quinta-feira, setembro 19, 2024

o jornalismo perdido nas causas

 O Público de hoje, em artigos sobre os incêndios, critica o primeiro-ministro por aludir a possível origem criminosa de alguns incêndios e consequente reforço de capacidade investigatória relativamente a tais hipóteses e suspeitas, esquecendo a existência de "equipas" já constituídas anteriormente para tal objectivo e portanto criando redundâncias. 


Para o cronista de última página, João Miguel Tavares será tempo perdido: não acredita em tais teses conspirativas porque já têm muitos anos e agora parece haver um "consenso generalizado sobre a questão dos fogos, concluindo que "as causas são sociais, ambientais e políticas".


Pareceu-me ler o argumentário da esquerda sobre os vários problemas económicos derivados da organização estatista das empresas nacionalizadas ou da Educação ou de outros sectores: nunca admitem a má gestão derivada do modelo, alargando genericamente as culpas a toda a gente e sociedade em geral.

Por seu turno um jornalista, António Marujo, põe o dedo numa ferida exposta: o sensacionalismo mediático que explora este género de acontecimentos até ao limite da exaustão noticiosa sem acrescentar qualquer mais-valia, para além de aventar a perigosidade social que tal exposição representa em ampliar efeitos miméticos em potenciais incendiários: " não precisamos de ver chamas. Nem de dias inteiros de noticiários monotemáticos". Não poderia estar mais de acordo...


Porém, quanto aos incêndios que deflagram na noite de Domingo para Segunda feira, do nada de um tempo quente mas não muito diferente de outros dias de Julho ou Agosto, em sítios geograficamente muito próximos uns dos outros e aproveitando objectivamente condições meteorológicas para a propagação rápida e facilidada dos mesmos, haverá algo a dizer da parte de quem está no terreno e tem experiência nesta matéria: os bombeiros e a protecção civil. 

E o que dizem estas pessoas? O que o primeiro-ministro veio dizer...

Logo, há pelo menos um aspecto a considerar: vale a pena investir um pouco mais no esforço de tentar descobrir causas que até agora são desconhecidas, particularmente pelos jornalistas. E não atacar com críticas desprovidas de senso comum e apenas motivadas por causas desconhecidas. 

O corolário destas causas encontra-se neste artigo de página do director do periódico o inefável Manuel Carvalho, um exemplo do jornalismo de causas e não de verdades.


Para o dito, os incêndios podem ter todas as causas, menos uma: a de terem sido provocados intencionalmente por incendiários. Tal hipótese é simplesmente uma "resposta simples para problemas complexos" e um recurso a bodes expiatórios que cheira mal. O que lhe cheira bem é escrever sobre "a incapacidade do país em executar reformas profundas". Quais? "As que exigem estudo, tempo, persistência, determinação, planeamento e organização do Estado".

É exactamente o que falta a este jornalismo perdido nas causas e que entrega explicações avulsas para problemas que fatalmente redundam nas "alterações climáticas" e na inoperância dos governos. 


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