Sapo24:
O ministro das Finanças, Mário Centeno, disse hoje na comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa que é "evidente" que existiu má gestão na Caixa Geral de Depósitos (CGD), e que essa gestão teve "custos".
Este Centeno, técnico de Finanças, onde estava quando aconteceram todos esses actos de gestão ruinosa, criminosa na CGD?
Diz a Wiki:
Foi economista do Banco de Portugal, a partir de 2000, e diretor-adjunto do Departamento de Estudos Económicos, de 2004 a 2013. Neste periodo de tempo foi também membro do Comité de Política Económica da União Europeia. De 2007 a 2013, foi presidente do Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento das Estatísticas Macroeconómicas, no Conselho Superior de Estatística.
De nada soube. De nada suspeitou. Mário Câncio, devia chamar-se.
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quarta-feira, janeiro 30, 2019
A democracia tem estes defeitos...
L´Histoire de Outubro de 2018:
A democracia fatalmente descamba em oligarquia, com predomínio de partidos políticos e determinadas pessoas, algumas dezenas, quando muito centenas que não largam o poder com facilidade democrática e tendem a arranjar modo de se perpetuarem nos lugares de poder. Em Portugal como noutros lados isso é notório.
Tal fenómeno gera necessariamente corrupção, tal como acontece em Portugal, com uma democracia ainda pouco amadurecida ( o PCP e partidos de extrema-esquerda continuam a ter grande preponderância no jogo democrático e impedem outras forças políticas opostas de se manifestarem, como seja a extrema-direita, escorraçada desse convívio dito democrático).
Por exemplo, este autor, professor catedrático de Direito é uma figura fascista ou mesmo nazi para palermas do tipo rapioqueiro. E por isso ostracizada.
O Diabo de 29.1.2019
Por isso é fatal que casos destes aconteçam às dúzias, sem controlo algum e total impunidade: a democracia gera esta corrupção endémica como fenómeno típico e natural. A ascensão pessoal destas nulidades no seio dos partidos políticos gera necessariamente a corrupção por carência de valores morais ou de outra ordem.
Tal não impede uma pretensa elite, mormente de advogados do coturno abaixo mostrado, de aproveitarem pessoal e profissionalmente dos problemas gerados por estes indivíduos e assim singrarem na vida, à custa de património ganho imoral e ilegalmente. Precisam desta gente como de pão para a boca, literalmente, para terem, por seu turno boas vidas. Acontece até um fenómeno muito curioso: alguns destes advogados que defendem este tipo de arguidos fazem parte de escritórios especializados nestes assuntos. Os pais, esses, são magistrados que combatem profissionalmente exactamente as pessoas que os filhos defendem.
É estranho, isto? Não. É assim. E poderá haver conflitos de interesses? Pelo menos morais, pode haver, certamente, mas isso conta para nada. Quem vai agora questionar a idoneidade moral dessas sumidades? Alguém se atreve a colocar em dúvida a seriedade ou honestidade dessa gente? E se o fizer o sistema democrático oligárquico entra em acção acelerada para fustigar o filisteu.
Por outro lado, as pessoas não vivem isoladas e em certo nível, mormente em tribunais superiores, pode acontecer uma promiscuidade inadmissível, entre pais que investigam ou julgam, filhos que defendem arguidos investigados e arranjam pareceres de professores que por sua vez convivem muito bem nesse gotha.
Mas...isto é apenas um jogo democrático, numa democracia com pouco mais de 40 anos e em que as gerações atingiram esse patamar: pais e filhos no mesmo meio, mas em lados opostos, ou supostamente, da barricada.
A democracia fatalmente descamba em oligarquia, com predomínio de partidos políticos e determinadas pessoas, algumas dezenas, quando muito centenas que não largam o poder com facilidade democrática e tendem a arranjar modo de se perpetuarem nos lugares de poder. Em Portugal como noutros lados isso é notório.
Tal fenómeno gera necessariamente corrupção, tal como acontece em Portugal, com uma democracia ainda pouco amadurecida ( o PCP e partidos de extrema-esquerda continuam a ter grande preponderância no jogo democrático e impedem outras forças políticas opostas de se manifestarem, como seja a extrema-direita, escorraçada desse convívio dito democrático).
Por exemplo, este autor, professor catedrático de Direito é uma figura fascista ou mesmo nazi para palermas do tipo rapioqueiro. E por isso ostracizada.
O Diabo de 29.1.2019
Por isso é fatal que casos destes aconteçam às dúzias, sem controlo algum e total impunidade: a democracia gera esta corrupção endémica como fenómeno típico e natural. A ascensão pessoal destas nulidades no seio dos partidos políticos gera necessariamente a corrupção por carência de valores morais ou de outra ordem.
Tal não impede uma pretensa elite, mormente de advogados do coturno abaixo mostrado, de aproveitarem pessoal e profissionalmente dos problemas gerados por estes indivíduos e assim singrarem na vida, à custa de património ganho imoral e ilegalmente. Precisam desta gente como de pão para a boca, literalmente, para terem, por seu turno boas vidas. Acontece até um fenómeno muito curioso: alguns destes advogados que defendem este tipo de arguidos fazem parte de escritórios especializados nestes assuntos. Os pais, esses, são magistrados que combatem profissionalmente exactamente as pessoas que os filhos defendem.
É estranho, isto? Não. É assim. E poderá haver conflitos de interesses? Pelo menos morais, pode haver, certamente, mas isso conta para nada. Quem vai agora questionar a idoneidade moral dessas sumidades? Alguém se atreve a colocar em dúvida a seriedade ou honestidade dessa gente? E se o fizer o sistema democrático oligárquico entra em acção acelerada para fustigar o filisteu.
Por outro lado, as pessoas não vivem isoladas e em certo nível, mormente em tribunais superiores, pode acontecer uma promiscuidade inadmissível, entre pais que investigam ou julgam, filhos que defendem arguidos investigados e arranjam pareceres de professores que por sua vez convivem muito bem nesse gotha.
Mas...isto é apenas um jogo democrático, numa democracia com pouco mais de 40 anos e em que as gerações atingiram esse patamar: pais e filhos no mesmo meio, mas em lados opostos, ou supostamente, da barricada.
terça-feira, janeiro 29, 2019
Populismo aos saltos no CSM
Observador:
O Conselho Superior da Magistratura (CSM) chumbou esta terça-feira a proposta de arquivamento do processo disciplinar aberto contra o juiz Neto Moura e decidiu mudar o relator do processo. Em causa estão dois polémicos acórdãos sobre os crimes de violência doméstica em que teceu considerações sobre as vítimas e se referiu ao adultério como uma atenuante para o crime — o que não está previsto na lei desde o 25 de Abril.
Segundo o comunicado daquele órgão que regula os juízes, “o CSM ponderou que a censura disciplinar em função do que se escreva na fundamentação de uma sentença ou de um acórdão apenas acontece em casos excecionais, dado o princípio da independência dos tribunais e a indispensável liberdade de julgamento, circunstancialismo que se considerou verificado no caso vertente, em virtude de as expressões em causa serem desnecessárias e autónomas relativamente à atividade jurisdicional”
O Plenário do CSM, reunido esta terça-feira, “considerou que no caso em apreciação as expressões e juízos utilizados constituem infração disciplinar, pelo que foi rejeitado o projeto de arquivamento apresentado a Plenário e determinada a mudança de relator, para apresentação de novo projeto na próxima sessão do Plenário”. Oito membros votaram a favor e sete contra, lê-se ainda no comunicado.
Neto Moura é juiz no Tribunal da Relação do Porto onde permanece a apreciar casos de violência doméstica. Os polémicos acórdãos que assinou foram foram conhecidos em outubro de 2017. O Conselho Superior da Magistratura decidiu então abrir um inquérito para analisar os documentos. Chegou a ter em mãos quatro acórdãos que podiam levantar questões, mas só dois revelaram matéria para avançar com um processo disciplinar devido à linguagem utilizada.
O Conselho Superior da Magistratura (CSM) chumbou esta terça-feira a proposta de arquivamento do processo disciplinar aberto contra o juiz Neto Moura e decidiu mudar o relator do processo. Em causa estão dois polémicos acórdãos sobre os crimes de violência doméstica em que teceu considerações sobre as vítimas e se referiu ao adultério como uma atenuante para o crime — o que não está previsto na lei desde o 25 de Abril.
Segundo o comunicado daquele órgão que regula os juízes, “o CSM ponderou que a censura disciplinar em função do que se escreva na fundamentação de uma sentença ou de um acórdão apenas acontece em casos excecionais, dado o princípio da independência dos tribunais e a indispensável liberdade de julgamento, circunstancialismo que se considerou verificado no caso vertente, em virtude de as expressões em causa serem desnecessárias e autónomas relativamente à atividade jurisdicional”
O Plenário do CSM, reunido esta terça-feira, “considerou que no caso em apreciação as expressões e juízos utilizados constituem infração disciplinar, pelo que foi rejeitado o projeto de arquivamento apresentado a Plenário e determinada a mudança de relator, para apresentação de novo projeto na próxima sessão do Plenário”. Oito membros votaram a favor e sete contra, lê-se ainda no comunicado.
Neto Moura é juiz no Tribunal da Relação do Porto onde permanece a apreciar casos de violência doméstica. Os polémicos acórdãos que assinou foram foram conhecidos em outubro de 2017. O Conselho Superior da Magistratura decidiu então abrir um inquérito para analisar os documentos. Chegou a ter em mãos quatro acórdãos que podiam levantar questões, mas só dois revelaram matéria para avançar com um processo disciplinar devido à linguagem utilizada.
O relator do procedimento disciplinar entendeu que o assunto era para arquivar. O CSM entendeu que não e mudou de relator...por 8 a 7.
Isto está bonito...a justiça por voto em maioria simples. É o que dá ter maioria de políticos nos órgãos de gestão da magistratura. Deixam-se levar pelas cantiga da rua.
Entretanto há uma novidade: o putativo director-geral dos juízes deixou de portavozear pelo CSM. Desta vez foi o presidente do dito Conselho quem prestou esclarecimentos. Até que enfim!
Entretanto há uma novidade: o putativo director-geral dos juízes deixou de portavozear pelo CSM. Desta vez foi o presidente do dito Conselho quem prestou esclarecimentos. Até que enfim!
Filha de Vara...sabe saltar.
CM de hoje:
A filha de Armando Vara, em 2009 pediu à CGD em Vinhais, terra do pai- que "ajudou em tudo" -quando já era administrador do BCP, sob a presidência do papa de quem nunca se fala, Carlos Santos Ferreira, um empréstimo bancário, crédito para habitação, de 230 mil euros, para comprar uma casa de mais de 600 mil. Teria 31 anos e as condições do empréstimo do banco público merecem registo nos anais da agência de Vinhais: praticamente sem juros, a prazo para além do limite normal. Não deve haver exemplo iguar na terriola e por isso é notícia de homem que morde o cão.
Bárbara pagava assim cerca de 200 euros por mês, desse empréstimo que atingiria o fim muito para além dos 100 anos que Bárbara possa viver. À data Bárbara já ganharia por mês mais de 5 mil euros. Um ordenado de ministro. E que fazia Bárbara em 2009, para ter este vencimento principesco? O jornal não diz mas é provável que já fosse gestora de qualquer coisa relacionada com gente do futebol.
É preciso saber o nome deste gestor de Vinhais que aprovou este contrato e perguntar-lhe a razão especial do favor objectivo. O banco público merece gestores deste calibre? Talvez se ninguém indagar...e por isso talvez valha a pena saber se a inspecção do banco público detectou este fenómeno, o que fez e se o gestor em causa foi recompensado de alguma forma. Seja com robalos ou vinhos finos.
ADITAMENTO À GUISA DE ESCLARECIMENTO:
A filha de Armando Vara, em 2009 pediu à CGD em Vinhais, terra do pai- que "ajudou em tudo" -quando já era administrador do BCP, sob a presidência do papa de quem nunca se fala, Carlos Santos Ferreira, um empréstimo bancário, crédito para habitação, de 230 mil euros, para comprar uma casa de mais de 600 mil. Teria 31 anos e as condições do empréstimo do banco público merecem registo nos anais da agência de Vinhais: praticamente sem juros, a prazo para além do limite normal. Não deve haver exemplo iguar na terriola e por isso é notícia de homem que morde o cão.
Bárbara pagava assim cerca de 200 euros por mês, desse empréstimo que atingiria o fim muito para além dos 100 anos que Bárbara possa viver. À data Bárbara já ganharia por mês mais de 5 mil euros. Um ordenado de ministro. E que fazia Bárbara em 2009, para ter este vencimento principesco? O jornal não diz mas é provável que já fosse gestora de qualquer coisa relacionada com gente do futebol.
É preciso saber o nome deste gestor de Vinhais que aprovou este contrato e perguntar-lhe a razão especial do favor objectivo. O banco público merece gestores deste calibre? Talvez se ninguém indagar...e por isso talvez valha a pena saber se a inspecção do banco público detectou este fenómeno, o que fez e se o gestor em causa foi recompensado de alguma forma. Seja com robalos ou vinhos finos.
ADITAMENTO À GUISA DE ESCLARECIMENTO:
Uma comentadora do blog publicou o seguinte comentário:
Fui ver. Não era a chuva. Não. Não era o vento. Não.
Fui ver à pagina da cgd. E têm.
Têm um credito chamado T30. Um credito cuja ultima prestação é de 30%.
Noticias provavelmente feitas por quem escreve antes de investigar.
Os créditos tem nuances. Há uns sem entrada outros com entrada. Uns com valor residual alto na ultima prestação outros sem ele.
As nuances e o montante da prestação estão ligados.
Assim, para obter uma prestação de 250 euros por mês para um credito de 230 mil euros basta que o valor residual (ultima prestação) seja de, por hipótese, 30% do montante de compra ( que foi de 600 mil euros). Pago em 30 anos.
Fizeram estas contas os jornalixos que escreveram o artigo? Investigaram os contornos do contrato de mutuo?
Não. Não fizeram. Não investigaram. E os leitores deste jornalixo engolem tudo o que lhes põem na manjedoura.
Portanto, o crédito nunca poderia ter sido para além dos 100 anos, o que é uma notícia. Seria um crédito a 30 anos, por alguém que tinha 31 anos e seria agente de publicidade ou coisa que o valha. A garantia seria a hipoteca da casa que valia o dobro ou por aí.
Se assim for está bem e a notícia é falsa. Foi?! Não foi assim explicado no interrogatório...
Mas... movido pela curiosidade também fui ver e foi rápido. Não encontrei t30 algum [ afinal encontrei...mas tem juros à escolha] que não tivesse juros ( como não?! Como é que o banco é remunerado durante 30 anos se não houver juros?!) Enfim...o que encontrei foi isto e nem sei se em 2009 havia disto. Mas talvez houvesse melhor...afinal o regabofe na CGD deu para tudo.
Ou então este, para quem quiser deixar os tais 30% para o fim do contrato e por isso pagará apenas o correspondente ao resto...
Mas... movido pela curiosidade também fui ver e foi rápido. Não encontrei t30 algum [ afinal encontrei...mas tem juros à escolha] que não tivesse juros ( como não?! Como é que o banco é remunerado durante 30 anos se não houver juros?!) Enfim...o que encontrei foi isto e nem sei se em 2009 havia disto. Mas talvez houvesse melhor...afinal o regabofe na CGD deu para tudo.
Ou então este, para quem quiser deixar os tais 30% para o fim do contrato e por isso pagará apenas o correspondente ao resto...
segunda-feira, janeiro 28, 2019
E que jogo é esse, dr. Magalhães? O da cabra-cega?
Lembrando que Marcelo pediu um pacto para a justiça há "ano e meio" centristas dizem que não vão esperar mais: marque-se o debate. E em resposta indireta a Rio, dizem que sim a um novo inquérito à CGD.
Bárbara Vara de nada sabia. Os advogados também...
SAPO:
Bárbara Vara, filha de Armando Vara recebeu milhões de euros na sua conta bancária, vinda de algures. Segundo o Observador que conta melhor a história, confiava no seu pai e nada sabia sobre a origem dos cerca de 2 milhões de euros que Armando Vara angariou numa conta bancária na Suíça aberta em nome de uma sociedade offshore formalmente controlada por Bárbara Vara.
Parece que o juiz Ivo lhe perguntou se sabia quanto ganhava o seu pai, como administrador na CGD. Disse que seriam para aí 600 mil euros por ano. Líquidos? Nem tanto...mas o dinheiro nestas pessoas é fêmea e tende a reproduzir-se como coelhas, sejam jorges ou não.
Por outro lado, aqueles dois advogados, um deles filho do magistrado do MºPº A. Cluny e o outro o inefável Rui Patrício que escreve criptogramas no jornal i, de vez em quando, também acreditam piamente na inocência da Bárbara. Por isso a defendem. Rui Patrício disse uma vez que é assim que defende os seus clientes: porque acredita neles. Ou terá sido um outro gémeo, na advocacia, e de quem não me quero agora lembrar?
A Justiça é assim, em Portugal. Por vezes é uma comédia de mau gosto, como agora.
Bárbara Vara, filha de Armando Vara recebeu milhões de euros na sua conta bancária, vinda de algures. Segundo o Observador que conta melhor a história, confiava no seu pai e nada sabia sobre a origem dos cerca de 2 milhões de euros que Armando Vara angariou numa conta bancária na Suíça aberta em nome de uma sociedade offshore formalmente controlada por Bárbara Vara.
Parece que o juiz Ivo lhe perguntou se sabia quanto ganhava o seu pai, como administrador na CGD. Disse que seriam para aí 600 mil euros por ano. Líquidos? Nem tanto...mas o dinheiro nestas pessoas é fêmea e tende a reproduzir-se como coelhas, sejam jorges ou não.
Por outro lado, aqueles dois advogados, um deles filho do magistrado do MºPº A. Cluny e o outro o inefável Rui Patrício que escreve criptogramas no jornal i, de vez em quando, também acreditam piamente na inocência da Bárbara. Por isso a defendem. Rui Patrício disse uma vez que é assim que defende os seus clientes: porque acredita neles. Ou terá sido um outro gémeo, na advocacia, e de quem não me quero agora lembrar?
A Justiça é assim, em Portugal. Por vezes é uma comédia de mau gosto, como agora.
A burocratização funcional dos magistrados do MºPº
"Distância institucional e a frieza de comunicações segundo o formalismo mais estrito contribuem pouco para a boa imagem de um corpo do Estado que é de acção e iniciativa", é o resumo deste escrito da magistrada do MºPº que o subscreve, no Público de hoje.
Esta crítica é uma maneira críptica de olhar para o problema que é o MºPº hoje em dia e se prepara para se tornar pior com o Estatuto que virá. Não por causa do controlo político da investigação criminal nas pela burocratização funcional dos seus magistrados.
O que significa isto em termos concretos e claros?
A principal ocupação institucional do MºPº é o exercício da acção penal, uma expressão que aparece logo em primeiro lugar nas atribuições estatutárias do MºPº. Mas...o que é esse tal exercício da acção penal? É simples de entender para quem quiser saber:
É uma actividade diária, permanente, de todos os magistrados do MºPº nas cerca das duas dezenas de comarcas do país, que englobam o trabalho concreto de centenas de magistrados colocados nos departamentos de investigação criminal.
Normalmente as "notícias" de crimes aparecem através das polícias que temos, a GNR, a PSP, a PJ, a Polícia Marítima, o SEF, a Inspecção das actividades económicas, etc etc.
Todos os dias há entrada real nos computadores do MºPº dessas notícias, participações escritas com elementos relativos a identidades, pessoas, factos e circunstâncias, relativas a supostos crimes cometidos.
Alguns com denunciados concretos outros nem por isso e por crimes contra as pessoas ( homicídios, violações, ofensas à integridade física, à sexualidade de maiores e menores, domésticos, etc), por crimes contra interesses patrimoniais das pessoas ( furtos, burla, roubos, danos, falências, gestão danosa, etc etc); crimes contra interesses e valores da sociedade em geral ( falsificações, incêndios, segurança das comunicações e construções, etc) e crimes contra interesses do Estado ( corrupção, contra o Estado de Direito, abusos vários, fiscais, à Segurança Social, etc etc). Estes crimes catalogam-se no Código Penal e numa miríade de legislação avulsa.
Para lidar com tais infracções a valores e interesses há regras que foram estabelecidas nos códigos de processo e mesmo nos estatutos profissionais.
Aos magistrados do MºPº, tal como aos juízes, exige-se o conhecimento técnico de todas estas leis e sobre isso há que dizer que a formação obtida nas faculdades de Direito e depois na escola de magistrados, CEJ, desenvolvida com a prática nos tribunais, é geralmente suficiente e de alta exigência. O recrutamento de magistrados obedece a esses critérios desde há mais de 30 anos.
Tirando casos pontuais que se tornam conhecidos ou não, a esmagadora maioria dos magistrados cumpre regularmente a função que lhes foi confiada, com lealdade e competência suficientes, acima da média da bitola profissional para o país que somos, na minha modesta opinião. Não vemos muitas queixas públicas a propósito da competência técnica dos magistrados...e no entanto subsistem outros problemas porventura mais graves.
Qual é para mim o principal defeito da magistratura do MºPº , hoje em dia e que o novel estatuto irá refinar e agravar? É a inobservância de um princípio estrutural dessa magistratura.
No sítio do MºPº explica-se bem o que é o MºPº:
É uma magistratura paralela e independente da magistratura judicial. Os agentes do Ministério Público são magistrados em termos equiparáveis aos juízes: devem agir sempre com estrita obediência à lei, com objectividade e isenção.
Qual é o princípio que se posterga frequentemente na actividade diária do MºPº naquelas comarcas e departamentos que integram as centenas de magistrados de todo o país e que todos os dias lida com os crimes reportados?
É o da Objectividade e Isenção. Porque é que tal acontece, no meu ponto de vista, reflectido, ponderado e com vários anos de observação prática?
Por deformação profissional que se foi agravando ao longo de décadas à medida de dois ou três fenómenos que foram surgindo e agravando nos últimos anos: a excessiva feminização do MºPº, a regular burocratização através de reportes e relatórios cada vez mais frequentes de estatísticas vãs e sem estudo efectivo do respectivo significado e o abandono progressivo da realização de inquéritos, pessoalmente, pelos magistrados. Creio que hoje em dia, se houvesse uma inspecção real e efectiva a tal fenómeno, chegar-se-ia à conclusão que a esmagadora maioria de todos os inquéritos criminais é realizada por polícias e outros órgãos de polícia criminal, como os inspectores de Finanças e outras inspecções da Administração Pública.
Actualmente, os magistrados do MºPº, na sua esmagadora maioria, são juizes dos inquéritos. Recebem as participações e remetem as mesmas para investigação para tais órgãos de polícia criminal, em muitos casos obrigatoriamente, por causa da lei ( os casos relativos a competência "exclusiva" da PJ). O que acontece nestes casos? O magistrado do MºPº apesar de ser o dominus de tal inquérito, torna-se uma espécie de controlador burocrático de diligências sugeridas por esses opc´s e nos casos mais graves medianeiro entre os mesmos e os JIC´s.
A participação que entra nos serviços do MºPº é encaminhada pela secretaria para o respectivo magistrado que a despacha, literalmente, para outra entidade, no caso a polícia competente.
Há instruções internas que prevêem o controlo efectivo de tais inquéritos através de imposições escritas a tais opc´s. com indicação concreta de diligências a efectuar e prazo para as fazer, só que tais regras de regulamento interno e ordens de serviço ( uma praga, actualmente e que se multiplica como só as pragas o fazem) esbarram com as realidades das carências diárias das polícias controladas pelo poder político-administrativo, a que é alheio o MºPº. Uma incongruência que torna inoperantes tais métodos julgados eficazes. Por outro lado, devido a uma moda perversa, as instâncias superiores do MºPº muito assustadas com as CMTV´s e quejandos media, querem a todo o custo saber quais são os processos com "repercussão mediática". Para quê? Até agora, não se sabe muito bem porque em nenhum caso, que se saiba, tal comunicação teve resultados visíveis das instâncias hierárquicas superiores relativamente a uma comunicação adequada aos media. Geralmente é mal feita tal comuniação e na própria PGR existe um gabinete que a meu ver funciona muito mal e também ele já burocratizado e ineficaz como comunicador seja do que for.
Acresce a tal fenómeno a burocratização que passa pela comunicação a instâncias superiores, que com o novel estatuto, se replicarão em mais de meia dúzia de órgãos formais, todos com magistrados a superintender, em escalões progressivamente superiores, com um desiderato que não se alcança. Supostamente tal garantiria o controlo hierárquico dos procedimentos mas facilmente se entende que é inútil tal procedimento de controlo obsessivo através de comunicações massificadas com vista a habilitar a hierarquia de algo que não se entende. Controlo de quê, afinal? Do desenrolar dos processos? Sim, nos prazos, mas inútil porque a instância de controlo de tal deveria ser a imediatamente superior e não outras subsequentes. No tempo de Cunha Rodrigues, como PGR este chegou a relatar em entrevista que a PJ tinha em seu poder procedimentos avulsos e preventivos que nem inquéritos eram, há longos anos. Só que a inspecção da PJ competia ao MºPº que fez vista grossa durante todos esses anos...
Agora não há tal perigo mas será melhor o excessivo controlo hierárquico e burocratizado? Não porque tal diminui a autonomia dos magistrados de base, retira-lhes o sentimento de serem verdadeiros magistrados e torna-os burocratas funcionalizados em comunicações hierárquicas.
Outro efeito perverso desta excessiva burocratização reside na atitude diária dos magistrados: "despachar" processos que recebem dos tais opc´s do modo que aprenderam: ler os relatórios das polícias, analisar perfunctoriamente os factos em causa e acusar de preferência. Parece ser esse o desiderato da hierarquia superior e tal é assim comunicado informalmente e valorizado por inspectores do sistema.
Acusar em vez de arquivar, como preferência, é um efeito deste sistema que está instituído. Ora as acusações devem ser peças processuais delicadas e com rigor exclusivo e de excelência. A estatística recolhida mostra ao longo dos anos que é muito maior o número dos inquéritos arquivados do que os que são acusados. Avaliar estes efeitos através de estatísticas representa um erro grave, a meu ver.
À partida esconde aquele problema enunciado, o da postergação do princípio da objectividade e isenção.
O magistrado perante um inquérito com factos duvidosos ou cuja prova em julgamento se afigure difícil ou virtualmente impossível, deve ponderar uma de duas coisas: arquivar ou investigar melhor, pessoalmente se for o caso e complementando investigações policiais se tal for possível. E isso é tarefa de magistrado, não de polícia.
Ao magistrado exige-se profissional e legalmente uma atitude de isenção e objectividade que implica duas coisas: investigar e recolher prova contra o suspeito e a favor do mesmo, se for o caso. Um magistrado que só pondera a primeira parte da equação, como geralmente acontece, está na fronteira da prevaricação, ou seja da acção penal arbitrária contra alguém.
E é isso que acontece cada vez com maior frequência, devido aos fenómenos que procurei elencar e a outros que podem ter o seu significado, avultando entres estes a desconsideração pela antiguidade e respeito devido aos mais velhos, pela competência vista desse prisma, em detrimento da produtividade ou do formalismo acéfalo e vazio de substância.
Estou certo que a adopção destes critérios como regra e a sua promoção como valores de excelência conduziria o MºPº português para patamares de excelência.
Um Ministério Público, como o português deveria pautar-se pelo rigor das suas investigações criminais, isenção a toda a prova e imagem de baluarte de um Estado que é de todos, vítimas, suspeitos e arguidos. As vítimas merecem toda a protecção quando o são verdadeiramente e na respectiva medida. Mas os suspeitos e arguidos também merecem consideração na aplicação da lei e justiça.
A excelência da actuação do MºPº deveria rever-se nesses propósitos.
Infelizmente parece-me que é o contrário que está a suceder e se verificará a breve trecho, com um MºPº cada vez mais populista, a reboque de certos media sensacionalistas e com medo das sombras da opinião publicada que pouco valor tem mas à qual é dada uma importância desmedida.
Esta crítica é uma maneira críptica de olhar para o problema que é o MºPº hoje em dia e se prepara para se tornar pior com o Estatuto que virá. Não por causa do controlo político da investigação criminal nas pela burocratização funcional dos seus magistrados.
O que significa isto em termos concretos e claros?
A principal ocupação institucional do MºPº é o exercício da acção penal, uma expressão que aparece logo em primeiro lugar nas atribuições estatutárias do MºPº. Mas...o que é esse tal exercício da acção penal? É simples de entender para quem quiser saber:
É uma actividade diária, permanente, de todos os magistrados do MºPº nas cerca das duas dezenas de comarcas do país, que englobam o trabalho concreto de centenas de magistrados colocados nos departamentos de investigação criminal.
Normalmente as "notícias" de crimes aparecem através das polícias que temos, a GNR, a PSP, a PJ, a Polícia Marítima, o SEF, a Inspecção das actividades económicas, etc etc.
Todos os dias há entrada real nos computadores do MºPº dessas notícias, participações escritas com elementos relativos a identidades, pessoas, factos e circunstâncias, relativas a supostos crimes cometidos.
Alguns com denunciados concretos outros nem por isso e por crimes contra as pessoas ( homicídios, violações, ofensas à integridade física, à sexualidade de maiores e menores, domésticos, etc), por crimes contra interesses patrimoniais das pessoas ( furtos, burla, roubos, danos, falências, gestão danosa, etc etc); crimes contra interesses e valores da sociedade em geral ( falsificações, incêndios, segurança das comunicações e construções, etc) e crimes contra interesses do Estado ( corrupção, contra o Estado de Direito, abusos vários, fiscais, à Segurança Social, etc etc). Estes crimes catalogam-se no Código Penal e numa miríade de legislação avulsa.
Para lidar com tais infracções a valores e interesses há regras que foram estabelecidas nos códigos de processo e mesmo nos estatutos profissionais.
Aos magistrados do MºPº, tal como aos juízes, exige-se o conhecimento técnico de todas estas leis e sobre isso há que dizer que a formação obtida nas faculdades de Direito e depois na escola de magistrados, CEJ, desenvolvida com a prática nos tribunais, é geralmente suficiente e de alta exigência. O recrutamento de magistrados obedece a esses critérios desde há mais de 30 anos.
Tirando casos pontuais que se tornam conhecidos ou não, a esmagadora maioria dos magistrados cumpre regularmente a função que lhes foi confiada, com lealdade e competência suficientes, acima da média da bitola profissional para o país que somos, na minha modesta opinião. Não vemos muitas queixas públicas a propósito da competência técnica dos magistrados...e no entanto subsistem outros problemas porventura mais graves.
Qual é para mim o principal defeito da magistratura do MºPº , hoje em dia e que o novel estatuto irá refinar e agravar? É a inobservância de um princípio estrutural dessa magistratura.
No sítio do MºPº explica-se bem o que é o MºPº:
É uma magistratura paralela e independente da magistratura judicial. Os agentes do Ministério Público são magistrados em termos equiparáveis aos juízes: devem agir sempre com estrita obediência à lei, com objectividade e isenção.
Qual é o princípio que se posterga frequentemente na actividade diária do MºPº naquelas comarcas e departamentos que integram as centenas de magistrados de todo o país e que todos os dias lida com os crimes reportados?
É o da Objectividade e Isenção. Porque é que tal acontece, no meu ponto de vista, reflectido, ponderado e com vários anos de observação prática?
Por deformação profissional que se foi agravando ao longo de décadas à medida de dois ou três fenómenos que foram surgindo e agravando nos últimos anos: a excessiva feminização do MºPº, a regular burocratização através de reportes e relatórios cada vez mais frequentes de estatísticas vãs e sem estudo efectivo do respectivo significado e o abandono progressivo da realização de inquéritos, pessoalmente, pelos magistrados. Creio que hoje em dia, se houvesse uma inspecção real e efectiva a tal fenómeno, chegar-se-ia à conclusão que a esmagadora maioria de todos os inquéritos criminais é realizada por polícias e outros órgãos de polícia criminal, como os inspectores de Finanças e outras inspecções da Administração Pública.
Actualmente, os magistrados do MºPº, na sua esmagadora maioria, são juizes dos inquéritos. Recebem as participações e remetem as mesmas para investigação para tais órgãos de polícia criminal, em muitos casos obrigatoriamente, por causa da lei ( os casos relativos a competência "exclusiva" da PJ). O que acontece nestes casos? O magistrado do MºPº apesar de ser o dominus de tal inquérito, torna-se uma espécie de controlador burocrático de diligências sugeridas por esses opc´s e nos casos mais graves medianeiro entre os mesmos e os JIC´s.
A participação que entra nos serviços do MºPº é encaminhada pela secretaria para o respectivo magistrado que a despacha, literalmente, para outra entidade, no caso a polícia competente.
Há instruções internas que prevêem o controlo efectivo de tais inquéritos através de imposições escritas a tais opc´s. com indicação concreta de diligências a efectuar e prazo para as fazer, só que tais regras de regulamento interno e ordens de serviço ( uma praga, actualmente e que se multiplica como só as pragas o fazem) esbarram com as realidades das carências diárias das polícias controladas pelo poder político-administrativo, a que é alheio o MºPº. Uma incongruência que torna inoperantes tais métodos julgados eficazes. Por outro lado, devido a uma moda perversa, as instâncias superiores do MºPº muito assustadas com as CMTV´s e quejandos media, querem a todo o custo saber quais são os processos com "repercussão mediática". Para quê? Até agora, não se sabe muito bem porque em nenhum caso, que se saiba, tal comunicação teve resultados visíveis das instâncias hierárquicas superiores relativamente a uma comunicação adequada aos media. Geralmente é mal feita tal comuniação e na própria PGR existe um gabinete que a meu ver funciona muito mal e também ele já burocratizado e ineficaz como comunicador seja do que for.
Acresce a tal fenómeno a burocratização que passa pela comunicação a instâncias superiores, que com o novel estatuto, se replicarão em mais de meia dúzia de órgãos formais, todos com magistrados a superintender, em escalões progressivamente superiores, com um desiderato que não se alcança. Supostamente tal garantiria o controlo hierárquico dos procedimentos mas facilmente se entende que é inútil tal procedimento de controlo obsessivo através de comunicações massificadas com vista a habilitar a hierarquia de algo que não se entende. Controlo de quê, afinal? Do desenrolar dos processos? Sim, nos prazos, mas inútil porque a instância de controlo de tal deveria ser a imediatamente superior e não outras subsequentes. No tempo de Cunha Rodrigues, como PGR este chegou a relatar em entrevista que a PJ tinha em seu poder procedimentos avulsos e preventivos que nem inquéritos eram, há longos anos. Só que a inspecção da PJ competia ao MºPº que fez vista grossa durante todos esses anos...
Agora não há tal perigo mas será melhor o excessivo controlo hierárquico e burocratizado? Não porque tal diminui a autonomia dos magistrados de base, retira-lhes o sentimento de serem verdadeiros magistrados e torna-os burocratas funcionalizados em comunicações hierárquicas.
Outro efeito perverso desta excessiva burocratização reside na atitude diária dos magistrados: "despachar" processos que recebem dos tais opc´s do modo que aprenderam: ler os relatórios das polícias, analisar perfunctoriamente os factos em causa e acusar de preferência. Parece ser esse o desiderato da hierarquia superior e tal é assim comunicado informalmente e valorizado por inspectores do sistema.
Acusar em vez de arquivar, como preferência, é um efeito deste sistema que está instituído. Ora as acusações devem ser peças processuais delicadas e com rigor exclusivo e de excelência. A estatística recolhida mostra ao longo dos anos que é muito maior o número dos inquéritos arquivados do que os que são acusados. Avaliar estes efeitos através de estatísticas representa um erro grave, a meu ver.
À partida esconde aquele problema enunciado, o da postergação do princípio da objectividade e isenção.
O magistrado perante um inquérito com factos duvidosos ou cuja prova em julgamento se afigure difícil ou virtualmente impossível, deve ponderar uma de duas coisas: arquivar ou investigar melhor, pessoalmente se for o caso e complementando investigações policiais se tal for possível. E isso é tarefa de magistrado, não de polícia.
Ao magistrado exige-se profissional e legalmente uma atitude de isenção e objectividade que implica duas coisas: investigar e recolher prova contra o suspeito e a favor do mesmo, se for o caso. Um magistrado que só pondera a primeira parte da equação, como geralmente acontece, está na fronteira da prevaricação, ou seja da acção penal arbitrária contra alguém.
E é isso que acontece cada vez com maior frequência, devido aos fenómenos que procurei elencar e a outros que podem ter o seu significado, avultando entres estes a desconsideração pela antiguidade e respeito devido aos mais velhos, pela competência vista desse prisma, em detrimento da produtividade ou do formalismo acéfalo e vazio de substância.
Estou certo que a adopção destes critérios como regra e a sua promoção como valores de excelência conduziria o MºPº português para patamares de excelência.
Um Ministério Público, como o português deveria pautar-se pelo rigor das suas investigações criminais, isenção a toda a prova e imagem de baluarte de um Estado que é de todos, vítimas, suspeitos e arguidos. As vítimas merecem toda a protecção quando o são verdadeiramente e na respectiva medida. Mas os suspeitos e arguidos também merecem consideração na aplicação da lei e justiça.
A excelência da actuação do MºPº deveria rever-se nesses propósitos.
Infelizmente parece-me que é o contrário que está a suceder e se verificará a breve trecho, com um MºPº cada vez mais populista, a reboque de certos media sensacionalistas e com medo das sombras da opinião publicada que pouco valor tem mas à qual é dada uma importância desmedida.
domingo, janeiro 27, 2019
Pimenta na língua para o Polígrafo
O Polígrafo ( Fernando Esteves, mas neste caso lamentavelmente não assinado) propôs-se analisar a veracidade deste facto relatado:
Chegou à seguinte conclusão: Mamadou Ba não recebeu “200 mil euros” em ajustes diretos da Câmara Municipal de Lisboa. Essa conclusão que está a ser difundida em massa nas redes sociais é falsa.
Ou seja, anda por aí uma falsa notícia nas redes sociais acerca do pobrezinho Mamadou, africano do Senegal que imigrou para cá e se integrou como activista político, atreito ao Bloco de Esquerda ( já agora, o Polígrafo não poderia ajudar-nos a perceber a natureza radical do BE, mormente na questão de saber se é de extrema-esquerda?).
Seja como for, vejamos o modo como foi difundida a notícia, por aqui, há alguns dias:
A notícia que li diz que Mamadou Ba recebeu € 2491/mês por serviço que prestou na Assembleia Municipal. Na primeira página aparecia: " assessor do Bloco com ajustes directos de 191 mil euros".
Era falsa, esta notícia?
Diz no corpo principal que o referido Mamadou Ba celebrou três contratos com a Câmara de Lisboa, naquele valor, entre 2009 e 2013.
Diz o CM que tentou contactar o Mamadou para esclarecimentos destes factos mas o mesmo mostrou-se indisponível para falar e depois nem atendeu o telefone. E continua a ser assessor do BE...
São factos, isto, ou não?
O Polígrafo, na busca da verdade, assinala que "as notícias sobre estes contratos, publicadas esta semana em vários jornais, partem de uma base factual verdadeira e, no geral, apresentam os elementos que acabamos de expor. No entanto, a maior parte dos títulos aponta para o valor global de 191 mil euros que nem sequer foi efetivamente pago (o último contrato foi interrompido a meio e, no total, Mamadou Ba recebeu cerca de 157 mil euros brutos)."
Quer dizer que afinal os factos são verdadeiros e apenas poderão divergir no montante dos números acordados no final de um contrato terminado por mútuo acordo, em 2015. O contrato tinha sido celebrado por 1418 dias, em 13 de Dezembro de 2013, a um custo mensal de €2491,10 com IVA.
Notícia totalmente correcta, nesse aspecto essencial.
Na verdade o que o Polígrafo pretende sindicar é a notícia falsa que corre nas redes sociais que apimenta esse facto verdadeiro, passando o valor para uns arredondados 200 mil euros e fazendo crer que foi tudo de uma vez e limpinho.
Mas ao fazê-lo deixa a impressão de que o que passa nas redes sociais é totalmente fantasiado. O azar do Polígrafo é que num parágrafo a seguir estende as redes sociais também a vários jornais e eu não sei que jornais são esses. Afinal o fact-checking não era apenas para os whatsapps?
O Correio da Manhã, segundo julgo foi o único a referira tal notícia do modo que se expõe. Que outros jornais o fizeram , como as tais redes sociais? O Polígrafo que o diga, em nome do verdadeiro/falso/pimenta na língua.
O Correio da Manhã, segundo julgo foi o único a referira tal notícia do modo que se expõe. Que outros jornais o fizeram , como as tais redes sociais? O Polígrafo que o diga, em nome do verdadeiro/falso/pimenta na língua.
É a expressão verbal da desinformação que tem sido difundida nas redes sociais, mediante centenas de publicações: os 157 mil brutos que Mamadou Ba recebeu entre 2009 e 2015 (através de três contratos por ajuste direto da Câmara Municipal de Lisboa) passam para “200 mil euros” no presente, enquanto “assessor na Assembleia da República”.
De facto, Mamadou Ba trabalha atualmente como assessor do Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda, na Assembleia da República, mas os “200 mil euros” (que na verdade foram 157 mil euros, torna-se a sublinhar) corresponderam à prestação de serviços na Assembleia Municipal de Lisboa e na Câmara Municipal de Lisboa, não na Assembleia da República.
“A fortuna que vários jornais têm dito que Mamadou Ba ganhou com a Câmara de Lisboa não é fortuna alguma. É o valor dos contratos de trabalho referentes a oito anos de funções. Os 190 mil euros correspondem, em média, a cerca de 1690 euros mensais brutos. Ou seja, cerca de 980 euros líquidos mensais”, denunciou o autor de “Uma Página Numa Rede Social” (tal como o nome indica, trata-se de uma página no Facebook, com cerca de 70 mil seguidores), em mensagem publicada na sexta-feira, dia 25 de janeiro.
“A fortuna que vários jornais têm dito que Mamadou Ba ganhou com a Câmara de Lisboa não é fortuna alguma. É o valor dos contratos de trabalho referentes a oito anos de funções. Os 190 mil euros correspondem, em média, a cerca de 1690 euros mensais brutos. Ou seja, cerca de 980 euros líquidos mensais”, denunciou o autor de “Uma Página Numa Rede Social” (tal como o nome indica, trata-se de uma página no Facebook, com cerca de 70 mil seguidores), em mensagem publicada na sexta-feira, dia 25 de janeiro.
Oito anos de funções?! Entre 2009 e 2015 são oito anos?
Má nota para o Polígrafo. Pimenta na língua, por isso.
A investigação criminal a José Sócrates devia ter começado logo em 2010...ou antes.
O Expresso descobriu ontem uma pólvora molhada no caso Marquês que envolve José Sócrates: na primeira página anunciava que José Sócrates tinha sido denunciado pela CGD numa investigação secreta, em Abril de 2013.
A notícia refere-se a procedimentos administrativos organizados pelo MºPº relativamente a movimentação de capitais, na CGD, por José Sócrates e pessoas com o mesmo relacionadas. Mais de meio milhão de euros entrou na conta deste através da mãe.
Em 2012 ( Julho Agosto e Setembro) José Sócrates terá recebido de uma conta da mãe, três transferências de 100 mil euros cada e que se descobriu terem origem numa conta do BES titulada por Carlos Santos Silva. Em Dezembro desse ano, mais 150 mil euros e cheques de 50 mil e 20 ill, cairam na mesma conta, com a mesma proveniência.
Em Junho de 2011 José Sócrates obtivera um empréstimo da CGD de 120 mil euros. Em Abril de 2013 pelos vistos na conta daquele já só havia 99 mil euros...
Sobres o empréstimo concedidos generosamente pela CGD, o CM de hoje:
Na altura em que isto sucedeu, deu-se conta do fenómeno. É preciso lembrar que José Sócrates sempre disso que tinha uma conta bancária, a da CGD e que ganhava apenas o ordenado de primeiro-ministro. Mesmo que nada gastasse de tal ordenado ( o que parece ser norma entre primeiros-ministros que engordam contas bancárias com centenas de milhar de euros, multiplicando receitas de 6 mil euros por mês e ninguém se incomoda com isso...) não dava para nada porque era um pindérico, nesse nível. Não tinha fortuna de família, adquirira o apartamento da rua Castilho em condições já mais que suspeitas e ainda assim levava um trem de vida incompatível com os rendimentos conhecidos.
O melhor episódio ilustrativo deste fenómeno é o caso do bijan...a que ninguém ligou apesar de divulgado publicamente. O caso, na altura, pareceu-me mais grave do que aparentava e dava todos os indícios de prática de algo errado e eventualmente criminoso. Ninguém- desde o MºPº à Comunicação social - quis saber disso...
O caso é de 2010 e se tivesse sido investigado porventura nãos e chegava onde chegou e ter-se-ia evitado males maiores. O BES não tinha chegado onde chegou e outros assuntos teriam sido resolvidos de outra forma. José Sócrates teria sido constituído arguido e obrigado a demitir-se e porventura não teria havido intervenção da troika, por bancarrota do Estado.
Alguém duvida disso?
Seja como for, o empréstimo da CGD em Junho de 2011, logo depois da saída do Governo e da decisão de ir "estudar" para a Sciences Po, num processo que não foi devidamente escrutinado e cheirava a aldrabice por todos os lados, suscitou questões logo na altura. Tanto maiores quanto José Sócrates tinha adquirido, mesmo em "leasing" ( não sei com que garantias...) um Mercedes série S, do género dos de empreiteiro antigo que não pagava impostos. E tinha motorista privado. E pagava jantares a rodos, em Paris, quando lhe apetecia. E teve lá o filho do Silva Pereira, irmão do Silva Pereira magistrado no CEJ. Seria bom saber como é que o Silva Pereira, Pedro, lhe pagou o favor de Paris. E muito mais que toda essa gente do MºPº sabia ou deveria saber. Tal como no caso do bijan, ninguém do MºPº quis saber oficialmente. A actual ministra da Justiça, casada com Eduardo Paz Ferreira também nada sabia disto e era responsável de topo no MºPº.
Mas havia quem quisesse:
O Correio da Manhã não larga Sócrates como o Mediapart não largou Cahuzac. Agora mandou um "encoberto" à CGD para perguntar se poderia fazer um crédito-formação, ou seja, um crédito idêntico ao que José Sócrates afirmou ter contraído junto da mesma CGD para estudar em Paris.
Em primeiro lugar o limite desse crédito é de 50 mil euros. Ora segundo as contas do CM, a gastar cerca de 15 mil euros por mês, no mínimo e se pagar tudo, tal valor chegava apenas para um pouco mais de três meses.
Por outro lado, é preciso prestar garantias desse crédito, porque segundo informou a "menina da CGD", "qualquer crédito precisa de garantias", o que é evidente e qualquer pessoa percebe. Ora José Sócrates afirmou na entrevista à RTP que não lhe pediram quaisquer garantias porque era um cliente sem mancha.
Conclusão: crédito-formação não terá sido. Mas pode ter sido um simples crédito ao consumo...
Seja como for, aquelas duas circunstâncias carecem de esclarecimento cabal porque os espectadores e o povo português que votou no indivíduo não devem ser olhados como uma manada de gado que come miolo de enxergão. Para isso basta os jornalistas que fazem de conta que não querem saber.
Por isso mesmo, o Banco de Portugal ou os serviços de inspecção da CGD deverão indagar como é que foi o tal empréstimo faraminoso ao antigo primeiro-ministro e que condições revestiu.
Ah! E ainda há aquele pequeno pormenor do carro de 100 mil euros... comprado ( terá sido em ald?) logo que saiu do governo.
Estas coisas em França, agora, explicam-se tim tim por tim tim. Por cá, basta que haja um númenro suficiente de pessoas que assim o exija e passa a igualmente a explicar-se.
A notícia refere-se a procedimentos administrativos organizados pelo MºPº relativamente a movimentação de capitais, na CGD, por José Sócrates e pessoas com o mesmo relacionadas. Mais de meio milhão de euros entrou na conta deste através da mãe.
Em 2012 ( Julho Agosto e Setembro) José Sócrates terá recebido de uma conta da mãe, três transferências de 100 mil euros cada e que se descobriu terem origem numa conta do BES titulada por Carlos Santos Silva. Em Dezembro desse ano, mais 150 mil euros e cheques de 50 mil e 20 ill, cairam na mesma conta, com a mesma proveniência.
Em Junho de 2011 José Sócrates obtivera um empréstimo da CGD de 120 mil euros. Em Abril de 2013 pelos vistos na conta daquele já só havia 99 mil euros...
Sobres o empréstimo concedidos generosamente pela CGD, o CM de hoje:
Na altura em que isto sucedeu, deu-se conta do fenómeno. É preciso lembrar que José Sócrates sempre disso que tinha uma conta bancária, a da CGD e que ganhava apenas o ordenado de primeiro-ministro. Mesmo que nada gastasse de tal ordenado ( o que parece ser norma entre primeiros-ministros que engordam contas bancárias com centenas de milhar de euros, multiplicando receitas de 6 mil euros por mês e ninguém se incomoda com isso...) não dava para nada porque era um pindérico, nesse nível. Não tinha fortuna de família, adquirira o apartamento da rua Castilho em condições já mais que suspeitas e ainda assim levava um trem de vida incompatível com os rendimentos conhecidos.
O melhor episódio ilustrativo deste fenómeno é o caso do bijan...a que ninguém ligou apesar de divulgado publicamente. O caso, na altura, pareceu-me mais grave do que aparentava e dava todos os indícios de prática de algo errado e eventualmente criminoso. Ninguém- desde o MºPº à Comunicação social - quis saber disso...
O caso é de 2010 e se tivesse sido investigado porventura nãos e chegava onde chegou e ter-se-ia evitado males maiores. O BES não tinha chegado onde chegou e outros assuntos teriam sido resolvidos de outra forma. José Sócrates teria sido constituído arguido e obrigado a demitir-se e porventura não teria havido intervenção da troika, por bancarrota do Estado.
Alguém duvida disso?
Seja como for, o empréstimo da CGD em Junho de 2011, logo depois da saída do Governo e da decisão de ir "estudar" para a Sciences Po, num processo que não foi devidamente escrutinado e cheirava a aldrabice por todos os lados, suscitou questões logo na altura. Tanto maiores quanto José Sócrates tinha adquirido, mesmo em "leasing" ( não sei com que garantias...) um Mercedes série S, do género dos de empreiteiro antigo que não pagava impostos. E tinha motorista privado. E pagava jantares a rodos, em Paris, quando lhe apetecia. E teve lá o filho do Silva Pereira, irmão do Silva Pereira magistrado no CEJ. Seria bom saber como é que o Silva Pereira, Pedro, lhe pagou o favor de Paris. E muito mais que toda essa gente do MºPº sabia ou deveria saber. Tal como no caso do bijan, ninguém do MºPº quis saber oficialmente. A actual ministra da Justiça, casada com Eduardo Paz Ferreira também nada sabia disto e era responsável de topo no MºPº.
Mas havia quem quisesse:
O Correio da Manhã não larga Sócrates como o Mediapart não largou Cahuzac. Agora mandou um "encoberto" à CGD para perguntar se poderia fazer um crédito-formação, ou seja, um crédito idêntico ao que José Sócrates afirmou ter contraído junto da mesma CGD para estudar em Paris.
Em primeiro lugar o limite desse crédito é de 50 mil euros. Ora segundo as contas do CM, a gastar cerca de 15 mil euros por mês, no mínimo e se pagar tudo, tal valor chegava apenas para um pouco mais de três meses.
Por outro lado, é preciso prestar garantias desse crédito, porque segundo informou a "menina da CGD", "qualquer crédito precisa de garantias", o que é evidente e qualquer pessoa percebe. Ora José Sócrates afirmou na entrevista à RTP que não lhe pediram quaisquer garantias porque era um cliente sem mancha.
Conclusão: crédito-formação não terá sido. Mas pode ter sido um simples crédito ao consumo...
Seja como for, aquelas duas circunstâncias carecem de esclarecimento cabal porque os espectadores e o povo português que votou no indivíduo não devem ser olhados como uma manada de gado que come miolo de enxergão. Para isso basta os jornalistas que fazem de conta que não querem saber.
Por isso mesmo, o Banco de Portugal ou os serviços de inspecção da CGD deverão indagar como é que foi o tal empréstimo faraminoso ao antigo primeiro-ministro e que condições revestiu.
Ah! E ainda há aquele pequeno pormenor do carro de 100 mil euros... comprado ( terá sido em ald?) logo que saiu do governo.
Estas coisas em França, agora, explicam-se tim tim por tim tim. Por cá, basta que haja um númenro suficiente de pessoas que assim o exija e passa a igualmente a explicar-se.
Como foi possível tudo isto?! Foi tudo culpa do Pinto Monteiro e da Cândida de Almeida? Não...
sábado, janeiro 26, 2019
Uma nova série de televisão sobre a corrupção em Portugal
CM de ontem:
Dei-me ao cuidado de ver o primeiro episódio desta pequena série de produção nacional sobre o tema em causa: escândalos na banca em investigação jornalística.
O genérico e os primeiros planos agradaram-me, mas durou muito pouco tempo a sensação. Logo que apareceram as personagens principais o desconsolo instalou-se gradualmente até chegar a uma conclusão preliminar e com grande probabilidade em se tornar definitiva, mal surjam os próximos episódios.
O protagonista, um suposto inspector da PJ aparece a dedilhar uma guitarra eléctrica em casa, com sonoridades a la David Crosby do tempo em que não se lembrava do nome, ou assim, vagueando por alguns acordes tangidos de efeitos de pedal. Percebe-se que é o hobby do bravo inspector que completa o par com outro desiludido, mostrando-se ambos a conversar sobre "eles", os que os não deixam investigar certas matérias e os condicionam e orientam para questões de lana caprina.
Supostamente, uma personagem de polícia judiciária portuguesa numa séria de produção nacional, deveria merecer pelo menos tanta credibilidade como os inspectores do FBI que entram pela casa dentro, nos écrans de tv dos canais por cabo. Não é o caso. Este inspector já aparece estilizado e o actor que lhe dá forma de personagem não tem categoria para convencer o espectador do papel que lhe incumbiram. Fala como nas novelas mais pífias, em diálogos ainda mais pindéricos mas a armar ao sofisticado. Não convence.
As cenas de convívio na casa dos ricos, banqueiros e quejandos, parecem saídas do tempo de há 50 anos, na quinta de Antenor Patiño, com a distância devida, medida nos fatos e toilletes das madames. Fake mais fake só em cenas kitsch.
A realização cujos primeiros planos prometiam uma série à la Jean Jacques Annaud (realizador da magnífica séria que passa no canal ACM acerca da "a verdade sobre o caso Harry Québert" que sigo religiosamente aos Domingos à noite e acaba amanhã) deixa logo a desejar tudo nos planos seguintes, na mostra de armas ( parece um fétiche dos filmes e séries nacionais, mostrarem armas...), na sincopada montagem sem jeito e principalmente na escolha dos actores, confrangedores, na sua maioria.
O argumento, esse, dava pano para mangas a quem soubesse costurar. Aqui, no caso é só remendos em cima de roupa velha que são os estafados argumentos sobre assuntos nacionais e contemporâneos. A série ainda consegue ser pior do que a que tem passado sobre as 3 mulheres dos anos sessenta ( Vera Lagoa, Natália Correia e Snu Abecassis) o que não é dizer pouco.
Até custa ver aquilo. Nunca estive numa redacção de jornal, mas a que lá apareceu ontem é ridícula. Quem é o director que serviu de inspiração para aquilo que se viu?
Percebe-se que o "engenheiro" do banco bpc seja o caído em desgraça Jardim Gonçalves; percebe-se que haja por lá um Berardo qualquer de opereta que cai à piscina ou seja lá o que for. Percebe-se que o primeiro-ministro seja uma sucedâneo de José Sócrates misturado com outro qualquer menos carismático. Percebe-se que o assunto principal é o da tomado do poder do bcp pelo grupo que Santos Ferreira encabeçou e manipulou o banco público, em favor de alguém, dono disto tudo.
Percebe-se tudo isso, embora mal. O que não se percebe é o enredo da narrativa de uma qualidade que acho abaixo de cão.
Uma oportunidade perdida de mostrar em narrativa ficcionada o que é a realidade da corrupção bancária em Portugal associada ao jornalismo de fretes e à luta de alguns, poucos, jornalistas, para fugir à rotina dos diários de notícias, ecos e demais diários económicos.
Em resumo: não consigo detectar na séria estreada um único ponto que me apeteça gabar e louvar pela qualidade demonstrada.
Para mim é das séries mais medíocres que me foi dado ver, pelo primeiro episódio. Talvez melhore no segundo, mas duvido.
Dei-me ao cuidado de ver o primeiro episódio desta pequena série de produção nacional sobre o tema em causa: escândalos na banca em investigação jornalística.
O genérico e os primeiros planos agradaram-me, mas durou muito pouco tempo a sensação. Logo que apareceram as personagens principais o desconsolo instalou-se gradualmente até chegar a uma conclusão preliminar e com grande probabilidade em se tornar definitiva, mal surjam os próximos episódios.
O protagonista, um suposto inspector da PJ aparece a dedilhar uma guitarra eléctrica em casa, com sonoridades a la David Crosby do tempo em que não se lembrava do nome, ou assim, vagueando por alguns acordes tangidos de efeitos de pedal. Percebe-se que é o hobby do bravo inspector que completa o par com outro desiludido, mostrando-se ambos a conversar sobre "eles", os que os não deixam investigar certas matérias e os condicionam e orientam para questões de lana caprina.
Supostamente, uma personagem de polícia judiciária portuguesa numa séria de produção nacional, deveria merecer pelo menos tanta credibilidade como os inspectores do FBI que entram pela casa dentro, nos écrans de tv dos canais por cabo. Não é o caso. Este inspector já aparece estilizado e o actor que lhe dá forma de personagem não tem categoria para convencer o espectador do papel que lhe incumbiram. Fala como nas novelas mais pífias, em diálogos ainda mais pindéricos mas a armar ao sofisticado. Não convence.
As cenas de convívio na casa dos ricos, banqueiros e quejandos, parecem saídas do tempo de há 50 anos, na quinta de Antenor Patiño, com a distância devida, medida nos fatos e toilletes das madames. Fake mais fake só em cenas kitsch.
A realização cujos primeiros planos prometiam uma série à la Jean Jacques Annaud (realizador da magnífica séria que passa no canal ACM acerca da "a verdade sobre o caso Harry Québert" que sigo religiosamente aos Domingos à noite e acaba amanhã) deixa logo a desejar tudo nos planos seguintes, na mostra de armas ( parece um fétiche dos filmes e séries nacionais, mostrarem armas...), na sincopada montagem sem jeito e principalmente na escolha dos actores, confrangedores, na sua maioria.
O argumento, esse, dava pano para mangas a quem soubesse costurar. Aqui, no caso é só remendos em cima de roupa velha que são os estafados argumentos sobre assuntos nacionais e contemporâneos. A série ainda consegue ser pior do que a que tem passado sobre as 3 mulheres dos anos sessenta ( Vera Lagoa, Natália Correia e Snu Abecassis) o que não é dizer pouco.
Até custa ver aquilo. Nunca estive numa redacção de jornal, mas a que lá apareceu ontem é ridícula. Quem é o director que serviu de inspiração para aquilo que se viu?
Percebe-se que o "engenheiro" do banco bpc seja o caído em desgraça Jardim Gonçalves; percebe-se que haja por lá um Berardo qualquer de opereta que cai à piscina ou seja lá o que for. Percebe-se que o primeiro-ministro seja uma sucedâneo de José Sócrates misturado com outro qualquer menos carismático. Percebe-se que o assunto principal é o da tomado do poder do bcp pelo grupo que Santos Ferreira encabeçou e manipulou o banco público, em favor de alguém, dono disto tudo.
Percebe-se tudo isso, embora mal. O que não se percebe é o enredo da narrativa de uma qualidade que acho abaixo de cão.
Uma oportunidade perdida de mostrar em narrativa ficcionada o que é a realidade da corrupção bancária em Portugal associada ao jornalismo de fretes e à luta de alguns, poucos, jornalistas, para fugir à rotina dos diários de notícias, ecos e demais diários económicos.
Em resumo: não consigo detectar na séria estreada um único ponto que me apeteça gabar e louvar pela qualidade demonstrada.
Para mim é das séries mais medíocres que me foi dado ver, pelo primeiro episódio. Talvez melhore no segundo, mas duvido.
Ecce Homines! Saia o alcatrão e penas.
A CGD teve estes 13 gestores que foram governantes. O CM de hoje mostra-lhes as caras. Foram eles que autorizaram os negócios-empréstimos bancários- do banco público que redundaram em prejuízos de milhões e milhões e milhões multiplicados por dez vezes. Ficaram na mesma, ainda passaram a ganhar mais e ninguém lhes fez o que fizeram ao Dick Fuld do Lehman Brothers...
Será que estas pessoas não sentem um módico de vergonha pelo que fizeram no banco público, com o dinheiro dos depositantes e depois com o dos contribuintes, obrigados a pagar os desmandos de gestão de que são responsáveis?
Será que estas pessoas não sentem um módico de vergonha pelo que fizeram no banco público, com o dinheiro dos depositantes e depois com o dos contribuintes, obrigados a pagar os desmandos de gestão de que são responsáveis?
sexta-feira, janeiro 25, 2019
Extrema-Esquerda e Direita
Há quase dez anos, Vasco Pulido Valente era cronista regular no Público e deu à luz estas duas croniquetas sobre assuntos que ainda hoje estão na ordem do dia:
quinta-feira, janeiro 24, 2019
Os grandes gestores de banca que temos:17 magníficos e mais alguns.
Público de hoje:
O maior deles todos, governante, governador, nacionalizador, enfim, tudo, aqui numa imagem de grandes suores:
E há mais, pelos vistos:
Dos sucessivos órgãos sociais da Caixa Geral de Depósitos (CGD) referidos na auditoria feita pela EY à gestão no banco público entre 2000 e 2015, há pelo menos 17 gestores que continuam ligados à banca.
Estes magníficos profissionais que ganham o que quase mais ninguém ganha em Portugal, como gestores de topo, fizeram borrada atrás de borrada ( como classificar de outro modo o que fizeram? Boa gestão?!) e foram recompensados por isso. Por quem? Por quem os avaliou e fixou vencimentos, umas certas comissões constituídas para tal e que nunca se importaram com resultados, "objectivos". Isso é para os outros funcionários de balcão...eles e elas estão sempre um patamar acima, pelo menos. No "gabinete"...
Talvez um certo Vital Moreira consiga explicar melhor... uma vez que já foi responsável por supervisão na EDP, na altura ( 2006) em que lá estava o super-gestor Carlos Santos Ferreira, cuja responsabilidade criminal nestas borradas todas ainda não se descobriu nem se sabe se se virá a descobrir.
Ora vamos lá aos nomes destes 17 magníficos que com as suas decisões alavancadas nos vencimentos milionários que auferem, esturricaram para cima de 3 mil milhões de euros que nem por isso chegaram a pagar qualquer factura, a não ser a que todos pagamos agora, em impostos indirectos, uma vez que se aumentaram sempre em proporção desses negócios ruinosos que subscreveram:
É o caso de José Lourenço Soares, que continua a ser secretário da mesa da assembleia-geral do banco, cargo que já ocupa há vários anos. Também Maria João Carioca ocupa o cargo de vogal do Conselho de Administração liderado por Rui Vilar e da Comissão Executiva, de Paulo Macedo. Esta responsável, que chegou a ser presidente da Euronext, assumiu o cargo em 2017.
Pedro António Pereira Rodrigues Felício, no Conselho Fiscal numa parte do período em análise, é vogal da Caixa BI. Francisco Bandeira, que chegou a ser vice-presidente da CGD e que liderou o BPN, é administrador do Banco Caixa Geral, em Espanha — entretanto vendido ao espanhol Abanca –, de acordo com a lista dos órgãos sociais que é possível consultar na instituição.
Vários dos anteriores executivos da Caixa transitaram também para outros bancos. Vitor Manuel Lopes Fernandes é vogal do Novo Banco para o mandato 2017-2020, tendo ocupado no banco público o mesmo cargo. Jorge Telmo Maria Freire Cardoso é vogal da administração do Novo Banco, para o mesmo mandato.
António Tomás Correia, que recentemente venceu as eleições para continuar à frente dos destinos da Associação Mutualista Montepio, foi também administrador da CGD entre 2000 e 2002.
Álvaro Nascimento, que foi presidente do Conselho de Administração da Caixa (2013-2016), chegou a ser apontado para presidente do Conselho de Administração da Caixa Económica Montepio Geral.
António Manuel da Silva Vila Cova, que era vogal da CGD, é presidente não-executivo Banco Finantia. José Fernando Maia de Araújo e Silva é administrador executivo do Eurobic para mandato o 2016-2019 e responsável pela área de risco na instituição.
No BCP estão os ex-vogais da CGD Pedro Miguel Duarte Rebelo de Sousa, que é presidente da mesa da assembleia-geral do banco liderado por Miguel Maya e João Nuno de Oliveira Jorge Palma, administrador da instituição.
O Banco de Portugal (BdP) conta também com vários destes administradores, começando pelo governador da instituição, Carlos Costa, que lidera o regulador desde 2010. Foi vogal do Conselho de Administração da CGD entre 2004 e 2006.
Ana Cristina de Sousa Leal, diretora do Departamento de Estabilidade Financeira do BdP, foi também administradora da Caixa, responsável pela área de risco. José de Matos, que foi presidente executivo da CGD, gere os fundos de pensões do Banco de Portugal, desde 2017.
A Associação Portuguesa de Bancos (APB) conta nos seus quadros com Faria de Oliveira, que foi presidente da CGD e que lidera a associação desde 2012, com mandato até 2020. Norberto Rosa é também secretário-geral da APB, tendo estado na calha para a administração do BCP.
A concessão de créditos mal fundamentada, a atribuição de bónus aos gestores com resultados negativos, interferência do Estado e ineficiências na gestão de risco são os principais problemas apontados pela EY numa versão da auditoria à CGD a que a Lusa teve acesso, datada de dezembro de 2017.
Hoje, a consultora EY afirmou-se apenas vinculada ao relatório final da auditoria à CGD que emitiu em junho de 2018, pelo que documentos como a versão preliminar divulgada esta semana “não devem ser considerados”.
A estes magníficos nunca aconteceu isto, na versão moderna do alcatrão e penas do antigamente. A imagem tem dez anos e o que aconteceu em Portugal, apesar disto que era público e notório, aconteceu precisamente nestes dez anos a seguir. Não estavam avisados? Não sabiam ler inglês? Não iam a Nova Iorque e não viam isto em todos os quiosques de rua? Não iam lá fazer compras com a famelga?
Se as pessoas em geral soubessem o trem de vida destes magníficos gestores, o modo como gastam o dinheiro que assim ganham, como têm as suas casas, os carros que têm, as aparelhagens de luxo que podem ter, as férias que gozam várias vezes por ano, etc etc etc., estes magníficos tinham um destino bem pior do que este desgraçado que afundou o Lehman Bros.
Tal como diz na capa, o tipo apesar do que fez não compreende a ira de quem lhe põe alcatrão e penas deste modo. Não compreende...tal como os nossos 17 magníficos também não compreenderão e olham de cima da burra quem lhes possa apontar as borradas. Afinal o que são 3 mil milhões quando o Estado assume tudo e tudo paga, com os impostos de todos os que podem pagar, apoiado em figurões como aquele que sua as estopinhas aquando da audição parlamentar?
Por isso o mínimo a fazer é mostrar-lhes as caras para toda a gente ver quem são. O Correio da Manhã não quer fazer uma capa com os 17 magníficos?
E muito menos isto:
O maior deles todos, governante, governador, nacionalizador, enfim, tudo, aqui numa imagem de grandes suores:
E há mais, pelos vistos:
Dos sucessivos órgãos sociais da Caixa Geral de Depósitos (CGD) referidos na auditoria feita pela EY à gestão no banco público entre 2000 e 2015, há pelo menos 17 gestores que continuam ligados à banca.
Estes magníficos profissionais que ganham o que quase mais ninguém ganha em Portugal, como gestores de topo, fizeram borrada atrás de borrada ( como classificar de outro modo o que fizeram? Boa gestão?!) e foram recompensados por isso. Por quem? Por quem os avaliou e fixou vencimentos, umas certas comissões constituídas para tal e que nunca se importaram com resultados, "objectivos". Isso é para os outros funcionários de balcão...eles e elas estão sempre um patamar acima, pelo menos. No "gabinete"...
Talvez um certo Vital Moreira consiga explicar melhor... uma vez que já foi responsável por supervisão na EDP, na altura ( 2006) em que lá estava o super-gestor Carlos Santos Ferreira, cuja responsabilidade criminal nestas borradas todas ainda não se descobriu nem se sabe se se virá a descobrir.
Ora vamos lá aos nomes destes 17 magníficos que com as suas decisões alavancadas nos vencimentos milionários que auferem, esturricaram para cima de 3 mil milhões de euros que nem por isso chegaram a pagar qualquer factura, a não ser a que todos pagamos agora, em impostos indirectos, uma vez que se aumentaram sempre em proporção desses negócios ruinosos que subscreveram:
É o caso de José Lourenço Soares, que continua a ser secretário da mesa da assembleia-geral do banco, cargo que já ocupa há vários anos. Também Maria João Carioca ocupa o cargo de vogal do Conselho de Administração liderado por Rui Vilar e da Comissão Executiva, de Paulo Macedo. Esta responsável, que chegou a ser presidente da Euronext, assumiu o cargo em 2017.
Pedro António Pereira Rodrigues Felício, no Conselho Fiscal numa parte do período em análise, é vogal da Caixa BI. Francisco Bandeira, que chegou a ser vice-presidente da CGD e que liderou o BPN, é administrador do Banco Caixa Geral, em Espanha — entretanto vendido ao espanhol Abanca –, de acordo com a lista dos órgãos sociais que é possível consultar na instituição.
Vários dos anteriores executivos da Caixa transitaram também para outros bancos. Vitor Manuel Lopes Fernandes é vogal do Novo Banco para o mandato 2017-2020, tendo ocupado no banco público o mesmo cargo. Jorge Telmo Maria Freire Cardoso é vogal da administração do Novo Banco, para o mesmo mandato.
António Tomás Correia, que recentemente venceu as eleições para continuar à frente dos destinos da Associação Mutualista Montepio, foi também administrador da CGD entre 2000 e 2002.
Álvaro Nascimento, que foi presidente do Conselho de Administração da Caixa (2013-2016), chegou a ser apontado para presidente do Conselho de Administração da Caixa Económica Montepio Geral.
António Manuel da Silva Vila Cova, que era vogal da CGD, é presidente não-executivo Banco Finantia. José Fernando Maia de Araújo e Silva é administrador executivo do Eurobic para mandato o 2016-2019 e responsável pela área de risco na instituição.
No BCP estão os ex-vogais da CGD Pedro Miguel Duarte Rebelo de Sousa, que é presidente da mesa da assembleia-geral do banco liderado por Miguel Maya e João Nuno de Oliveira Jorge Palma, administrador da instituição.
O Banco de Portugal (BdP) conta também com vários destes administradores, começando pelo governador da instituição, Carlos Costa, que lidera o regulador desde 2010. Foi vogal do Conselho de Administração da CGD entre 2004 e 2006.
Ana Cristina de Sousa Leal, diretora do Departamento de Estabilidade Financeira do BdP, foi também administradora da Caixa, responsável pela área de risco. José de Matos, que foi presidente executivo da CGD, gere os fundos de pensões do Banco de Portugal, desde 2017.
A Associação Portuguesa de Bancos (APB) conta nos seus quadros com Faria de Oliveira, que foi presidente da CGD e que lidera a associação desde 2012, com mandato até 2020. Norberto Rosa é também secretário-geral da APB, tendo estado na calha para a administração do BCP.
A concessão de créditos mal fundamentada, a atribuição de bónus aos gestores com resultados negativos, interferência do Estado e ineficiências na gestão de risco são os principais problemas apontados pela EY numa versão da auditoria à CGD a que a Lusa teve acesso, datada de dezembro de 2017.
Hoje, a consultora EY afirmou-se apenas vinculada ao relatório final da auditoria à CGD que emitiu em junho de 2018, pelo que documentos como a versão preliminar divulgada esta semana “não devem ser considerados”.
A estes magníficos nunca aconteceu isto, na versão moderna do alcatrão e penas do antigamente. A imagem tem dez anos e o que aconteceu em Portugal, apesar disto que era público e notório, aconteceu precisamente nestes dez anos a seguir. Não estavam avisados? Não sabiam ler inglês? Não iam a Nova Iorque e não viam isto em todos os quiosques de rua? Não iam lá fazer compras com a famelga?
Se as pessoas em geral soubessem o trem de vida destes magníficos gestores, o modo como gastam o dinheiro que assim ganham, como têm as suas casas, os carros que têm, as aparelhagens de luxo que podem ter, as férias que gozam várias vezes por ano, etc etc etc., estes magníficos tinham um destino bem pior do que este desgraçado que afundou o Lehman Bros.
Tal como diz na capa, o tipo apesar do que fez não compreende a ira de quem lhe põe alcatrão e penas deste modo. Não compreende...tal como os nossos 17 magníficos também não compreenderão e olham de cima da burra quem lhes possa apontar as borradas. Afinal o que são 3 mil milhões quando o Estado assume tudo e tudo paga, com os impostos de todos os que podem pagar, apoiado em figurões como aquele que sua as estopinhas aquando da audição parlamentar?
Por isso o mínimo a fazer é mostrar-lhes as caras para toda a gente ver quem são. O Correio da Manhã não quer fazer uma capa com os 17 magníficos?
E muito menos isto:
terça-feira, janeiro 22, 2019
A extrema-esquerda nunca existiu...
O Bloco de Esquerda não é de extrema-esquerda: é da esquerda radical. Foi assim que a dirigente Catarina Martins considerou no outro dia, numa entrevista ao Observador, comentada aliás por Luís Rosa que colocou os pontos nos ii. Catarina Martins considerou mesmo insultuosa tal designação do BE como sendo de extrema-esquerda...
Segundo este artigo do Público de hoje, os pensadores dessa esquerda mais à esquerda, já comentaram e também acham que o BE não é de extrema. Para o impagável Boaventura Sousa Santos nem devia ser radical, porque afinal aceita as "instituições". Quais? BSS não diz, mas devem ser as que o Estado tem para lhes oferecer. A instituição capitalista não é com certeza. A instituição democrática que integre uma extrema-direita também não.
Um professor do ISCTE considera que o BE apareceu vindo do Política XXI e por isso não se insere na extrema-esquerda. Afinal, fizeram a "crítica à herança totalitária" o que chega para os demarcar desse radicalismo de doença infantil, como lhe chamava o PCP.
Até o velho bispo da igreja trotskista, Louçã, filho de almirante do antigo regime, considera um dislate tal classificação: "o bloco nunca se chamou extrema-esquerda".
Temos por isso, no espectro político nacional, um único partido de extrema-esquerda: o PCP. Foi o único que não se demarcou de tal "herança totalitária" uma vez que continua a tecer loas aos bons velhos tempos da URSS estalinista. Quem diria? Ao longo das décadas o Avante o O Militante não deixam enganar ninguém. Basta ler o que se escreve nessas publicações comunistas.
Ora então se o BE nunca se chamou extrema-esquerda, chamou-se o quê? Já aqui o tenho escrito, dito pelo próprio Louçã, em 2005 e 2009:
Desde há uns anos a esta parte que andam a partir pedra. É muita pedra, para partir...mas desde quando é que Louçã e o BE proclamam aceitar o "jogo democrático"? É difícil de saber, mas torna-se evidente que tal conceito de democracia à ocidental é absolutamente incompatível com o desiderato comunista de sempre: alterar, subverter e revolucionar as estruturas sociais e produtivas essenciais. Louçã e o BE pretendem e sempre pretenderam "democratizar" os meios de produção fundamentais. Tal como o PCP, aliás. Isso significa nacionalizar e estatizar. O BE e o PCP nunca esconderam que pretendem concluir o que foi iniciado no PREC de há um pouco mais de 40 anos e tem sido sempre frustrado pela "burguesia" e pela "reacção".
Tal desiderato assumido pelos comunistas do BE e do PCP em que difere na essência? Em nada. A diferença, de vulto, está na praxis, no modo de realizar tal objectivo e de o manter em funcionamento. O Bloco tem uma matriz trotskista, mas também maoista e tais correntes ideológicas, digamos assim, eram adversárias do marxismo-leninismo praticado pelos soviéticos e seguido pelo PCP, até hoje.
A diferença entre ambas as forças políticas assenta nisso, como pretexto e fundamenta ideologicamente as pretensas diferenças. Afinal ambos pretendem acabar com o modo de vida tal como o conhecemos no Ocidente, desde sempre. Afinal, pretendem instaurar na sociedade portuguesa algo parecido com o sistema político da Venezuela, com os resultados conhecidos. E por isso o BE foge da designação extremista como o diabo da cruz.
O PCP também fugiu e bem cedo da famigerada "ditadura do proletariado". Bem cedo? Pois, apenas depois de 25 de Abril de 1974 aquando do Congresso que realizaram em Outubro de 1974, para o aggiornamento que deixou tudo na mesma, como dantes.
Além das alterações ao Programa e Estatutos, tornadas indispensáveis pelas novas condições de liberdade e legalidade em que o PCP passara a intervir (entre outras a alteração da expressão «ditadura do proletariado», deixando de se usar a formulação mas mantendo-se o conceito).
Repare-se na ausência de vergonha que aliás nunca incomodou seja quem for: eliminaram a expressão ditadura do proletariado mas "mantendo-se o conceito". Até hoje...
Para além disso que o sítio do Avante enuncia, havia mais e melhor, mas escondido desde então: nesse congresso ficou claríssimo a jogada táctica, assumida, do PCP em Outubro de 1974.
Vida Mundial em reportagem sobre tal congresso dizia:
" todas as outras alterações introduzidas no Programa foram de carácter formal, pois mantém-se os conceitos e doutrina a que se referiam algumas das expressões suprimidas. Apenas uma questão táctica parece ter determinado essa supressão, como aliás transparece das palavras de Álvaro Cunhal:
" a principal razão dessas alterações é que algumas expressões não são entendidas geralmente com o sentido que nós lhes damos. Têm na linguagem corrente um significado completamente contrário, A sua utilização nas condições actuais daria lugar a inconvenientes e incompreensões acerca da nossa política e uma especulação que, junto das forças democráticas e das massas teria efeitos negativos".
Claro como água: suprimiram a expressão mas mantiveram o conceito até hoje, de ditadura do proletariado. O que o PCP ainda hoje defende, claro está embora sem confissão expressa. Proletariado do género do genro do Jerónimo? Nem tanto. Será mais do género Bernardino Soares, funcionário exemplar, medalhado.
Portanto, a mudança de linguagem é coisa muito antiga para o PCP. E qual era então a diferença entre o PCP e os ditos "esquerdistas"?
Não era assim tão grande como poderia parecer e o PCP sempre fez questão de vincar...denunciando os aventureiros dessa extrema-esquerda que lhe preparava os caminhos para tomar o poder. Foi isso que sucedeu até 25 de Novembro de 1975.
O ensaista Eduardo Prado Coelho, um activista ideológico e oportunista ( desde o PCP ao PS percorreu o leque todo...) já falecido e pai da jornalista Alexandra Lucas Coelho que lhe herdou o esquerdismo endémico, escreveu um livro para distinguir essas questões magnas. Outro ensaísta-jornalista, Miguel Serras Pereira escrevia assim na Vida Mundial de 28.8. 1975 sobre as tais hipóteses que Eduardo PC balançava como plausíveis no panorama nacional e explicava as diferenças do PCP com os trotskistas, além de outros:
Seria esta a extrema-esquerda que o BE renega, agora? Vejamos:
Em 1975 realizaram-se as primeiras eleições em democracia. A ela concorreram várias forças políticas e o espírito geral era este: o marxismo über alles, no desenho do comunista ( do PCP) João Abel Manta, no primeiro número de O Jornal, logo em Maio de 1975.
E este era o panorama que o comunismo propagandeava: Portugal como terra de experimentação marxista, leninista, maoista, trotskista, estalinista, tudo menos fassista.
A campanha eleitoral prometia democracia a rodos com partidos de esquerda. Todos. É natural que houvesse nessa esquerda uma extrema, não? Parece que não. Nem um partido se reclamava dessa margem. Nem um. A UDP? Claro que não, como diz agora o democrata Luís Fazenda, antigo militante dessa agremiação cripto-maoista, leninista, estalinista.
Em 21 Novembro de 1974 o intelectual António José Saraiva, antigo comunista do PCP bem se esforçava por explicar a génese das revoluções: vinha tudo da Revolução Francesa. Igualdade...afinal é o que irmana toda a gente de esquerda, seja da extrema ou da moderada. É tudo igual, na igualdade.
A discussão estava nessa altura na ordem do dia e até o MES já sem Jorge Sampaio ou João Cravinho, mas ainda com Ferro Rodrigues, entrava nela:
Mas sempre houve quem quisesse seguir pelas vias extremas e entre eles, estavam naturalmente os precursores do Bloco, a "esquerda revolucionária", como era então definida:
Dentre as forças políticas extremadas à esquerda houve então um esforço de união: também lá está o Vítor Dias do PCP e o Pedro Goulart ( já falecido), do PRP. Se este não era de extrema-esquerda não existe tal coisa, em Portugal...
Estas são as "raízes" do Bloco de Esquerda. Não são raízes democráticas, no sentido que se dá a tal expressão na Europa Ocidental. São raízes profundamente totalitárias, mesmo com contributo trotskista. São raízes de intolerância à diferença política. São raízes de exclusão de forças políticas que não comunguem estes ideais marxistas.
Álvaro Cunhal sabia o que queria nessa altura, tal como os precursores do BE:
É por isso que esta gente mete dó. E muito mais quem a elegeu:
Segundo este artigo do Público de hoje, os pensadores dessa esquerda mais à esquerda, já comentaram e também acham que o BE não é de extrema. Para o impagável Boaventura Sousa Santos nem devia ser radical, porque afinal aceita as "instituições". Quais? BSS não diz, mas devem ser as que o Estado tem para lhes oferecer. A instituição capitalista não é com certeza. A instituição democrática que integre uma extrema-direita também não.
Um professor do ISCTE considera que o BE apareceu vindo do Política XXI e por isso não se insere na extrema-esquerda. Afinal, fizeram a "crítica à herança totalitária" o que chega para os demarcar desse radicalismo de doença infantil, como lhe chamava o PCP.
Até o velho bispo da igreja trotskista, Louçã, filho de almirante do antigo regime, considera um dislate tal classificação: "o bloco nunca se chamou extrema-esquerda".
Temos por isso, no espectro político nacional, um único partido de extrema-esquerda: o PCP. Foi o único que não se demarcou de tal "herança totalitária" uma vez que continua a tecer loas aos bons velhos tempos da URSS estalinista. Quem diria? Ao longo das décadas o Avante o O Militante não deixam enganar ninguém. Basta ler o que se escreve nessas publicações comunistas.
Ora então se o BE nunca se chamou extrema-esquerda, chamou-se o quê? Já aqui o tenho escrito, dito pelo próprio Louçã, em 2005 e 2009:
Diz assim Louçã, sobre a essência ideológica do BE, depois da pergunta "Em que é que o BE acredita?":
"Numa esquerda socialista. (...) Para nós o socialismo é a rejeição de um modelo assente na desigualdade social e na exploração, e é ao mesmo tempo uma rejeição do que foi o modelo da União Soviética ou é o modelo da China. Não podemos aceitar que um projecto socialista seja menos democrático que a "democracia burguesa" ou rejeite o sistema pluripartidário. Não pode haver socialismo com um partido político único, não pode haver socialismo com uma polícia política, não pode haver socialismo com censura. O que se passa na China, desse ponto de vista, é assustador para a esquerda. (...) Agora, a "esquerda socialista" refere-se mais à história da confrontação, ou de alternativa ao capitalismo existente. Por isso o socialismo é, para nós, uma contra-afirmação de um projecto distinto. Mas, nesse sentido, só pode ser uma estrutura democrática."
O que dizia Louçã em 2005 a este propósito? Isto:
"O BE é um movimento socialista ( diferenciado da noção social-democrata, entenda-se-nota minha) e desse ponto de vista pretende uma revolução profunda na sociedade portuguesa. O socialismo é uma crítica profunda que pretende substituir o capitalismo por uma forma de democracia social. A diferença é que o socialismo foi visto, por causa da experiência soviética, como a estatização de todas as relações sociais. E isso é inaceitável. Uma é que os meios de produção fundamentais e de regulação da vida económica sejam democratizados ( atenção que o termo não tem equivalente semântico no ocidente e significa colectivização-nota minha) em igualdade de oportunidade pelas pessoas. Outra é que a arte, a cultura e as escolhas de vida possam ser impostas por um Estado ( é esta a denúncia mais grave contra as posições ideológicas do PCP). (...) É preciso partir muita pedra e em Portugal é difícil. Custa mas temos de o fazer com convicção."
Desde há uns anos a esta parte que andam a partir pedra. É muita pedra, para partir...mas desde quando é que Louçã e o BE proclamam aceitar o "jogo democrático"? É difícil de saber, mas torna-se evidente que tal conceito de democracia à ocidental é absolutamente incompatível com o desiderato comunista de sempre: alterar, subverter e revolucionar as estruturas sociais e produtivas essenciais. Louçã e o BE pretendem e sempre pretenderam "democratizar" os meios de produção fundamentais. Tal como o PCP, aliás. Isso significa nacionalizar e estatizar. O BE e o PCP nunca esconderam que pretendem concluir o que foi iniciado no PREC de há um pouco mais de 40 anos e tem sido sempre frustrado pela "burguesia" e pela "reacção".
Tal desiderato assumido pelos comunistas do BE e do PCP em que difere na essência? Em nada. A diferença, de vulto, está na praxis, no modo de realizar tal objectivo e de o manter em funcionamento. O Bloco tem uma matriz trotskista, mas também maoista e tais correntes ideológicas, digamos assim, eram adversárias do marxismo-leninismo praticado pelos soviéticos e seguido pelo PCP, até hoje.
A diferença entre ambas as forças políticas assenta nisso, como pretexto e fundamenta ideologicamente as pretensas diferenças. Afinal ambos pretendem acabar com o modo de vida tal como o conhecemos no Ocidente, desde sempre. Afinal, pretendem instaurar na sociedade portuguesa algo parecido com o sistema político da Venezuela, com os resultados conhecidos. E por isso o BE foge da designação extremista como o diabo da cruz.
O PCP também fugiu e bem cedo da famigerada "ditadura do proletariado". Bem cedo? Pois, apenas depois de 25 de Abril de 1974 aquando do Congresso que realizaram em Outubro de 1974, para o aggiornamento que deixou tudo na mesma, como dantes.
Além das alterações ao Programa e Estatutos, tornadas indispensáveis pelas novas condições de liberdade e legalidade em que o PCP passara a intervir (entre outras a alteração da expressão «ditadura do proletariado», deixando de se usar a formulação mas mantendo-se o conceito).
Repare-se na ausência de vergonha que aliás nunca incomodou seja quem for: eliminaram a expressão ditadura do proletariado mas "mantendo-se o conceito". Até hoje...
Para além disso que o sítio do Avante enuncia, havia mais e melhor, mas escondido desde então: nesse congresso ficou claríssimo a jogada táctica, assumida, do PCP em Outubro de 1974.
Vida Mundial em reportagem sobre tal congresso dizia:
" todas as outras alterações introduzidas no Programa foram de carácter formal, pois mantém-se os conceitos e doutrina a que se referiam algumas das expressões suprimidas. Apenas uma questão táctica parece ter determinado essa supressão, como aliás transparece das palavras de Álvaro Cunhal:
" a principal razão dessas alterações é que algumas expressões não são entendidas geralmente com o sentido que nós lhes damos. Têm na linguagem corrente um significado completamente contrário, A sua utilização nas condições actuais daria lugar a inconvenientes e incompreensões acerca da nossa política e uma especulação que, junto das forças democráticas e das massas teria efeitos negativos".
Claro como água: suprimiram a expressão mas mantiveram o conceito até hoje, de ditadura do proletariado. O que o PCP ainda hoje defende, claro está embora sem confissão expressa. Proletariado do género do genro do Jerónimo? Nem tanto. Será mais do género Bernardino Soares, funcionário exemplar, medalhado.
Portanto, a mudança de linguagem é coisa muito antiga para o PCP. E qual era então a diferença entre o PCP e os ditos "esquerdistas"?
Não era assim tão grande como poderia parecer e o PCP sempre fez questão de vincar...denunciando os aventureiros dessa extrema-esquerda que lhe preparava os caminhos para tomar o poder. Foi isso que sucedeu até 25 de Novembro de 1975.
O ensaista Eduardo Prado Coelho, um activista ideológico e oportunista ( desde o PCP ao PS percorreu o leque todo...) já falecido e pai da jornalista Alexandra Lucas Coelho que lhe herdou o esquerdismo endémico, escreveu um livro para distinguir essas questões magnas. Outro ensaísta-jornalista, Miguel Serras Pereira escrevia assim na Vida Mundial de 28.8. 1975 sobre as tais hipóteses que Eduardo PC balançava como plausíveis no panorama nacional e explicava as diferenças do PCP com os trotskistas, além de outros:
O PCP bem queria aproximar-se dos primos trotskistas e maoistas, mas...
Para além do trostkismo havia outras correntes políticas à esquerda e era bem extremadas, mas nunca admitiam serem de extrema-esquerda. Eram de esquerda e bastava. A discussão entre Eduardo PC, rendido ao socialismo assim-assim e Miguel Serras Pereira, apostado no socialismo como ante-câmara do comunismo assentava nos mesmos pressupostos: o exercício do poder pela "classe trabalhadora" e a "ditadura do proletariado" era assumida claramente na discussão.
Portanto o esquerdismo radical, extremado e o esquerdismo do PCP eram uma e a mesma coisa: formas de tomar o poder e derrubar a "burguesia", leia-se os detentores de capital. A mesma luta portanto e sem qualquer equívoco. Como hoje, aliás.
Isso torna-se mais claro com a leitura do texto seguinte, do mesmo número da Vida Mundial. A LUAR do pirata Mortágua, pai das manas do Bloco, mais a FRS esquerdizada de Manuel Serra e ainda o PRP -BR de Carlos Antunes ( e Isabel do Carmo) procuravam o entendimento acerca do modo de chegar ao poder usando as "massas trabalhadoras" e como alternativa ao "antifascismo do PCP" que não lhes interessava imitar, embora emulassem.
Seria esta a extrema-esquerda que o BE renega, agora? Vejamos:
Em 1975 realizaram-se as primeiras eleições em democracia. A ela concorreram várias forças políticas e o espírito geral era este: o marxismo über alles, no desenho do comunista ( do PCP) João Abel Manta, no primeiro número de O Jornal, logo em Maio de 1975.
E este era o panorama que o comunismo propagandeava: Portugal como terra de experimentação marxista, leninista, maoista, trotskista, estalinista, tudo menos fassista.
A campanha eleitoral prometia democracia a rodos com partidos de esquerda. Todos. É natural que houvesse nessa esquerda uma extrema, não? Parece que não. Nem um partido se reclamava dessa margem. Nem um. A UDP? Claro que não, como diz agora o democrata Luís Fazenda, antigo militante dessa agremiação cripto-maoista, leninista, estalinista.
Em 21 Novembro de 1974 o intelectual António José Saraiva, antigo comunista do PCP bem se esforçava por explicar a génese das revoluções: vinha tudo da Revolução Francesa. Igualdade...afinal é o que irmana toda a gente de esquerda, seja da extrema ou da moderada. É tudo igual, na igualdade.
A discussão estava nessa altura na ordem do dia e até o MES já sem Jorge Sampaio ou João Cravinho, mas ainda com Ferro Rodrigues, entrava nela:
Mas sempre houve quem quisesse seguir pelas vias extremas e entre eles, estavam naturalmente os precursores do Bloco, a "esquerda revolucionária", como era então definida:
Dentre as forças políticas extremadas à esquerda houve então um esforço de união: também lá está o Vítor Dias do PCP e o Pedro Goulart ( já falecido), do PRP. Se este não era de extrema-esquerda não existe tal coisa, em Portugal...
Estas são as "raízes" do Bloco de Esquerda. Não são raízes democráticas, no sentido que se dá a tal expressão na Europa Ocidental. São raízes profundamente totalitárias, mesmo com contributo trotskista. São raízes de intolerância à diferença política. São raízes de exclusão de forças políticas que não comunguem estes ideais marxistas.
Álvaro Cunhal sabia o que queria nessa altura, tal como os precursores do BE:
É por isso que esta gente mete dó. E muito mais quem a elegeu:
segunda-feira, janeiro 21, 2019
Qual a diferença entre a gestão BES/GES e a gestão CGD?
Se calhar a gestão do BES/GES foi menos ruinosa...mas será que isto vai ficar impune?
domingo, janeiro 20, 2019
Neil Young conforme o fui conhecendo
Neil Young é um dos artistas de música popular de quem tenho mais discos. Quase todos dos anos setenta e das décadas seguintes alguns. Como procuro edições originais, em prensagens de época e de preferência as mais antigas demorei algum tempo a coleccionar.
Tudo começou algures no início dos anos setenta, ao ouvir os Crosby Stills Nash & Young, de que o músico fazia parte, desde 1970, embora a canção que mais gostava era Teach your children, de Graham Nash e que tinha um som de guitarra ondulante e constante ao longo da melodia. Ainda não sabia que era uma "pedal steel guitar", muito usada na música country americana, mas a sonoridade ficou como referência para outras músicas que apareceram logo a seguir. O som é eléctrico mas dulcificado pela modulação que o assemelha a um órgão acústico. É instrumento que raramente vi em Portugal e muito menos tocado por músicos portugueses. No entanto é uma marca sonora no panorama musical americano da música popular. Neil Young utiliza-o no seu álbum mais conhecido- Harvest, de 1972 e foi com este disco que começou o meu interesse pelo músico e a sua obra.
Esta revista Mundo da Canção, de 20 de Maio de 1972 é testemunha desses primeiros contactos com a imagem de Neil Young. Esta imagem, aliás, nunca mais a encontrei em lado algum impresso, nas várias publicações que entretanto foram saindo dedicadas ao artista. A revista não credita a autoria da imagem ou a proveniência e não faz parte dos discos que conheço. Esse número trazia todas as letras do disco Harvest, tiradas do encarte com as mesmas que o disco comportava.
E foi assim que fiquei a conhecer Neil Young e a sua música. A história toda, profusamente ilustrada , está contada aqui.
Tal vem a propósito de um artigo no CM de hoje sobre Neil Young e um novo disco de músicas bem antigas, gravadas em concerto em 1976 e que nunca havia sido publicado, apesar de versões piratas circularem, com o nome de Bernstein tapes, do nome do fotógrafo e colaborador de Neil Young que as coligiu na altura.
O disco chama-se Songs for Judy e o artigo é da autoria de Adolfo Luxúria Canibal, músico de Braga. É pena o artigo ficar-se por referências que poderiam colher-se na internet e não comportar quase nenhuma referância pessoal. Este género de recensões críticas, a alardear conhecimento copiado vale pouco, para mim. Preferia uma história pessoal sobre músicas ou sobre o músico Neil Young.
A minha, resumida e incompleta está feita ali no sítio que indiquei.
Tudo começou algures no início dos anos setenta, ao ouvir os Crosby Stills Nash & Young, de que o músico fazia parte, desde 1970, embora a canção que mais gostava era Teach your children, de Graham Nash e que tinha um som de guitarra ondulante e constante ao longo da melodia. Ainda não sabia que era uma "pedal steel guitar", muito usada na música country americana, mas a sonoridade ficou como referência para outras músicas que apareceram logo a seguir. O som é eléctrico mas dulcificado pela modulação que o assemelha a um órgão acústico. É instrumento que raramente vi em Portugal e muito menos tocado por músicos portugueses. No entanto é uma marca sonora no panorama musical americano da música popular. Neil Young utiliza-o no seu álbum mais conhecido- Harvest, de 1972 e foi com este disco que começou o meu interesse pelo músico e a sua obra.
Esta revista Mundo da Canção, de 20 de Maio de 1972 é testemunha desses primeiros contactos com a imagem de Neil Young. Esta imagem, aliás, nunca mais a encontrei em lado algum impresso, nas várias publicações que entretanto foram saindo dedicadas ao artista. A revista não credita a autoria da imagem ou a proveniência e não faz parte dos discos que conheço. Esse número trazia todas as letras do disco Harvest, tiradas do encarte com as mesmas que o disco comportava.
E foi assim que fiquei a conhecer Neil Young e a sua música. A história toda, profusamente ilustrada , está contada aqui.
Tal vem a propósito de um artigo no CM de hoje sobre Neil Young e um novo disco de músicas bem antigas, gravadas em concerto em 1976 e que nunca havia sido publicado, apesar de versões piratas circularem, com o nome de Bernstein tapes, do nome do fotógrafo e colaborador de Neil Young que as coligiu na altura.
O disco chama-se Songs for Judy e o artigo é da autoria de Adolfo Luxúria Canibal, músico de Braga. É pena o artigo ficar-se por referências que poderiam colher-se na internet e não comportar quase nenhuma referância pessoal. Este género de recensões críticas, a alardear conhecimento copiado vale pouco, para mim. Preferia uma história pessoal sobre músicas ou sobre o músico Neil Young.
A minha, resumida e incompleta está feita ali no sítio que indiquei.
sábado, janeiro 19, 2019
Portugal, uma tragédia sem fim: "atoleiro e miséria"
Este idealista que escreve agora no CM fugiu de Portugal por causa do fassismo. Nesse tempo, Salazar queria preservar o país do comunismo e manter a tonalidade de Nação que era uma espécie de Tradição alheia às ideias marxistas.
Justamente por isso Salazar sempre foi um fascista para os adeptos estalinistas do totalitarismo de Estado que deixaram numerosa prole ideológica que ainda campeia nos media nacionais.
Influenciado por esses ventos de uma História que se revelou perniciosa para os povos que a sofreram, este articulista foi para um país do norte da Europa, protestante, adepto do capitalismo e avesso àqueles ideias marxistas. Nele encontrou refúgio de alguma liberdade que não sentia por cá, mas cedo se desiludiu do ideal, continuando arreigado à ideia que a Pátria que deixara ficara em perda com o destino que escolheu, apesar da evidência prática que experimentou.
Como o dealbar do novo Portugal que Abril abriu não se deixou ludibriar mas perceeu tarde que afinal o logro foi mais profundo e perene do que supunha.
É isto que escreve hoje no CM sobre esta tragédia que dá pelo nome de Portugal. Rentes de Carvalho não tira a ilação que se impõe: a falta de liberdade a que fugiu, de resto em mutação acelerada com Marcello Caetano, não lhe compensaria a tragédia a que assistiu depois, mudo e quedo e que só agora reconhece como tal? Hoje verte as lágrimas que seguem: Portugal não tem conserto económico e não só. É um Portugal de "atoleiro e miséria".
Evidentemente que para os contentinhos do regime isto é absurdo, incluindo para um dos seus fautores, o actual presidente da República que acompanhou o antes e depois de ambos os regimes. O que ajudou a construir é um "atoleiro e miséria". O que havia antes poderia não ser um ideal mas prometia um futuro bem melhor que aquele que existe. E essa é a Questão.
Se há alguma desiderato neste blog é compreender como tal sucedeu. E por isso os sinais, a semiótica que se tira disto ou daquilo podem servir.
Como por exemplo esta crónica de Pacheco Pereira no Público de hoje que sem dar conta mostra em que se tornou a "democracia" que supostamente será superior ao regime que Marcello Caetano defendia...
É natural que neste panorama em que o PSD aparece como um partido de competências ocas, roídas pelo interesse privadíssimo em fazer vidinha à custa seja do que for, tirando partido do status quo que depende essencialmente de um Estado tentacular, o articulista Vasco Pulido Valente consiga escrever que perante os acontecimentos partidários que voltaram a entronizar Rui Rio " ninguém me conseguiu dar uma boa razão para o PSD existir".
O Público perante tal frase contextualizada no dito conselho nacional do PSD titulou na primeira página a frase, tal e qual como aparece escrita...mas sem a indicação do contexto. Ou seja, uma fake news.
No Sol há mais sinais dessa tragédia que é Portugal, actualmente.
Este artigo de Filipe Pinhal mostra o que é a actual burla gigantesca em que se transformou o Governo: enganar as pessoas para se manterem no poder é o desiderato político principal e vale tudo para tal efeito.
Ainda mais sinais e estes bem mais reveladores: entrevista alargada à filha de Rómulo de Carvalho, conhecido como António Gedeão e de quem a maioria das pessoas com um mínimo de ilustração conhece a poesia Pedra Filosofal.
A Pedra Filosofal foi tema de um disco single no início dos anos setenta, pelo cantor cripto-comunista Manuel Freire. Em tempos ( na altura do centenário da morte de Rómulo de Carvalho) escrevi um pequeno texto sobre o tema:
"não fora o movimento dos baladeiros, no final dos anos sessenta e António Gedeão,não seria a figura que é, na poesia portuguesa. Mais ainda: a Pedra Filosofal , em vez da Grândola, deveria ter sido o sinal musical do 25 de Abril, na minha opinião.
Como é que aqui se chegou?
Tudo começou com a Pedra Filosofal cantada por Manuel Freire, no início de 1970.
Antes, em 1968, Manuel Freire cantara já, acompanhado a viola acústica, Dedicatória, de Fernando Miguel Bernardes ( “Se poeta sou, sei a quem o devo; Ao povo a quem dou os versos que escrevo. Da sua vida rude, colhi a poesia; tentei quanto pude, dar-lhe a melodia”) e ainda Livre, de Carlos de Oliveira ( “Não há machado que corte A raiz ao pensamento. Não há morte para o vento, não há morte.”).
Manuel Freire, com a Pedra Filosofal, relançou o interesse na poesia de António Gedeão,cujas obras completas, tinham sido publicadas cerca de dez anos antes.
A canção, editada pela marca Zip-Zip Movieplay, em 14 de Janeiro de 1970, foi um êxito, logo à saída, e a sua divulgação, ao vivo, no programa Zip-Zip, de Carlos Cruz, Raul Solnado e Fialho Gouveia, apenas acrescentou notoriedade ao cantor e ao poema."
A revista comunista Mundo da Canção, da época, deu o destaque a Manuel Freire muito por causa da Pedra Filosofal que aliás cantou no final de 1969 no Zip-Zip
Para além disso inspirou todo um disco Lp, publicado em 1972 intitulado Fala de um homem nascido , todo cantado por antifassistas opositores ao regime, incluindo alguns de extrema-esquerda ( Samuel) e do PS que nem existia na época ( José Niza):
Em tempos, também já dei conta disto, do tempo heróico em que a "cantiga era uma arma" ( "contra quem, camaradas? Contra a burguesia...tudo depende da bala e da pontaria"):
Resumindo: Rómulo de Carvalho nasceu no início do século XX, sendo praticamente da geração de Salazar. Foi educado no espírito da época. Foi um brilhante professor de ensino básico e secundário, escreveu pequenos manuais escolares preciosíssimos para a época, de divulgação científica. Escreveu poesia que foi aproveitada pelos opositores ao regime anterior, para fustigar ideologicamente sem usar linguagem panfletária.
Porém, ao ler a entrevista da filha não sobra nada de antifassismo, na personalidade de Rómulo de Carvalho. Sobra apenas o facto de actualmente nem sequer o pai ser reconhecido como figura da Literatura portuguesa.
Um novato das letras, ensinado e aculturado com o Portugal de Abril ( Mário Silva) parece que coligiu os cem melhores poemas dos últimos cem anos, o ano passado. António Gedeão nem aparece...o que é motivo de amargura da filha.
Ora este é um dos tais sinais do Portugal de Abril...porque António Gedeão era demasiado independente para se submeter à Esquerda dominadora da intelectualidade lusa. Por outro lado não fugiu ao "fassismo" e viveu uma vida confortável com o seu trabalho. Até assinava a Life, aparentemente sem saber inglês.
Ao ler o que a filha diz de Rómulo de Carvalho, da sua educação e modo de educar e da sua maneira de ser, fica-se com uma ideia de um certo Portugal dos anos cinquenta e sessenta, tempo de Salazar.
A Esquerda não aprecia esta gente, apesar de então lhe ter servido de inspiração...
Justamente por isso Salazar sempre foi um fascista para os adeptos estalinistas do totalitarismo de Estado que deixaram numerosa prole ideológica que ainda campeia nos media nacionais.
Influenciado por esses ventos de uma História que se revelou perniciosa para os povos que a sofreram, este articulista foi para um país do norte da Europa, protestante, adepto do capitalismo e avesso àqueles ideias marxistas. Nele encontrou refúgio de alguma liberdade que não sentia por cá, mas cedo se desiludiu do ideal, continuando arreigado à ideia que a Pátria que deixara ficara em perda com o destino que escolheu, apesar da evidência prática que experimentou.
Como o dealbar do novo Portugal que Abril abriu não se deixou ludibriar mas perceeu tarde que afinal o logro foi mais profundo e perene do que supunha.
É isto que escreve hoje no CM sobre esta tragédia que dá pelo nome de Portugal. Rentes de Carvalho não tira a ilação que se impõe: a falta de liberdade a que fugiu, de resto em mutação acelerada com Marcello Caetano, não lhe compensaria a tragédia a que assistiu depois, mudo e quedo e que só agora reconhece como tal? Hoje verte as lágrimas que seguem: Portugal não tem conserto económico e não só. É um Portugal de "atoleiro e miséria".
Evidentemente que para os contentinhos do regime isto é absurdo, incluindo para um dos seus fautores, o actual presidente da República que acompanhou o antes e depois de ambos os regimes. O que ajudou a construir é um "atoleiro e miséria". O que havia antes poderia não ser um ideal mas prometia um futuro bem melhor que aquele que existe. E essa é a Questão.
Se há alguma desiderato neste blog é compreender como tal sucedeu. E por isso os sinais, a semiótica que se tira disto ou daquilo podem servir.
Como por exemplo esta crónica de Pacheco Pereira no Público de hoje que sem dar conta mostra em que se tornou a "democracia" que supostamente será superior ao regime que Marcello Caetano defendia...
É natural que neste panorama em que o PSD aparece como um partido de competências ocas, roídas pelo interesse privadíssimo em fazer vidinha à custa seja do que for, tirando partido do status quo que depende essencialmente de um Estado tentacular, o articulista Vasco Pulido Valente consiga escrever que perante os acontecimentos partidários que voltaram a entronizar Rui Rio " ninguém me conseguiu dar uma boa razão para o PSD existir".
O Público perante tal frase contextualizada no dito conselho nacional do PSD titulou na primeira página a frase, tal e qual como aparece escrita...mas sem a indicação do contexto. Ou seja, uma fake news.
No Sol há mais sinais dessa tragédia que é Portugal, actualmente.
Este artigo de Filipe Pinhal mostra o que é a actual burla gigantesca em que se transformou o Governo: enganar as pessoas para se manterem no poder é o desiderato político principal e vale tudo para tal efeito.
Ainda mais sinais e estes bem mais reveladores: entrevista alargada à filha de Rómulo de Carvalho, conhecido como António Gedeão e de quem a maioria das pessoas com um mínimo de ilustração conhece a poesia Pedra Filosofal.
A Pedra Filosofal foi tema de um disco single no início dos anos setenta, pelo cantor cripto-comunista Manuel Freire. Em tempos ( na altura do centenário da morte de Rómulo de Carvalho) escrevi um pequeno texto sobre o tema:
"não fora o movimento dos baladeiros, no final dos anos sessenta e António Gedeão,não seria a figura que é, na poesia portuguesa. Mais ainda: a Pedra Filosofal , em vez da Grândola, deveria ter sido o sinal musical do 25 de Abril, na minha opinião.
Como é que aqui se chegou?
Tudo começou com a Pedra Filosofal cantada por Manuel Freire, no início de 1970.
Antes, em 1968, Manuel Freire cantara já, acompanhado a viola acústica, Dedicatória, de Fernando Miguel Bernardes ( “Se poeta sou, sei a quem o devo; Ao povo a quem dou os versos que escrevo. Da sua vida rude, colhi a poesia; tentei quanto pude, dar-lhe a melodia”) e ainda Livre, de Carlos de Oliveira ( “Não há machado que corte A raiz ao pensamento. Não há morte para o vento, não há morte.”).
Manuel Freire, com a Pedra Filosofal, relançou o interesse na poesia de António Gedeão,cujas obras completas, tinham sido publicadas cerca de dez anos antes.
A canção, editada pela marca Zip-Zip Movieplay, em 14 de Janeiro de 1970, foi um êxito, logo à saída, e a sua divulgação, ao vivo, no programa Zip-Zip, de Carlos Cruz, Raul Solnado e Fialho Gouveia, apenas acrescentou notoriedade ao cantor e ao poema."
A revista comunista Mundo da Canção, da época, deu o destaque a Manuel Freire muito por causa da Pedra Filosofal que aliás cantou no final de 1969 no Zip-Zip
Para além disso inspirou todo um disco Lp, publicado em 1972 intitulado Fala de um homem nascido , todo cantado por antifassistas opositores ao regime, incluindo alguns de extrema-esquerda ( Samuel) e do PS que nem existia na época ( José Niza):
Em tempos, também já dei conta disto, do tempo heróico em que a "cantiga era uma arma" ( "contra quem, camaradas? Contra a burguesia...tudo depende da bala e da pontaria"):
Resumindo: Rómulo de Carvalho nasceu no início do século XX, sendo praticamente da geração de Salazar. Foi educado no espírito da época. Foi um brilhante professor de ensino básico e secundário, escreveu pequenos manuais escolares preciosíssimos para a época, de divulgação científica. Escreveu poesia que foi aproveitada pelos opositores ao regime anterior, para fustigar ideologicamente sem usar linguagem panfletária.
Porém, ao ler a entrevista da filha não sobra nada de antifassismo, na personalidade de Rómulo de Carvalho. Sobra apenas o facto de actualmente nem sequer o pai ser reconhecido como figura da Literatura portuguesa.
Um novato das letras, ensinado e aculturado com o Portugal de Abril ( Mário Silva) parece que coligiu os cem melhores poemas dos últimos cem anos, o ano passado. António Gedeão nem aparece...o que é motivo de amargura da filha.
Ora este é um dos tais sinais do Portugal de Abril...porque António Gedeão era demasiado independente para se submeter à Esquerda dominadora da intelectualidade lusa. Por outro lado não fugiu ao "fassismo" e viveu uma vida confortável com o seu trabalho. Até assinava a Life, aparentemente sem saber inglês.
Ao ler o que a filha diz de Rómulo de Carvalho, da sua educação e modo de educar e da sua maneira de ser, fica-se com uma ideia de um certo Portugal dos anos cinquenta e sessenta, tempo de Salazar.
A Esquerda não aprecia esta gente, apesar de então lhe ter servido de inspiração...