sábado, agosto 02, 2014

Salazar lembrado em tempo de crise

Quando Salazar morreu, na manhã de 27 de Julho de 1970, o acontecimento motivou à revista Vida Mundial de 31 de Julho desse ano, um número especial inteiramente dedicado à figura e obra de Salazar, nos 40 anos que governou o país.
Sem qualquer bancarrota e com guerra em três frentes, a partir dos anos sessenta, tinha endireitado as contas públicas trinta anos antes, sem empréstimos externos e com  impostos que  não se tornaram depois tão definitivos e pesados quanto hoje em dia.
Éramos pobres? Sim, mas não devíamos as penas aos pássaros e as pessoas trabalhavam e tinham empregos. E há quem diga que eram tanto ou mais felizes que hoje. Foi a única vez em séculos que fomos um país a sério, numa época em que não havia "donos disto tudo". E se o havia era mesmo o povo português, o que nem é questionável sequer.

É desse número da revista então dirigida por Carlos Ferrão que aqui deixo uma parte substancial das suas 64 páginas em que se relata o perfil e a obra, as razões da ida para o Governo, em 1928 e o que se passou durante o Estado Novo.

Leitura de férias que é mais actual do que parece. A perspectiva histórica é a do marcelismo que a direita ultra não aprecia por aí além...

As páginas que seguem, se lidas num monitor com 54cm de diagonal apresentam-se sensivelmente no tamanho original da revista.


56 comentários:

Merridale and Ward disse...

Apenas será possível fazer uma leitura justa sobre o Salazarismo daqui a uns 50 anos. O tema ainda é demasiado polémico para se poder debater sem pudores na praça pública.

Divulguei:

http://historiamaximus.blogspot.pt/2014/08/salazar-lembrado-em-tempo-de-crise.html

josé disse...

50 anos?

Não me parece. Em primeiro de tudo é preciso desratizar as consciências da opinião pública generalizada.

Como? Com informação e desvalorização dos anátemas lançados pela esquerda comunista e socialista.

Tornando a figura de Salazar como a dos outros, ou seja, como a de um político que é preciso estudar para compreender o país que somos.

Merridale and Ward disse...

Admito que tenha exagerado, talvez uns 20 a 30 anos. Mas menos do que isso não me parece.

Não é apenas a esquerda comunista e socialista que tem lançado muita desinformação na sociedade. As forças da maçonaria continuam a operar e têm tido um efeito devastador, especialmente nos meios académicos. Depois temos também a direita do copinho de leite que se vende a quem pagar mais...

muja disse...

E que faz o João Nobre pensar que daqui a 20 ou 30 anos essas forças hão-de ter menos influência que hoje?

Esta informação é precisa e não existe em lado nenhum.

josé disse...

Por mim até arrisco mais um pouco:

A informação correcta sobre Salazar é estritamente necessária para sairmos da crise em que estamos.

josé disse...

E isso por uma razão lógica: nunca será a esquerda a tirar-nos da crise em que nos meteu...

Vivendi disse...

"A informação correcta sobre Salazar é estritamente necessária para sairmos da crise em que estamos."

Sem mais.

Merridale and Ward disse...

"E que faz o João Nobre pensar que daqui a 20 ou 30 anos essas forças hão-de ter menos influência que hoje?"

As pessoas começam a abrir os olhos e o regime está em crise profunda. Agora é uma questão de tempo até implodir. A única coisa que poderá segurar isto mais algum tempo é a União Europeia, mas com os avenças dos UKIP'S e Frentes Nacionais, não estou a ver a União Europeia a manter-se muitos mais anos...

Quando a União Europeia rebentar, vai tudo atrás...

lusitânea disse...

Os UKIP´s, as Frentes Nacionais e muitos outros pela Europa fora só querem uma coisa:Fim do internacionalismo do " o mundo é um só" depois de terem descolonizado como o fizeram.Indigenaram nuns países e cá e agora é de fazer o Homem Novo e mulato?E por conta do indigenato?
Os gajos deste tudo e do seu contrário deveriam ser todos enforcados ou degolados como andam a fazer os filhos dos seus acolhidos lá pelo oriente...

lusitânea disse...

A "escola pública" obriga a estudar traidores mas só diz mal do maior Português de sempre...

muja disse...

Isso pode ser verdade. Mas pode vir a não ser.

Essa perspectiva é andar um bocado a reboque dos "ventos da História". Expressão que não significa outra coisa senão a incapacidade de forjar o futuro independentemente dos outros - de ser independente. E é fácil de ver que é assim porque há países a cujos ventos da história não movem.

Se o problema é importante, então há-de ser sempre polémico. O que V. quer dizer realmente é que à ladroagem lhes não interessa discutir a questão. Mas isso nem hoje nem daqui a vinte anos. Eles opor-se-ão sempre, pela simples razão de tal discussão pôr directamente em causa o sustento deles.

Não é com a ladroagem que interessa contar; desses já sabemos a posição. É com o resto das pessoas. E aí acho que encontraremos o assunto muito menos polémico que à primeira vista parece.

O Portugal da televisão não é o Portugal real.



José disse...

"E é fácil de ver que é assim porque há países a cujos ventos da história não movem."

Hummm...não me parece que assim seja. Se fosse, o Muro não teria caído quando caiu.

Os "ventos da História" é apenas uma expressão para explicar que os frutos sociais e culturais também tem um período de maturidade.

José disse...

Os "ventos da História" no tempo da I República ainda mantinham como nossas, absolutamente, o "Ultramar" e que depois, durante o consulado jacobino se transformou em "Colónias", até 1951, data em que passaram a ser Províncias Ultramarinas.

Só mesmo nos anos sessenta, os "ventos da História", soprados do Leste, tornaram essas Províncias em Colónias outra vez e afirmaram que já não eram nossas apesar de o terem sido durante séculos.

Os "ventos da História" é isso mesmo.

muja disse...

Ó José, desculpe, mas não concordo nada com isso.

No tempo da Ia República já havia muitos ventos da história mortinhos para nos correr de lá. Aliás, não foi essa, precisamente, a razão que levou os democratas republicanos a sacrificar uma dezena de milhar de homens - muitos mais que morreram entre 61 e 74 - na primeira Grande Guerra: a preservação do Ultramar dos ventos da história?

Mas olhe, dou-lhe o meu contra-exemplo: Israel. Não são a conduta, os meios e os objectivos deles - independentemente da legitimidade que possam ter - contra os ventos da história? E vem aquilo durando desde antes de termos nós o nosso problema...

Imagine se Portugal tivesse tido um registo semelhante...

E mais ainda, Israel é muito mais fácil de parar do que Portugal, pois depende gravemente das injecções maciças de dinheiro americano e Portugal não dependia de ninguém. Basta suspendê-las como fez Eisenhower nos anos 50 para obter a imediata colaboração deles (como Eisenhower obteve).

Porque é que eles continuam contra tudo e todos? Há manifestações contra eles em todas as capitais do mundo.

Porque é que os ventos da história não sopram na direcção deles?

José disse...

Mas não é isso que entendo por "ventos da História".

Para dar um melhor exemplo, parece-me que os fascismos europeus apareceram numa determinada conjuntura histórica, quando certos ventos sopraram.

O vento mais forte que se fez sentir por cá, de tal modo que ainda não amainou no largo do Rato foi o da Revolução Francesa.

O que a determinou, afinal?

Com "ventos da História" pretendo mostrar o que se costuma dizer a propósito de certas inevitabilidades: o que tem de ser tem muita força.

Para mudar esses ventos da História é preciso alguém que introduza um pensamento que seja chave.

Por exemplo Jesus Cristo. Ou Marx.

Ou um autor francês, Jean François Revel que escreveu nos anos setenta o livro Ni Marx no Jésus.

Portanto, na I República, os ventos da História em Portugal não estavam ainda a favor da entrega sem condições, do Ultramar porque ainda o considerávamos nosso.

Mas depois isso foi mudando, por causa dos tais ventos.

muja disse...

Para ser claro e evitar que venham por aí rockets e merkavas: a questão não é saber se Israel tem razão ou tem direito.

A questão é saber porque é que a Portugal se aplicaram os ventos da história, e a Israel não?

Sobretudo quando, perante os tais ventos, Israel se encontra em situação muito pior: é acusado de tudo quanto Portugal era, e mais. Não faz parte de nenhuma convenção internacional sobre armas biológicas, químicas ou nucleares. Não reconhece o Tribunal Penal Internacional e violou múltiplas resoluções do Conselho de Segurança da ONU.

Como se explica?

muja disse...

Não percebo José. Se o fenómeno é assim como diz, devia afectar a todos, tanto mais quanto mais em oposição a ele estiverem os afectados. Não é isso que verificamos.

José disse...

Porque é que o marcelismo apareceu como força de mudança em relação ao salazarismo?

Porque os ventos da História sopravam já do lado da mudança e Marcelo Caetano tinha entendido tal coisa.

Não era possível manter indefinidamente as províncias ultramarinas como "nossas" numa era como a de hoje.

Não se pode entender a África dominada por uma elite branca, quando a maioria da população é negra.

Nos EUA a mudança dos ventos da História ocorreu com a eleição de Obama porque há uma comunidade negra, feita de antigos escravos e seus descendentes que já tem muito peso eleitoral.

Agora já se fala na aleição, num futuro próximo, de um latino.
Fruto igualmente da imigração.

José disse...

Israel resiste na sua própria terra. É essa a diferença. Se tem ou não razão é uma questão insolúvel. Para eles tém. Para os árabes não.
E não se pode sair daqui. Por isso há guerra permanente.


A guerra ganha-se por quem tem mais meios, neste caso, uma vez que o moral é elevado de ambos os lados.

Em Portugal o moral era muito baixo em relação ao Ultramar porque foi passada a ideia de que já não poderia ser nosso durante outros tantos séculos.

E isso é que são os "ventos da História", para mim.
É a formação de uma opinião generalizada num certo sentido histórico, Pode ser uma opinião manipulada pela Esquerda comunista, como no caso o foi; e pode ser uma opinião formada também a partir da razão e da análise histórica comparativa: os impérios estão destinados a ruir. Diga lá um que não ruiu...

muja disse...

Não se pode entender a África dominada por uma elite branca, quando a maioria da população é negra.

E, porém, é exactamente isso que verificamos hoje. A única diferença é que a "elite" branca não está lá.

Quanto ao tal Obama, há-de perdoar José mas isso não mudou nada. É exactamente igual ao outros todos que por lá andam e que podiam e podem vir a ocupar-lhe o lugar.

José disse...

É perfeitamente utópico, quanto a mim, pensar que poderíamos suportar dois ou três territórios no Ultramar, com gente que nos era de alguma modo estranha porque a respectiva cultura não era bem a nossa ( não houve tempo para o ser e os costumes tribais têm mais força que as escolas primárias) e ainda por cima com exemplos que vinham dos vizinhos.

Se a Catalunha ou a Galiza aqui ao nosso lado querem ser independentes de Castela, como não entender que Angola e Moçambique o quisessem ser com os autóctones de raça preta que lá eram maioria?

Nem a África do Sul se aguentou mesmo com muitos brancos europeus a mandar e a dominar.

José disse...

Não, em África- Angola e Moçambique- mandam uns pretos de certas tribos. Não mandam brancos.

E isso é toda a diferença.

José disse...

Luanda e Lourenço Marques não se modernizaram tanto a não ser recentemente por via da riquesza de matérias-primas.

Nas últimas cinco décadas quem modernizou essas cidades foram os portugueses e muitos dos que lá viviam.

Formaram uma cultura própria da Europa, copiando modelos e os pretos que vieram a seguir copiaram esses modelos, nas não funcionam.
Não há grandes empresas de engenharia ou obras públicas só de pretos. Não há investigação&desenvolvimento só de pretos. Nem sequer nos EUA.

Porquê?

A resposta é politicamente incorrecta.

José disse...

Nós só conseguiríamos alcançar os propósitos que Salazar defendeu, com uma miscigenação cultural.

No Brasil tal sucedeu mas tem outras explicações: os branco eram superiores aos negros que vieram importados pelo esclavagismo.

E isso seria impossível de realizar em Angola e Moçambique.

muja disse...

Mandam? E vem-lhes de onde o dinheiro deles?
O Saddam e o Khadaffi também mandavam...

---
Quanto aos impérios:
Está bem, podem ruir todos.

Mas era verdadeiramente um império aquilo que existia?
E, em sendo, teria forçosamente de continuar a sê-lo?

E quem diz que era aquela a altura que devia ruir?

Porque o facto objectivo é este: não ruiu.

Foi desmantelado, consciente e deliberadamente, por um punhado de indivíduos que obtiveram, ilegitimamente, o poder para tal.

Podia ser que ruísse, podia ser que não durasse nem mais um ano, mês, ou dia; podia... mas não sabemos. Porque alguém entendeu adiantar-se à história, em nome dos ventos da história.

Não sabemos porque nos foi roubada essa oportunidade. A nós todos.
Os de cá, os de lá; os pretos e os brancos; os de ontem e, sobretudo, os de hoje e de amanhã.

Que me garante a mim que, de hoje para amanhã, não me fazem o que fizeram lá em nome de novos ventos da história?

muja disse...

Não sabemos José.

E ninguém tinha o direito de nos deixar tentar. Ninguém.

muja disse...

De nos impedir de tentar, obviamente.

José disse...

Para mim há uma diferença fundamental entre brancos e pretos, no modo cultural e social e até estrutural, genético digamos assim.

Isto é politicamente incorrecto de dizer porque haverá sempre quem veja nisto racismo, mas não é.
É apenas o reconhecimento de diferenças intransponíveis.

A Àfrica é mesmo dos pretos e assim é que está bem.
O que não está bem é que venham para cá e tenham os mesmos modos, culturas, dificiências estruturais na formação etc etc e queiram impô-las aos de cá.
Pela simples razão que tal origina choques culturais e violência a partir do momento em que não há integração harmoniosa.

Este discurso tem que se encarado de frente e compreendido de modo a que não possa ser apelidade de racista mas apenas de entendimento das realidades práticas.

José disse...

"Porque o facto objectivo é este: não ruiu.

Foi desmantelado, consciente e deliberadamente, por um punhado de indivíduos que obtiveram, ilegitimamente, o poder para tal."

Mas com isso estou plenamente de acordo. Devíamos ter resistido e lutado durante mais anos. E conseguido que quem lá estava tirasse o que era seu legitimamente.

E isso poderia ser feito e só não foi por causa do clima que se instaurou em Portugal em 1974-75.

O Spínola e o Marcelo queriam descolonizar mas lentamente e de modo a assegurar o futuro dos que lá estavam e teriam que vir embora ou lá ficar em harmonia. Ora isso é que me parece quase impossível face aos ventos da História e que só se abrandaram em 1989.

José disse...

A diferença entre o marcelismo e o salazarismo é precisamente a de considerar o Ultramar como coisa integrante da Nação ou não.

E a noção de que fatalmente deixaria de o ser, Marcelo Caetano já a tinha e Salazar e os salazaristas provavelmente ainda não. Mas viriam a ter, precisamente por causa dos tais "ventos".

José disse...

O salazarismo não tinha futuro. Nenhum.

O marcelismo tinha todo. É essa a minha posição histórica.

zazie disse...

Ventos da Historia (expressao que eu tinha empregue a com a qual o Mujah engalinhou, sao issso mesmo que o Jose explicou.

Bisou

":O)

Luís Palma de Jesus disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Luís Palma de Jesus disse...

A terminar a colecção de fotos apareceu o tema «Eleições».

Será complicado dedicar uma postagem às eleições no Estado Novo?

Não consigo informações completas e consistentes - por vezes fragmentos interessantes: lendo "Pt, Os Anos do Fim" pp208, fiquei admirado por nas suas páginas assumir-se a existência de fraudes e gostei da contextualização e análise promissoras mas falta-lhe a informação pura. [nota: como pode imaginar, quanto à leitura e dados expressos pela oposição ao Estado Novo, não tenho dificuldades]


Na sala de aula - lecciono geografia, mas em História a confusão é igual ou maior - a falta de informação é um pesadelo e as estatísticas começam quase sempre com a adesão à UE (o Pordata confirma-me). Ao lê-lo pareceu-me útil deixar aqui este pedido.

Obrigado.
Luís Palma de Jesus

José disse...

Amanhã coloco, antes de entrar em férias.

José disse...

Sobre fraudes é evidente que não vai encontrar informação desse género na revista Vida Mundial " sujeita a exame prévio".

muja disse...

Não é só a Zazie que a emprega!

Engalinhei e continuo engalinhado porque é uma expressão que não quer dizer nada, mas diz tudo.

Os ventos da história, como vós os pintais traduzem-se-me de forma mais simples como: a vontade dos grandes.

E não me parece apropriado dar como exemplo Jesus Cristo, e mesmo Marx, muito pouco.

Estes ventos da história que estão em questão sopravam a favor de partes muito bem definidas e discrimináveis e poderosas. Na origem dos ventos não esteve nem estava nenhum conceito revolucionário, ou novo, ou fundamentalmente diferente de outros passados: "esferas de influência", "direitos de ocupação", "responsabilidade do homem branco", ou dos "mandatos". A este resolveram chamar-lhe "autodeterminação dos povos".
Eram ventoinhas. De proporções gigantescas de certo, daí a influência global que tinham, mas ventoinhas ainda assim.

A diferença foi que aos ventos de outras ventoinhas sempre houve de se resistir. A estes, traíram-nos o braço e cedeu-se-lhes. Os povos em questão nem estão mais nem menos autodeterminados do que estavam antes. O mais que foi, mudaram-lhes a cor do tipo que manda. E estão hoje muito pior do que podiam estar, para não falar no que pagaram para aqui chegar...

Porque é que, como diz o José, abrandaram em 89? Ora, porque desligaram uma das ventoinhas.

Que é que isto tem que ver, ou é comparável, ao cristianismo?

Em que é isto, qualitativamente, mais ou menos passível de resistência que todos os outros ventos acima mencionados e aos quais, melhor ou pior, na medida das possibilidades, sempre se resistiu?

Como diz o José, os impérios ruem. Mas normalmente para dar lugar a outros. E foi, simplesmente, o que aconteceu.
Não lhe chamemos ventos da história, que é uma expressão que apenas obscurece o que realmente foi: uma derrota. Portugal foi derrotado por outro império. E, no meu entender, pode argumentar-se conquistado.


muja disse...

E falar nesses ventos para justificar, a posteriori, o que aconteceu é como justificar um suicídio com a inevitabilidade da morte.

José disse...

Acho que a ideia de "ventos da História" é uma expressão usada noutros lados.

É uma alegoria para explicar fenómenos sociais.

Como é que se explica o fenómeno da revolução francesa?

muja disse...

Não sei. Mas aposto que o melhor por onde começar é saber quem a pagou.

Tal e qual como para os "ventos da história" em questão.

Luís Palma de Jesus disse...

Agradeço a atenção.
Caso lhe seja impossível a postagem em breve, sempre passarei atento.

Quanto à revista da época encaro-a como material icónico sugestivo - por acaso com um tom muito «moderno» para o momento. Quanto a informação detalhada admito que não espero milagres.

Obrigado.

José disse...

A pergunta não deve ser essa porque quem a pagou foi quem a originou.

Quando o "povo" decidiu guilhotinar os monarcas absolutos tal decisão teve um custo.

Quando o "povo" decidiu apoiar o MFA tal decisão teve um custo.

Quando o "povo" decidiu dar a maioria ao PS, tal decisão teve um custo: três bancarrotas.

José disse...

A questão é saber quando sopram esses ventos e como aparecem.

muja disse...

Precisamente nessa linha, eu sugeriria que aparecem quando aparece alguém disposto a pagá-los.

Em qualquer caso, não sei se é assim tão útil procurar explicar a questão, no caso que nos importa, pelo lado social.

Não eram os povos que se iam auto-determinar que queriam essa auto-determinação. Pela maior parte nem sequer deviam compreender o que significava isso e, se lho explicassem, provavelmente se ririam. Quem domina o bosquímano no deserto? Os Flechas, por exemplo, lutavam porquê e por quê?

De igual forma, os bacongos arregimentados e postos sob a chefia de Holden Roberto chacinaram aquelas pessoas todas no norte de Angola por que causa?

Os ventos sopravam sobretudo na cabeça de gentinha a que a publicidade determinava o que vestia e fazia e outros o que pensava. Se auto-determinasse as refeições era já talvez um feito.

Maria disse...

José, permita-me que opine sobre este assunto, já que ele me toca particularmente. Começo por dizer que partilho totalmente da opinião de Mujahedin.
Talvez o José tenha uma visão diferente da nossa porque não viveu (creio eu) nem teve familiares a viver em qualquer das nossas ex-Províncias Ultramarinas. Eu tive familares que lá nasceram e viveram até uns anos após a pseudo-descolonização. Os meus Pais tiveram variadíssimas famílias amigas com todos os tons de pele, desde as de cor negra às de pele muito clara e claro à branca, todas nascidas e criadas em Angola, tanto quanto os seus pais, avós e bisavós o haviam sido. Estas famílias choraram lágrimas de sangue quando foram forçadas a desligar-se do Portugal Europeu que consideravam tanto seu quanto o fora das gerações anteriores.

Os povos africanos NÃO queriam a independência coisíssima nenhuma. Outra hipótese que poderia ter sido provàvelmente aceite de muito bom grado por aqueles povos, seria uma independência faseada, após ter sido inteligentemente planeada, tal como de resto a preconizara o Prof. Marcello Caetano. E naturalmente sem a mínima interferência externa. Mas um plano desta natureza só poderia ter sido realizado (não sem a concordância absoluta e total dos respectivos povos) caso o Regime Soviético tivesse implodido 15 ou 20 anos anos antes de 1974. E neste caso nem sequer teria sido engendrada qualquer descolonização.

As auto-determinações têm-se realizado sem consentimento dos povos a pretexto de lhes ser 'oferecido' um regime democrático que eles não reclamaram nem nunca dele têm beneficiado. Uma vez donos e senhores desses países, a democracia é esquecida d'imediato (a introdução desta nos países sob outros regimes tem sido apenas um pretexto para invadir países em paz e poderem apossar-se livremente das suas riquíssimas matérias primas, do ouro em barra e dos tesouros museológicos de valor incalculável) e é então que são despoletadas guerras artificiais fraticidas com os subsequentes genocídios que não mais têm fim (nem eles querem, pois este é também um dos seus objectivos prioritários logo seguido à tomada dos territórios cobiçados).
(cont.)

Maria disse...

Quem é que está por detrás das independências dos povos 'oprimidos'? Mas será necessário dizê-lo? É que eles, os mundialistas, seus autores confessos, até já nem se dignam disfarçar as suas ambições de dominar todas as Nações à face da Terra e escravizar os seus povos. Está tudo explicadinho, para quem duvide basta ver um ou dois videozinhos do Dr. David Duke ou ler um dos seus muitos livros sobre esta questão que tanto afecta os povos do mundo inteiro e ficarão a par do que está na origem das famigeradas independências levadas aos povos por elas suspostamente tão 'ansiadas'. Como o (não) estavam, para não irmos mais longe, os portugueses das nossas ex-Províncias Ultramarinas.

O José desculpar-me-á mas não houve ventos nenhuns da história que tivessem levado à independência do nosso Ultramar. O que, sim, houve foi uma ganância desmedida dos dois internacionalismos - por detrás dos quais se posicionava/posiciona a maçonaria sionista a que David Duke classifica, com conhecimento de causa após muitos anos de investigação nesta área, de "governo mundial" - de se apoderarem à força das riquezas incomensuráveis nele contidas.

Se quisermos ir um bocadinho mais atrás no tempo, verificaremos que eles estiveram e continuam a estar na origem de todas as revoluções, das duas guerras mundiais e de todos os conflitos localizados, desde que se formaram como seita maçónica no início do séc. dezassete, em Inglaterra. Todos os assassinatos de reis, príncipes, presidentes, primeiros ministros, cientistas, etc., nos cinco Continentes, desde então até aos dias de hoje, têm a sua marca distintiva, são todos da sua lavra.
Repito, os que quiserem saber mais sobre algo tão premente que tanto tem afectado a Humanidade, leia os livros de David Duke ou veja os seus vídeos. Garanto que não perdem nada, pelo contrário, só ganham e muito.

Anibal Duarte Corrécio disse...

Não vale a pena chorar em Províncias derramadas.

O Tempo não volta para trás.

zazie disse...

Uma forma de se entender os tais ventos da Historia, ue podem ter amplidao maior, 'e observar-se a realidade de um ponto mais alto.

Olhar acima das pequenas coisas concretas para nos apercebermos de tendencias mais amplas ue tendem a acontecer periodicamente.

Sem balancos desta ordem so temos factos soltos.

Fazer Historia 'e mais do que isso

josé disse...

Os ventos da História são, fundamentalmente, ideias.

Hoje em dia, as ideias do Islão fazem guerras. Nem sempre foi assim, embora nós tenhamos a experiência de séculos, porque Portugal foi-lhes conquistado.

Porém, desde o séc. XII que não põem cá os pés como donos.

Os ventos da História, na Europa, sopraram de vários lados e há trezentos anos quem mandava eram os reis. Hoje não mandam.

Então, como é que isto mudou?

Resposta: Revolução Francesa. Os ventos da História são feitos de ideias.

josé disse...

O Ultramar não pode ser visto apenas do ponto de vista estreito de quem lá esteve e tinha legítimas e fundadas razões para supôr que o status quo não iria mudar tão cedo.

Mudou por razões que têm a ver com as tais ideias históricas que impuseram que a maioria considerasse esse Ultramar como colónias que era preciso entregar aos autóctones pretos.

Quem apareceu com essa ideia e a divulgou? A Esquerda europeia nascida da Revolução Francesa, a meu ver.

Isso é que são os ventos da História.

josé disse...

Qual foi o vento da História que levou ao fim do esclavagismo que era regra na Antiguidade conhecida?

A religião cristã, parece-me. "Todos somos iguais perante Deus" e a ideia de Caridade, de Amor ao próximo, são ideias que revolucionaram a História, apesar de termos muitos exemplos de que assim não será...

zazie disse...

Sao ideias com poderosa divulgacao que se ampliam geograficamente e arrastam por essa forca.

lusitânea disse...

Bem pelos vistos "os ventos da história" vão continuar pois que tendo dado até para se entregarem as ilhas encontradas desertas também vão dar para daqui a uns tempos as maiorias africanos em muitas cidades reclamem mais do mesmo certo?

lusitânea disse...

O sobado de Lisboa em construção é uma imensa riqueza...

lusitânea disse...

O esclavagismo acabou porque a Inglaterra se quis vingar da independência americana mais nada...

lusitânea disse...

Quer-se dizer se os bifes não podiam ganhar com ela então decidiram meter-se a salvadores de escravos numa época em que promoviam o cultivo das papoilas no Afeganistão para drogarem os chineses...

O Público activista e relapso