Morreu o cómico Jô Soares que nos anos setenta do século que passou abrilhantou algumas noites na tv que então tínhamos, às segundas-feiras, ainda a preto e branco e com dois canais, com o programa semanal Planeta dos Homens.
A RTP nacional, paga pela contribuição de todos, no seu sítio, certamente pejado de artistas informáticos, tem esta"entrada" medíocre sobre tal programa que nem sequer aparece mencionado quanto à respectiva data de estreia.
Quem quiser saber a data exacta em que tal programa humorístico começou na RTP1, não será pelas informações da RTP que o conseguirá, o que é uma vergonha.
O programa começou a ser emitido em finais de Outubro de 1978 ( talvez no dia 23) na RTP1, às Segundas-Feiras à noite e tornou-se rapidamente um sucesso de audiências, alcançando pouco depois o primeiro lugar, segundo o jornal Sete da época.
Em Fevereiro de 1979 tal jornal dava destaque a Jô Soares que era nessa ocasião o artista convidado para abrilhantar o Carnaval do Algarve, tal como se dava conta na edição de 21 de Fevereiro de 1979:
O programa tinha alguns sketchs que se tornaram de antologia na época e bordões de conversa que ainda hoje perduram...
Por exemplo, este acerca dos tartufos do "não me comprometa..."
ADITAMENTO:
No Público de hoje, um tal Rodrigo Nogueira, "com Miguel Dantas" e com um depoimento escrito inserido, de Júlio Isidro, esfalfaram-se em traçar o obituário do falecido Jô. Não o do Planeta dos Homens, completamente ignorado mas o resultante da cópia elaborada de elementos recolhidos nos sítios habituais, recheados de dados, factos e elementos que pouco ou nada têm a ver com a personagem falecida na relação que teve com a televisão portuguesa e que afinal justifica as duas páginas de obituário.
Júlio Isidro diz que entrevistou Jô Soares duas vezes e a primeira "no auge do Planeta dos Homens", o que é duvidoso por uma singela razão: o programa Passeio dos Alegres é um típico programa televisivo de mérito assim-assim, que começou em Fevereiro de 1980 ( mais uma vez a informação é da Wiki que a RTP não se dá ao cuidado de tal coisa), a puxar pró foleiro e sem grandes pretensões. Raramente o via, ao contrário do Planeta dos Homens que em 1980 já tinha atingido há muito o seu auge, e dali a um ano mudaria de figurino, tal como se pode compreender por aqui que noutro lado não é possível. A RTP não tem memória válida para estas coisas, preferindo outras.
O artigo do Público é outra mediocridade copiada nos factos, porque não é possível ser de outro modo, mas nem sequer se pode ver onde foram beber a informação, assentando no estilo habitual: cópia factual, inserção de depoimentos avulsos de supostos especialistas e mistura em profusão de elementos desconexos com um sentido de escrita coerente e personalizada. Com já escrevi, um dia destes, qualquer robot será capaz de escrever assim:
Para se entender a génese do programa de tv O Planeta dos Homens, razão primordial da importância de Jô Soares para o panorama mediático nacional, muito para além das entrevistas em modo talk show que surgiram posteriormente e que são agora citadas como a fonte originária do interesse mediático, torna-se necessário compreender o contexto da época e até social em que o mesmo surgiu na RTP, com dois canais a preto e branco e monopólio do entretimento mediático nas imagens caseiras.
Este artigo de O Jornal de 13.10.1978 em que se anuncia a estreia do programa ajuda a entender melhor:
Fora disto, o panorama mediático e social sai irremediavelmente desfocado e desviado até da essência do que a personagem Jô Soares representou para o nosso país no final dos anos setenta.
Que saudades de um Duda Guenes! Ao menos esse era brasileiro mas sabia falar para portugueses e percebia dos assuntos aqui em causa.
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