Em 15 de Abril de 2014, noutra entrevista ao jornal i, Pedro Ferraz da Costa explicava o que tinha sido o seu "25 de Abril", fazendo-o de um modo absolutamente claro e sem peias.
Há nesta entrevista dois passos essenciais para se entender o modo de pensar de PFC e que partilho inteiramente:
O primeiro tem a ver com a destruição do "tecido produtivo" do país em 1975 e por aí fora, tendo começado nas greves sistemáticas de 1974-1975 e as nacionalizações dos sectores mais importantes da economia e a intervenção do Estado em todos os sectores, mesmo os privados, com a instrumentalização dos bancos e seguros.
Em consequência das bancarrotas sucessivas que esta política geral engendrou, no final dos anos oitenta e noventa começou a mudar o entendimento de tal política com a admissão de uma iniciativa privada em tais sectores, mormente o bancário, seguros e algumas empresas.
A lógica das privatizações deveria ter conduzido a indemnizações justas aos antigos proprietários o que não sucedeu e PFC explica desde logo o que propunha em 1975:
Em 1976 o panorama já era tão negro que um jornalista-economista, precursor dos que agora andam por aí aos pontapés à economia, tipo Cristina Ferreira ( a do Público...) escrevia assim no O Jornal de 9.7.1976:
Nada do que PFC preconizava se fez e muito por causa desta mentalidade aqui bem expressa e que durou décadas a mudar e só um pouquinho. Este recorte, provindo daqui, de um postal sobre o nosso pretérito-mais-que-perfeito é do mesmo O Jornal de 7.7.1978:
O que diziam então os notáveis, um deles advogado e socialista encapotado que orientou muito bem a vidinha à sombra do Estado, mesmo disfarçado de actividade liberal e privada ( Sérvulo Correia)? Isto que impressiona pela tragédia que convocou, ao insistir em modelos caducos e marxistas de organização social e económica:
Outro aspecto importantíssimo é o da Educação, do sistema de ensino e que PFC dizia assim ser o que o educou, antes de 25 de Abril de 1974:
Os liceus eram muito bons e o antigo ISEG, dos actuais trigos e pereiras todos, tinha professores óptimos e foram essas escolas que formaram PFC e muitos outros que apesar de tudo não foram suficientes para travar a tragédia que se abateu sobre nós, deste modo singelo e imputável aos mesmos de sempre: socialistas e comunistas.
Aqui melhor explicada, esta ideia peregrina do socialismo e comunismo, logo em Setembro de 1975:
O entendimento deste desgraçado que estragou tudo de modo que se tornou depois irremediável, por causa do socialismo e da "igualdade", era este:
"Trata-se de democratizar, ao nível do ensino secundário, as estruturas escolares, implantando um tronco comum, em que não haja vias paralelas de desigual prestígio que reproduzam e reforcem a hierarquia classista da formação social, designadamente a divisão de trabalho manual e do trabalho intelectual. A estratificação e hierarquizada sociedade portuguesa sofreu, com o 25 de Abril, abalo forte, mas não se decompôs, de maneira que os grupos socialmente dominantes nunca terão perdido a esperança de uma recuperação."
É difícil encontra maior estupidez junta numa frase. E tanto mal que se fez a um país, com estas ideias estúpidas.
A meu ver foram estas as duas causas maiores de termos já no currículo nacional três bancarrotas e irmos a caminho da quarta. E de termos a governar esta gente que nos envergonha e anda sempre com a boca cheia de democracia o os bolsos sempre ligados ao úbere do Estado.
É esta a luta deste blog, desde sempre: procurar entender como fomos capazes de ser tão estúpidos, como povo...sendo minha convicção que durante os 48 anos de fassismo não o fomos.
Para isso, quem então mandava, primeiro no regime do Estado Novo e depois no Estado Social, entendeu que deveria proibir os que agora mandam, ou seja os socialistas e comunistas, de tomarem as rédeas do poder, impedindo-os de divulgar livremente as suas ideias trágicas e fósseis.
O erro desse regime, quanto a mim, foi esse: impedir que as pessoas pudessem ver livremente o que era e significavam tais ideias fósseis, tal como na Europa era possível. Por isso nesses países os partidos comunistas praticamente desapareceram ou nunca tiveram expressão.
Por cá, tornaram-se os modelos culturais e continuam a ser...
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