quarta-feira, junho 11, 2025

Morreu Brian Wilson, um expoente da música popular dos anos sessenta

 Brian Wilson...quem, afinal? Praticamente só o conheci quando o músico já tinha composto a maior parte das suas obras-primas que tocava num grupo familiar, os Beach Boys, que juntava os irmãos Carl, Dennis e Brian ao primo Mike e ainda os vizinhos Al Jardine e mais tarde Bruce Johnston. Al Jardine também ficou pouco tempo e saiu, temporariamente, entrando David Marks para o seu lugar nessas primeiras gravações. 

Para os orientar no negócio, o pai, Murry ( e não Murray). A música fluía em casa dos Wilson e rapidamente decidiram compor música própria. 

O primeiro single que os cinco Beach Boys gravaram para a Capitol Records foi 409 e Surfin Safari, em Junho de 1962 e com um sucesso assinalável: 14º lugar nos "charts". 

O primeiro LP, Surfin Safari saiu em Outubro de 1962 e tinha composições que ainda hoje soam frescas como na época. Só que...nunca as ouvi nessa altura. 

Nem essas nem as dos albuns seguintes ( Surfin Safari, Surfer Girl e Little Deuce Coupe em 1963, já com Al Jardine; Shut Down Vol 2, All Summer Long, The Beach Boys Christmas Album  em 1964; The Beach Boys Today, Summer Days and Summer Nights, Beach Boys party, em 1965, albuns que concentram o génio de composição do grupo, e os seus maiores êxitos. 

Em 1966 saiu o lp que é considerado um expoente da música popular, Pet Sounds,  uma obra-prima e que precede Sgt Peppers dos Beatles e que tem Brian Wilson como alma mater. 

Sem Pet Sounds não haveria Sgt Peppers, disse George Martin, produtor dos Beatles e Paul McCartney ficou admirado com a obra musical que ouvira, ainda nesse ano, particularmente as "linhas do baixo". Não inventei isto, nem fui ler à Wiki, vem num livro de 2004 sobre os Beach Boys de Keith Badman- Backbeatbooks.com. Quando descobri os Beach Boys nada disto eu sabia nem tinha por onde saber. 

De resto a obra de Brian Wilson fica quase toda compreendida nestes albuns a que se junta um outro que não chegou a ser publicado na época em que foi composto e portanto se tornou mítico: Smile que só viu a luz da publicação em 2011 com a exploração das "Smile Sessions".

 Enfim, em 1966 foi publicado o maior êxito dos Beach Boys e de Brian Wilson: Good Vibrations, em single, em Outubro desse ano.

O Smile não apareceu e em vez disso surgiu Smiley Smile em Setembro de 1967 que também trazia Good Vibrations mas não era a mesma coisa mítica,  do outro. 

A partir daqui, a estrela criativa de Brian Wilson empalideceu, devido ao desequilíbrio emocional permanente, embora os discos da década seguinte, para mim, sejam porventura dos melhores dos Beach Boys.  

Nos anos seguintes a discografia ampliou-se com Wild Honey, em 1967, Friends e Stack o Tracks em 1968; 20/20 em 1969; um album ao vivo em Londres,  Sunflower em 1970; Surf´s Up em 1971; Carl and the Passions em 1972 e Holland em 1973. 

E pararam por aqui até 1976 em que Brian Wilson pareceu ressurgir do espesso nevoeiro mental que o escondia dos companheiros musicais e afastava do convívio com o público em concertos. Porém, nunca saiu completamente desse nevoeiro fatal que o invadiu.

Até 1976, a música que conhecia dos Beach Boys resumia-se a duas ou três composições: Good Vibrations, claro; talvez Barbara Ann ( um single de 1965) e a muitas vezes mencionada no rádio da época, nos programas selectos em que intervinham os intelectuais da crítica musical ( João Filipe Barbosa, por exemplo) , God Only Knows ( de Pet Sounds) , considerada talvez a maior composição de Brian Wilson, a par das maiores de sempre de todos os tempos. Uma pequena sinfonia, diziam...enfim.

Até que em 1976 descobri isto nos escaparates:


A Rolling Stone, a minha revista preferida de então, tinha uma capa intrigante sobre a cura de Brian Wilson! Cura de quê? Pois, explicava então num artigo ( que nem li por inteiro):



O indivíduo que estimava ter escrito entre 250 a 300 canções andava com muita dificuldade em escrever mais. E porém tinha saído um album dos Beach Boys, com 15 Big Ones, mas apenas meia dúzia tinham alguma colaboração de Brian Wilson. E para os meus ouvidos nem são das melhores...

A Rolling Stone publicitava uma cerveja que nem chegava cá, na contracapa e a revista/jornal vendia-se a 47$50 na livraria Bertrand que era a distribuidora da publicação.
O artigo sobre Brian Wilson tinha 14 páginas. 


Outra revista americana que adorava ver e ler era a Crawdaddy que também deu atenção ao renascimento de Brian Wilson, em dois números seguidos, Junho e Julho desse ano de 1976, de Bicentennial. 11 páginas em cada edição: 






Estes números da revista porém, só os arranjei no tempo do ebay e da internet, embora comprasse a revista desde Fevereiro desse ano. O dinheiro, no entanto, não dava para tudo e era preciso escolher...e alguns números ficavam no escaparate, como estes. 

Seja como for,  foi nessa altura que descobri que Brian Wilson tinha um problema sério, mental que o afectou de modo grave e continuou a afectar durante anos a fio. A sua obra musical mais significativa ficara lá atrás, nos anos sessenta. 
Quanto aos Beach Boys, já só me interessavam os dos anos setenta e particularmente dos albuns Surf´s Up ou Holland que tem o tema California Saga que em 1973 me encantava ouvir. 

A partir dos anos noventa a republicação da obra musical dos Beach Boys em formato digital, em cd permitiu descobrir o que nunca tinha ouvido antes. E fiquei embasbacado com muitas composições que se incluem em quase todos os álbuns que foram publicando até ao último que me interessou ouvir, LA Light Album, de 1979. 

Primeiro, foram publicados alguns cd contendo "Two great albuns on one cd", em 1990. E em 1993 uma caixa fabulosa contendo 5 cd´s resumia a obra do grupo, com muitos inéditos e temas que nunca tinha ouvido. Um regalo que comprei no El Corte Inglès de Espanha no início dos anos 2000.

O resto fui depois coleccionando, particularmente em vinil e em edições originais. E é isto, essencialmente:


Quanto ao disco do California Saga é este, em edição original, da Reprise:


That´s all, folks!

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