quinta-feira, dezembro 31, 2020

15 discos de 1970

 Em finais de 2020 fica aqui a imagem de 15 lp´s do ano de 1970 ( mais um dos CCR, Pendulum que saiu no final desse ano), entre várias dezenas que saíram nesse ano e se tornaram, alguns deles, clássicos da música popular. 

Para ler uma lista extensiva de todos os que foram publicados serve por exemplo a Wiki.

Entre todos, os que ainda hoje escuto com gosto quase idêntico ao de então, estes são os preferidos: 





Se tivesse de escolher apenas um, para continuar a ouvir sem cansar, seria o primeiro a contar de cima, Abraxas de Santana.

Ouvi esse disco pela primeira vez na casa de um amigo meu, nesse ano ou no seguinte, num gira-discos que era mais um electrofone, mono, mas que reproduzia bem a música de introdução, um pequeno instrumental que encadeia em Black Magic Woman, segue por Oye como va e termina o lado um com  o Incident que se resolve a meio do lado dois, com Samba pa ti, o grande êxito do disco.  Um lp cinco estrelas como se dizia dantes.

A seguir, os Grateful Dead de um disco, Workingman´s Dead que logo que se descobre a música do grupo nem é dos mais importantes, mas se ouve muito bem, numa sonoridade country. O seguinte, American Beauty, publicado no ano seguinte continua e refina o estilo. O disco em si é uma descoberta relativamente tardia, dos anos oitenta, tal como a música dos Grateful Dead que não era muito popular por cá, pois nem passava no rádio dos programas que gostava de ouvir ( Página Um e Espaço 3p) 

O disco de Kevin Ayers, Shooting at the moon  é outro pequeno portento de encanto seguro e que se ouve do princípio ao fim, numa boa aparelhagem. O primeiro tema, May i? é de antologia da pop e o segundo lado do disco também começa muito bem com The Oyster and the flying fish. Era um dos meus discos preferidos que ouvia algumas vezes, no rádio dos anos setenta, naqueles programas.  

O disco dos Creedence Clearwater Revival, Willy and the poor boys não é o único desse ano, do grupo.  É o que tem Down on the corner, com um riff terrífico na introdução. [ Aliás nem é desse ano, mas do final de 1969; o de 1970 é Cosmo´s Factory que aliás não fica atrás do outro e também Pendulum, no fim do ano. Fui ver à wiki... porque um comentador apontou os erros, agora corrigidos].  Os Creedence nesse ano eram os maiores da música rock, à frente dos Beatles, sem dúvida alguma. Ouviam-se muito em single e no rádio. Do disco Pendulum, a canção Have you ever seen the rain era a que então mais cantava. De tal modo que até a minha mãe já sabia o refrão..."i wanna know...", mas evidentemente que a memória é posterior a 1970 porque o disco só deve ter chegado cá já em 1971.

O disco de Simon&Garfunkel, Bridge over troubled water é outro clássico. Encadeia The Boxer, Baby Driver e The only living boy in New York, Why don´t you write me e termina no Song for the asking . É outro disco irresistível que se ouve do princípio ao fim com o mesmo prazer. 

Déja Vu dos Crosby Stills Nash & Young, para além de trazer Helpless, Our House  e  4+20 de Stephen Stills, tem a música que nessa altura era a minha preferida entre todas as outras: Teach your children. Já não é tanto, mas conserva o som da pedal steel guitar que me fazia apreciá-la acima das outras e que neste tema é tocada por Jerry Garcia, um dos elementos dos Grateful Dead. Nessa altura ainda não sabia tal coisa, mas o som era tudo. 

O som de Frank Zappa e deste disco em particular, Chunga´s Revenge, só se tornou familiar e apreciado já nos anos noventa, pois antes só jurava por Overnite Sensation e One size fits all, dos anos 74-75. Os efeitos jazzísticos e zappianos do disco são absolutamente sensacionais, tal como o anterior, Hot Rats e os seguintes. 

Todos os discos de Frank Zappa e são dezenas e dezenas, são essenciais e a família que ficou ( os três filhos [ são quatro...], pois os pais já morreram) organizou-se num "trust" e continua a publicar a inesgotável obra do pai, em inéditos e reedições cuidadas, para gosto de quem aprecia. 

Os Jethro Tull de Benefit só me agradaram muito tempo depois da época em que saiu e particularmente quando ouvi bem o tema Inside. A seguir a este disco apareceu Aqualung que é um dos melhores do grupo. 

Os Led Zeppelin no seu segundo lp são outro portento do som rock. É o disco que traz Whole lotta love, Lemon Song e Ramble on, para além do mais e para escutar o som de bateria e baixo a tocar forte e feio, acompanhado de guitarra e melodia cantada, não é preciso ir ouvir mais nada. Na altura porém, ficava-me pelo single, Whole Lotta Love e o resto parecia-me quase insuportável. Há uma razão para isso: este tipo de discos só se ouve bem numa boa aparelhagem de som porque paradoxalmente a menor subtileza sonora carece de melhor definição acústica. [ Tudo isto se aplica ao disco de 1970 que é o III e não o II.Nesse caso basta substituir o Whole lotta love por Immigrant song e o resto por  Since i´ve been loving you....e fica ressalvado o lapso].

E um dos discos que foi considerado durante muitos anos, particularmente nos anos setenta, como o melhor de sempre da música rock, até então, é o lp Layla, de Eric Clapton, com os Derek and the dominos e particularmente a intervenção da guitarra de Duane Allman em alguns temas. 

O disco não me parecia na altura tão importante assim e até nem apreciava por aí além, até que o ouvi na integralidade, já nos anos oitenta e fiquei rendido à evidência: é de facto um dos melhores da década e de sempre, do rock.

Quanto a Cat Stevens, em 1970 lançou este disco, Tea for the Tillerman e também Mona Bone Jakon. Este Chã é um repositório de algumas das melhores canções do artista que se tornou muçulmano e alineou de alguma forma a fama e proveito dessa época. Porém, agora, já neste mês, lançou os dois discos em formato de luxo, com várias versões dos temas em cd, blu ray e lp.

É outro disco que depois de se pôr a tocar só no fim se deixa de ouvir, de tal modo as canções são apelativas e algumas foram grandes êxitos na época em que saíram, como Wild World ou Father and son. Quanto a Wild World foi na altura cantada também por Jimmy Cliff em tom reggae que me encantava. É um indiscutível clássico da pop, muito esquecido.

Neil Young no tempo de After the gold rush estava também nos CSN&Y. A primeira canção, Tell me why convida a aprender a tocar guitarra acústica. O resto é mais eléctrico mas não foge do estilo, country-rock. Um dos melhores discos de Neil Young que tem muitos outros e se podem ouvir todos aqui, no NYA. Por vezes até de graça...

Os Nitty Gritty Dirt Band, neste disco Uncle Charlie são mais a pender para o  country. O disco tem um tema que me marcou desde essa altura em que o ouvia, nos anos setenta: Mr Bojangles, com uma introdução acústica que também me convidava a experimentar o som puro e sem grande reverberação das cordas metálicas das guitarras acústicas de madeira, americanas.

Os Beatles não precisam de apresentação, nem mesmo neste disco que foi o último a ser publicado pelo grupo. Two of us, o primeiro tema, também é acústico e só ouvi mais tarde preferindo-o a uma das melhores canções dos Beatles, The long and winding road, por isso mesmo: ser acústico. 

A finalizar,  o segundo disco dos Flying Burrito Brothers, aqui num Burrito Deluxe, um pouco inferior ao primeiro, The Gilded palace of sin mas que se ouve com igual prazer auditivo.

Esta música country rock foi sempre a que me conquistou o gosto auditivo nessa época e 1970 foi um bom ano para tal. 

Mas o seguinte, 1971, ainda foi melhor. E tem história que merece ser recordada. 

Esperemos assim por um Bom Ano Novo!

Nota: as fotografias foram corrigidas com as entradas correctas e assinaladas no texto. Em bónus e para me redimir dos lapsos derivados de escrita apressada, ficam duas imagens do disco dos Santana, Abraxas, na versão original, "first press", americana:






Angola no Observador

 O último capítulo sobre Angola que o Observador publicou trata de três figuras: José Eduardo dos Santos, Manuel Vicente e João Lourenço. 

Vale a pena ler para se entender que Portugal não tem competência formal ou substancial para investigar criminalmente crimes de corrupção praticados em Angola, segundo o entendimento da lei portuguesa e que segundo a lei angolana provavelmente nem o serão nesses termos mas noutros: crimes formalizados em iniquidades e falsidades para atingir objectivos políticos, apenas. 

Portugal não deveria seguir tal conceito, acolhendo como boas as participações criminais apresentadas pelo governo de Angola que está ou que esteve por uma razão singela: não poderia nunca julgar a cabeça do polvo angolano que afinal é uma hidra e cujos nomes de proa estão aqui muito bem identificados. Os crimes de branqueamento de capitais cuja autoridade Portugal poderia ter, esfumam-se em supostos actos de corrupção cuja natureza é outra e diversa daquela que temos no nosso código penal. 

Ou seja é um processo político com infiltrações de processos criminais que servem apenas de instrumento para aquele. Uma incongruência fatal e que determina a nossa incompetência para lidar com um caso desses e mostra com evidência a carência de Justiça que tal implica. 

 Julgar em Portugal Manuel Vicente pela prática de um crime de corrupção activa na pessoa de um procurador, neste contexto é uma violência que distorce a ideia de justiça, uma vez que a própria noção do que estava em jogo o desmente ipso facto, subsistindo porém uma factualidade que nem sequer é congruente com os factos que agora se conhecem e eram cognoscíveis na altura. 

A questão de fundo continua a ser esta: o procurador aceitou dinheiro de Manuel Vicente para arquivar um processo, cometendo um crime? Ou aceitou por outras razões, paralelas e que explicam a actuação fora do quadro de tal crime? 

Quanto aos processos relativos a branqueamento de capitais que por aqui se instauram em consequência de várias "compliances" basta ler isto para se entender que a moralidade de tal actuação deve ser ponderada com o sentido de justiça que a nossa lei impõe: para acusar criminalmente é preciso indícios suficientes da prática dos crimes. 

Ao ler-se o que segue e os artigos do Observador sobre tais assuntos o que resta é a última frase deste artigo, dita por João Lourenço: "todos nós fizemos parte do sistema".

Tirem-se as devidas ilações.

















quarta-feira, dezembro 30, 2020

Diário de Notícias continua engalinhado

 O Diário de Notícias voltou a uma publicação regular, diária, após o "investimento" do empresário  Marco Galinha, do grupo Bel, algo que pouco tem a ver com jornais. 

Enfim, comprei o jornal ontem, "edição especial 156º aniversário" e folheei a edição de hoje. Até aparece a actual ministra da Justiça a escrever sobre a abolição da pena de morte em Portugal, mostrando-se uma humanista de sempre e esquecendo o que a sua pátria antiga, Angola, tem como modelo, ainda actual, desde que o "seu" MPLA manda no poder. 

Conclusão: vinho velho em odres velhos. 


O jornalismo que se pode ler é uma continuação do anterior que conduziu à falência do jornal e os colaboradores convidados para escrever são praticamente do género dos de sempre, a começar pela inevitável nulidade que aparece na capa e tem lugar como comissária europeia, sabe-se lá por que razões...

O grafismo continua a mesma pobreza de sempre e os temas são de molde a afastar qualquer leitor mais complacente. 

Não percebo o exercício de renovação de mais uma falência à vista. Se era arriscado colocar vinho novo em odre velho neste caso o vinho é a mesma zurrapa anterior. 

A história do DN merecia outra sorte, mas pensando melhor se calhar nem por isso. O jornal é uma referência de um sistema apodrecido e corrupto e por isso os seus colaboradores não merecerão melhor sorte.



 

terça-feira, dezembro 29, 2020

Anos setenta: o começo do espectáculo

 Até ao final dos anos sessenta a música, incluindo a popular e espectáculos em geral, em Portugal,  tinham uma divulgação restrita e circunscrita a algumas publicações generalistas, como a Plateia, a Rádio&Televisão, Antena e uma ou outra publicação específica como a Estúdio. Quase tudo em monocromia com capas coloridas.

Quando apareceu o espectáculo pop-rock  com os seus artistas e grupos, ainda por cima com o colorido caleidoscópico do final dos anos setenta psicadélicos não havia por cá publicação nacional para o mostrar com as cores desejadas.  


Quanto à cor e sensação gráfica aparecia por cá uma revistinha alemã que aparecera naquele país em meados da década de sessenta, chamada simplesmente Pop e que supria as necessidades de quem gostaria de ver imagens dos artistas do momento. 

        (imagem da internet já com alguns anos)

O truque principal da revista era a publicação de um poster gigante, um farb super poster de 57 por 83 cm e em todas as edições semanais com cerca de trinta páginas profusamente ilustradas em papel acetinado como só os alemães sabem fazer.   

                            ( imagem tirada da internet já com alguns anos)

Em Março de 1971 a capa era esta, com um artista que dera início em Inglaterra à onda de revivalismo dos blues americanos :



Para além do farb super poster em formato riesen, gigante, havia ainda os seiten poster, os de página que nesta edição eram  de Jimi Hendrix, Roger  Daltrey, Jackie Stewart, Colin Earl ( do grupo Mungo Jerry na crista da onda com In the Summer time)  e Dave Clempson ( do grupo Colosseum) e ainda na contra-capa, James Taylor





Para além dessa revistinha alemã que mostrava as imagens que por cá não se viam de outro modo, porque a tv era a preto e branco e não costumava passar deste tipo de espectáculos e porque o rádio era o que era, apesar de haver programas muito bons, como o Em órbita ou o Página Um que divulgavam a música que lá for se produzia na melhor qualidade da época.

Este assunto já foi tratado por aqui, mas agora talvez valha a pena recordar como foi a transição para o início dos anos setenta. 

Nos últimos meses de 1970, há cinquenta anos, fiquei impressionado com esta capa da revistinha Mundo da Canção, a primeira a cores ( e também das poucas que a revista assim publicou. Só teve cor no número de Dezembro de 1971, tendo José Mário Branco na capa e dois meses depois com Adriano Correia de Oliveira a ter a mesma distinção) e que vi no quiosque de Braga, na Senhora-a-Branca e nunca mais esqueci a impressão.  


Este é verdadeiramente um número de Natal desse ano, apesar de ser de Novembro.  No número de Dezembro apareceu este artigo de José Cid a mostrar o panorama da "pop em Portugal.

Cid refere a "formação musical do povo português" e da importância do rádio, em que se discutia a inclusão de percentagem significativa de música portuguesa nos programas de rádio,  considerando o músico que os aludidos 75% seriam um exagero por não termos tanta qualidade para tal quota...

Para além disso mencionava a revista Mundo Moderno, dedicada aos espectáculos em geral e dirigida à gente jovem da época. 
Esta revistinha já foi por aqui historiada, tinha aparecido no final de 1968  e no Natal de 1970 trazia esta capa : 



Como se pode ler no artigo de José Cid, há cinquenta anos o conhecimento em Portugal da música publicada no estrangeiro era razoável, mesmo sem publicação nacional dedicada a tal, exclusivamente e com conhecimento de causa, o que não seria de estranhar sendo a música estrangeira. 

Então, para se conhecer tal panorama também havia por cá, à venda,  publicações estrangeiras mais qualificadas e que se tornaram referência na década que se iniciava: 


Era aqui, a estas fontes primárias, ainda na ausência de qualquer internet salvífica e google para plagiar que os críticos iam ler o que depois publicavam nas revistinhas nacionais para ilustração dos indígenas que não se davam ao cuidado de ler as fontes:


Em 15 de Janeiro de 1971 o jornal Diário Popular publicou este desenho caricatural ( do Melody Maker inglês) dos maiores nomes da pop/rock da época e na ausência de informação competente tentei adivinhar de quem se tratava...


Uns meses antes tinha visto na edição brasileira da revista Seleções do Reader´s Digest este artigo que escapou do postal sobre Beethoven e que representa talvez a primeira vez que li em artigo de revista algo sobre o compositor, a par de outro sobre Bob "Dilan". 

O artigo original saíra no New York Times Magazine em Outubro de 1969:   








Na época era em artigos destes que se inspiravam os "críticos" de música nacionais nos jornais que havia. Tal como hoje, aliás. Basta ler o artigo, aliás condensado do original, para se entender como se escreve actualmente sobre música e músicos: copiando-se uns aos outros.

E já me esquecia de outra revistinha que dava para ver imagens a cor de alguns artistas mais importantes da pop: a francesinha Salut les Copains que via muitas vezes em destaque policromático nos quiosques, ainda nos anos setenta. 
A revistinha apareceu no início dos sessenta e não passou de meados dos setenta porque era de facto algo que vinha de um passado que se transformou, mesmo em França. 

Em 1966 conseguiram reunir numa foto quase todos os artistas franceses que interessavam ao público da época, incluindo na revista um certo Luís Rego, emigrado de cá. 
As fotos são de um livro de 1980, sobre a revista e o seu fotógrafo principal, Jean-Marie Périer.
A grande artista da época e que não logrou o mesmo sucesso na década seguinte era a belíssima Françoise Hardy, uma estampa de mulher e que curiosamente a revista nunca apanhou numa capa que  fizesse justiça a tal beleza etérea.



No dealbar dos setenta, a revista dedicava-se quase exclusivamente a fenómenos locais de música francesa que por cá nunca tiveram grande sucesso.


Talvez por isso nunca comprei a revista e as imagens supra mostradas são de alguns exemplares à venda no ebay.

Em Espanha também havia revistinhas sobre música pop/rock nessa época embora não me lembre de nenhuma que se destacasse em quiosques, por cá. Nem sequer a Vibraciones que aliás não se vendia por aqui.

As imagens são de um livro dedicado aos Beatles e que mostram exemplos das publicações espanholas sobre o tema no início dos setenta.





segunda-feira, dezembro 28, 2020

Angola, um país corrupto até à medula do MPLA

 


O Observador deu agora à escuta um podcast sobre Angola e o poder de Dos Santos, o pai da princesa do MPLA que esteve no poder durante décadas e de uma pobreza extrema chegou a alguém com uma fortuna presumivelmente das maiores do mundo. Apenas e sempre como líder do MPLA e do país...

No podcast há duas ou três passagens que merecem relevo. Uma delas diz respeito à corrupção quando alguém diz que "se é para prender é para prender toda a gente". Claro, exactamente o que por aqui tenho escrito e que evidentemente afasta qualquer veleidade de justiça verdadeira e por isso devia prevenir o MºPº português para evitar intrometer-se nessse vespeiro de corrupção de estado, o angolano. 

O Ministério Público português não tem essa função nem deve ter. Enquanto a tiver, como se tem visto, iniciada no tempo de Joana Marques Vidal,  está ao serviço de uma clique angolana igualmente corrupta e que apenas substituiu a anterior. Ponto final. 

Outra passagem tem a ver com os acontecimentos de 27 de Maio de 1977 e o assassinato, através de execução sumária de dezenas de milhar de pessoas angolanas ( diz-se que à volta de 30 mil) que fariam parte de alegados "fraccionistas" do MPLA, encabeçados por um tal Nito Alves e  um tal José van Dunem, irmão da actual ministra da Justiça, Francisca van Dunen ( a qual em 1975 estava em Angola integrada no MPLA e com perspectivas de lá ficar como angolana que era, mas regressou a penates logo que viu a vida andar para trás em 1976 e por cá ficou até chegar onde está, sempre apoiada pelas pessoas certas do sistema). 

Esse van Dunem  integrava um grupo de angolanos que pretendia uma Angola mais "pura", menos miscigenada por brancos e mulatos e tal era sabido desde 1972 porque um episódio contado no podcast assim o interpreta. Agostinho Neto era casado com uma branca que seria afastada e por isso não aceitou a opção que conduziria o Dos Santos ao poder. Agostinho Neto terá chegado a dizer que a opção lhe fazia lembrar a "UPA", ou seja o movimento de pretos que se opunha aos brancos no início da guerra no Ultramar. 

José Eduardo dos Santos, neste episódio tem um papel equívoco, mas no podcast sugere-se que é equívoco porque afinal estaria de acordo com os futuros nitistas, logo em 1972, no Congo quando surgiu uma contestação a Lúcio Lara, por causa da discriminação que este faria relativamente a quem ia estudar para a URSS. Normalmente eram brancos ou mulatos porque eram os que tinham melhores qualificações académicas ( tinham mais que a quarta classe...).

O que este episódio revela é o profundo racismo desta gente. E no entanto, vemos agora quem anda sempre a falar de racismo e coisa e tal, às tantas para esconder o que verdadeiramente sente. 

Enfim, quem conhecia bem esta gente era um tal zé das medalhas...

domingo, dezembro 27, 2020

As lições de Champalimaud

 O Público de hoje traz uma entrevista com Jaime Nogueira Pinto que passou de proscrito até uns meses atrás, proibido de participar em conferências na universidade pública a personalidade actualmente bem tolerada pelo status quo, eventualmente por causa do programa que anima aos sábados na Antena Um, juntamente com o comunista Pedro Tadeu. Até já tem aparecido em programas de tv dos animadores do sistema. 

A entrevista tem como leit-motiv um livro ilustrado sobre Champalimaud, aqui já recenseado



Sobre Champalimaud e o valor que representou para Portugal nos anos sessenta muito haveria a dizer e alguns já o disseram mas as lições de Champalimaud poucos as aprenderam e muito menos os que mandam agora no governo do país. 

Como se lê na entrevista, em 1975, imediatamente antes das nacionalizações de Março e meses seguintes desse ano, Champalimaud abandonou qualquer esperança de salvação económica do país.

O sistema comunista-socialista que se instalou então impôs a estatização de cerca de dois terços da economia e o resultado foi a primeira bancarrota, em 1976.

Porém, durante o ano de 1974 Champalimaud ainda acreditou que seria possível manter a estrutura industrial produtiva que existia e da qual era um dos principais defensores e intervenientes. 

Por causa disso alimentou uma breve polémica numa revista de então- Vida Mundial- aqui já mostrada com um comunista inspirador das teorias estapafúrdias do Bloco e Esquerda em geral, chamado João Martins Pereira, um antigo assalariado do capitalismo luso, tornado crítico do mesmo e mentor de um Louçã e outros. 

O assunto lembra o caso recente da TAP porque os argumentos são parecidos e cuja essencialidade Champalimaud resumiu em poucas palavras referindo-se à "sua" Siderurgia: 

"Tivesse tido a Siderurgia Nacional o Estado como proprietário e ela não passaria hoje de um lamentável empreendimento a custar ao erário público, isto é, a todos nós, fortunas sobre fortunas, contribuindo, como tantos outros negócios para que alguns políticos impelem o Estado, para o agravamento sucessivo dos impostos e o retardamento da elevação do nível de vida da população".

O assunto começou assim na edição de 5 de Dezembro de 1974 e pode ser lido aqui por quem estiver interessado :


Quem ler isto e olhar para o que se passa na TAP, com o inenarrável ministro que lida com o assunto, não pode deixar de notar as similitudes nos erros e consequências gravosas para o país e todos os que pagam impostos. 
Nada aprenderam porque nem sequer perceberam o que é muito simples e acima fica explicado. 


Impunidade de grupo

 CM de hoje, notícias avulsas em que se destaca uma, onde falta uma palavra. A censura do director-geral editorial da "outra banda" é efectiva em nome do politicamente correcto. 

A inacção do "Comando Geral da GNR" do senhor Clero é notória e tal "transmite um sentimento de impunidade e insegurança às populações".  

Porém, o que é isso perante a perspectiva de uma fronda mediática capaz de lhe pôr o lugar em risco se por acaso autorizasse o reforço dos meios para terminar o forrobodó evidenciado, traduzido num desrespeito maciço, concreto, ostensivo à lei jacobina que temos?  

O sr. Clero sabe muito bem de que lado deve estar: daquele que lhe segura o posto. E tal passa por não hostilizar as pessoas que celebram um casamento há 6 dias, em completo desrespeito pela lei e regras fixadas para os outros. Menos para eles...sendo certo que tal lei até permite detenções por crime de desobediência. 


Neste caso ninguém se lembrou de ouvir este personagem mediático que se manifesta em trivelas verbais quando lhe convém...e por isso prefere aparecer de pijama na noite de Natal e publicar nas "redes sociais"  o aparato, enquanto decorre o casamento que traduz uma flagrante situação de ilegalidade a que nem a GNR consegue pôr cobro. 


Chama-se a isto impunidade de grupo e é o que alimenta, por exemplo... o CHEGA. Sobre tal assunto diz assim André Ventura, na entrevista ao Sol desta semana, resumindo bem o verdadeiro problema: 


Aliás, o motivo do Comando da GNR não ter meios disponíveis para reforçar a actuação em prol da maior "segurança das populações" é  da mesma ordem de razões ao que assiste a um tal Proença dos futebóis criticar a decisão de um tribunal por causa de uma absolvição num caso de "racismo" politicamente correcto. É a expressão de uma mentalidade de grupo que está na moda e na crista da onda, como se pode ler na notícia na mesma página. 

O dito Clero não foi educado assim, mas tornou-se assado por causa da vida que tem. Enfim, uma tristeza, tal como a do tal Proença dos futebóis que aprendeu depressa a ver de onde sopra o vento favorável. 

Há uma personagem teatral que exemplifica bem estes comportamentos. É de Molière e chama-se Tartufo.

sábado, dezembro 26, 2020

Sinais do nosso tempo

 CM de hoje, artigo de Eduardo Cintra Torres sobre alguns episódios protagonizados por quem governa os destinos do país. 

Fazem-me lembrar uma passagem dos Lusíadas que diz assim: 

Do justo e duro Pedro nasce o brando,
(Vede da natureza o desconcerto!)
Remisso, e sem cuidado algum, Fernando,
Que todo o Reino pôs em muito aperto:
Que, vindo o Castelhano devastando
As terras sem defesa, esteve perto
De destruir-se o Reino totalmente;
Que um fraco Rei faz fraca a forte gente.


A diferença dos filhos de D. João I é que este "rei" que anda por aí a mostrar as vergonhas foi escolhido pelo povo que vota...e que por isso tem o que merece.

A obscenidade do jornalismo televisivo