Pelos vistos, na Sexta à noite houve na Gulbenkian uma concentração altamente inflamável de eflúvios da intelectualidade lusa.
Eduardo Lourenço, como guru, logo seguido de José Gil, o mais clarividente filósofo nacional e desse monumento da intelectualidade lusitana, com o curso de Comunicação Social de uma universidade do Patriarcado, cujos ensinamentos só pegaram na estaca do marxismo, em versão neo, sem matrix fundadadora: Ricardo de Araújo Pereira.
Além de outros, claro a quem foi atribuída a incumbência de conferenciarem sobre As Ideias à Noite, em expressão francesa, cuja embaixada patrocinou o evento.
O mote era discutir a utopia, o acesso ao inimaginável ou ao impulso da criatividade, tudo especialidades daqueles conferencistas de mérito assegurado no meio.
Lendo estas duas páginas do Público de hoje fica-se a perceber o mesmo que antes, sobre o assunto: quase nada, porque o escrito foi-o certamente com os pés numa noite de frio, tão engelhado se mostra.
Se a prestação de Lourenço foi de uma soberba sumptuosidade explanadora, vazia de conteúdo mas ainda assim petulante de citações, aqui fica o resquício dessa impressão, apenas. Se Gil perorou como de costume, ainda bem que ficamos sem perceber patavina do que foi lá dizer. E se RAP disse coisas que a sua formação específico o autorizou, também o artigo lhe fica a dever toda a explicação do que disse.
Diz que a assistência se acotovelou para caber nas salas, certamente para ouvir uma "investigadora" dizer por lá que "era importante pensar a imaginação em francês".
Expliquem-me por favor o que isso quer dizer que não posso dizer mais sobre este artigo do Público, verdadeiro compêndio do desperdício de papel.
Como o patrocínio da tal conferência se deve aos franceses, alguém se lembrou de citar estas ideias por lá e que vêm no Obs desta semana, assinadas pelo seu director de sempre, Jean Daniel, octogenário e de esquerda como sempre foi?
A ideia de esquerda explicada a quem quiser entender. O intelectual Lourenço deve ter estado uma hora a ler papéis com citações a esmo para explicar isto que se lê em dois minutos:
Eu gostava de participar nestes eventos, mas não consigo. É muita inteligência para as minhas capacidades. Às vezes vejo estas pessoas na televisão e chego mesmo a tentar acompanhar um ou outro programa da RTP2, mas não percebo nada do que eles dizem. Mas fico deslumbrado e isso já é bom. Gostava de um dia chegar a ser tão culto e inteligente, mas sei que é um sonho impossível de realizar. Gente deste calibre aparece uma vez em cem anos e nós somos uns felizardos, porque no nosso Portugal actual temos uma safra única. Não foi um, foram centenas. É maravilhoso.
ResponderEliminarOutro assunto: morreu Mark E. Smith dos The Fall — a banda que John Peel mais passou na rádio. Apesar de não ser do seu género, foram 40 anos com Smith a única constante (passaram por lá cerca de 70 membros, chegava a mudar de mês a mês). Dito isto, é mais um da esquerda. Não sou um incondicional, mas tem coisas boas — para mim as melhores até são The Complete Peel Sessions.
ResponderEliminarNum conheço. Nunca me interessou a música dos tais The Fall. Julguei que a banda que John Peel mais passou teriam sido os Undertones. Esses, sim, conheço.
ResponderEliminarPois eu sei :) . Talvez não tenha sido a que mais passou, mas a que mais convidou para Peel Sessions. Agora não me lembro. São seis discos, 24 "sessões" no total.
ResponderEliminarum bilião de genes
ResponderEliminarpesa um grama
colocados lado a lado medem 1m
os meus devem ser do período de Crómanhom sem cónnhaque
nunca consegui o título de intelectual passado pelo pcp
por mais que me esforce nunca consegui estar actualizado
a PJ andava a fazer uma 'devassa' no gabinete do centeno
esta res publica é uma devassa
cheia de afectos
«até à próxima se não for antes«
« Governo falha outra vez. Investimento público fica 850 milhões abaixo da meta«
ResponderEliminarquem ficou guisado foi o PPC
«aqui há gato !«
No outro dia descobri no YouTUbe uma gravação de Brian Eno, no tempo do primeiro disco a solo, nas tais Peel Sessions. Fabulosa e que "baixei".
ResponderEliminarBrian Eno é um dos meus músicos de sempre e tenho quase todos os seus discos. Pelo menos até Before and After Science, de 1977 tenho-os todos em edições originais da Island e Polydor, depois.
Another Green World é um portento e esse tenho-o em vários formatos, inclusiva em dsd.
Andei muito tempo atrás de uma edição decente e barata do disco em vinil e encontrei-a há uns anos.
Fantástico.
Também gosto de Brian Eno, mas tenho pouco coisa. Vou procurar esse you-tubo.
ResponderEliminarProcure em Eno-Winkies Peel Sessions 1974
ResponderEliminarTive de assistir, contrariado e involuntariamente, ao triunfo - sim à que reconhecê-lo - desta elite cultural no País. Os Cursos universitários de Humanidades estão pejados de imitadores de esquerdistas franceses e de intelectuais da Utopia. Uma tragédia nacional.
ResponderEliminarMas, como diz o José, é só soberba, exibicionismo e arrogância. Conteúdo intelectual e génio é ZERO.
Não conseguiria ouvir 5 minutos desta gente a discursar, só de pensar em estar acotovelado com esta trupe causa-me nojo. Mas o futuro pertence-lhes.
Um canadiano contou-me uma vez esta história, acerca do RAP:
ResponderEliminarEstando, um dia, todos - ele, irmãos, primos, pais e tios - a jantar, resolveram perguntar ao tio:
- Uncle Butch, whaddya think about this RAP business?
- Well, I think they should wrap it up and throw it away...
Mas estava ali uma boa "coleção" de inconformistas...
ResponderEliminarJá ouvi, nada mau. À frente do seu tempo até, pareceu-me.
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