Viktor Orbán, presidente da Hungria, esteve por cá mas pouca gente lhe
deu atenção mediática. Orbán é um fascista, para a Esquerda predominante
do pensamento ambiente. Logo, um excluído. O Expresso, porém,
entrevistou-o. E que diz Orbán de assim tão fascista? Coisas simples que a Esquerda detesta, com um pormenor: o comunismo, para Orbán, é simplesmente hediondo...
Expresso de hoje:
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sábado, abril 30, 2016
O discurso baloffo da esquerda que venceu em 1974
Na sequência da jubilação do decano antifassista, Fernando Rosas, fundador do MRPP e seu militante até aos anos 80, familiar de fassista e que não saiu aos seus, aparece agora um dos herdeiros ideológico do comunismo fóssil a laborar uma espécie de oração de sapiência que o Público dá à estampa.
Estas pessoas não enxergam para além do próprio umbigo ideológico e por isso escrevem assim:
Se alguém se atrevesse a tomar a defesa do regime de Salazar nos mesmos moldes que estas personagens de ideias fossilizadas fazem relativamente ao marxismo e comunismo seria imediatamente triturada nos media actuais, quase sem excepção.
É esta melhor imagem da apregoada democracia: amplas liberdades para os antifassistas, censura para os que são visados...ou seja, o exacto oposto do que sucedia antes de 25 de Abril.
Estas pessoas não enxergam para além do próprio umbigo ideológico e por isso escrevem assim:
Se alguém se atrevesse a tomar a defesa do regime de Salazar nos mesmos moldes que estas personagens de ideias fossilizadas fazem relativamente ao marxismo e comunismo seria imediatamente triturada nos media actuais, quase sem excepção.
É esta melhor imagem da apregoada democracia: amplas liberdades para os antifassistas, censura para os que são visados...ou seja, o exacto oposto do que sucedia antes de 25 de Abril.
Maldita cocaína!
Os jornais de hoje ( menos o Público que não liga a fait-divers, como o do desmentido da PGR a uma notícia publicada) escrevem sobre um "caso polémico" e de interesse relativo: "Proença de Carvalho revela que Marante foi viciada em cocaína por Rangel", titula o Correio da Manhã, desenvolvendo o assunto nestas duas páginas:
A notícia alimentada nestas duas páginas reveste interesse a vários níveis, como agora se diz. O primeiro quanto à novidade em si, do lançamento de um livro biográfico acerca de uma jornalista tragicamente desaparecida no vórtice de uma tragédia pessoal ligada a uma doença psicológica.
O segundo devido ao teor da revelação sobre o consume de uma droga proibida, cocaína, revelado por uma figura pública da praça, Proença de Carvalho e que era amigo íntimo da desdita. O terceiro pela revelação associada a que tal consumo de cocaína atingiria pelo menos o marido notável e também já falecido.
O quarto e por último a indicação dos amigos do peito da desdita e que conviviam com a mesma: Fernanda Câncio, José Sócrates, entre outros, como seja a cabeleireira Marina Cruz que lamenta a revelação acerca do mau hábito da amiga falecida.
O comentário à notícia insere-se por isso já aqui: deverá um jornal revelar assim um pormenor da vida privada de uma figura pública, como seja o abuso no consumo de drogas ilícitas? A dita cabeleireira diz que tal "mancha a imagem de qualquer um", mormente de uma pessoa falecida.
Sendo verdade, a verdade pode libertar e por isso a mancha é muito, mas muito relativa porque pode destinar-se também a permitir uma compreensão da desdita que atingiu a referida jornalista. Não será uma revelação cruel, nesse sentido, mas sim uma explicação bem humana para a tragédia pessoal e que por isso não contém a virtualidade de manchar a imagem.
Por outro lado a questão pode e deve colocar-se noutros termos: deverá um jornal revelar esses vícios privados de figuras públicas que se apresentam como cheias de virtudes e moralmente impolutas?
É esta a questão fulcral do assunto.
Se por acaso uma figura pública de grande relevo nacional, com grande poder de influência na gestão da coisa pública que afecta os demais cidadãos for um viciado em cocaína ou pelo menos um consumidor ocasional mas habitual, deverá um jornal revelar tal coisa, como o fez Proença de Carvalho à autora da biografia?
É essa a questão. Por mim, a resposta é sim, inequivocamente. E esperar pela reacção química. O assunto nesse caso extravasa a simples vida pessoal e privada e passa a ser de interesse público conhecê-lo, ainda que tal não seja relevante em modo penal. O consumo de drogas foi despenalizado há uns anos, transformado em ilícito administrativo punido com coimas, como se fosse uma contravenção estradal.
Porém, o seu efeito imediato na opinião pública, em casos que tais, será inevitavelmente o de "manchar a imagem". E se a mesma já estiver irremediavelmente manchada?
A notícia alimentada nestas duas páginas reveste interesse a vários níveis, como agora se diz. O primeiro quanto à novidade em si, do lançamento de um livro biográfico acerca de uma jornalista tragicamente desaparecida no vórtice de uma tragédia pessoal ligada a uma doença psicológica.
O segundo devido ao teor da revelação sobre o consume de uma droga proibida, cocaína, revelado por uma figura pública da praça, Proença de Carvalho e que era amigo íntimo da desdita. O terceiro pela revelação associada a que tal consumo de cocaína atingiria pelo menos o marido notável e também já falecido.
O quarto e por último a indicação dos amigos do peito da desdita e que conviviam com a mesma: Fernanda Câncio, José Sócrates, entre outros, como seja a cabeleireira Marina Cruz que lamenta a revelação acerca do mau hábito da amiga falecida.
O comentário à notícia insere-se por isso já aqui: deverá um jornal revelar assim um pormenor da vida privada de uma figura pública, como seja o abuso no consumo de drogas ilícitas? A dita cabeleireira diz que tal "mancha a imagem de qualquer um", mormente de uma pessoa falecida.
Sendo verdade, a verdade pode libertar e por isso a mancha é muito, mas muito relativa porque pode destinar-se também a permitir uma compreensão da desdita que atingiu a referida jornalista. Não será uma revelação cruel, nesse sentido, mas sim uma explicação bem humana para a tragédia pessoal e que por isso não contém a virtualidade de manchar a imagem.
Por outro lado a questão pode e deve colocar-se noutros termos: deverá um jornal revelar esses vícios privados de figuras públicas que se apresentam como cheias de virtudes e moralmente impolutas?
É esta a questão fulcral do assunto.
Se por acaso uma figura pública de grande relevo nacional, com grande poder de influência na gestão da coisa pública que afecta os demais cidadãos for um viciado em cocaína ou pelo menos um consumidor ocasional mas habitual, deverá um jornal revelar tal coisa, como o fez Proença de Carvalho à autora da biografia?
É essa a questão. Por mim, a resposta é sim, inequivocamente. E esperar pela reacção química. O assunto nesse caso extravasa a simples vida pessoal e privada e passa a ser de interesse público conhecê-lo, ainda que tal não seja relevante em modo penal. O consumo de drogas foi despenalizado há uns anos, transformado em ilícito administrativo punido com coimas, como se fosse uma contravenção estradal.
Porém, o seu efeito imediato na opinião pública, em casos que tais, será inevitavelmente o de "manchar a imagem". E se a mesma já estiver irremediavelmente manchada?
sexta-feira, abril 29, 2016
São Rosas, senhores!
Público de ontem e de hoje:
Um dos historiadores do regime que temos há cerca de 40 anos jubilou-se do ensino académico remunerado ao mês e passou a recibos verdes, ensinando agora a sua visão própria sobre os fascismos a quem quiser escutar lérias.
Na cerimómia de rito de passagem para a terceira-idade, o intelectual marxista, fundador do BE e antigo MRPP, assumiu que "o marxismo é o seu referencial teórico" e apresentou dois dos seus ídolos: E.P. Thompson e Eric Hobsbawn, igualmente "historiadores marxistas".
Evidentemente, ser marxista nos dias actuais, tal como há 40 anos é um passaporte seguro para uma terra de prestígio onde nadam outros prestigiados como Boaventura Sousa Santos, Arnaldo Matos, um tal Mário Tomé e o menos que tal Marçal Grilo ou outro que não se compreende quando fala, Manuel Villaverde Cabral. A nata da nossa intelectualiade lusa com cheiro a cravos de Abril e que esteve presente a comemorar a passagem.
É pena que estes marxistas e cripto-marxistas não leiam por exemplo este pequeno texto da revista francesa Marianne desta semana que passa, sobre o marxismo e o Manifesto Comunista: o gulag é coisa inerente ao marxismo. Os milhões de mortos do comunismo não os atrapalham quando têm que falar agora e sempre do eterno fassismo de Oliveira Salazar que ontem fez 127 sobre o dia em que nasceu.
Esta intelectualidade lusa tem-nos dado cabo da vida colectiva nestes últimos 45 anos e pelos vistos um deles vai continuar...
Um dos historiadores do regime que temos há cerca de 40 anos jubilou-se do ensino académico remunerado ao mês e passou a recibos verdes, ensinando agora a sua visão própria sobre os fascismos a quem quiser escutar lérias.
Na cerimómia de rito de passagem para a terceira-idade, o intelectual marxista, fundador do BE e antigo MRPP, assumiu que "o marxismo é o seu referencial teórico" e apresentou dois dos seus ídolos: E.P. Thompson e Eric Hobsbawn, igualmente "historiadores marxistas".
Evidentemente, ser marxista nos dias actuais, tal como há 40 anos é um passaporte seguro para uma terra de prestígio onde nadam outros prestigiados como Boaventura Sousa Santos, Arnaldo Matos, um tal Mário Tomé e o menos que tal Marçal Grilo ou outro que não se compreende quando fala, Manuel Villaverde Cabral. A nata da nossa intelectualiade lusa com cheiro a cravos de Abril e que esteve presente a comemorar a passagem.
É pena que estes marxistas e cripto-marxistas não leiam por exemplo este pequeno texto da revista francesa Marianne desta semana que passa, sobre o marxismo e o Manifesto Comunista: o gulag é coisa inerente ao marxismo. Os milhões de mortos do comunismo não os atrapalham quando têm que falar agora e sempre do eterno fassismo de Oliveira Salazar que ontem fez 127 sobre o dia em que nasceu.
Esta intelectualidade lusa tem-nos dado cabo da vida colectiva nestes últimos 45 anos e pelos vistos um deles vai continuar...
Pontos nos ii no jogo dos farsantes.
Observador, Rui Ramos:
Viram os soldados alemães que ocupam o castelo de São Jorge?
Repararam na bandeira francesa hasteada na Torre de Belém? Eu também
não. Por isso, ainda não percebi em que força assenta isso a que os mais
excitados chamam “ditadura europeia” e que, sob essa ou outra forma
mais amena (“ingerência”), faz gemer tanto patriota. Ah, dir-me-ão, hoje
as ocupações e as interferências fazem-se de outra maneira: são os
tratados, a moeda, as regulações. Muito bem. Expliquem-me então que
tratado foi o governo português forçado a assinar; que moeda se viu
obrigado a adoptar; e a que regulações está sujeito sem ter participado
no estabelecimento dos órgãos que as decretaram. Na história europeia de
Portugal, se alguém forçou alguma coisa, foram os governos portugueses.
Os franceses não nos queriam na CEE, os alemães não nos desejavam no
Euro, e os finlandeses, se bem me lembro, nunca nos emprestaram dinheiro
com entusiasmo.
Mas, diz-se agora, tudo isso foi feito pelos políticos, à revelia do povo, que nunca referendou a adesão à CEE ou à Moeda Única. Bem, o povo também nunca referendou a Constituição da República. O povo fez outra coisa: elegeu os deputados que votaram a Constituição, e também os deputados que aprovaram todas as iniciativas europeias. Argumentarão: mas no passado, a União Europeia era outra coisa, agora é que se tornou um império injusto. Pois bem: o Reino Unido vai referendar a sua permanência na UE. Porque é que os resistentes contra a “ditadura” não propõem um referendo que dê às massas oprimidas a opção de sair? O PCP, o BE e a ala radical do PS têm aqui uma oportunidade. O governo de António Costa depende deles. Porque não exigir um referendo europeu como contrapartida do seu apoio? Dirão: porque não querem “criar crises”. Mas afinal a “ingerência” poupa Portugal a crises?
Como é costume, não haverá coragem, nem vergonha: não haverá vergonha para deixar de bradar contra a “ingerência europeia”, nem coragem para pôr o país perante uma alternativa, porque não desejam responsabilidades: nem as do ajustamento, se permanecermos na UE, nem as da bancarrota e da desvalorização, se sairmos. O que continuaremos a ver, portanto, é casos como o do Pacto de Estabilidade e Crescimento deste ano, que a claque do governo prefere não votar, para poder fingir, como dizia um deputado do PCP, que é apenas um “instrumento de ingerência e condicionamento da UE”.
O PEC vincula o Estado, nos próximos anos, a um esforço semelhante ao da consolidação de 2010-2013. Uma imposição europeia? Não, uma opção deste governo e desta maioria para manterem o financiamento internacional e a protecção do BCE. Mas uma opção que, depois de anos de demagogia “anti-austeritária”, não lhes dá jeito assumir, e que por isso preferem tratar como “ingerência”.
Os oligarcas nem percebem que jogo andam a jogar. Julgam talvez que com a farsa da “ditadura europeia” estão, muito habilmente, a externalizar as culpas. De facto, estão apenas a expor-se como irrelevantes, ao mesmo tempo que cultivam uma xenofobia que outros, um dia, mobilizarão mais eficazmente. A oligarquia nacional ainda não percebeu que o mundo está a mudar. Marine Le Pen em França, Norbert Hofer na Áustria, ou Frauke Petry na Alemanha: o isolacionismo e o proteccionismo progridem, estimulados pela reacção contra a imigração do Mediterrâneo e contra os resgates do sul da Europa. Para Hofer, “a Áustria vem primeiro”. Sim, um dia, seremos libertados desta “ditadura europeia”. Só que não será por Catarina Martins ou por Jerónimo de Sousa, mas por um Hofer ou por uma Petry qualquer.
O PEC é uma opção deste governo e desta maioria para manterem o
financiamento internacional e a protecção do BCE. Mas uma opção que não
lhes dá jeito assumir, e que por isso tratam como "ingerência".
Mas, diz-se agora, tudo isso foi feito pelos políticos, à revelia do povo, que nunca referendou a adesão à CEE ou à Moeda Única. Bem, o povo também nunca referendou a Constituição da República. O povo fez outra coisa: elegeu os deputados que votaram a Constituição, e também os deputados que aprovaram todas as iniciativas europeias. Argumentarão: mas no passado, a União Europeia era outra coisa, agora é que se tornou um império injusto. Pois bem: o Reino Unido vai referendar a sua permanência na UE. Porque é que os resistentes contra a “ditadura” não propõem um referendo que dê às massas oprimidas a opção de sair? O PCP, o BE e a ala radical do PS têm aqui uma oportunidade. O governo de António Costa depende deles. Porque não exigir um referendo europeu como contrapartida do seu apoio? Dirão: porque não querem “criar crises”. Mas afinal a “ingerência” poupa Portugal a crises?
Como é costume, não haverá coragem, nem vergonha: não haverá vergonha para deixar de bradar contra a “ingerência europeia”, nem coragem para pôr o país perante uma alternativa, porque não desejam responsabilidades: nem as do ajustamento, se permanecermos na UE, nem as da bancarrota e da desvalorização, se sairmos. O que continuaremos a ver, portanto, é casos como o do Pacto de Estabilidade e Crescimento deste ano, que a claque do governo prefere não votar, para poder fingir, como dizia um deputado do PCP, que é apenas um “instrumento de ingerência e condicionamento da UE”.
O PEC vincula o Estado, nos próximos anos, a um esforço semelhante ao da consolidação de 2010-2013. Uma imposição europeia? Não, uma opção deste governo e desta maioria para manterem o financiamento internacional e a protecção do BCE. Mas uma opção que, depois de anos de demagogia “anti-austeritária”, não lhes dá jeito assumir, e que por isso preferem tratar como “ingerência”.
Os oligarcas nem percebem que jogo andam a jogar. Julgam talvez que com a farsa da “ditadura europeia” estão, muito habilmente, a externalizar as culpas. De facto, estão apenas a expor-se como irrelevantes, ao mesmo tempo que cultivam uma xenofobia que outros, um dia, mobilizarão mais eficazmente. A oligarquia nacional ainda não percebeu que o mundo está a mudar. Marine Le Pen em França, Norbert Hofer na Áustria, ou Frauke Petry na Alemanha: o isolacionismo e o proteccionismo progridem, estimulados pela reacção contra a imigração do Mediterrâneo e contra os resgates do sul da Europa. Para Hofer, “a Áustria vem primeiro”. Sim, um dia, seremos libertados desta “ditadura europeia”. Só que não será por Catarina Martins ou por Jerónimo de Sousa, mas por um Hofer ou por uma Petry qualquer.
Público: será mesmo um pasquim sem respeito pelos leitores?
A edição do Público de hoje não traz uma palavra sobre o desmentido da PGR à notícia de primeira página, com desenvolvimento interior acerca do Passos e do seu "director de campanha eleitoral".
Aqui neste blog que não é ocs tal facto obrigar-me- ia a um desmentido, a uma reafirmação ou a um simples pedido de desculpas pela potencial aleivosia.
O Público, tido como jornal de referência, está notoriamente a c.* para tal coisa.
É profundamente lamentável e digno de um jornalismo de cocheira antiga ou de sarjeta nova.
Porém, há sempre a hipótese de estar a preparar a resposta para um dia destes, amanhã se aprouver e assim escapar ao vitupério.
Veremos.
Aqui neste blog que não é ocs tal facto obrigar-me- ia a um desmentido, a uma reafirmação ou a um simples pedido de desculpas pela potencial aleivosia.
O Público, tido como jornal de referência, está notoriamente a c.* para tal coisa.
É profundamente lamentável e digno de um jornalismo de cocheira antiga ou de sarjeta nova.
Porém, há sempre a hipótese de estar a preparar a resposta para um dia destes, amanhã se aprouver e assim escapar ao vitupério.
Veremos.
quinta-feira, abril 28, 2016
O jornalismo apasquinado do Público
O Público de hoje, com o afã próprio de quem olha para os argueiros esquecendo as traves, titula na primeira página: "Operação Lava-Jato atinge director de campanha eleitoral de Passos Coelho".
Esta mensagem é preciosa na medida em que enlameia o antigo primeiro-ministro no " lava-jato" brasileiro de um modo aparentemente indesmentível: a propaganda eleitoral de tal campanha terá sido contratada com um brasileiro que está a contas com a investigação do processo "lava-jato". Passos Coelho está outra vez a fritar no lume desta comunicação social que esquece, releva, omite e oblitera tudo o que enegreça mais um pouco o actual PM, Costa da união de esquerda tanto tempo almejada e agora alcançada e que o Público protege como se fora seu filho...ao mesmo tempo que suja sempre o nome do antigo primeiro-ministro, responsável pela austeridade e pelo combate a esta esquerda comunista e socialista. É este o problema de base e a função deste jornalismo de causas que já nem escondem.
A notícia interior começava assim: "As autoridades brasileiras pediram informações ao Ministério Público sobre a actividade do publicitário André Gustavo em território nacional, onde dirigiu as duas últimas campanhas eleitorais ( 2011 e 205) lideradas por Pedro Passos Coelho".
Lendo bem a notícia torna-se um pouco confusa a ideia inicial, porque quem está na berlinda será um publicitário que fez as campanhas do Lula e da Dilma, mas também já vimos que isto deve ser tudo um golpe como o Público já tinha realçado antes. Enfim, notícia, notícia é a campanha eleitoral de cá, com o Passos a liderar. Isso, sim.
Ou não...segundo o Observador o Público das jornalistas Cristina Ferreira (que é useira e vezeira nestas coisas) e mais Maria Lopes e Sofia Rodrigues, terá metido a pata na poça:
A Procuradoria-Geral da República (PGR) desmente que o Ministério Público tenha recebido recebido uma carta rogatória das autoridades brasileiras que investigam a Operação Lava Jato a solicitar informação sobre André Gustavo Vieira da Silva, sócio da agência Arcos Propaganda e diretor de campanha do PSD nas legislativas de 2011 e 2015.
“No âmbito da designada Operação Lava Jato, e até ao momento, não foi recebido na Procuradoria-Geral da República nenhum pedido relacionado com o cidadão brasileiro André Gustavo”, afirmou fonte oficial da PGR, confirmando informação idêntica avançada pelo Observador esta quinta-feira.
Veremos o que o dia de amanhã, no Público, nos trará. Mais jornalismo deste, apasquinado? Nada é menos incerto.
Esta mensagem é preciosa na medida em que enlameia o antigo primeiro-ministro no " lava-jato" brasileiro de um modo aparentemente indesmentível: a propaganda eleitoral de tal campanha terá sido contratada com um brasileiro que está a contas com a investigação do processo "lava-jato". Passos Coelho está outra vez a fritar no lume desta comunicação social que esquece, releva, omite e oblitera tudo o que enegreça mais um pouco o actual PM, Costa da união de esquerda tanto tempo almejada e agora alcançada e que o Público protege como se fora seu filho...ao mesmo tempo que suja sempre o nome do antigo primeiro-ministro, responsável pela austeridade e pelo combate a esta esquerda comunista e socialista. É este o problema de base e a função deste jornalismo de causas que já nem escondem.
A notícia interior começava assim: "As autoridades brasileiras pediram informações ao Ministério Público sobre a actividade do publicitário André Gustavo em território nacional, onde dirigiu as duas últimas campanhas eleitorais ( 2011 e 205) lideradas por Pedro Passos Coelho".
Lendo bem a notícia torna-se um pouco confusa a ideia inicial, porque quem está na berlinda será um publicitário que fez as campanhas do Lula e da Dilma, mas também já vimos que isto deve ser tudo um golpe como o Público já tinha realçado antes. Enfim, notícia, notícia é a campanha eleitoral de cá, com o Passos a liderar. Isso, sim.
Ou não...segundo o Observador o Público das jornalistas Cristina Ferreira (que é useira e vezeira nestas coisas) e mais Maria Lopes e Sofia Rodrigues, terá metido a pata na poça:
A Procuradoria-Geral da República (PGR) desmente que o Ministério Público tenha recebido recebido uma carta rogatória das autoridades brasileiras que investigam a Operação Lava Jato a solicitar informação sobre André Gustavo Vieira da Silva, sócio da agência Arcos Propaganda e diretor de campanha do PSD nas legislativas de 2011 e 2015.
“No âmbito da designada Operação Lava Jato, e até ao momento, não foi recebido na Procuradoria-Geral da República nenhum pedido relacionado com o cidadão brasileiro André Gustavo”, afirmou fonte oficial da PGR, confirmando informação idêntica avançada pelo Observador esta quinta-feira.
Veremos o que o dia de amanhã, no Público, nos trará. Mais jornalismo deste, apasquinado? Nada é menos incerto.
quarta-feira, abril 27, 2016
O advogado súcubo de Diogo Lacerda Machado
Observador:
O contrato foi assinado, para esclarecer dúvidas públicas, mas Lacerda de Machado assegura que não precisaria de ter esse contrato para ser mais honesto e sério. “Era o que faltava que eu traísse por um instante a minha condição de advogado”. ”
O advogado não respondeu directamente à pergunta do deputado do
CSD — Hélder Amaral quis saber se a existência ou não de contrato era a
única razão para ser chamado ao Parlamento — mas revelou que pediu um
parecer à Ordem dos Advogados sobre eventuais incompatibilidades entre a
prestação de serviços de consultoria ao Estado e o exercício da
advocacia. No entanto, vai continuar a colaborar com o Estado, em tudo o que lhe for pedido.
Este advogado fino é amigo do peito do primeiro-ministro, do tempo em que este nem sequer sonhava sê-lo. Pelos vistos foi sempre ajudante do amigo de infância e será o que em linguagem popularizada no Brasil será "um amigo meu" que tem muitas coisas que o outro não pode ter...e sem segundas intenções malévolas, honni soit qui mal y pense.
Aqui há uns dias, a revista do Correio da Manhã traçou-lhe assim o perfil:
Uma das observações mais curiosas é a de que na sua última declaração de IRS apresenta rendimentos de 95 mil euros. Ora mais que isso ganha o amigo que nada tem de seu, que se possa ver...
E este amigo é uma espécie de Proença de Carvalho dos pobrezinhos ou se se quiser um António Vitorininho dos rosinhas que mandam agora, assim pequenino e redondinho.
Há um ror de anos que o amigo Lacerda colabora com o poder rosa dos amigos que o enviaram para Macau e depois o aproveitam assim, para estas complicadíssimas negociações entre empresas que em princípio só os Proenças de Carvalho conseguem chegar lá e mesmo assim com ajuda de escritórios famosos como o do célebre Vieira de Almeida, do Sérvulo Correia, do Galvão Teles falecido e mais uns tantos.
Diogo Lacerda, porém, também é dos que chega lá e diz o CM que "não tem fortuna". Diz que tem um apartamento em Telheiras e um par de automóveis e administra a Geocapital, entre outras, de chineses amigos do seu amigo.
Parece que o amigo Costa que é primeiro-ministro também é pobre e vive algures, depois de ter arrendado um apartamento esconso na Av. da Liberdade, um caso que deveria ser para falar mas que está calado que nem um rato porque os media têm medo da sombra que se pelam.
É isto o PS? É. E o CM de há uns dias mostrava como isto funciona, esta máquina de alavancar remediados aos esplendores da fama e do proveito mínimo garantido:
Compreende-se muito bem como isto funciona:
O amigo de Costa tem um súcubo que advoga e ganha balúrdios que permitem ao hospedeiro declarar os tostões da praxe : "Há um advogado que vive em mim e que vai continuar a viver", disse hoje no Parlamento.
Ninguém tem vergonha disto, ou vamos continuar a fazer de conta?! Destas figuras de aparências, de falta de transparência e de honestidade que não é preciso proclamar aos quatro ventos, garantindo que se é "sério"?
Um amigo meu costuma dividir os sérios em espécies. A primeira é a dos sérios, só. A segunda dos sérios, mesmo sérios e a terceira dos sérios, sérios, sérios, ou seja mesmo sérios. Uma progressão aritmética na seriedade proclamada.
Este Diogo Lacerda proclamou agora que não precisa de ter um contrato para ser mais honesto e sério.
Pois não. É dos sérios, portanto.
PS. E agora me lembro. Segundo o mesmo CM o tipo diz que gosta de Peter Gabriel, o antigo vocalista dos Genesis nos anos setenta e que foi ver o artista em 2012 agarrando-se às grades do recinto para não cair. Enfim.
Porventura não levou o súcubo consigo, mas para complemento musical aconselho-o a escutar outro inglês do rock progressivo, outro Peter, Hammil que pertenceu aos Van der Graaf Generator e em 1971 ( está no disco Pawn Hearts que se ouve melhor em vinil original com rótulo "scroll" da Charisma) e cantava assim em man-erg:
The killer lives inside me: I can feel him move.
Sometimes he's lightly sleeping in the quiet of his room,
but then his eyes will rise and stare through mine;
he'll speak my words and slice my mind inside.
The killer lives.
The angels live inside me: I can feel them smile....
Aposto que há versão no you tube... o que para um tipo sério, é canja, a procura.
- Diogo Lacerda de Machado começou por admitir que a ausência de um contrato escrito e de uma retribuição pode ser entendida como menos conforme à transparência.
O contrato foi assinado, para esclarecer dúvidas públicas, mas Lacerda de Machado assegura que não precisaria de ter esse contrato para ser mais honesto e sério. “Era o que faltava que eu traísse por um instante a minha condição de advogado”. ”
Há um advogado que vive em mim e que vai continuar a viver”
Este advogado fino é amigo do peito do primeiro-ministro, do tempo em que este nem sequer sonhava sê-lo. Pelos vistos foi sempre ajudante do amigo de infância e será o que em linguagem popularizada no Brasil será "um amigo meu" que tem muitas coisas que o outro não pode ter...e sem segundas intenções malévolas, honni soit qui mal y pense.
Aqui há uns dias, a revista do Correio da Manhã traçou-lhe assim o perfil:
Uma das observações mais curiosas é a de que na sua última declaração de IRS apresenta rendimentos de 95 mil euros. Ora mais que isso ganha o amigo que nada tem de seu, que se possa ver...
E este amigo é uma espécie de Proença de Carvalho dos pobrezinhos ou se se quiser um António Vitorininho dos rosinhas que mandam agora, assim pequenino e redondinho.
Há um ror de anos que o amigo Lacerda colabora com o poder rosa dos amigos que o enviaram para Macau e depois o aproveitam assim, para estas complicadíssimas negociações entre empresas que em princípio só os Proenças de Carvalho conseguem chegar lá e mesmo assim com ajuda de escritórios famosos como o do célebre Vieira de Almeida, do Sérvulo Correia, do Galvão Teles falecido e mais uns tantos.
Diogo Lacerda, porém, também é dos que chega lá e diz o CM que "não tem fortuna". Diz que tem um apartamento em Telheiras e um par de automóveis e administra a Geocapital, entre outras, de chineses amigos do seu amigo.
Parece que o amigo Costa que é primeiro-ministro também é pobre e vive algures, depois de ter arrendado um apartamento esconso na Av. da Liberdade, um caso que deveria ser para falar mas que está calado que nem um rato porque os media têm medo da sombra que se pelam.
É isto o PS? É. E o CM de há uns dias mostrava como isto funciona, esta máquina de alavancar remediados aos esplendores da fama e do proveito mínimo garantido:
Compreende-se muito bem como isto funciona:
O amigo de Costa tem um súcubo que advoga e ganha balúrdios que permitem ao hospedeiro declarar os tostões da praxe : "Há um advogado que vive em mim e que vai continuar a viver", disse hoje no Parlamento.
Ninguém tem vergonha disto, ou vamos continuar a fazer de conta?! Destas figuras de aparências, de falta de transparência e de honestidade que não é preciso proclamar aos quatro ventos, garantindo que se é "sério"?
Um amigo meu costuma dividir os sérios em espécies. A primeira é a dos sérios, só. A segunda dos sérios, mesmo sérios e a terceira dos sérios, sérios, sérios, ou seja mesmo sérios. Uma progressão aritmética na seriedade proclamada.
Este Diogo Lacerda proclamou agora que não precisa de ter um contrato para ser mais honesto e sério.
Pois não. É dos sérios, portanto.
PS. E agora me lembro. Segundo o mesmo CM o tipo diz que gosta de Peter Gabriel, o antigo vocalista dos Genesis nos anos setenta e que foi ver o artista em 2012 agarrando-se às grades do recinto para não cair. Enfim.
Porventura não levou o súcubo consigo, mas para complemento musical aconselho-o a escutar outro inglês do rock progressivo, outro Peter, Hammil que pertenceu aos Van der Graaf Generator e em 1971 ( está no disco Pawn Hearts que se ouve melhor em vinil original com rótulo "scroll" da Charisma) e cantava assim em man-erg:
The killer lives inside me: I can feel him move.
Sometimes he's lightly sleeping in the quiet of his room,
but then his eyes will rise and stare through mine;
he'll speak my words and slice my mind inside.
The killer lives.
The angels live inside me: I can feel them smile....
Aposto que há versão no you tube... o que para um tipo sério, é canja, a procura.
terça-feira, abril 26, 2016
O 25 de Abril de 1974 dez anos depois
O dia 25 de Abril de 1974 foi contado dez anos depois pelo O Jornal, na edição de 27 de Abril de 1984. Torna-se interessante ler o que pensava a esquerda de então, praticamente a equivalente à união de esquerda que hoje em dia governa sob a batuta do PS.
O Jornal era o mais fiel representante dessa linha ideológica e como tal o 25 de Abril já era um mito. Sobre as duas bancarrotas entretanto sobrevindas, moita carrasco, como se tivessem sido um castigo do destino. E se calhar foi mesmo.
Interessante também é ler uma entrevista de Mário Soares a propósito da efeméride e do modo ultra complacente como explica o que sucedeu nesse dia, o que motivou e o que adveio.
No balanço desses dez anos uma realidade avulta: Portugal regrediu económica, cultural e até civilizacionalmente quando comparado às restantes nações europeias de quem nos íamos aproximando lentamente.
O balanço desses dez anos, no O Jornal, porém é diverso: a mitificação é bem evidente na opinião do cantor José Afonso que ainda sonhava com mundos paralelos em que a riqueza aparecia do nada e a pobreza desapareceria como por encanto, se fosse liquidada a burguesia do poder económico. Ainda hoje é assim para os seus seguidores que se juntaram à União de Esquerda.
Na realidade o que se ganhou mesmo com o 25 de Abril foi uma liberdade para a esquerda comunista se manifestar e concorrer a eleições e sapar o regime pró-ocidental que tínhamos, principalmente na vertente económica. Enquanto povo ganhamos alguma coisa com isso? Absolutamente nada, só perdemos e muito. Décadas de maior bem-estar para todos, incluindo os próprios.
Será isso que ainda celebram? Parece que sim porque nada mais haverá a celebrar, para além da abolição de uma estúpida censura e o fim de uma guerra no Ultramar que estava por um fio, de qualquer modo.
O que me parece no entanto que celebram, principalmente a classe jornalística maioritariamente subsidiária dessa esquerda, será o mito da liberdade de se poder dizer e escrever o que bem entendem. Ora nem tal acontece hoje em dia porque os donos dos media é que orientam as linhas de discurso oficializado que tacitamente é aceite pelos jornalistas que hoje são menos livres do que eram dantes, com censura prévia, paradoxalmente.
O patrão Balsemão pode agora dizer mal do fassismo antigo mas se disser mal do comunismo do mesmo modo, fica marcado com um ferrete ainda mais visível do que o do lápis azul da censura dos coronéis reformados que não deixavam ver o Último Tango em Paris ou a Laranja Mecânica, entre outros.
É essa a liberdade celebrada? Duvidosa liberdade... que afinal lhes aproveitou sempre a esses que contestavam o regime anterior mas não permitem agora que se possa dizer com a mesma liberdade que defendiam, tudo o que seja prejudicial a essa união de esquerda hegemónica e censória.
Nos canais de tv a formatação editorial é de tal ordem que até os programas ditos culturais têm que se apresentar como antifassistas primitivos. Caso contrário, a nova censura clamará contra o regresso desse hediondo fassismo...e os seus autores relegados para a inexistência mediática.
Quem não afinar pelo diapasão da vituperação do fassismo do regime anteriror está condenado a desaparecer do espaço público, em qualquer programa ou coluna de jornal...
É esta a liberdade conquistada? Não me parece muito diferente da anterior, de há 45 anos...e sendo assim, liberdade por liberdade ainda prefiro a antiga.
E para terminar uma ilustração de um comunista-artista de grande valia: João Abel Manta.
O que era então a televisão única pode dar uma ajuda a compreender o panorama cultural da época...como mostra o Diário de Notícias de 22 de Abril de 1984:
O Jornal era o mais fiel representante dessa linha ideológica e como tal o 25 de Abril já era um mito. Sobre as duas bancarrotas entretanto sobrevindas, moita carrasco, como se tivessem sido um castigo do destino. E se calhar foi mesmo.
Interessante também é ler uma entrevista de Mário Soares a propósito da efeméride e do modo ultra complacente como explica o que sucedeu nesse dia, o que motivou e o que adveio.
No balanço desses dez anos uma realidade avulta: Portugal regrediu económica, cultural e até civilizacionalmente quando comparado às restantes nações europeias de quem nos íamos aproximando lentamente.
O balanço desses dez anos, no O Jornal, porém é diverso: a mitificação é bem evidente na opinião do cantor José Afonso que ainda sonhava com mundos paralelos em que a riqueza aparecia do nada e a pobreza desapareceria como por encanto, se fosse liquidada a burguesia do poder económico. Ainda hoje é assim para os seus seguidores que se juntaram à União de Esquerda.
Na realidade o que se ganhou mesmo com o 25 de Abril foi uma liberdade para a esquerda comunista se manifestar e concorrer a eleições e sapar o regime pró-ocidental que tínhamos, principalmente na vertente económica. Enquanto povo ganhamos alguma coisa com isso? Absolutamente nada, só perdemos e muito. Décadas de maior bem-estar para todos, incluindo os próprios.
Será isso que ainda celebram? Parece que sim porque nada mais haverá a celebrar, para além da abolição de uma estúpida censura e o fim de uma guerra no Ultramar que estava por um fio, de qualquer modo.
O que me parece no entanto que celebram, principalmente a classe jornalística maioritariamente subsidiária dessa esquerda, será o mito da liberdade de se poder dizer e escrever o que bem entendem. Ora nem tal acontece hoje em dia porque os donos dos media é que orientam as linhas de discurso oficializado que tacitamente é aceite pelos jornalistas que hoje são menos livres do que eram dantes, com censura prévia, paradoxalmente.
O patrão Balsemão pode agora dizer mal do fassismo antigo mas se disser mal do comunismo do mesmo modo, fica marcado com um ferrete ainda mais visível do que o do lápis azul da censura dos coronéis reformados que não deixavam ver o Último Tango em Paris ou a Laranja Mecânica, entre outros.
É essa a liberdade celebrada? Duvidosa liberdade... que afinal lhes aproveitou sempre a esses que contestavam o regime anterior mas não permitem agora que se possa dizer com a mesma liberdade que defendiam, tudo o que seja prejudicial a essa união de esquerda hegemónica e censória.
Nos canais de tv a formatação editorial é de tal ordem que até os programas ditos culturais têm que se apresentar como antifassistas primitivos. Caso contrário, a nova censura clamará contra o regresso desse hediondo fassismo...e os seus autores relegados para a inexistência mediática.
Quem não afinar pelo diapasão da vituperação do fassismo do regime anteriror está condenado a desaparecer do espaço público, em qualquer programa ou coluna de jornal...
É esta a liberdade conquistada? Não me parece muito diferente da anterior, de há 45 anos...e sendo assim, liberdade por liberdade ainda prefiro a antiga.
E para terminar uma ilustração de um comunista-artista de grande valia: João Abel Manta.
O que era então a televisão única pode dar uma ajuda a compreender o panorama cultural da época...como mostra o Diário de Notícias de 22 de Abril de 1984:
segunda-feira, abril 25, 2016
25 de Abril de 1974 contado no dia seguinte
Jornal de Notícias, do Porto, de 26 de Abril de 1974, as primeiras notícias impressas a chegar depois do golpe e das edições especiais.
As notícias dão conta da acção militar, dos acontecimentos do dia, da euforia popular, com foto das pessoas a subir a Rua do Carmo em Lisboa e noutros locais.
O golpe militar teve sucesso porque o regime estava gasto e politicamente exangue. Só isso. Quanto a apoio popular, até o Champallimaud aplaudiu. Dali a poucos meses deve ter-se arrependido...
A azáfama de quem queria ler os jornais era espelhada nas fotos.
Apesar de tudo isso o que me interessava nesse dia e nos demais, ler no jornal, era o desenvolvimento da historieta do agente secreto X-9, desenhada pelo grande Al Williamson. Isso é que era! E ainda hoje é um pouco assim...
As notícias dão conta da acção militar, dos acontecimentos do dia, da euforia popular, com foto das pessoas a subir a Rua do Carmo em Lisboa e noutros locais.
O golpe militar teve sucesso porque o regime estava gasto e politicamente exangue. Só isso. Quanto a apoio popular, até o Champallimaud aplaudiu. Dali a poucos meses deve ter-se arrependido...
A azáfama de quem queria ler os jornais era espelhada nas fotos.
Apesar de tudo isso o que me interessava nesse dia e nos demais, ler no jornal, era o desenvolvimento da historieta do agente secreto X-9, desenhada pelo grande Al Williamson. Isso é que era! E ainda hoje é um pouco assim...
domingo, abril 24, 2016
Mas achegas à crise do jornalismo
Observador:
O representante norte-americano no Reuters Institute, na Universidade de Oxford, Robert Picard tem dedicado o seu tempo a estudar a relação entre os media e a economia, do ponto de vista do negócio.
E diz assim sobre o problema do jornalismo actual
O jornalismo nunca foi um produto comercial. Era feito por uma série de motivos: políticos, culturais e sociais. Foi apenas no último século que se tornou comercial, devido à publicidade.
Mas agora os anunciantes têm muito melhores maneiras de atingir as suas audiências e comunicar com elas, já não investem no jornalismo. E as pessoas têm muitas outras formas de receber informação e notícias por isso não as estão a ir buscar onde costumavam ir: jornais, telejornais, revistas.
A questão é: como assegurar que o jornalismo permaneça? E será com os meios tradicionais? Claro que os meios tradicionais querem que seja e claro que os jornalistas que trabalham nestes meios também o querem.
Mas o certo é que lhes está a ser muito difícil sobreviver, em todos os países, devido a esta falta de financiamento. Vale a pena perguntar: é algo a que a sociedade deve dar resposta? Deve fazer alguma coisa ou deve deixar que as coisas sigam o seu rumo?
Os jornais são uma forma extremamente cara de produzir notícias. Apenas 10 ou 15% dos seus custos se relacionam com a produção de notícias. A distribuição tem custos altíssimos.
Em11 de Maio de 1973, no tempo em que o jornalismo ainda era um negócio rentável, mesmo em Portugal, o Diário Popular ( o melhor jornal de sempre, em Portugal, na minha opinião) tinha este artigo traduzido da L´Express francesa sobre o caso Watergate e o jornalismo do Washington Post. Vale a pena ler porque é instrutivo sobre o que devia ser o jornalismo de investigação em Portugal e não é. Nunca foi.
Esta farsa do Expresso com os papéis do Panama é ridícula. Andam a publicar há três semanas, a conta gotas nomes inócuos, listas misteriosas para não sei quem menos para quem já as conhece há meses, etc etc. E mais não digo.
O representante norte-americano no Reuters Institute, na Universidade de Oxford, Robert Picard tem dedicado o seu tempo a estudar a relação entre os media e a economia, do ponto de vista do negócio.
E diz assim sobre o problema do jornalismo actual
O jornalismo nunca foi um produto comercial. Era feito por uma série de motivos: políticos, culturais e sociais. Foi apenas no último século que se tornou comercial, devido à publicidade.
Mas agora os anunciantes têm muito melhores maneiras de atingir as suas audiências e comunicar com elas, já não investem no jornalismo. E as pessoas têm muitas outras formas de receber informação e notícias por isso não as estão a ir buscar onde costumavam ir: jornais, telejornais, revistas.
A questão é: como assegurar que o jornalismo permaneça? E será com os meios tradicionais? Claro que os meios tradicionais querem que seja e claro que os jornalistas que trabalham nestes meios também o querem.
Mas o certo é que lhes está a ser muito difícil sobreviver, em todos os países, devido a esta falta de financiamento. Vale a pena perguntar: é algo a que a sociedade deve dar resposta? Deve fazer alguma coisa ou deve deixar que as coisas sigam o seu rumo?
Os jornais são uma forma extremamente cara de produzir notícias. Apenas 10 ou 15% dos seus custos se relacionam com a produção de notícias. A distribuição tem custos altíssimos.
Em11 de Maio de 1973, no tempo em que o jornalismo ainda era um negócio rentável, mesmo em Portugal, o Diário Popular ( o melhor jornal de sempre, em Portugal, na minha opinião) tinha este artigo traduzido da L´Express francesa sobre o caso Watergate e o jornalismo do Washington Post. Vale a pena ler porque é instrutivo sobre o que devia ser o jornalismo de investigação em Portugal e não é. Nunca foi.
Esta farsa do Expresso com os papéis do Panama é ridícula. Andam a publicar há três semanas, a conta gotas nomes inócuos, listas misteriosas para não sei quem menos para quem já as conhece há meses, etc etc. E mais não digo.
O bel canto do major Aparício...
Ao mesmo tempo que se conta no Observador a história do 25 de Abril de 1974 de Marcelo Rebelo de Sousa, com referência à edição do Expresso de 22.4.1977, torna-se interessante ler uma entrevista publicada no O Jornal de 5 de Agosto desse ano de 1977 do então major Aparício, comandante da PSP de Lisboa, nomeado a seguir ao golpe de 11 de Março de 1975.
A linguagem, os conceitos, a cultura, a mentalidade eram outros.Sinceramente acho que desde então se perdeu muito de bom e o que se ganhou não compensa tal perda. Perdeu-se um senso comum que actualmente nos faz muita falta para compreender esta loucura esquerdista em que andamos e que nem nessa altura se conseguiu introduzir a mascoto. Andamos agora a toque de caixa das desgraçadas esganiçadas do BE que não deviam ter o palco que têm e muito menos a importância que lhes dão. Regredimos para lado nenhum porque nunca estivemos aqui e o que se pode ver é a perversão do que nos era comum e sentido por todos. Este lugar para onde nos querem levar não é natural e nunca foi nosso. Estranho que ninguém veja tal coisa claramente.
Há um prec que decorre diante dos nossos olhos diariamente e parece que ninguém o vê. Mais perigoso e nocivo que o primeiro, de há quarenta anos, porque invade a mentalidade como aquele nunca o conseguiu. Os meios deste novo prec estão a ser usados pelo Público, pelas tv´s da lourenço que é apenas uma peã desta brega e são espúrios àqueles que os manipulam, como é o caso da Global media e a loca infecta jornalística do dr. Balsemão.
É exagerada a ideia? Pois sim. Quando vier o terceiro resgate, daqui a uns meses, logo se verá.
O então major Aparício é o mesmo que há umas semanas deu conhecimento ao Expresso acerca da operação clandestina junto ao S. Carlos, no Verão de 1975, por indivíduos suspeitos de pertencerem ao PCP e que conduziram dois camiões carregados de documentos tirados da sede da PIDE/DGS, à socapa e os mandaram para um avião da Aeroflot que levantou de Figo Maduro para destino incerto, com certeza Moscovo. Uma acção de que os patriotas do PCP não se orgulham porque nem a admitem...( ver aqui, as "centenas de quilos de traição à pátria")
A linguagem, os conceitos, a cultura, a mentalidade eram outros.Sinceramente acho que desde então se perdeu muito de bom e o que se ganhou não compensa tal perda. Perdeu-se um senso comum que actualmente nos faz muita falta para compreender esta loucura esquerdista em que andamos e que nem nessa altura se conseguiu introduzir a mascoto. Andamos agora a toque de caixa das desgraçadas esganiçadas do BE que não deviam ter o palco que têm e muito menos a importância que lhes dão. Regredimos para lado nenhum porque nunca estivemos aqui e o que se pode ver é a perversão do que nos era comum e sentido por todos. Este lugar para onde nos querem levar não é natural e nunca foi nosso. Estranho que ninguém veja tal coisa claramente.
Há um prec que decorre diante dos nossos olhos diariamente e parece que ninguém o vê. Mais perigoso e nocivo que o primeiro, de há quarenta anos, porque invade a mentalidade como aquele nunca o conseguiu. Os meios deste novo prec estão a ser usados pelo Público, pelas tv´s da lourenço que é apenas uma peã desta brega e são espúrios àqueles que os manipulam, como é o caso da Global media e a loca infecta jornalística do dr. Balsemão.
É exagerada a ideia? Pois sim. Quando vier o terceiro resgate, daqui a uns meses, logo se verá.
O então major Aparício é o mesmo que há umas semanas deu conhecimento ao Expresso acerca da operação clandestina junto ao S. Carlos, no Verão de 1975, por indivíduos suspeitos de pertencerem ao PCP e que conduziram dois camiões carregados de documentos tirados da sede da PIDE/DGS, à socapa e os mandaram para um avião da Aeroflot que levantou de Figo Maduro para destino incerto, com certeza Moscovo. Uma acção de que os patriotas do PCP não se orgulham porque nem a admitem...( ver aqui, as "centenas de quilos de traição à pátria")
Ser ou não ser: a questão do cravo na lapela do PR.
Económico:
A expectativa face a Marcelo Rebelo de Sousa é, por isso, grande. Desde logo, fica a pergunta: usará o novo Presidente um cravo na lapela?
Uma questão que é simplesmente retórica: o novo presidente da República é o que se pode chamar de presidente quântico porque é e não é ao mesmo tempo. E foi sempre assim. Sendo uma das pessoas melhor preparadas para um cargo dessa envergadura não devia sê-lo porque um presidente da República devia ser mais que isso em modo de carácter.
Porém, no actual estado de Portugal é sem dúvida o melhor denominador comum do que nos aconteceu: a perda de referências antigas, trocadas por ideias peregrinas que o indivíduo abraça como se fosse a coisa mais natural do seu mundo. E talvez seja...porque Marcelo é o presidente pop.
Por isso a resposta à pergunta é simples: Marcelo Rebelo de Sousa vai usar o cravo na lapela e onde for preciso desde que os media aplaudam.
sexta-feira, abril 22, 2016
Sinal dos tempos: a histeria mediática sobre os príncipes da música pop
Os jornais de hoje destacam em primeira página e com pompa devida, a morte súbita do cantor pop, norte-americano, Prince. Parangonas, fotos, alusões, imagens. Música? E isso que interessa?
É a terceira vez em tempos recentes que me deparo com o estenderete jornalístico acerca de artistas musicais que desaparecem de cena definitivamente e pelos estribilhos mediáticos a música é o que menos conta.
Tudo roda em volta de imagens, mitos e supostas influências na arte musical pop das últimas décadas quando se sabe há muitos anos que a inovação desse género morreu quase à nascença. As réplicas que se ouvem há mais de trinta anos são ecos do passado e pouco mais.
Duvido muito que os jornalistas que agora publicam estas homenagens em formato multi-página conheçam bem a obra desses artistas ou sequer o nome de mais de uma ou duas canções, se tanto.
E contudo escrevem como se os artistas fossem o supra-sumo dessa categoria transcendente que é a música pop ao ritmo 4/4.
O fenómeno dantes estava reservado aos ícones do cinema de sala e em casa pela tv. De há uns anos para cá, a cultura mediática abrangeu também estes trovadores do disco e do youtube pirata que permite um curso aceleradíssimo sobre a vida e obra dos ditos. Daí a extensão e a publicação de plágios em catadupa que até afligem pela semelhança do copianço generalizado.
A imagem destes artistas e a sua pretensa popularidade inventada a preceito preenchem papel e tempo de antena como nunca dantes ocorria e esse é que é o fenómeno.
Vejamos como ocorreu:.
Em 16 de Agosto de 1977 morreu o "rei" dessa música popular, Elvis Presley. Comparando com o destaque que agora é dado a este Prince torna-se absurdo medir a relevância de ambos pela exposição que mereceram.
Elvis Presley foi um percursor, um inventor, um ícone verdadeiro da pop-rock. Quando desapareceu os jornais portugueses do dia seguinte pouca importância lhe deram. Sendo certo que Elvis estava morto há muito para a vida artística de valor de uso, os obituários foram parcos em referências e esconderam-se em páginas interiores dos jornais, sem referências de maior na primeira página.
Por exemplo o Diário de Lisboa de 17 de Agosto de 1977, exemplar colhido no acervo arquivístico de uma fundação que tem um chinês como membro e que agora foi preso nos EUA.
Se alargarmos a curiosidade a um dos semanários de referência de então, O Jornal de 19 de Agosto de 1977 dava assim a imagem da importância desse rei da pop:
E nem mesmo as revistas da especialidade se alargavam muito na exegese da obra ou nos encómios ao falecido, do mesmo modo que actualmente se faz com um Lou Reed, Bowie ou agora Prince.
Na época, a música popular ainda era vista como algo relativamente marginal aos demais assuntos e relegado para o lugar que deve ocupar: o do bom senso em se apreciar com conta peso e medida apenas quando tal se justifica. E relativamente a Elvis já não se justificava e era o "rei"...
Até mesmo numa revista da especialidade, a única que então existia em Portugal e reunia o gotha da crítica do género ( que sabiam ler inglês da NME ou do Melody Maker, ou ainda da Rolling Stone americana e francês da Rock&Folk) se e escrevia assim sobre o assunto do momento:
Como se pode ler só mais de um mês depois, em 1 de Outubro de 1977 a Música & Som arranjou espaço para um pequeno apontamento sobre a morte do "rei" e para dizer que afinal estava morto há muito. A imagem nessa altura tinha pouca importância ( a não ser para o poster que pretendia vender a revista, numa imitação do início da década e com provas dadas no estrangeiro) e a lembrança da sua herança também não contava assim muito.
Então como se pode explicar a importância dada agora a tantos príncipes herdeiros desse rei morto e quase esquecido?
Não se compreende a não ser pela infantilização progressiva dos media, da predominância da imagem e da forma sobre o conteúdo e da relativização da mensagem musical substituída pela projecção de mitos assentes em ideário publicitário que falseia qualquer realidade e a transforma em algo diverso. Uma menorização da cultura, afinal e talvez um novo conceito artístico: o falso que toma o lugar do real sem qualquer pudor ou cuidado. O triunfo da imagem virtual de quem projecta mitos desvalorizados pela própria criação medíocre.
A sensatez antiga que impedia tal efeito deletério foi-se perdendo e actualmente o pendor histérico de esganiçadas da cultura soterra em níveis pindéricos tudo o que mexe, com a imagem a condizer em bandeira que os assinala sobre o lugar que ocupam.
Mais: a música de Prince com maior interesse, no caso, tem cerca de trinta anos e ficou marcada nesse tempo, apesar de algumas obras resistirem bem a audições repetidas ( "Around the world in a day de 1985 ou a banda sonora do primeiro Batman, de 1989). Mas não parece ser isso que importa frisar nessa histeria porque o relevo vai todo para a imagem e para o folclore que a envolve. É por isso provavelmente que se escreve sobre Prince como se fosse figura icónica deste presente e não uma relíquia do passado de há trinta anos, das discotecas e programas radiofónicos de bocas e berros. Foi assim com Eusébio, também. Foi assim com vários mitos do passado repescados para o presente sem a patine acumulada. É um fenómeno bem estranho e a merecer estudo local.
Essa colagem diacrónica com figuras do passado musical, ou de outras áreas, assimiladas no tempo à força de colagens de imagens variadas é um verdadeiro sinal dos tempos porque prescinde do essencial: a música que as sustentava ou a realidade vivida no tempo verdadeiro.
Vendo bem esta espécie de cultura popular empobreceu para níveis insuportáveis, mesmo. Não entendo isto e portanto é assunto para continuar a ocupar este espaço.
ADITAMENTO em 25.4.2016:
Para entender melhor o fenómeno estranho da glorificação serôdia de um mito do passado, ficam aqui páginas do semanário Sete de Dezembro de 1985 num número especial consagrado ao "rock in USA".
Entre os nomes coligidos para figurar no panteão dessa época como os mais representativos do rock de expressão norte-americana não aparecia o nome de Prince ou qualquer referência ao mesmo.
Em finais de 1985, Prince já tinha publicado pelo menos dois discos maiores, incluindo Around the world in a day nesse mesmo ano e Purple Rain, agora muito celebrado, em 1984.
O Sete era então o veículo de publicidade a espectáculos de vário tipo e na altura provavelmente a única referência de imprensa de grande divulgação de cultura popular, musical e não só. Pois nem uma palavra sobre Prince. Nem o nome!
Nessa altura, o estranho fenómeno de conceder primeiras páginas de jornais e aberturas de telejornais a ocorrências como a morte de certos artistas pop ainda não era uso ou costume.
É a terceira vez em tempos recentes que me deparo com o estenderete jornalístico acerca de artistas musicais que desaparecem de cena definitivamente e pelos estribilhos mediáticos a música é o que menos conta.
Tudo roda em volta de imagens, mitos e supostas influências na arte musical pop das últimas décadas quando se sabe há muitos anos que a inovação desse género morreu quase à nascença. As réplicas que se ouvem há mais de trinta anos são ecos do passado e pouco mais.
Duvido muito que os jornalistas que agora publicam estas homenagens em formato multi-página conheçam bem a obra desses artistas ou sequer o nome de mais de uma ou duas canções, se tanto.
E contudo escrevem como se os artistas fossem o supra-sumo dessa categoria transcendente que é a música pop ao ritmo 4/4.
O fenómeno dantes estava reservado aos ícones do cinema de sala e em casa pela tv. De há uns anos para cá, a cultura mediática abrangeu também estes trovadores do disco e do youtube pirata que permite um curso aceleradíssimo sobre a vida e obra dos ditos. Daí a extensão e a publicação de plágios em catadupa que até afligem pela semelhança do copianço generalizado.
A imagem destes artistas e a sua pretensa popularidade inventada a preceito preenchem papel e tempo de antena como nunca dantes ocorria e esse é que é o fenómeno.
Vejamos como ocorreu:.
Em 16 de Agosto de 1977 morreu o "rei" dessa música popular, Elvis Presley. Comparando com o destaque que agora é dado a este Prince torna-se absurdo medir a relevância de ambos pela exposição que mereceram.
Elvis Presley foi um percursor, um inventor, um ícone verdadeiro da pop-rock. Quando desapareceu os jornais portugueses do dia seguinte pouca importância lhe deram. Sendo certo que Elvis estava morto há muito para a vida artística de valor de uso, os obituários foram parcos em referências e esconderam-se em páginas interiores dos jornais, sem referências de maior na primeira página.
Por exemplo o Diário de Lisboa de 17 de Agosto de 1977, exemplar colhido no acervo arquivístico de uma fundação que tem um chinês como membro e que agora foi preso nos EUA.
Se alargarmos a curiosidade a um dos semanários de referência de então, O Jornal de 19 de Agosto de 1977 dava assim a imagem da importância desse rei da pop:
E nem mesmo as revistas da especialidade se alargavam muito na exegese da obra ou nos encómios ao falecido, do mesmo modo que actualmente se faz com um Lou Reed, Bowie ou agora Prince.
Na época, a música popular ainda era vista como algo relativamente marginal aos demais assuntos e relegado para o lugar que deve ocupar: o do bom senso em se apreciar com conta peso e medida apenas quando tal se justifica. E relativamente a Elvis já não se justificava e era o "rei"...
Até mesmo numa revista da especialidade, a única que então existia em Portugal e reunia o gotha da crítica do género ( que sabiam ler inglês da NME ou do Melody Maker, ou ainda da Rolling Stone americana e francês da Rock&Folk) se e escrevia assim sobre o assunto do momento:
Como se pode ler só mais de um mês depois, em 1 de Outubro de 1977 a Música & Som arranjou espaço para um pequeno apontamento sobre a morte do "rei" e para dizer que afinal estava morto há muito. A imagem nessa altura tinha pouca importância ( a não ser para o poster que pretendia vender a revista, numa imitação do início da década e com provas dadas no estrangeiro) e a lembrança da sua herança também não contava assim muito.
Então como se pode explicar a importância dada agora a tantos príncipes herdeiros desse rei morto e quase esquecido?
Não se compreende a não ser pela infantilização progressiva dos media, da predominância da imagem e da forma sobre o conteúdo e da relativização da mensagem musical substituída pela projecção de mitos assentes em ideário publicitário que falseia qualquer realidade e a transforma em algo diverso. Uma menorização da cultura, afinal e talvez um novo conceito artístico: o falso que toma o lugar do real sem qualquer pudor ou cuidado. O triunfo da imagem virtual de quem projecta mitos desvalorizados pela própria criação medíocre.
A sensatez antiga que impedia tal efeito deletério foi-se perdendo e actualmente o pendor histérico de esganiçadas da cultura soterra em níveis pindéricos tudo o que mexe, com a imagem a condizer em bandeira que os assinala sobre o lugar que ocupam.
Mais: a música de Prince com maior interesse, no caso, tem cerca de trinta anos e ficou marcada nesse tempo, apesar de algumas obras resistirem bem a audições repetidas ( "Around the world in a day de 1985 ou a banda sonora do primeiro Batman, de 1989). Mas não parece ser isso que importa frisar nessa histeria porque o relevo vai todo para a imagem e para o folclore que a envolve. É por isso provavelmente que se escreve sobre Prince como se fosse figura icónica deste presente e não uma relíquia do passado de há trinta anos, das discotecas e programas radiofónicos de bocas e berros. Foi assim com Eusébio, também. Foi assim com vários mitos do passado repescados para o presente sem a patine acumulada. É um fenómeno bem estranho e a merecer estudo local.
Essa colagem diacrónica com figuras do passado musical, ou de outras áreas, assimiladas no tempo à força de colagens de imagens variadas é um verdadeiro sinal dos tempos porque prescinde do essencial: a música que as sustentava ou a realidade vivida no tempo verdadeiro.
Vendo bem esta espécie de cultura popular empobreceu para níveis insuportáveis, mesmo. Não entendo isto e portanto é assunto para continuar a ocupar este espaço.
ADITAMENTO em 25.4.2016:
Para entender melhor o fenómeno estranho da glorificação serôdia de um mito do passado, ficam aqui páginas do semanário Sete de Dezembro de 1985 num número especial consagrado ao "rock in USA".
Entre os nomes coligidos para figurar no panteão dessa época como os mais representativos do rock de expressão norte-americana não aparecia o nome de Prince ou qualquer referência ao mesmo.
Em finais de 1985, Prince já tinha publicado pelo menos dois discos maiores, incluindo Around the world in a day nesse mesmo ano e Purple Rain, agora muito celebrado, em 1984.
O Sete era então o veículo de publicidade a espectáculos de vário tipo e na altura provavelmente a única referência de imprensa de grande divulgação de cultura popular, musical e não só. Pois nem uma palavra sobre Prince. Nem o nome!
Nessa altura, o estranho fenómeno de conceder primeiras páginas de jornais e aberturas de telejornais a ocorrências como a morte de certos artistas pop ainda não era uso ou costume.
quinta-feira, abril 21, 2016
Correio da Manhã: notícias que os outros não dão...
Correio da Manhã de hoje:
O juiz Range queria sacar ao Correio da Manhã 250 mil euros por o jornal ter escrito que o indivíduo era caloteiro...
O grupo de media da Global, encarregou o seu profeta tornado caixeiro-viajante de procurar dinheiro no Oriente.
Pelos vistos falta-lhes o cacau porque os socialistas afinal não compram jornais e o orçamento de Estado secou o úbere...mas duvido que os chineses vão na cantilena da rentabilidade de um projecto sectário e de objectividade nula.Terão o que merecem: a falência do modelo.
O juiz Range queria sacar ao Correio da Manhã 250 mil euros por o jornal ter escrito que o indivíduo era caloteiro...
O grupo de media da Global, encarregou o seu profeta tornado caixeiro-viajante de procurar dinheiro no Oriente.
Pelos vistos falta-lhes o cacau porque os socialistas afinal não compram jornais e o orçamento de Estado secou o úbere...mas duvido que os chineses vão na cantilena da rentabilidade de um projecto sectário e de objectividade nula.Terão o que merecem: a falência do modelo.