Por acaso do destino veio agora parar-me às mãos um lote de jornais diários de 1966 a 1969. Vários exemplares do Diário de Lisboa, Capital, Diário de Notícias, República e Diário Popular.
Reparei num facto que nunca tinha reparado: em nenhum deles se fala de Salazar ou de Américo Tomás como hoje se fala do Costa ou de Marcelo. Em nenhum deles se dá tanta importância ao governo como hoje é o caso da imprensa no seu todo.
Impressionou-me ainda o facto de ainda existir algo que actualmente não julgo ser possível ou provável em Portugal.
Nesta página da Capital de 21 de Fevereiro de 1969 aparece a história de um português da passagem do século XIX para o XX e que era "milionário", tendo encomendado aos franceses da casa Julião Leroy um relógio de bolso o mais complexo possível para a tecnologia do tempo.
O relógio custou cerca de 116 mil escudos do tempo de 1969 e ficou na posse da família do feliz proprietário enquanto a fortuna a acompanhou, ou seja durante 50 anos. Em 1953 foi vendido a uns franceses que subscreveram o montante de oitocentos contos ( valor actualizado em 1969) e doaram-no ao museu de relojoaria de Besançon onde eventualmente se encontra.
O jornalista lamenta que em Portugal, nessa altura, não se tenha feito o mesmo...
Outra história é do Diário de Lisboa de 4 de Agosto de 1968 ( a data de redacção do jornal é aquela em que Salazar caiu da cadeira no Forte do Estoril) e um D. Martins anónimo é indicado como tendo vários quadros de pintores famosos, em casa, em virtude de os conhecer e ter privado com eles. Almada Negreiros, Amedeo, Joan Miró, Vieira da Silva, etc etc.
O que estas duas histórias denotam é um Portugal de um tempo que evidentemente já passou de um modo não apenas cronológico.
Hoje não temos destas histórias para conhecer. A Espanha terá. A França e a Bélgica terão. E nós poderíamos ainda ter...mas já não temos, por razões que tenho vindo a tentar perceber ao longo destes anos e dou conhecimento aqui.
Entretanto, uma boa notícia: a RTP vai disponibilizar o seu arquivo na íntegra online como celebração dos seus 60 anos. Dizem que vão pôr tudo na net até 2018, e já reparei que o site do arquivo se expandiu significativamente.
ResponderEliminarhttps://www.rtp.pt/noticias/pais/rtp-disponibiliza-arquivo-historico-on-line-para-consulta-livre_v987033
https://arquivos.rtp.pt/
Lá em casa todos os dias haviam 2 jornais, o Primeiro de Janeiro e o Diário de Lisboa, este último comprado ao fim da tarde. De vez em quando o meu pai trocava o Diário de Lisboa pelo Diário Popular que tinha "muito mais papel"
ResponderEliminarEra no tempo que o jornal depois de lido ainda tinha valor....
Pois os dois jornais não chegaram para ensinar que não se escreve "haviam"...
ResponderEliminarhttp://www.dn.pt/portugal/interior/palestra-de-jaime-nogueira-pinto-cancelada-devido-a-ameacas-5708960.html
ResponderEliminarO link acima é grave sinal dos tempos...
ResponderEliminarPensei que isso era o pretérito imperfeito. ;-)
ResponderEliminarhttps://www.google.pt/amp/www.dn.pt/dossiers/sociedade/os-segredos-do-opus-dei-grande-investigacao/noticias/interior/amp/opus-dei-nas-financas-do-governo-e-com-forca-na-banca-3017757.html
ResponderEliminarÉ curioso... Ainda há pouco li sobre "montres à complications", que desconhecia serem objecto de colecção pelas complicações em si.
ResponderEliminarVinha a propósito de um tal Julien Dray, co-fundador do SOS Racismo francês, e que, ao que consta, possui uma das maiores colecções de França...
"Pensei que isso era o pretérito imperfeito. ;-)"
ResponderEliminarPior a emenda que o soneto.
'pior a ementa que o sinete'
ResponderEliminarpor mais que me esforce não consigo levar a sério este chavismo de monhés conduzido por 2 madurões
Pinheiro de Azevedo 'ilustrou' bem o regime dos bardamerdas
Carvalho Monteiro, o dono do relógio da notícia acima apresentada, foi quem mandou construir a Quinta da Regaleira em Sintra.
ResponderEliminarQuinta essa que é um hino à Maçonaria...
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