A recente Jornada Mundial da Juventude, em Portugal, com a presença do Papa Francisco, suscitou diversas reacções com particular destaque para os que não apreciam a actual conduta do Supremo Pontífice na condução dos destinos da Igreja Católica, mais aproximadas ao que dantes se chamava "progressismo" do que à tradição antiga de uma Igreja com dois mil anos.
Tais reacções, aliás muito esbatidas nos media, a não ser para as vituperar como de extrema-direita e similares classificações depreciativas, porque nos media só a extrema-esquerda adquire estatuto de dignidade extremista, podem compreender-se melhor se formos aos anos sessenta e apresentarmos as ideias que então se produziam sobre o mesmo fenómeno.
Em 1965, uma revista publicada pelo Centro de Estudos político-sociais da União Nacional ( C.P.E.S.) dedicou todo um número ao assunto do "progressismo", numa altura em que o Concílio Vaticano II se desenvolvia, prestes a terminar, num sentido mais favorável a uma normalização de tal "progressismo" do que o seu contrário.
A explicação de tal fenómeno pode encontrar-se num artigo de tal revista, da autoria de Jacques Ploncard D´Assac, qualificado na Wiki como "católico reaccionário", "antissemita", "colaboracionista" e toda a parefernália de adjectivos associados à extrema-direita. J.P. D´Assac exilou-se em Portugal, após o fim da II Guerra Mundial, escreveu uma biografia de Salazar e regressou ao seu país natal, França, logo depois do 25 de Abril de 1974.
Não obstante, o que escreve em tal artigo revela-se muito interessante, à parte os preconceitos que se podem abater sobre o mesmo, por causa do seu percurso político-ideológico.
A explicação clara do modo como se refere ao método de propaganda é notável: " Produziu-se então uma verdadeira escamoteação de autoridade" pois apenas sob este ângulo de eficácia, a fonte autêntica de autoridade conta menos (psicologicamente) do que o domínio dos meios de difusão, sem os quais essa autoridade não pode ser bem ouvida senão por alguns fiéis, o que é insuficiente".
Esta observação insere-se ainda na consideração de que o sistema democrático não têm virtualidades para se orientar sempre pela verdade, pois a liberdade que proclama é apenas formal e sujeita a uma "multidão de interesses organizados que pesam nas suas decisões, o invadem e açambarcam, entravando assim a sua liberdade." que se interpõem entre o Estado demissionário e os cidadãos que se desinteressam do processo democrático e da marcha das instituições, uma vez que a liberdade conferida pelo voto não assegura os direitos que o mesmo cidadão reivindica no terreno económico e social.
Isto é a meu ver, inteiramente actual como consideração de carácter político e fonte das actuais dificuldades das democracias ocidentais em lidar com diversos problemas, como por exemplo o wokismo e particularmente o que se passa em França, com a imigração como fonte de graves problemas sociais.
Logo não é um problema que se deva relegar para a franja desprezível da "extrema-direita" mas sim uma questão que deve ser enfrentada directamente por quem deve pensar estas coisas, em todos os quadrantes.
E em Portugal não há muita gente que o faça e muito menos deste modo:
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