domingo, julho 05, 2015

O politicamente correcto na caricatura é um contra-senso

O Malomil não gostou deste cartoon de um desenhador que ganha a vida no Expresso de Francisquinho Balsemão e escreveu que no melhor pano caiu uma nódoa.

Discordo porque o caricaturista António, pesem embora todos os prémios atribuídos  não presta assim tanto como caricaturista de jornal. Não é "melhor pano" algum porque não é um  virtuoso do desenho ( o caricaturista Cid é que é) sendo apenas um grande esforçado e como inteligência é o que se pode ver: a mediocridade sempre à flor da pele e muitas vezes de um mau-gosto sem remissão, como agora com este cartoon. O Expresso, aliás, é o espelho desta "qualidade".
Ou seja e resumindo, o caricaturista Antónío, profissionalmente,  é uma coisa qualquer, a maioria  das vezes sem graça e  que só se distingue em Portugal porque em terra de cegos do desenho quem tem um jeitinho para garatujar é rei.
Quantos cartoonistas há em Portugal que mereçam um sorriso diário, semanal ou mensal? Não me ocorre nenhum, actualmente. Em França, são às dúzias.

Quem quiser perceber a diferença entre a mediocridade e a qualidade verdadeira e  porque digo que é uma uma coisa qualquer basta dar uma vista de olhos por aqui...

Não obstante, o que me chama a escrever sobre o esforçado cartoonista de quem obviamente não gosto, pelo jacobinismo sempre presente, pelo esquerdismo balofo  e pela inerente falta de génio que é essencial nessa actividade, não é a sua falta de qualidade intrínseca, mas o comentário de Malomil.
O problema para o Malomil não é estético mas ético, do domínio do que agora se convenciona dizer como politicamente correcto. É uma razão de correcção política que manda que não se devem desenhar pessoas em cadeiras de rodas, para fazer humor com a condição.

E tal pensamento é ainda mais estranho e perigoso que a inépcia de um desenhador, porque é capador ( gosto agora desta palavra) e potencialmente censório, em modo estúpido como quase sempre o é a Censura.
Malomil, na direcção de um jornal não admitiria um cartoon deste género ou se o admitisse faria gala em declarar que não concordava com aquela borrada, mas que coisa e tal, a liberdade de expressão e sei lá que mais, o levava a autorizar, mas com o caveat à mostra e a sinalizar a correcção homogeneizada.

Só para dar uma ideia do que é a liberdade de expressão sem o políticamente correcto à ilharga ponho aqui um cartoon recente, do Charlie Hebdo, pós atentado.


Para mostrar que ainda há quem se esteja nas tintas para o politicamente correcto fica aqui a capa de 15 de Abril do ano corrente. Confesso que quando a vi no quiosque me deu vontade irreprimível de rir, apesar do grotesco que a imagem representa. Mas é de um humor irresistível.
Em Portugal esta caricatura nunca seria publicável, a não ser por um Vilhena que já morreu e a quem ninguém dava importância como artista ( porque não sabia desenhar muito bem, tal como António)  ou como comentador político ( o que também deveria ser o caso de António).


Outro exemplo vindo do mesmo jornal, já apontado aqui, é este de 22.3.1979:



5 comentários:

Floribundus disse...

não serve nem para desenhar,
nem consegue ter graça

sem classe

zazie disse...

Ora bem.

Estava a comentar isso no Blasfémias e o José a lembrar-se do mesmo.

O Malomil e a Hiena Matos é que têm umas estranhas tabelas politicamente correctas.

Se for pornochachada do Charlie Hebdo é liberdade de expressão. Se a coisa tiver sentido ideológico que não agrada é discriminação.

E sim, nem é grande espiga como desenhador, mas disso também não entendem eles.

zazie disse...

E o Malomil não estético e também não é ético. É preconceituoso apenas pelas tabelas de lei.

Se pode encaixar a coisa num crime de ódio ou numa discriminação de minoria ao gosto da casa, descabela-se.

Se for com o Papa, acha que nem há discriminação, logo não há azar. Se for com pencudo, a coisa merece câmara de gás para o artista

josé disse...

Vi primeiro no Blasfémias e depois é que fui ver o Malomil. Só não coloquei a ligação ao Blasfémias por acaso ( não tinha a janela aberta e vi mais cedo).

zazie disse...

Ah. Pois eu também.
O que ainda acho mais palerma é o facto do Malomil já não ter idade para estas coisas.

Quer-se dizer, é de uma geração mais velha que nãi levou com a lavagem cerebral na escola.

Portanto, faz parte daquele grupo de patetas que passam a vida a fazer upgrade da moda.

O Público activista e relapso