quinta-feira, dezembro 31, 2020

15 discos de 1970

 Em finais de 2020 fica aqui a imagem de 15 lp´s do ano de 1970 ( mais um dos CCR, Pendulum que saiu no final desse ano), entre várias dezenas que saíram nesse ano e se tornaram, alguns deles, clássicos da música popular. 

Para ler uma lista extensiva de todos os que foram publicados serve por exemplo a Wiki.

Entre todos, os que ainda hoje escuto com gosto quase idêntico ao de então, estes são os preferidos: 





Se tivesse de escolher apenas um, para continuar a ouvir sem cansar, seria o primeiro a contar de cima, Abraxas de Santana.

Ouvi esse disco pela primeira vez na casa de um amigo meu, nesse ano ou no seguinte, num gira-discos que era mais um electrofone, mono, mas que reproduzia bem a música de introdução, um pequeno instrumental que encadeia em Black Magic Woman, segue por Oye como va e termina o lado um com  o Incident que se resolve a meio do lado dois, com Samba pa ti, o grande êxito do disco.  Um lp cinco estrelas como se dizia dantes.

A seguir, os Grateful Dead de um disco, Workingman´s Dead que logo que se descobre a música do grupo nem é dos mais importantes, mas se ouve muito bem, numa sonoridade country. O seguinte, American Beauty, publicado no ano seguinte continua e refina o estilo. O disco em si é uma descoberta relativamente tardia, dos anos oitenta, tal como a música dos Grateful Dead que não era muito popular por cá, pois nem passava no rádio dos programas que gostava de ouvir ( Página Um e Espaço 3p) 

O disco de Kevin Ayers, Shooting at the moon  é outro pequeno portento de encanto seguro e que se ouve do princípio ao fim, numa boa aparelhagem. O primeiro tema, May i? é de antologia da pop e o segundo lado do disco também começa muito bem com The Oyster and the flying fish. Era um dos meus discos preferidos que ouvia algumas vezes, no rádio dos anos setenta, naqueles programas.  

O disco dos Creedence Clearwater Revival, Willy and the poor boys não é o único desse ano, do grupo.  É o que tem Down on the corner, com um riff terrífico na introdução. [ Aliás nem é desse ano, mas do final de 1969; o de 1970 é Cosmo´s Factory que aliás não fica atrás do outro e também Pendulum, no fim do ano. Fui ver à wiki... porque um comentador apontou os erros, agora corrigidos].  Os Creedence nesse ano eram os maiores da música rock, à frente dos Beatles, sem dúvida alguma. Ouviam-se muito em single e no rádio. Do disco Pendulum, a canção Have you ever seen the rain era a que então mais cantava. De tal modo que até a minha mãe já sabia o refrão..."i wanna know...", mas evidentemente que a memória é posterior a 1970 porque o disco só deve ter chegado cá já em 1971.

O disco de Simon&Garfunkel, Bridge over troubled water é outro clássico. Encadeia The Boxer, Baby Driver e The only living boy in New York, Why don´t you write me e termina no Song for the asking . É outro disco irresistível que se ouve do princípio ao fim com o mesmo prazer. 

Déja Vu dos Crosby Stills Nash & Young, para além de trazer Helpless, Our House  e  4+20 de Stephen Stills, tem a música que nessa altura era a minha preferida entre todas as outras: Teach your children. Já não é tanto, mas conserva o som da pedal steel guitar que me fazia apreciá-la acima das outras e que neste tema é tocada por Jerry Garcia, um dos elementos dos Grateful Dead. Nessa altura ainda não sabia tal coisa, mas o som era tudo. 

O som de Frank Zappa e deste disco em particular, Chunga´s Revenge, só se tornou familiar e apreciado já nos anos noventa, pois antes só jurava por Overnite Sensation e One size fits all, dos anos 74-75. Os efeitos jazzísticos e zappianos do disco são absolutamente sensacionais, tal como o anterior, Hot Rats e os seguintes. 

Todos os discos de Frank Zappa e são dezenas e dezenas, são essenciais e a família que ficou ( os três filhos [ são quatro...], pois os pais já morreram) organizou-se num "trust" e continua a publicar a inesgotável obra do pai, em inéditos e reedições cuidadas, para gosto de quem aprecia. 

Os Jethro Tull de Benefit só me agradaram muito tempo depois da época em que saiu e particularmente quando ouvi bem o tema Inside. A seguir a este disco apareceu Aqualung que é um dos melhores do grupo. 

Os Led Zeppelin no seu segundo lp são outro portento do som rock. É o disco que traz Whole lotta love, Lemon Song e Ramble on, para além do mais e para escutar o som de bateria e baixo a tocar forte e feio, acompanhado de guitarra e melodia cantada, não é preciso ir ouvir mais nada. Na altura porém, ficava-me pelo single, Whole Lotta Love e o resto parecia-me quase insuportável. Há uma razão para isso: este tipo de discos só se ouve bem numa boa aparelhagem de som porque paradoxalmente a menor subtileza sonora carece de melhor definição acústica. [ Tudo isto se aplica ao disco de 1970 que é o III e não o II.Nesse caso basta substituir o Whole lotta love por Immigrant song e o resto por  Since i´ve been loving you....e fica ressalvado o lapso].

E um dos discos que foi considerado durante muitos anos, particularmente nos anos setenta, como o melhor de sempre da música rock, até então, é o lp Layla, de Eric Clapton, com os Derek and the dominos e particularmente a intervenção da guitarra de Duane Allman em alguns temas. 

O disco não me parecia na altura tão importante assim e até nem apreciava por aí além, até que o ouvi na integralidade, já nos anos oitenta e fiquei rendido à evidência: é de facto um dos melhores da década e de sempre, do rock.

Quanto a Cat Stevens, em 1970 lançou este disco, Tea for the Tillerman e também Mona Bone Jakon. Este Chã é um repositório de algumas das melhores canções do artista que se tornou muçulmano e alineou de alguma forma a fama e proveito dessa época. Porém, agora, já neste mês, lançou os dois discos em formato de luxo, com várias versões dos temas em cd, blu ray e lp.

É outro disco que depois de se pôr a tocar só no fim se deixa de ouvir, de tal modo as canções são apelativas e algumas foram grandes êxitos na época em que saíram, como Wild World ou Father and son. Quanto a Wild World foi na altura cantada também por Jimmy Cliff em tom reggae que me encantava. É um indiscutível clássico da pop, muito esquecido.

Neil Young no tempo de After the gold rush estava também nos CSN&Y. A primeira canção, Tell me why convida a aprender a tocar guitarra acústica. O resto é mais eléctrico mas não foge do estilo, country-rock. Um dos melhores discos de Neil Young que tem muitos outros e se podem ouvir todos aqui, no NYA. Por vezes até de graça...

Os Nitty Gritty Dirt Band, neste disco Uncle Charlie são mais a pender para o  country. O disco tem um tema que me marcou desde essa altura em que o ouvia, nos anos setenta: Mr Bojangles, com uma introdução acústica que também me convidava a experimentar o som puro e sem grande reverberação das cordas metálicas das guitarras acústicas de madeira, americanas.

Os Beatles não precisam de apresentação, nem mesmo neste disco que foi o último a ser publicado pelo grupo. Two of us, o primeiro tema, também é acústico e só ouvi mais tarde preferindo-o a uma das melhores canções dos Beatles, The long and winding road, por isso mesmo: ser acústico. 

A finalizar,  o segundo disco dos Flying Burrito Brothers, aqui num Burrito Deluxe, um pouco inferior ao primeiro, The Gilded palace of sin mas que se ouve com igual prazer auditivo.

Esta música country rock foi sempre a que me conquistou o gosto auditivo nessa época e 1970 foi um bom ano para tal. 

Mas o seguinte, 1971, ainda foi melhor. E tem história que merece ser recordada. 

Esperemos assim por um Bom Ano Novo!

Nota: as fotografias foram corrigidas com as entradas correctas e assinaladas no texto. Em bónus e para me redimir dos lapsos derivados de escrita apressada, ficam duas imagens do disco dos Santana, Abraxas, na versão original, "first press", americana:






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