livro dos mortos, nem sequer dos mortos-vivos e quem falou nisso enterrou-se.
As historietas pessoais que o autor conta no livro tem pouco interesse global para nos ajudar a compreender o regime que temos, a não ser o que já sabíamos: as personagens desta comédia são cromos repetidos ao longo dos anos. Sobre o argumento dos mortos-vivos torna-se interessante a revelação de Freitas do Amaral que terá dito em 1984 ao autor que poderia ter sido ele o candidato precidencial e que só o revelou então porque só de tal sabiam três pessoas, incluindo-se a ele próprio e duas delas tinham morrido ( Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa). Se isto é fazer falar os mortos, bem vinda a mediação. Freitas do Amaral contou o caso num ambiente de almoço em 1984...
A Visão desta semana dedicou algumas páginas a criticar a atitude do autor, José António Saraiva, citando o tal argumento dos mortos-vivos que falam por interposto medium...
O típico relato de José António Saraiva neste livro é deste género: Freitas ( que já fez duas operações...citadas) denuncia um comportamento suspeito do antigo PGR Pinto Monteiro, que em 2010 se encontraria habitualmente com o advogado de Sócrates, Proença de Carvalho e pede para nada dizer enquanto não lhe der luz verde. Que nunca chegaria...
De resto, o episódio sobre Portas é irrelevante. Saber que será homossexual porque o irmão já morto lhe teria dito tal coisa é motivo de indignação para hipócritas que já ouviram falar há uns anos numa tal Catherine Deneuve, relatada por um tal Rui Araújo, muito celebrado pelos mesmos que agora vituperam J.A.S. o que diz tudo sobre isso.
Este livro já vai em mais de meia dúzia de edições e não vale um chavo, para além daqueles relatos pitorescos sem rumo definido e desgarrados de contexto do nosso sistema político. Ponto final.
O livro que deveria estar a concitar as atenções é outro, da autoria de Gustavo Sampaio- Porque falha Portugal?- editado pela Manuscrito. Gustavo Sampaio tinha já publicado Os Privilegiados e ainda Os Facilitadores, em 2013 e 2014, sobre a mesma temática: o retrato do nosso sistema político-económico, feito através de notícias avulsas e sua interpretação.
Gustavo Sampaio, como jornalista, faz o que os demais jornalistas não conseguem fazer: apresentar factos, interpretá-los sem grande facciosismo e revelar o sistema no seu esplendor.
É um pouco o que tento fazer aqui neste blog, só para mim e para me orientar no labirinto dos acontecimentos quotidianos.
Muitos dos temas abordados neste livro já o foram aqui. Por exemplo este que serve de mote para o
preâmbulo ao livro.
Vale a pena ler esta dúzia e meia de páginas ( para tal basta clicar com o botão direito do rato e abrir outra página. Nessa página pode ampliar-se a imagem até se tornar perfeitamente legível, melhor que se fosse o livro) e perceber o regime que temos, porque é disso que se trata, em resumo.
Nestes relatos não aparece a corrupção escarrapachada porque afinal a mesma não existe assim, como aparentemente se poderia concluir pela mistura e promiscuidade existente entre os actores de poder político, as decisões dos mesmos que afectam os portugueses em geral e a actividade pessoal e privada de muitos deles que trocam de posição ou aceitam colaborar nessas decisões, com grandes rendimentos provindos de adjudicações vultuosas, participando eventualmente nos resultados, indirectamente.
Ninguém se atreveria, ao ler isto, dizer que Paulo Rangel ou António Lobo Xavier são indivíduos corruptos porque aceitam participar nesses esquemas em que o Estado está sempre presente a entregar dinheiro aos milhões a empresas que representam ou escritórios de advogados que integram.
O problema é outro e muito mais subtil: haverá nesta promiscuidade ruína para os interesses legítimos de todos nós que somos o Estado, incluindo eles próprios? Haverá necessidade estrita de o sistema político-económico funcionar assim em Portugal de há décadas a esta parte?
As rendas que certas empresas privadas obtiveram do Estado justificam-se racionalmente?
Como aceitar que indivíduos que nada tinham de seu e de relevante, sendo relativamente miseráveis economicamente, depois de passarem por esses centros de poder obtivessem rendimentos de milhões, aparentemente sem sombra de pecado? Estou a lembrar-me particularmente de casos notórios e públicos como Dias Loureiro ou Proença de Carvalho, este, um advogado vindo do mesmo sítio daquele e que vicejou sempre à sombra deste regime.
Percebe-se que haja quem diga que em Portugal não há corrupção endémica e preocupante. De facto, em modo criminal e susceptível de ser comprovada em tribunais, pode não haver.
O que há é um sistema que em si mesmo é completamente corrupto. Isto não tem que ser assim e nem sempre foi.
No tempo de Marcello Caetano isto não era assim. Ponto e desafio quem quiser para verificar, pelo que aqui tenho escrito.
Portugal poderia ser outra coisa que não o que se pode ver agora pelo que se passou na Caixa Geral de Depósitos.
Nas notícias de hoje aparece a revelação que o DCIAP está a investigar crimes de administração danosa no banco público de há uns anos para cá, particularmente no tempo de Sócrates e Vara.
Este já veio dizer que é o primeiro a querer que tudo se esclareça e percebe-se muito bem ao ler a página do livro supra em que elenca os ex-políticos nomeados para a CGD.
Vara nem percebe o alcance do crime em causa porque sempre entendeu o sistema como funcionando do modo exposto.
Será caso de falta de consciência da ilicitude? Veremos...
Este livro de Gustavo Sampaio é que é o verdadeiro livro dos mortos-vivos, dos vampiros que nos sugam os recursos económicos e tudo fazem para manter o sistema que os mantém vivos...
Um jornalista que insulta outro jornalista deve ser escrutinado acerca dos motivos por que o faz. Desconfio que neste caso será assunto nebuloso.
A croniqueta, de Ferreira Fernandes, vinda de uma loca infecta:
O Eu e os Políticos, o novo livro de José António Saraiva (JAS), é um capítulo da obra mais vasta Eu e o Mundo que o homem anda a escrever há décadas. Por falar em políticos, Jérôme Cahuzac, ex-ministro francês, está a ser julgado por trapaças com o fisco. Há dias, no tribunal, pediram-lhe explicações por um depósito na Suíça, há 25 anos, e que ele ainda mantém. "Ah, era para apoiar o Michel Rocard", desculpou-se. Rocard é um político francês que morreu há dois meses... Nada como os mortos para depositarmos culpas. Canalhices de políticos lembradas, passemos então, sem sair do género, ao magnífico "Eu...", o JAS e as coisas picantes que ele sabe sobre os nossos políticos. Olha, o irmão que já morreu, a contar ao "Eu" a sexualidade do irmão; olha, o escritor que já morreu, a contar ao "Eu" as brejeirices dum ministro; olha, um ministro que já morreu e que, moribundo, invocou ao "Eu" a sua doença para sacar umas massas... Na capa do livro desenha-se um buraco de fechadura, erro gráfico: o JAS espreitou menos do que cavou em campas. E é pena, porque o "Eu", só, é mesmo fascinante. Falava ele com o político Arnaut, um dos responsáveis do Euro 2004 em Portugal, e disse-lhe: "Já pensou que se mandam um avião contra um estádio matam 40 mil?" Um mês depois, tungas!, havia F-16 a vigiar o espaço aéreo... "Espantosa coincidência!", ironiza no livro o nosso JAS, inventor, além do saco de plástico, dos primeiros drones antiterroristas.
Comprei o livro e pelo que li das 260 páginas soltas não encontro motivos suficientes para a desmesura do ataque.
A principal veia argumentativa, também secundada pelos papagaios amestrados que peroram nas tv´s , do género dos daniéis oliveiras e outros que tais, segue a tese do livro dos mortos que não devem ser incomodados no eterno descanso.
Porém, este não é o livro dos mortos, nem sequer dos mortos-vivos e quem falou nisso enterrou-se.
As historietas pessoais que o autor conta no livro tem pouco interesse global para nos ajudar a compreender o regime que temos, a não ser o que já sabíamos: as personagens desta comédia são cromos repetidos ao longo dos anos. Sobre o argumento dos mortos-vivos torna-se interessante a revelação de Freitas do Amaral que terá dito em 1984 ao autor que poderia ter sido ele o candidato precidencial e que só o revelou então porque só de tal sabiam três pessoas, incluindo-se a ele próprio e duas delas tinham morrido ( Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa). Se isto é fazer falar os mortos, bem vinda a mediação. Freitas do Amaral contou o caso num ambiente de almoço em 1984...
A Visão desta semana dedicou algumas páginas a criticar a atitude do autor, José António Saraiva, citando o tal argumento dos mortos-vivos que falam por interposto medium...
De resto, o episódio sobre Portas é irrelevante. Saber que será homossexual porque o irmão já morto lhe teria dito tal coisa é motivo de indignação para hipócritas que já ouviram falar há uns anos numa tal Catherine Deneuve, relatada por um tal Rui Araújo, muito celebrado pelos mesmos que agora vituperam J.A.S. o que diz tudo sobre isso.
Este livro já vai em mais de meia dúzia de edições e não vale um chavo, para além daqueles relatos pitorescos sem rumo definido e desgarrados de contexto do nosso sistema político. Ponto final.
O livro que deveria estar a concitar as atenções é outro, da autoria de Gustavo Sampaio- Porque falha Portugal?- editado pela Manuscrito. Gustavo Sampaio tinha já publicado Os Privilegiados e ainda Os Facilitadores, em 2013 e 2014, sobre a mesma temática: o retrato do nosso sistema político-económico, feito através de notícias avulsas e sua interpretação.
Gustavo Sampaio, como jornalista, faz o que os demais jornalistas não conseguem fazer: apresentar factos, interpretá-los sem grande facciosismo e revelar o sistema no seu esplendor.
É um pouco o que tento fazer aqui neste blog, só para mim e para me orientar no labirinto dos acontecimentos quotidianos.
Muitos dos temas abordados neste livro já o foram aqui. Por exemplo este que serve de mote para o
preâmbulo ao livro.
Vale a pena ler esta dúzia e meia de páginas ( para tal basta clicar com o botão direito do rato e abrir outra página. Nessa página pode ampliar-se a imagem até se tornar perfeitamente legível, melhor que se fosse o livro) e perceber o regime que temos, porque é disso que se trata, em resumo.
Nestes relatos não aparece a corrupção escarrapachada porque afinal a mesma não existe assim, como aparentemente se poderia concluir pela mistura e promiscuidade existente entre os actores de poder político, as decisões dos mesmos que afectam os portugueses em geral e a actividade pessoal e privada de muitos deles que trocam de posição ou aceitam colaborar nessas decisões, com grandes rendimentos provindos de adjudicações vultuosas, participando eventualmente nos resultados, indirectamente.
Ninguém se atreveria, ao ler isto, dizer que Paulo Rangel ou António Lobo Xavier são indivíduos corruptos porque aceitam participar nesses esquemas em que o Estado está sempre presente a entregar dinheiro aos milhões a empresas que representam ou escritórios de advogados que integram.
O problema é outro e muito mais subtil: haverá nesta promiscuidade ruína para os interesses legítimos de todos nós que somos o Estado, incluindo eles próprios? Haverá necessidade estrita de o sistema político-económico funcionar assim em Portugal de há décadas a esta parte?
As rendas que certas empresas privadas obtiveram do Estado justificam-se racionalmente?
Como aceitar que indivíduos que nada tinham de seu e de relevante, sendo relativamente miseráveis economicamente, depois de passarem por esses centros de poder obtivessem rendimentos de milhões, aparentemente sem sombra de pecado? Estou a lembrar-me particularmente de casos notórios e públicos como Dias Loureiro ou Proença de Carvalho, este, um advogado vindo do mesmo sítio daquele e que vicejou sempre à sombra deste regime.
Percebe-se que haja quem diga que em Portugal não há corrupção endémica e preocupante. De facto, em modo criminal e susceptível de ser comprovada em tribunais, pode não haver.
O que há é um sistema que em si mesmo é completamente corrupto. Isto não tem que ser assim e nem sempre foi.
No tempo de Marcello Caetano isto não era assim. Ponto e desafio quem quiser para verificar, pelo que aqui tenho escrito.
Portugal poderia ser outra coisa que não o que se pode ver agora pelo que se passou na Caixa Geral de Depósitos.
Nas notícias de hoje aparece a revelação que o DCIAP está a investigar crimes de administração danosa no banco público de há uns anos para cá, particularmente no tempo de Sócrates e Vara.
Este já veio dizer que é o primeiro a querer que tudo se esclareça e percebe-se muito bem ao ler a página do livro supra em que elenca os ex-políticos nomeados para a CGD.
Vara nem percebe o alcance do crime em causa porque sempre entendeu o sistema como funcionando do modo exposto.
Será caso de falta de consciência da ilicitude? Veremos...
Este livro de Gustavo Sampaio é que é o verdadeiro livro dos mortos-vivos, dos vampiros que nos sugam os recursos económicos e tudo fazem para manter o sistema que os mantém vivos...