Capas dos diários de hoje:
É este o resumo da nossa intelectualidade jornalística, muito ao jeito do ensaísta que morreu. Era um "português de génio" no dizer do genial director do Público que lhe consagra mais de uma dúzia de páginas tirando as crónicas avulsas, Era o "maior pensador, o maior ensaísta de todos os tempos", segundo um tal Almeida Faria ainda no Público que não poupa nos ditirambos. E no jornal i o director ou um Diogo Vaz Pinto que assina o artigo do miolo, até conseguiu revelar algo espectacular: "decifrou o enigma português".
Fui ver e não encontrei a chave, só algumas citações, entre as quais algumas de profunda comicidade e até hilariantes: segundo uma Maria Velho da Costa era alguém que "viajava no tempo e na memória com o coração atrelado à inteligência".
De resto o jornal i é o mais sensacional nesta homenagem póstuma a um indivíduo que viveu do ensino universitário e da escrita de livros que muito poucos leram, aliás, sem perda de nada de substancial.
Numa pequena selva de citações literárias alheias, sobre o decesso, com poucos extractos de escritos seus, avulta esta crónica de circunstância:
Do Público e das suas quatorze páginas dedicadas ao vulto, não vale a pena aproveitar nada, sequer uma. É tudo tão genial que até assusta o passante e mostra bem o que é o ambiente literato em Portugal.
No CM uma pequena crónica de um escritor pequeno, diz mais que tudo o resto: sim, era um ensaísta, mas daí a génio...alto lá! Só para o director do Público que em matérias de genialidades é um ás. De copas.
De resto e como apontamento final para não gastar demasiada cera com este defunto, um indivíduo que procurou decifrar o enigma português só poderia alcançar esperança nesse desiderato se considerasse o tempo de Salazar e a figura do dito como passível de estudo com aproveitamento.
Para o defunto, esse tempo foi o do fascismo. Fica tudo dito sobre o decesso.
E finalmente: ouvi dizer que este indivíduo que "decifrou o enigma português" nem sequer terá ensinado o português aos filhos...será verdade ou mera feiquenius? Fica a dúvida, metódica, porque os obituários de hoje dedicam todo o espaço ao panegírico ridículo.
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