É ler o artigo de Bárbara Reis, no intervalo de um "coffee break" da avença que a sustenta no jornal por conta da SONAE, como na edição de hoje, onde escreve generalidades e barbaridades sobre os temas habituais.
Portanto, um saudosista é quem "resume o nosso meio século de democracia a quase nada"...e depois cita extensamente as obras escolhidas desse vulto da nossa literatura chamado Luís Pacheco, para testemunhar o conceito e assegurar o escrito da avença.
Então comecemos pelo Pacheco. Anda, Pacheco!
Em Julho de 1992 a revista Kapa publicou uma extensa entrevista com Luiz Pacheco em que o mesmo, candidamente respondia às perguntas e se expunha de um modo que esta escriba de barbaridades nem vislumbra.
Resumidamente, Luiz Pacheco apresentava-se assim, sem vitimizações, complexos ou fantasmas dos tenebrosos anos do fassismo:
Esteve preso, sim. E porquê? Pedofilia, segundo o conceito de hoje, assumido e declarado à polícia...
E colaborou na Inspecção Geral de Espectáculos do fassismo, veja-se lá! Sem problema e sem complexos...com a Censura temível e execrada por estas escribas de barbaridades. Agente fiscal, nem mais... e pelo meio alvitra umas opiniões sobre alguns antifassistas que escrevem e diz o que pensa sem papas na língua. A uma, que aparece agora na tv, nem sequer precisa de rodeios para lhe chamar estúpida. Duas vezes!
E agora vamos ao que interessa que esta prosa borolenta da avençada do Público/Sonae já anda a pedir há muito:
Na mesma Kapa de Maio de 1993 já com mais de trinta anos, um número inteiro dedicado a Salazar e escrito de um modo que hoje seria impossível fazê-lo, muito por causa destas barbaridades avençadas que andam por aí.
Dava-se a voz a um Rui Zink, um palerma dos tempos modernos a chamar pai a outro...
E também a quem reconhecia objectivamente factos que agora ser omitem e censuram objectiva e subjectivamente, sobre o tempo de Salazar.
E é desse saudosismo que importa falar...porque é que em 50 anos não foi possível fazer relativamente mais e melhor que nesse tempo e é preciso andar agora a aviltar sempre, sempre, o que então se fez?


É...as perguntas que doem então faziam-se e nem por isso se deixava de falar do regime deposto...
O problema tem agora a ver com um fenómeno que o então escriba da revista, Rui Henriques Coimbra, apontava: a cultura do cancelamento que despontava...e que era simplesmente o "fascismo sofisticado". The real thing.
"O que faz das pessoas politicamente correctas seres perigosos é a convicção que elas têm de que sabem todas as respostas, as suas irrefutáveis certezas, o seu julgamento penetrante".
É isso! E este chorrilho de barbaridades da cronista do "coffe break" do Público aí está para o comprovar, com uma dose de ideologia cuja mistura é fatal: a simpatia por um comunismo serôdio que foi o do avô ou do antepassado ainda lembrado que passou pelas temíveis prisões da PIDE.
E daí o título, sempre a dar a dar, como os caniches que se aproximam dos donos: "A Pide nunca existiu".
Existiu, existiu, e todos sabem que existiu pelo que não é preciso relembrar pela enésima vez que os comunistas não comiam criancinhas ao pequeno almoço ( pelo menos em Portugal, porque nos tempos do Holodomor ninguém saberá dizer que o Livro Negro do Comunismo...).
Então, em 1974 ainda os cravos do golpe de estado estavam na lixeira a definhar, já havia quem se dedicasse a lembrar o que tinha sido a PIDE.
E foram, anonimamente ( nunca se sabe...), à Agência Portuguesa de Revistas e publicaram um panfleto documentado assim, em um pouco mais de 150 páginas com fotos a preto de branco de alguns documentos interessantes surripiados dos arquivos da dita polícia política e que nunca mais foram republicados porque alguns deles foram recambiados para outras paragens bem longínquas nas estepes eslavas da então URSS, por obra e graça daqueles que a ideologicamente destrambelhada do Público deverá saber muito bem quem terão sido. Os documentos são contêm "dados pessoais" que hoje seriam expressamente proibidos e considerações potencialmente difamatórias e a espumar raiva antifassista por todas as letras. É do tempo da democracia...e como é que justificam estas coisas deste tempo novo? Excessos. Os outros, do outro tempo, são crimes. Horrendos, indesculpáveis. É assim.





Saudosistas serão assim aqueles que se lembram de tudo o que se passou e não se limitam a omitir ou censurar o que não lhes interessa, para conseguir levar a água a um moinho de vento ideológico e político, com a presteza e estultícia de quem toma os demais por uma cambada de parvos. Ou pior que isso: perigosos fassistas de extrema direita, Saudosistas, quoi!