segunda-feira, setembro 18, 2017

Uma poesia para Portugal

Um comentador deixou esta poesia de Afonso Lopes Vieira que merece destaque, para se mostrar aos turistas que por aqui vão passando, vindos dessa Europa fora e de outros lugares. 
A maioria dos portugueses ( aposto que o primeiro-ministro incluído) não conhecerá esta poesia e muito menos o que a sustenta:

Se um inglês ao passar me olhar com desdém,
num sorriso de dó eu pensarei: — Pois bem!
se tens agora o mar e a tua esquadra ingente,
fui eu que te ensinei a nadar, simplesmente.
Se nas Índias flutua essa bandeira inglesa,
fui eu que t'as cedi num dote de princesa.
e para te ensinar a ser correcto já,
coloquei-te na mão a xícara de chá...

E se for um francês que me olhar com desdém,
num sorriso de dó eu pensarei: — Pois bem!
Recorda-te que eu tenho esta vaidade imensa
de ter sido cigarra antes da Provença.
Rabelais, o teu génio, aluno eu o ensinei
Antes de Montgolfier, um século! Voei
E do teu Imperador as águias vitoriosas
fui eu que as depenei primeiro, e ás gloriosas
o Encoberto as levou, enxotando-as no ar,
por essa Espanha acima, até casa a coxear

E se um Yankee for que me olhar com desdém,
Num sorriso de dó eu pensarei: — Pois bem!
Quando um dia arribei á orla da floresta,
Wilson estava nu e de penas na testa.
Olhava para mim o vermelho doutor,
— eu era então o João Fernandes Labrador...
E o rumo que seguiste a caminho da guerra
Fui eu que to marquei, descobrindo a tua terra.

Se for um Alemão que me olhar com desdém,
num sorriso de dó eu pensarei: — Pois bem!
Eras ainda a horda e eu orgulho divino,
Tinha em veias azuis gentil sangue latino.
Siguefredo esse herói, afinal é um tenor...
Siguefredos hei mil, mas de real valor.
Os meus deuses do mar, que Valhala de Glória!
Os Nibelungos meus estão vivos na História.

Se for um Japonês que me olhar com desdém,
num sorriso de dó eu pensarei: — Pois bem!
Vê no museu Guimet um painel que lá brilha!
Sou eu que num baixel levo a Europa á tua ilha!
Fui eu que te ensinei a dar tiros, ó raça
belicosa do mundo e do futuro ameaça.
Fernão Mendes Zeimoto e outros da minha guarda
foram-te pôr ao ombro a primeira espingarda.

Enfim, sob o desdém dos olhares, olho os céus;
Vejo no firmamento as estrelas de Deus,
e penso que não são oceanos, continentes,
as pérolas em monte e os diamantes ardentes,
que em meu orgulho calmo e enorme estão fulgindo:
— São estrelas no céu que o meu olhar, subindo,
extasiado fixou pela primeira vez...
Estrelas coroai meu sonho Português!

P:S.
A um Espanhol, claro está, nunca direi: — Pois bem!
Não concebo sequer que me olhe com desdém.


239 comentários:

«O mais antigo   ‹Mais antiga   201 – 239 de 239
josé disse...

Sair a tempo significa deixar para os autótcones, a tempo e horas, o que mais tarde teve que ficar a desoras e com prejuízos elevadíssimos em vidas humanas e bens.

joserui disse...

Correcto, mas essa é a razão porque também ficaram com o chá… e porque o vinho do Porto é o que é. Uns têm, (pelos vistos) outros não. E nós, exceptuando em parte no Estado Novo, nunca tivemos.

Expatriado disse...

A verdade sobre o que levou ao 25A ainda não foi escrita. Foi criada uma "fábula" ao redor de umas "queixas corporativas" (que até em parte existiam, fruto de inveja) para esconder o que já estava programado, na sombra, há muito tempo. O PCP (URSS) tinha todos os cenários preparados sendo o último a tal "queixa corporativa" como uma cortina de fumo.
O cancro corrói por dentro vagarosamente. Até que se manifesta para logo matar o doente. Quem alguma vez, poucos, analisou exaustivamente as personalidades que foram enviadas para gerir o ultramar logo a seguir ao 25A? Rosa Coutinho e Victor Crespo foram incumbidos de que missão? Porquê?
Em 1972 apareceram uns Alferes milicianos a fazer "tours" pelos quartéis de Moçambique a propagar a leitura do "O Capital" nas messes de sargentos. Não ficavam mais de uns dias em cada quartel... Os comandantes não sabiam o que eles faziam?
Haja alguém que, munido de factos, tenha a coragem de contar a Historia como ela foi.
Mentiram aos portugueses, todos, para logo de seguida os entregarem, os de lá, ao matadouro.
Ninguém duvide que o ultramar seria, num futuro não muito longínquo, independente após um período de auto-determinação para continuar a obra que se estava a fazer. Mas não quiseram, preferindo a via do "África é dos pretos" com que inquinaram as mentes dos metropolitanos. Agora querem que Portugal também seja dos "pretos e muçulmanos". Até ver...
É por aqui fico.

muja disse...

Não se percebe essa história de ingleses saírem a tempo.

A maior parte das independências africanas concederam-nas já depois dos nossos territórios serem atacados.

Portanto, que significa isso?

E quem são os autóctones? Inclui brancos?

muja disse...

Se bem percebo, sintetiza-se assim a grande solução que, por obstinação e casmurrice, escapou aos nossos governantes da altura:

Logo após 1945 ou, vá, 56, deviam ter-se dado como impossíveis de manter todos os territórios ultramarinos, ou, pelo menos e sobretudo, os mais valiosos; como tal, deviam ter-se entregado a alguém, e deviam ter-se garantido os nossos interesses de alguma forma.

Desta maneira, ter-se-iam evitado várias perdas de vidas e bens, o 25 de Abril, e viveríamos, daí em diante, pacata e refasteladamente como a segunda Áustria ou terceira Suíça da Europa.

muja disse...

*devia ou deviam, já nem sei, mas pouco importa.

O importante era entregar a alguém e garantir os interesses de alguma forma.

Um prémio a quem adivinhar o que falta nesta solução...

muja disse...

Expatriado,

que os comunas tivessem plano para toda a contingência não admira nada e até faz parte da doutrina, calhando.

Mas falta aí a outra parte da equação. Essa é a parte da preparação para as contingências. A outra é a da criação das contingências em si.

E nisso os especialistas são os mesmos e continuam tão ou mais eficazes.

Não há como os americanos para criar contingências. Criá-las, lá isso, sabem eles.

Depois dominá-las já é outra cantiga... Parece estúpido até se perceber que eles não têm grande interesse em dominar "contingências" e que os dólares são suficientemente eficazes depois da confusão.

Naturalmente, quem leva com a contingência em cima é que sofre.

Sinceramente, já estive mais longe de pensar que talvez tivesse sido preferível os soviéticos terem levado a melhor. Isto, claro, se é que não levaram...

Maria disse...


O José insiste em que nós não podíamos continuar em África porque os ventos da história já não o permitiam. Que todos os outros países europeus já o haviam feito e por consequência nós éramos obrigados a fazer o mesmo... (por mimetismo?). Mas por que raio de razão teríamos que ser obrigados a fazer o mesmo?! Nós vivíamos em paz em todos os nossos Territórios Ultramarinos, as respectivas populações nunca se haviam revoltado, estas estavam agradecidas, sabe-se que é verdade, pela paz em que vivíam e eram gentes amigáveis e gentis e isso era presenciado e pressentido pelos que visitavam aquelas terras e pelos que já lá viviam há décadas ou pelos que já lá tinham nascido. As relações de boa vizinhança e amizade genuína eram incontestáveis e igualmente impecável era o trato entre autóctones e todos os outros habitantes, incluíndo os descendentes de gentes idas para aqueles territórios muitas dezenas de anos antes e até com os descendentes dos que haviam aportado naqueles territórios centenas de anos atrás. Há quem se interrogue (principalmente quem nunca conheceu aqueles territórios nem aquelas gentes) se havia ressentimento da parte de alguns autóctones, talvez houvesse, o que é duvidável, mas seriam casos isolados, porventura uma ou outra tribo a viver na selva profunda e/ou em locais do mais recôndito naquele território imenso, mas nenhum destes habitantes estiveram alguma vez a ponto de se revoltar ou de praticar actos violentos contra os brancos seus compatriotas, era mais usual e provável fazerem-no entre as próprias tribos.
Eu visitei algumas vezes Angola e posso testemunhar estes factos como a pura realidade. Da parte dos pretos, dos mais humildes aos mais instruídos, nunca vi a menor hostilidade contra os brancos ou maus modos no contacto com os mesmos, antes pelo contrário tanto nos restaurantes que frequentei inúmeras vezes, como em lojas, hotéis, etc., primeiro o acolhimento e depois o atendimento em quaçquer destes locais era do mais generoso e todos aqueles empregados eram sempre solícitos e sempre de uma simpatia extrema para connosco e sempre de uma educação exemplar.

O José tem razão quando diz que todos os Impérios foram sendo desfeitos com o passar dos tempos. Mas isso não obrigava a que o nosso também o tivesse de o ser e digo mais, tenho a certeza absoluta de que o nosso Império teria sido a excepção à regra e como se sabe há-as em tudo na vida. Nunca ninguém disse que aqueles territórios não poderiam vir a independentizar-se no futuro, mas era mister ser tudo feito com tempo e respeitando as regras estabelecidas a serem aceites por todas as partes e cumpridas rigorosamente e sem interferências de poderes estrangeiros. Creio que o Prof. Marcello Caetano tinha esta hipótese perfeitamente realizável em mente, sendo certamente a mais pacífica e proveitosa para ambas as partes.
(cont.)

Expatriado disse...

Muja.

E levaram a melhor. Os americanos financiaram a FNLA (UPA) e os soviéticos o MPLA cujos dirigentes foram "formados" pelo PCP nas universidades portuguesas. Foi um "investimento" que não estavam dispostos a perder, como se viu nas varias conversações (Alvor, etc.) e na chamada de Cuba para palco. Rosa Coutinho tinha uma missão e Costa Gomes...

Em Moçambique, Mondlane tinha o apoio americano até ser deposto à bomba pela facção soviética (Machel do "socialismo científico). Até tinham um desertor piloto aviador no comité central que era do PCP.

Se juntarmos algumas peças soltas do puzzle dos últimos 2 anos de guerra em Moçambique ficamos com muitas perguntas, para as quais ninguém dá resposta, de como foi possível os turras avançarem tão rápido para sul do Zambeze. Estou convencido que tinham "informação de dentro" do que seria suposto ser o nosso QG. Quem lá estava nesse período? Guess who... e que depois foi "gerir a coisa" até à entrega daquilo. E o que fez nesse tempo.

São estas coisas que gostava de ver esmiuçadas e que poucos até hoje fizeram. São abafados e acabam por desistir com medo de lhes "chamarem nomes" embora hajam honrosas excepções.

Para a maioria, não é muito mais comodo "comer" a versão oficial do regime? É!!!!

muja disse...

Pois, também não tenho respostas.

Nesse caso de Moçambique imagino que Cabora Bassa tenha obrigado ao desvio e reconfiguração do dispositivo. E tapando a cabeça destaparam os pés...

Por acaso, tenho aqui documentação, mas ainda não li porque comprei dois volumes iguais por engano e agora falta-me o primeiro...

Não ponho de parte que houvesse infiltrados no Estado-Maior.

Para mim é evidente que que Costa Gomes era agente dos americanos, muito ou pouco. Se o era também da comunagem, não sei, mas não me admirava.

muja disse...

Para a maioria nem sequer existe outra versão sem ser a oficial do regime...

E para aqueles que conhecem outra, conhecem-na mal. E é possível andar anos sem ter uma noção razoavelmente exacta do que eram as nossas capacidades e do que se fez, militar como diplomaticamente.

Para conhecer este assunto praticamente só existem fontes primárias. O resto é superficial e, nas mais das vezes, completamente inquinado.

É uma pena, porque foi uma pequena epopeia durante a qual se alcançaram coisas que a maior parte nem imagina serem possíveis de alcançar por um país como Portugal. Fez-se mesmo mais do que prometia a força humana.

Quando digo que a alma portuguesa ficou lá, não estou a brincar nem a exagerar. Ficou lá presa no limbo de um assunto que nunca foi encerrado, pois enterrar não é encerrar.

O que lá vai, lá vai, mas isto é como as pessoas que perdem alguém querido e não fazem luto. Pode-se fugir para a frente e fingir que tudo está bem, mas a dado ponto é preciso enfrentar a realidade.

muja disse...

E vaticino que não mais sairemos da cepa torta sem enfrentar e fechar este assunto.

Andaremos por aí, mera sombra de um país e de um povo, até desaparecermos na obscuridade total.

Tem de ser feito o luto ao fim do ciclo à volta do qual revolve quase toda a nossa história. Só aí poderemos ver para onde vamos a seguir, se é que ainda vamos a algum lado.

Por isso é que não compreendo quem diz que aquilo devia-se entregar, pelo que só pode ser uma questão de comodismo.

Para os outros podiam ser só colónias, territórios, impérios - mas para nós, o Ultramar confunde-se com a nossa história e, portanto, com o nosso ser.

Se de um livro da História de Portugal tirarmos tudo o que diga respeito ao Ultramar, o que sobra?

Umas páginas sobre a Fundação, e depois praticamente só as crises de transição das dinastias - umas mais graves que outras. Depois o terramoto, as invasões francesas, o liberalismo, a república, e pronto.

muja disse...

É isso que nos faz diferentes dos outros e era isso, se alguma coisa, que nos permitiria ter êxito onde os outros falhados.

O que para eles não passa de um capítulo menor é, para nós, o grosso, a quase totalidade da nossa História.

josé disse...

Pois eu discordo.O Ultramar português é apenas uma nota de pé de página da nossa História.

O que nos levou ao Ultramar é que é a página. E o que deixamos por onde passamos também. O resto é paisagem.

Expatriado disse...

Muja. Obrigado por isto:

"Para os outros podiam ser só colónias, territórios, impérios - mas para nós, o Ultramar confunde-se com a nossa história e, portanto, com o nosso ser."

joserui disse...

Já tinha comentado, mas não apareceu…
Dizia… que é pela mesma razão que os ingleses ficaram com o chá e o vinho do Porto é o que é… uns têm, (e pelos vistos) outros não. E os portugueses, exceptuando em parte durante o Estado Novo, não têm.

Maria disse...

Aqueles povos não queriam a libertação coisíssima nenhuma, eles nunca se haviam sentido 'oprimidos' (propaganda comunista repelente e enganosa para endrominar gentes ingénuas sobre os processos políticos cínicos e falsos, propagadas à exaustão por paus-mandados ao serviço das duas potências mundiais e que perduraram durante décadas e décadas com o único pretexto de um dia virem a locupletar-se com as suas imensas riquezas, como efectivamente veio a acontecer com sobras) o que eles queriam era viver em paz e com as necessidades básicas asseguradas.

Nada desta tragédia, totalmente evitável, teria ocorrido caso não tivesse existido o comunismo em perfeita comunhão de ideias e por processos obscuros e letais, com o governo mundial, este composto por elementos comunistas-sionistas idos da Rússia para os Estados Unidos a partir dos finais do séc. dezanove e prosseguindo pelos séculos seguintes, já e então com a agenda diabólica perfeitamente elaborada com o fim específico de dar continuidade ao processo há muito engendrado de desestabilizar as economias dos países-alvo, chantagear e/ou difamar os governantes (para, sentindo-se estes perdidos ou desmotivados abandonarem os seus cargos e em seus lugares serem colocados os da confiança da seita) quando não fazerem cair os governos para o mesmo fim e entrementes difundir propaganda a rodos com o intuito de convencer os povos europeus que tudo quanto se está a fazer a nível político é para seu próprio benefício e seguidamente, como já é pratica comum, tomarem d'assalto o poder desses países colocando naquele marionetas bem treinadas para seguir ao pé da letra tudo quanto lhes for ordenado. E tanto no nosso caso, como já havia sido no dos outros países europeus, para a curto ou médio prazo apoderarem-se dos territórios ultramarinos sob jurisdição europeia em África e os espalhados pelo resto do mundo.

E como se viu, com uma persistência diabólica e uma obstinação satânica, produto de uma cobiça desmedida, aconteceu o que paradoxalmente nem eles próprios poderiam ter imaginado nos seus melhores sonhos (ou até terão imaginado, fruto dos seus cérebros doentios e dos antros pestilentos onde se moviam), os nossos Territórios Ultramarinos caíram-lhes do céu aos trambolhões sem terem mexido uma palha e tudo à custa de traições e crimes da mais variada ordem nos quais incluíram, manobrando-os a seu bel-prazer, um bando de militares tansos e oportunistas que com o seu gesto leviano e impensado e acreditando na palavra falsa de gente malvada, cometeram um crime imperdoável - e tenham bem isto em mente - traduzido na mais alta traição à Pátria. Estivéssemos no séc. dezoito ou dezanove e seriam fuzilados na praça pública. Têm muita sorte em já não estarmos.

É de ter em conta que os sionistas russos tiveram primeiramente a ajuda dos seus governantes, quase todos judeus, que aderiram ao sionismo e logo depois, no prosseguimento da revolução russa, tiveram a mesma ajuda preciosa dos novos dirigentes da União Soviética, novamente quase todos judeus e agora com todo o empenho comunistas-sionistas. Depois e já no Novo Mundo e continuando pelos séculos dezanove e vinte, prosseguiram no seu maléfico processo de destruição de regimes e de países estáveis e em desenvolvimento, tudo feito a partir dos Estados Unidos mas através de comissários sob suas ordens infiltrados nos principais e mais ricos países europeus, aqueles que eles queriam primeiramente dominar, começando naturalmente pelas monarquias e logo a seguir pelos restantes países independentes e soberanos que foram soçobrando um a um.

É bom lembrar que em todas as revoluções passadas assim como em todas as guerras passadas e presentes disseminadas por meio mundo - a americana, a russa e as duas europeias, sem esquecer inúmeras outras que ao longo das últimas décadas têm vindo a rebentar por todos os Continentes matando centenas de milhões de seres humanos indefesos - os mesmos espíritos do mal foram os seus principais artífices.

Maria disse...

Muja, os seu "deviam", num comentário lá mais para trás, está correctíssimo. Nas orações os sujeitos têm que obrigatòriamente concordar com os predicados ou vice-versa, pelo que quanto à sua frase nada há a emendar.

Maria disse...

Estes malditos, possessos de inveja das tradições e poder desses regimes, sobretudo das monarquias e dos reis e por cobiça e ambição desmedidas das suas riquezas e bens incalculáveis, como palácios fabulosos, propriedades imensas, preciosidades e mobiliário valiosíssimo, porcelanas Compª. das Índias, mas também de Sèvres e Limoges, marfins indo-europeus raríssimos, bronzes e pratas sem preço, quadros renascentistas e de pinturas famosas, salões de palácios forrados a âmbar (Hermitage), ouro e jóias antigas de valor incalculável, etc. Todas estas riquezas fabulosas estavam debaixo de olho para os invejosos das riqueza alheia lhes deitarem as manápulas gananciosas logo que a oportunidade surgisse. E esta foi surgindo à medida que os séculos e depois e mais ràpidamente as décadas foram passando e as revoluções e guerras sendo artificialmente despoletadas pelos do costume.

Depois destes acontecimentos mundiais secretos, todos levados a cabo à revelia dos regimes legítimos europeus e dos seus povos, processos estes que se vinham desenrolando desde os finais do séc. dezoito (na verdade eles tiveram o seu diabólico início mais pròpriamente no séc. dezasseis em Inglaterra), portanto não nos devemos admirar do que aconteceu a Portugal já nos finais do séc. vinte e não aconteceu antes porque Salazar, zelando permanentemente pelo Povo e pela Pátria, não o permitiu. Contudo, há neste período histórico algo de extraordinàriamente importante acontecido na Europa e com repercussões no mundo inteiro, mas que para nosso eterno mal só pecou por tardio simplesmente por ter-se verificado alguns anos depois de uma tragédia de dimensões bíblicas ter desabado sobre o Portugal europeu e africano e que foi, como é fácil d'adivinhar, a implosão da União Soviética.

Já disse isto e repito, caso Gorbachov tivesse subido ao poder vinte ou mesmo quinze anos antes da data em que o fez, as nossas Províncias Ultramarinas não tinham sido invadidas por bandos de terroristas a mando dos soviétivos e dos americanos e a Nação portuguesa não tinha sido destruída, assim como não tínhamos perdido nem a Independência nem a Soberania e a vida de milhões de portugueses tinha sido preservada.

Então para que serviram as independências daqueles territórios senão para entregar as suas riquezas incomensuráveis aos dois imperialismos e no processo malvado terem destruído milhões de almas? E ainda para quê as independências terem-se verificado se as guerras entre facções e movimentos antagónicos que substituíram os portugueses, continuaram a guerrear-se e a matarem-se aos milhões durante anos e anos após a almejada independência que os ía, segundo os comunas e xuxas, tornar imensamente desenvolvidos, ricos e felizes?... Então não tornaram..., viu-se e vê-se. E podemos estar certos de que as querras e matanças ainda não terminaram.

O objectivo primeiro em Angola, sob as ordens de Cunhal e Soares, foi colocarem no poder um ditador que estudou e foi doutrinado na União Soviética, poder esse onde permaneceu até há dois meses e no seu cômputo mais tempo do que o próprio Salazar!!! - a quem acusavam, mentindo, os malditos comunas e xuxas, de ter sido um déspota que não queria largar o poder, quando todos sabemos que Salazar ascendeu ao poder por vontade dos portugueses que nele votaram, contràriamente ao Dos Santos que foi lá colocado, sem o voto do povo, pelos traidores de Portugal (e a mando dos soviéticos) Soares e Cunhal. E este novo presidente que agora lhe sucedeu, também foi educado e doutrinado na U. Soviética!!
(cont.)

Maria disse...

Que grandes dirigentes angolanos têm sido e continuam a ser os que têm passado pelo poder naquele país, todos educados e doutrinados num país que sempre havia sido nosso inimigo do princípio ao fim, não haja dúvidas. E são aqueles políticos de todas as ex-Províncias Ultramarinas que têm a supina lata de se auto-intitular presidentes daqueles povos e fazem-no sem a mínima vergonha e sem receio algum de serem justamente enxovalhados por onde quer que passem...

O pobre povo angolano deixou de ter a paz assegurada pelos portugueses para terem vivido em guerra durante dezenas de anos, com períodos curtos de uma paz fictícia e só desde há alguns anos. Enquanto foram portugueses aqueles povos deixaram de morrer de doenças endémicas e doutras doenças mortais, as mesmas que durante o Estado Novo haviam sido totalmente erradicadas. Tendo as mesmas regressado em força e voltando a matar milhões de adultos e crianças com o advento das gloriosas independências, assim como a fome e a pobreza extremas tendo igualmente regressado ao território, depois delas terem sido umas minimizadas e outras eliminadas enquanto lá estiveram os portugueses. Sem falar noutros horrores como roubos e assaltos todos os dias, a todas as horas e em todos os lugares do território angolano, factos jamais acontecidos durante a vigência do Estado Novo.

Enfim, não há dúvida que as independências tão longamente ansiadas pelos comunistas estalinistas, maoistas e socialistas marxistas, acabaram por acontecer, mas à custa de crimes de alta-traição por eles cometidos contra Portugal e contra os portugueses. E os seus autores podem estar certos de que os seus nomes e apelidos ficarão gravados para sempre na nossa História e os seus crimes horrendos a eles intrìnsecamente associados. Destruiram um país de quase 900 anos e mataram mais de um milhão de portugueses inocentes, deixando abandonados e à sua sorte milhões de cidadãos pacíficos e generosos que sempre tinham pensado na sua perfeita inocência serem portugueses de raíz e como tal estarem protegidos de todos os perigos vindo de fora. E de facto foram uma coisa e outra, até ao dia em que o espírito do mal pairou sobre Portugal e o resto já é História.

Contudo não deixa de se tratar de uma amarguíssima e dolorosíssima História que jamais será esquecida por quem a viveu e de certeza absoluta enquanto Portugal existir como País.

---

joserui, gostei muito dos seus últimos comentários de ontem. E já agora também destes seus últimos que li há pouco. Até qu'enfim que normalizou o discurso e se humanizou! Já não era sem tempo:)
E gostei também do que o Expatriado tem vindo a escrever. Parabéns.
E escusado será dizer, de tudo quanto Muja tem escrito.

joserui disse...

Obrigado Maria, no entanto, humanizar-me é a última coisa que pretendo :) .

muja disse...

O que nos levou ao Ultramar é que é a página. E o que deixamos por onde passamos também.

Isso é praticamente uma posição iconoclasta.

O que nos levou ao Ultramar materializou-se no Ultramar. As duas coisas são indissociáveis no concreto.

Tal como a alma e o corpo são indissociáveis numa pessoa. As duas podem existir separadamente, mas perde-se a pessoa.

O José deve andar a treinar o sofisma, mas tem de treinar mais... ehehe!

De qualquer forma, aqui o problema não é tanto a posse ou a falta dela. É a vontade ou falta dela.

É o entregar as relíquias aos iconoclastas por cobardia ou preguiça de os enfrentar, a pretexto de que o importante é a ideia.

zazie disse...

Não são nada.

A Expansão foi uma coisa extraordinária que nunca se poderá reduzir a poder político sobre os territóriso.

Foram espécies vegetais e animais que tyransitaram, foram descobertas que fizeram evoluir tudo, até a química. E esse legado de navegações não morreu por passados uma data de séculos os territórios ficarem fora do controle de quem lá chegou.

zazie disse...

Reduzir a Expansão e as Descobertas ao ter terras e dar-lhes nome de pertença é que é uma tremenda menoridade histórica.

muja disse...

Claro que são.

Se não fossem, não precisávamos de ter ido a lado nenhum. Podíamos ter descoberto tudo sem sair de casa.

Não sou eu quem reduz.

Vs. é que reduzem a minha posição a isso para depois argumentarem o contrário e dizerem que as terras não são precisas para nada.

Mas se não fossem precisas para nada, então ainda estávamos em todo o lado para onde nos expandimos. E não estamos, ou estamos cada vez menos.

E nesse caso poderíamos ser portugueses sem Portugal.

Enfim, poderíamos ser uma espécie de judeus errantes (passe o pleonasmo), sem terra própria. Mas até esses não perderam o sentido de uma terra prometida, com uma expressão concreta que se traduz na posse e no poder político. Ficaríamos assim reduzidos a uma espécie de misto missionário-caixeiro-ambulante, que passa mas não fica.

Ora isso não foi assim. Não passávamos meramente. Ficávamos. Estávamos. Éramos.

A redução fazem-na Vs.

josé disse...

muja: sem querer acho que tocamos no essencial. É por isso que estas discussões podem ser interessantes.

Não sei se alguém olhou para as Descobertas do modo que eu as vejo. Gostaria de saber.

O que importou verdadeiramente foram as viagens. Tal como acontece connosco quando viajamos, aliás. Depois de chegar a um sítio descobrimos que o modo como lá chegamos e a experiência junta é que contam.

O que tiramos disse, em experiência e saber, se formos capazes é que conta.

No caso das terras ultramarinas as terras em si não valiam nada até aos séculos mais chegados. Só passaram a valer quando se descobriu que havia lá minério e outras riquezas que poderiam ser aproveitadas.

Mas até isso acontecer o que nos interessava era o comércio das especiarias.

No Brasil, naturalmente que foi o ouro que se descobriu. Mas o verdadeiro ouro é alquímico: é o que nos permite dizer como a poesia de Afonso Lopes Vieira diz.

Nós fomos o que fomos porque fizemos essas viagens e descobrimos algo que ninguém antes de nós o fizera.

Tal como os americanos e os russos o fizeram com a ida à Lua e querem repetir com a ida a Marte.

O que é que lá tem que nos interessa? Nada. Tal como na altura com as nossas descobertas em África.

josé disse...

A expressão de Fernando Pessoa "Tudo vale a pena se a alma não é pequena" encontra aqui o significado perfeito, a meu ver.

E não se identifica exactamente com a posse de territórios.

josé disse...

Afinal parece que sou eu que estou mais perto do V Império...ahahahah!

josé disse...

Como isto já leva comentários a mais para a caixa que tem vou repristinar o tema noutro postal. Quando tiver tempo...

zazie disse...

ehhe

Pois foram. A fibra que levou às Viagens foi o principal e as obras de engenharia e toda a criação de novos países ficam para a História.

E nessas descobertas, sim- fomos originais e fomos os maliores porque até elas tinham controle da Coroa.

Os ingleses foram inteligentes porque foram atrás e depois descobriram outras maneiras de manterem interesses por protectorados.

Nós não tínhamos nessa latura poder para tal. Politicamente fizemos o que pudémos e sem a variedade de ligações que outros tiveram.

Creio que perdemos tudo por igual por motivo parecido. Os ingleses não. Mas os ingleses não têm o mérito da primeira globalização mundial que os portugueses deram ao mundo.

zazie disse...

mas eles também tiveram os grandes exploradores pelo continente dentro. E os grandes viagjantes.

Os nossos Corte-Reais foram os primeiros a descobrir a passagem do Norroeste. Depois outros se aventuraram pelos polos.

Sempre achei tudo isso o mais espantoso que se fez e é duma grande menoridade cultural e mental apagá-lo por preconceitos de "colonialismo"; ou esquecê-lo, por pancas de saudade do mesmo.

joserui disse...

Americanos e quem? José, não repita essa dos russos na Lua que é insuportável! E aquela da caneta que não escreve de cabeça para baixo e os russos resolveram com um lápis. Não só escreve como se vende na Amazon. Sacanas dos comunas são os maiores mitómanos que existiram sobre a Terra.

muja disse...

Agora o Ultramar é igual à Lua...

Se não tinha lá nada que interessasse, para quê tanta sanha em nos correr de lá?

É que antes da descolhonização, era a questão da partilha entra a Inglaterra e a Alemanha, e antes disso a do mapa cor-de-rosa e antes disso outras ainda.

Much ado about (apparently) nothing...

É espantoso como se consegue apenas ver o que se quer ver...

josé disse...

Se pensar um pouco verá que a comparação não e estulta ou estúpida. Outros a fizeram, nomeadamente astronautas que por cá passaram na época.

Vou mostrar para crerem.

Quanto aos russos na Lua é um modo de dizer porque foram eles quem se antecipou aos americanos na bichanice de pôr animais no espaço. Laika, era o nome da cadela.

josé disse...

"Se não tinha lá nada que interessasse, para quê tanta sanha em nos correr de lá?"

Tinha mas só a partir de finais do séc. XIX com a Revolução Industrial que criou novas oportunidades. E descobriram-se os minérios raros e valiosos. Depois o petróleo.

Antes disso valia nada.

muja disse...

Ah, então afinal sempre valia alguma coisa. Não é bem a mesma coisa que a Lua...

Eu estou-me nas tintas para a opinião dos astronautas. Que fiquem com a Lua e Marte e todos os planetas até Plutão e mais além.

Até estava disposto a contribuir do meu próprio bolso para que os americanos fossem colonizar a Lua ou Marte. Desde que descolonizassem a Terra... A sério. Pagava bem mil euros para essa empresa.

No mais, o que fizeram os astronautas é trivial comparado com as explorações náuticas. Não se pode dizer que verdadeiramente enfrentassem o desconhecido na mesma medida. Precederam-nos toda a sorte de aparelhos que mediram tudo o que havia para medir e fotografaram tudo o que havia a fotografar.

É sobretudo uma proeza da técnica, sem dúvida, mas pouco mais. No resto há-de estar ao nível da travessia de Coutinho e Cabral.


joserui disse...

"Laika, era o nome da cadela." e morreu de pânico e assada… muita gente pensa que regressou sã e salva. Mas à Lua nunca foram.

joserui disse...

"Pagava bem mil euros para essa empresa." De onde se conclui que afinal gosta mais dos americanos do que qualquer um de nós mil euros, inteirinhos? :)

muja disse...

Inteirinhos! Como um dia não são dias, até pagava dois mil!

E até acho barato.

Mas, atenção! Só se descolonizassem a Terra!

Tinham de ir todos para lá colonizar a Lua, Marte ou lá o que quisessem.

«O mais antigo ‹Mais antiga   201 – 239 de 239   Mais recente› Mais recente»

O Público activista e relapso