quinta-feira, dezembro 29, 2022

A música popular dos 70 e 80

 Como companhia preferencial à música que ouvia nos anos das décadas de setenta e oitenta, havia os jornais e revistas de música, ingleses, americanos e franceses que me ajudavam a conhecer novidades e a ler críticas sobre alguns discos que ouvia.

Em finais de 1974 o jornal New Musical Expresse publicou pela primeira vez uma página destinada aos leitores escreverem as suas preferências musicais. 

As minhas eram estas, ainda incipientes e incompletas. A escolha de Maddy Prior ficou certamente a dever-se a discos dos Steeleye Span que tinha ouvido no rádio:


Dez anos depois, o mesmo jornal publicou nova sondagem e desta vez os resultados foram coligidos e explicadas as diferenças com as escolhas feitas pelos leitores dez anos antes. Uma das considerações é óbvia: poucos discos dos anos oitenta entre os melhores 100. E o primeiro da lista nem aparecia mencionado em 1974. 



Que significam estas escolhas? Que o gosto e preferências variam com o tempo e o contexto.

Durante os anos setenta o mesmo jornal vendia mais de 200 mil exemplares e uma década depois foi caindo nas vendas até chegar a metade, desaparecendo depois de ter originado a revista Q, depois a Mojo e a Uncut, com alguns jornalistas britânicos que chegaram a escrever nuns e noutros.  

Em finais de 2012,  já transformado em transformado em revista, publicou uma resenha dos 60 anos de publicações e uma breve apreciação das décadas em causa.









Qual o disco seleccionado para iniciar a década de setenta? Um disco "ao vivo" e puro rock n` roll, em que o escriba menciona a introdução do primeiro tema com um som de baixo e bateria seguido de um "BAM!", o  "mais pesado acorde de sol jamais metido num plástico negro".
Quem ouvir hoje tal introdução, ficará com uma ideia do som dos setentas, mas aconselha-se a audição em vinil. Tenho a edição "Deluxe" em cd de 2002 e fico com a sensação de algo que falta ouvir e sei imediatamente o que é: o som analógico das percussões. 

Os discos seguintes da década são What´s going on de Marvin Gaye; Master of Reality dos Black Sabath;The rise an fall of Ziggy Stardust de David Bowie e Dark Side if the moon dos Pink Floyd, além de outros. 



O primeiro dos oitenta é um disco dos Joy Division, Closer que só gravei em cassete em Maio (?) de 1980 ( é a data da gravação, embora o disco tenha sido originalmente lançado em 18 Julho de 1980, o que deve ter uma explicação que não encontro). 
É um disco que marca a década, vindo da anterior. O que se seguiu do grupo, rebaptizado New Order,  pouco tem a ver com esse disco e no entanto foram os discos dos New Order que depois fui comprando.
A seguir na década estão Remain in Light dos Talking Heads; Thriller de Michael Jackson; Purple Rain de Prince e Psychocandy de The Jesus and the Mary Chain. Só tenho Thriller...e adquirido recentemente. 



Uma boa forma de explicar a diferença nas décadas reside nestes dois discos do mesmo grupo, J. Geils Band:


O disco da esquerda é de 1970, o primeiro do grupo; e o da direita é de 1980. A revista Rock & Folk fez assim a recensão dos dois, sendo a do primeiro de uma edição de Dezembro de 1999 acerca dos 2000 discos indispensáveis...


A crítica realça a extraordinária qualidade musical do disco em causa e cuja gravação original também faz jus a tal qualidade. É um disco em que os blues tocados por um grupo branco atingem uma suprema qualidade interpretativa que apetece ouvir. 
Dez anos depois, em Março de 1980, o grande crítico Philippe Manoeuvre escreve sobre o disco da direita, saído nessa altura, em termos quase semelhantes sem que o disco mereça o esforço. 
Não é a mesma coisa, nem sequer se assemelha porque é um disco que se ouve bem, particularmente o que dá o título ao album ( e por causa do qual o comprei) e ainda o tema seguinte "Trying not to think about it". Porém, o tom geral é de sonoridade dos oitenta, sem o toque bluesy antigo ou a instrumentação e mesmo a qualidade de gravação do primeiro que me parece excepcional, tal como outros da mesma altura. 


O que se passou em dez anos? 
O NME da edição dos 50 anos, em 20 de Abril de 2002 tentava explicar "os anos dourados" que foram também os do jornal:




Portanto, não é de nostalgia que se trata mas de algo mais profundo: uma mudança do estilo, no tempo e na substância, entre uma década, a de 70 e as que se lhe seguiram. 
O final dos anos setenta, particularmente a segunda metade distanciava-se já bastante dos primeiros anos que para mim misturava Cat Stevens ou James Taylor com Led Zeppelin ou CSN&Y. A grande época da música rock.

Em 1976 comecei a apontar as preferências por anos. 


Em 1977 surgiu o "punk", mas antes disso havia Roy Harper que se tornara muito ouvido nos programas de Jaime Fernandes e tinha lançado um disco fabuloso, Bullinamingvase. Os Van der Graaf lançaram nesse ano o seu último disco com interesse para mim. The Quiet Zone/the Pleasure dome e faltava-me descobrir os discos anteriores dos primeiros anos dos setenta.
Jethro Tull também já tinha dado tudo o que me interessava ouvir e em 1977, com Songs from the wood, parecia-me inferior ao do ano anterior, Too old to rock n roll que aliás ainda ouvia, tal como o anterior, ainda mais interessante para mim, The Minstrel in the Gallery de 1975.
Os Kinks em 1977 lançaram o disco Sleepwalker, uma das bandas sonoras desse ano, para mim, com baladas do melhor que Ray Davies compôs.
Peter Gabriel lançou o seu primeiro disco a solo, um disco maravilhoso que só ganha com audição em boa aparelhagem. A par do primeiro disco a solo de Steve Winwood, também desse ano é outro dos discos dessa banda sonora. 



O punk era o típico fenómeno musical do compre, use e deite fora. O primeiro disco dos Jam, no entanto, era bastante bom em melodias que cativavam a atenção a um ritmo aceleradíssimo. Cheguei a gravar e escutar várias vezes, particularmente Slow down que era infeccioso. 
Os Sex Pistols, esses, eram insuportáveis para além de cinco minutos.
Os Television eram provavelmente os melhores e ainda hoje tenho os primeiros discos, particularmente Marquee moon com a sua sonoridade típica. 


Em 1978 a lista aproxima-se mais da sonoridade que passei a apreciar e perdura até hoje, de facto muito marcada pelo tempo.
Os Dire Straits da época eram Sultans of swing e pouco mais. Actualmente são todos os álbuns até à primeira metade dos oitenta. A sonoridade melhora muito com a qualidade da aparelhagem que a reproduz.
De todos estes discos então fundamentais para mim, o que sobrou incólume no teste do tempo foi Studio Tan de Frank Zappa e Before and after science de Brian Eno. Os demais, tenho os discos e gosto de ouvir, particularmente Gerry Rafferty, em City to city cuja sonoridade me encanta sempre que ouço.
Os ELO de Out of the blue eram então um dos grupos que mais gostava de ouvir, particularmente nesse álbum que tem muitas canções que cantarolava. 
This Years model de Elvis Costello confirma-o como um grande artista, logo no primeiro disco e ganha muito em ser ouvido em condições sonoras aperfeiçoadas, tal como Darkness on the edge of town de Bruce Springsteen. London Town dos Wings é praticamente um roteiro doss dias de Outono de 1978 e por isso para mim um dos melhores discos de Paul McCartney.
Kaya de Bob Marley tem várias canções memoráveis do reggae cuja divulgação alargada começara quatro anos antes por...John Peel e a etiqueta Island que popularizara essa música jamaicana e muitos outros que são a estrutura principal do rock dos anos setenta, para o meu gosto.



Em 1979 já se anunciava a década seguinte. Communiqué dos Dire Straits parecia-me muito melhor que o primeiro. Pink Floyd e The Wall era incontournable na sonoridade mas Rust neves sleeps de Neil Young ainda me encantava, como os primeiros discos. O disco do ano seguinte, Hawks and Doves, pôs fim ao encanto. Neil Young é um artista dos anos setenta, para mim.  
Bob Dylan já não era o que fora, mas hoje ouve-se bem Slow train coming que tem uns bocadinhos da sonoridade da guitarra de Mark Knopfler. 
Zappa e Sheik yer Bouti é o que sobra disto para ser ouvido em ilha deserta. Ian Dury também se ouve bem, nesse seu segundo disco que tem várias capas a imitar tonalidades de papel de parede. 
E JJ Cale tornou-se intemporal, tal como todos os seus discos, anteriores e futuros. Os Eagles tinham acabado no ano antes do anterior com Hotel California que aliás não figura nas listas mas podia figurar porque é um álbum que aprecio e então se ouvia muitas vezes. 


O que se nota é a decadência gradual relativamente à primeira metade da década. Ainda assim foi nesta altura da segunda metade dos anos setenta que conheci os discos e músicas anteriores que moldaram o gosto pela música rock. 
Parafraseando Milton Nascimento no tema Saudade dos aviões, a música que ouço hoje é apenas em memória dos tempos dos setentas. O que veio a seguir só o confirmou. 

quarta-feira, dezembro 28, 2022

A música rock de sempre

 Em Janeiro de 1987 a revista americana Guitar Player perfazia 20 anos e comemorava a efeméride apontando 20 discos essenciais de guitarra, em várias categorias, como o jazz, os blues, baixo, country, clássica e steel. 



A música rock mais tradicional é essencialmente música de guitarra, pelo menos até aos anos oitenta em que os sintetizadores invadiram o palco sonoro. Antes, os teclados soavam mais nos discos de música "progressiva" e por isso a guitarra era o elemento mais típico e identitário do rock.

Assim, a revista considerava os 20 discos essenciais de música rock, com guitarra incluída:









Em vinte discos essenciais, de guitarra no rock, há dois dos anos oitenta: um dos Police e outro de Metal Fatigue que não conheço e nunca ouvi, até hoje ( e hoje, via youtube tornou-se apenas interessante). Metal Fatigue era obra de Allan Holdsworth, um veterano da guitarra e portanto de décadas anteriores. 
Nem um disco de Frank Zappa, apesar de a revista o considerar um dos guitarristas mais subestimados no rock e até lhe dar a honra de entrevista sobre o assunto, tal como tinha feito dez anos antes, o que não deixa de ser irónico.






Na categoria baixo, outro dos instrumentos fundamentais do rock:





Dos anos oitenta, há...quatro. Ou cinco se contar o de 1980.

Num poster mostrava "memorabilia" de uns 20 que eram importantes:


Com uma legenda em que aparece até Carl Perkins ( 14) como um dos músicos que influenciou os Beatles.
A guitarra partida é de Pete Townshend dos The Who do tempo de Quadrophenia ( 1973):



Caso Alexandra Reis: epílogo provisório

 O CM vangloria-se de ter "revelado o caso do meio milhão" de Alexandra Reis, agora caída em desgraça, como se tornou habitual com algumas personagens da ópera cómica deste governo. 

Alexandra Reis foi agora novamente despedida, com justa causa...política. É mais uma das causas de opróbrio a juntar às ilegalidades e faltas de ética escandalosa, como motivo de desgraça política. 

O CM celebra assim, evidenciando a razão de fundo das notícias em três números e que se reconduzem no essencial ao velhíssimo problema da inveja nacional que cilindra tudo o que apanha na rede. 

O problema de fundo, que não contende com a inveja, fica de fora até nova oportunidade para aparecer: a promiscuidade a roçar a endogamia dos apaniguados políticos desta gente que governa e permite leis de excepção para assegurar bem estar ao círculo apertado de uma oligarquia pindérica que é a que temos. 

Desta vez, a cereja no bolo do CM é requintada: os sapatos da pobre Alexandra, vindos dos ateliers de Paris e da marca Louboutin...



O Primeiro-Manhoso, como sempre, de nada sabia e o problema será a "indemnização", aliás negociada pelo irmão do presidente da República, como advogado...da TAP. 

Esperemos pelo próximo escândalo que me cheira será de arromba para o Manhoso. Há quem engane muita gente durante muito tempo, pouca gente o tempo todo, mas ninguém engana toda a gente o tempo todo. 


Francisco Viegas explica o problema: "se isto não é Portugal, não sei o que pode ser". 

Nem eu.



terça-feira, dezembro 27, 2022

Os oitenta na música popular

 Já aqui escrevi que os anos oitenta, em música popular, ficaram aquém da década precedente. Não há um único disco da década de oitenta que seja imprescindível e ultrapasse em qualidade e interesse musical, vários da década de setenta. 

Nessa década dos setentas,  praticamente saíam todos os meses discos importantes e fundamentais, em catadupa de tal ordem que a colecção de discos mais importantes da música rock, nesse período, esgota praticamente o catálogo representativo da música popular. 

Ainda assim nos anos oitenta, assistiu-se à publicação de alguns discos interessantes de grupos que já tinham produzido música na década anterior e outros que surgiram ex-novo nessa altura. 

Como foi precisamente no início da década de oitenta que comecei a coleccionar discos de vinil, em albuns, já aqui mostrei os mais significativos para mim. No caso são da colheita de 1982:


São todos de artistas que já vinham a produzir música de décadas anteriores, até dos anos sessenta, como era o caso de Simon&Garfunkel ou os Fleetwood Mac. 
O disco que então mais me impressionou nesse ano foi porém, o de Donald Fagen, The Nightfly, além do mais porque Donald Fagen fazia parte dos Steely Dan cuja sonoridade dos discos da primeira metade dos anos setenta, acabara de descobrir.  

Tido como um dos primeiros a ser gravado em processo digital, apesar de ainda não ter sido lançado comercialmente o revolucionário cd, o disco trazia uma aura de inovação técnica que a década consagraria. 
O anúncio da Rolling Stone de 11 de Novembro de 1982 indicava que a temática, ironicamente se referia à década de...cinquenta, a do nascimento do rock, embora o ambiente fosse ainda de jazz, no caso uma cabine de estação de rádio: 



No Natal de 2018 a revista Record Collector publicou o que considerava os melhores discos de tal década: 




Sim, lembra-me de ouvir pela primeira vez o disco Closer dos Joy Division, mas ficar relativamente indiferente, apesar de o ter gravado em cassete, em 9.5.1980:


 Em 1980, Remain in Light dos Talking Heads, idem aspas no que se refere ao interesse que suscitou. Apenas o triplo Sandinista dos Clash me deixou impressionado, mas era música que poderia muito bem ter sido composta na década anterior. É um disco que ainda hoje se ouve muito bem, além do mais pela alta qualidade sonora da gravação original. 

Em 1980, já vindos do final dos anos setenta, os Dire Straits publicaram Making Movies, um bom disco; em 1982,  Love over gold , confirmou que a década seria também deles, o que se evidenciou em 1985 com Brothers in arms, lançado em  pleno boom digital do cd e cuja sonoridade teve um impacto mediático tremendo, sendo uma das maiores influências no som da década, tantas foram as vezes que apareceram nos rádios e tantos os discos que venderam, para cima de vinte milhões. Aliás, são discos que comprei e guardei, porque ainda os ouço hoje em dia. Até li recentemente a biografia de um dos músicos, o baixista John Illsley.
Rock & Folk, Junho de 1985:


Em 1986 os Dire Straits já andavam assim, numa imagem paradigmática da música da década, misturada já com o "easy listening", ou seja, a irrelevância sonora que nos anos setenta não se notava. 



No ano seguinte, 1981, nenhum disco me impressionou particularmente como dantes acontecia. Em 1982 foram aqueles acima mostrados, embora falte um, essencial, na fotografia: o disco The Lexicon of Love dos ABC que me conquistou a atenção desde as primeiras audições, sendo um dos primeiros discos que comprei, na versão nacional, produzida pela Valentim de Carvalho. O disco de Michael Jackson Thriller é de tal modo impositivo para a época que se tornou um dos discos mais vendidos de sempre, na música popular. 
 Em 1983 apareceu o disco Power Corruption & Lies dos New Order que me interessou ouvir bem como o Let´s Dance de David Bowie, pela particular sonoridade, apelativa ao ritmo da época e produzido para tal efeito de inaugurar a música de dança depois da moda disco. Parece ter sido o disco mais vendido de David Bowie...

Em 1984 nada de novo aconteceu na música popular e que me chamasse a atenção, apesar de gostar de ouvir Prince em Purple Rain. Os Smiths não me impressionavam nada nem os Echo and the Bunnymen ou os Cocteau Twins. 
Em 1985 outro disco dos New Order, Low Life, o qual me obriguei a ouvir, com algum proveito e com uma capa elaborada em papel vegetal, suplementar. Quanto a Prefab Sprout bem me esforcei por ouvir, em vão, tal como os Scritti Politti cujo disco mais interessante só sairia em 1988, com o título Provision e um dos que a par do The Lexicon of Love dos ABC definem a sonoridade dos oitenta, para mim.
Estes exemplificam na perfeição o som da década, para mim. Um deles, vinha já dos anos sessenta...e se acrescentarmos outro dos setenta, como os Roxy Music, a partir de Avalon, de 1982, temos o quadro completo. A sonoridade de Avalon e o disco anterior, Flesh and Blood de 1980, conferem com a sonoridade própria dos oitenta, tal como o disco a solo de Brian Ferry, Boys and Girls, de 1984. Não há mais nada do que More than this...


Em 1980 a descoberta da sonoridade New Order, herdeiros dos Joy Division, em parte influência do guru Miguel Esteves Cardoso que os incensava no Sete, com as colunas semanais das "bolas para o pinhal", foi fatal e aguentou-se até ao final da década, apesar de a sonoridade não ser das mais perenes em termos musicais. Falta sempre qualquer coisa nestas músicas electrónicas, que em 1980 começavam com um som batido e em 1983 já tinham uma melódica que me levou a comprar Power, Corruption and Lies (pedi a um amigo que mo trouxesse de França, lá das Fnacs) como se fosse uma grande inovação... mas são discos que se ouvem poucas vezes. De facto não são assim tão marcantes, como por exemplo, os Kraftwerk dos anos setenta. Àqueles falta-lhes uma alma, mesmo mecânica ou electrónica. 


Em busca dessa alma, mesmo exótica deixei-me levar por sonoridades que se aproximavam do jazz mas não eram a mesma coisa. A música de fusão que vinha dos anos setenta, com Weather Report e outros Herbie "Rock it" Hancoks mais uns Marcus Millers e Tony Willimas, deram em Larry Carltons e  Spyrogiras. Ouve-se,  mas é música de fundo de grande superfície comercial e de anúncios.


Em meados da década um programa do Rádio Comercial tinha um indicativo que começava com uma guitarra de doze cordas acústicas a tocar em ritmo acelerado, desaguando em três notas eléctricas com o som fantástico. Não sabia quem era, mas já vinha dos anos setenta. Muito mais tarde soube que era o tema de introdução do disco New Chautauqua, de Pat Metheny, aliás dos anos setenta.
Quando descobri, coleccionei os discos quase todos, desde o primeiro até aos que se lhes seguiram nos anos oitenta e noventa.
Aqui estão os dos oitenta, com destaque para o de 1980, As falls Wichita so Falls Wichita falls, um título fantástico com uma capa que sempre me pareceu fabulosa:


Em 1981 já conhecia Frank Zappa dos discos anteriores, de meados da década de setenta, com destaque para Apostrophe `, Overnite Sensation e One size fits all que acompanhei em tempo real de audição. Os discos mais antigos só com as futuras reedições em cd, nos anos noventa, os ouvi. 
Porém nesse ano de 1981 saiu You are what you is, na sequência da trilogia de Joe´s Garage de 1979 e do anterior, Sheik Yer Bouti que são uma magnífica introdução aos discos da década de oitenta.
You are what you is , disco duploteve edição nacional, da CBS local, uma inovação na época. 
A capa é muito cuidada graficamente, nada ficando a dever à original da Barking Pumpkin e a prensagem também é muito aceitável. 
Foi um dos primeiros discos que comprei e era uma edição de luxo. As letras das canções até vinham num encarte à parte, ao contrário da edição original, com elas impressas nas capas interiores.
Frank Zappa a partir de então ficou como músico preferido da casa. Até hoje. Aqui estão os discos dos oitenta: 



A par disto os anos oitenta nas publicações periódicas também espelhavam a mudança que se operou e para mim não para melhor. 

O NME britânico começou a dar destaque a grupos e músicas que simplesmente não me apetecia ouvir. Afinal tinha ainda tanto que ouvir do passado recente...



A revista Rolling Stone dos anos oitenta também foi modificando aos poucos. Em 1979 ainda tinha capas destas:


Em 1982 já era assim:


Virei-me então para alternativas que foram aparecendo, como esta americana:





E até esta, efémera que tentou revivificar o espírito musical da Rolling Stone original:


Ou esta, inglesa e que marcou graficamente o panorama da época, com um certo Neville Brody:



E até uma alemã que mostrava na capa as novas direcções musicais dos oitenta, com material editorial dos ingleses:


Não é de admirar que tenha começado a apreciar coisas destas e depois a coleccionar os discos, muito passados em programas de rádio da época como o Discoteca, de Adelino Gonçalves, um grande locutor de finais dos oitenta e com esse programa de música de dança, fantástico, no Rádio Comercial.
Um anúncio na Face de Junho de 1982, com o grande Kid Creole e as Coconuts.


As músicas dos oitentas, em resumo, são um infindável rol de musiquinhas que se ouvem bem, numa juke box. 
Foi por isso que gravei muitas dessas músicas, dos programas de rádio da época e são um roteiro desses anos oitenta:



Anos oitenta que no início se me apresentavam assim, apesar de nunca ter aprendido a tocar violino:


As pernas são de Linda Rondstadt, de uma foto dos anos...setenta, na Rolling Stone. Bonitas pernas, por sinal. Mas dos anos setenta...

A obscenidade do jornalismo televisivo